O BC surpreendeu os
analistas ao elevar a taxa Selic para 10,50% ao ano na semana passada, enquanto
a projeção da maioria (e minha também) era 10,25% ao ano. Só não chegou a ser
uma surpresa completa porque os preços prevalecentes às vésperas da reunião do
Copom embutiam uma probabilidade grande (mas não a certeza) do aumento de meio
ponto percentual.
Com este resultado é
bastante provável também que a Selic, ao final deste ciclo de aperto monetário,
atinja 10,75% a.a., o mesmo nível observado no início do atual governo, se não
ainda um pouco mais elevada (talvez 11% a.a.).
Descontadas as
(elevadas) expectativas para a inflação nos próximos 12 meses, a taxa real de
juros se encontra ao redor de 4,5% a.a., bastante superior aos 2% a.a.
estabelecidos pela presidente como objetivo para seu governo, mas insuficiente
para domar a inflação, que teima em permanecer na casa dos 6% (ou mais). Precisamente
por conta da resistência da inflação se espera que o BC seja forçado a um
segundo ciclo de elevação da taxa de juros, devidamente passadas as eleições.
Para um governo que se
propôs a fazer o país crescer forte, com inflação na meta e juro de 2%, os
resultados observados nos últimos anos (todos sabemos, mas vale repetir:
crescimento medíocre, inflação alta e sendo forçado a voltar atrás no seu
objetivo de juros) deveriam levar a uma reflexão profunda acerca dos rumos de
política econômica. Como não há a menor
chance que isto ocorra, ofereço as minhas ponderações, sem, é claro, qualquer
esperança que sirvam para o aprendizado dos (ir)responsáveis de plantão.
Conforme alertei quando
o BC promoveu o “cavalo-de-pau” na gestão da política monetária em agosto de
2011, a redução na marra das taxas de juros nos custou muito caro. Mesmo com o
“apito amigo” (a mudança no cálculo do IPCA, que reduziu o índice em 0,7% em
2012 e, mais recentemente, os controles dos preços administrados), a inflação
não convergiu à meta. Pelo contrário, a tendência tem sido de aceleração.
Ademais, ao continuar
reduzindo taxas de juros com a inflação em alta o BC conseguiu demolir a
credibilidade conquistada em anos anteriores. As expectativas de inflação, que antes
se agrupavam ao redor da meta, hoje se situam confortavelmente acima dela, algo
como 1,5 ponto percentual em 2014 e 1 ponto percentual no ano que vem. Apenas este
desenvolvimento já forçaria o BC a trabalhar com uma taxa de juros entre 1 a
1,5 ponto percentual a mais do que seria requerido caso tivesse mantido as
expectativas sob controle, mas o impacto não se encerra aí.
Ninguém sabe o valor
preciso, mas estima-se que para trazer a inflação de volta à meta (e apenas ao
final de 2015) o BC teria que elevar a Selic para mais de 12% a.a. ainda no
primeiro semestre deste ano. Em contraste, se tivesse feito seu trabalho quando
havia tempo e credibilidade para tal, hoje muito provavelmente poderia manter a
Selic abaixo de 10% a.a. com a inflação controlada.
Não o fez por
subserviência a um governo voluntarista que acredita dominar todos os botões
necessários para controlar o funcionamento da economia, da taxa de juros ao
retorno requerido pelos empresários na operação dos seus negócios, passando, é
claro, pela taxa de câmbio “Cachinhos de Ouro”, nem quente o suficiente para
acelerar a inflação, nem fria o bastante para desestimular a indústria
nacional.
Face ao fracasso
retumbante de sua política o BC tenta, tardiamente, recuperar a credibilidade perdida.
No entanto os limites à sua ação ficam claros na própria comunicação aos
mercados. Ao sugerir que sua atitude mais dura se limita ao atual momento e
evitar um compromisso mais forte com a meta de inflação, o BC revela não dispor
da autonomia para fazer o necessário no campo da política monetária.
Da mesma forma que em
2011, tal postura ainda há de nos custar caro, mas certas lições parecem nunca
ser aprendidas.
Quem brinca com fogo...
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(Publicado 22/Jan/2013)
11 comentários:
Alex,
A desvalorização sofrida pelo peso em março de 2002 na Argentina pode ser repassada este mês em 20% para os produtos deles, como estão anunciando? Depois de tanto tempo ainda pode haver este efeito da desvalorização? Parabéns pela reportagem na revista Brasil Econômico.
Charles.
A patota do JP. Kupfer (ele incluso) deveria sugerir que continuássemos imitando a Turquia, por coerência.
No final das contas não foi só o BC que perdeu a credibilidade.
E eles não perderam só a credibilidade.
Of Topic: Sachsida foi na veia. Vejam
http://bdadolfo.blogspot.com.br/2014/01/onde-esta-o-dinheiro-artigo-escrito-em.html?m=1
Alex, pela minha Taylor a Selic necessaria para trazer a inflacao pra meta seria 11.75. E voce, o que tem em mente?
Abracao
Lopa
"pela minha Taylor..."
pqp...
Alex as reservas internacionais diminuem ainda protegem o Brasil contra uma eventual aumento dos juros nos EUA
?
pela minha taylor ta em 19,5%
E na de voces?
Alex, Afinal ha uma bolha a estourar no mercado imobiliário? Por favor um artigo sobre isso... Please!!!!!
Alex,
O Roberto Gianetti saiu da FIESP? ou
Esqueceram de pagar o jabá dele?
Vc precisa ver suas reações aos comentários dele rsrsrs
Mais hilário ainda foi ouvir o cara falando sobre inflação nos países avançados e nos socialistas.
"Of Topic: Sachsida foi na veia. "
Para variar, o Sachsida falando bobagem...
Parece a propaganda de aparelho de audição: "escuta mas não entende bem as palavras".
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