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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sugestão de leitura: Persistência de inflação

Se eu fosse um professor de curso de pós-graduação e um estudante me indagasse sobre alguma referência sobre persistência de inflação, eu recomendaria que começasse com o novo Working Paper do Mr. Inflation Persistence, o economista Jeffrey Fuhrer do Boston Fed (link).

É um artigo de revisão da literatura e os mais cabeçudos podem achar até enfadonho, mas para aqueles que como eu não precisam comprar capacete por encomenda, é bem informativo, honesto e as idéias estão muito bem organizadas.

38 comentários:

Esse blogue já foi melhorzinho...

A tendência é piorar então, porque eu tenho uma comichão incontrolável de postar.

Falando em estudante de pós, como vcs avaliam o retorno financeiro de um Phd? Os 4,5 anos a mais de estudos trazem um diferencial significativo de renda que justifique ou em geral vcs acreditam que deve ser mais para quem quer a academia?
Abs

O, vc poderia traduzir pra mim esta expressao por favor?

"difference between reduced‐form and structural persistence"

Muito Obrigado

"Falando em estudante de pós, como vcs avaliam o retorno financeiro de um Phd? Os 4,5 anos a mais de estudos trazem um diferencial significativo de renda que justifique ou em geral vcs acreditam que deve ser mais para quem quer a academia?"

Serve para os dois casos. Meu objetivo, ao fazer o doutorado, era a vida acadêmica, mas, por oportunidades que me apareceram, segui carreira no mercado financeiro.

Isto dito, não é pré-requisito para ser um cara bem-sucedido profissionalmente. Assim, se seu objetivo é só aumentar a renda esperada, o doutorado é um boa alternativa, mas há outras.

Abs

Alex

“Falando em estudante de pós, como vcs avaliam o retorno financeiro de um Phd?”

O retorno financeiro é limitado. O diploma de PhD na parede abre portas além de gerar exposição e relacionamentos profissionais que um doutor no Brasil ou mestre dificilmente vão obter. Mas o ganho maior é se você gostar loucamente de estudar e aprender.

Excelente post, ajudou muito a desmistificar umas bobagens que aparecem em institutos de economia quermesseiros, como nos links abaixo:

http://criticaeconomica.wordpress.com/2008/06/10/curva-de-phillips-aceleracionista-conflito-distributivo-e-inflacao-de-demanda1/

http://criticaeconomica.wordpress.com/2008/05/27/juros-cambio-e-inflacao-dilemas-para-a-retomada-do-desenvolvimento/

Sugestão: acho que valeria a pena colocar no post as conclusões do artigo, por exemplo, que os coeficientes dos modelos em forma reduzida se alteram de acordo com o regime econômico (coisa que os ilustres doutores acima não são capazes de notar).

Sds

Seguindo a pergunta sobre Phd,como vcs avaliam o aprendizado em financas(ou ate um pouco de economia) de um MBA em uma top school(Wharton,Chicago,NYU,etc... )e o retorno financeiro?Para uma pessoa formada em economia ( puc ou epge ) com boa experiencia no mercado financeiro ( trading ) seria uma boa opcao de pos-graduacao no exterior, tanto em termos de carreira quanto aprendizado?

"difference between reduced‐form and structural persistence"

Puxando brasa para minha sardinha, você acah um exemplo aqui:

http://maovisivel.blogspot.com/2009/04/ainda-o-fardo-do-economista-neoclassico.html

Neste modelinho mostro como a inflação pode ter persistência na forma reduzida por conta de má condução de política monetária (mas não na forma estrutural).

A questão da persistência inflacionária na forma estrutural é tratada aqui:

http://maovisivel.blogspot.com/2009/06/maus-habitos-e-mau-halito.html

Resumindo a diferença, no primeiro caso a persistência resulta de política monetária que não reage de forma suficiente à piora da inflação esperada. NO segundo, há alguma característica da economia (indexação por exemplo) que introduz persistência já nas equações que descrevem o modelo.

Não sei se ficou claro, mas dê uma olhada nos posts "linkados" acima. Acho que pode ajudar.

Oi, pessoal, desculpa importunar, mas é que coaduno com o pensamento aqui exposto e gostaria de algumas informações.

Sou de Brasília e gostaria de permanecer morando aqui.

Desconsiderando o desserviço que o sr. Oreiro faz à imagem da instituição, o que vcs acham da Unb? Estaria dentre as Top 4 (PUC-Rio, EPGE, USP , UnB)?

Dei uma pesquisada, e vi que lá tem o Ellery, Bugarin, Victor Gomes...

Caro Alexandre,

Como estudante de economia venho aqui fazer uma pergunta que talvez seja obia mas nao encotro resposta.

Supomos que "dê a louca" no BC (COPOM) e ele suba os juros da selic para 30 % a.a. na proxima reuniao (é uma hipótese absurda só pra ilustrar o quero dizer).

Isso significaria que todo mundo correria para os titulos publicos brasileiros, logo a dívida pública nao aumentaria?
Ou seja, um aperto monetario nao acabaria por aumentar a divida publica (nao considero nem os juros, mas o pricipal mesmo).

Desde ja agradeço a atençao.

Saudaçoes

Joao S.

"Isso significaria que todo mundo correria para os titulos publicos brasileiros, logo a dívida pública nao aumentaria?"

João:

Não, não seria este o caso. No momento do aumento de juros, a dívida é um dado ("x" bilhões de reais), mas, no momento seguinte, o custo da dívida aumentaria em alguma medida (uma parcela ainda grande é ligada à taxa Selic e passa a pagar juros mais altos imediatamente; outra parcela é prefixada e não é afetada naquele preciso momento, mas tudo que tivesse que ser rolado seria contratado a taxas de juros mais elevadas também).

Abs

Alex

Mas Alexandre,

O BC teria que atuar no mercado interbanario pra fazê-lo a chegar a taxa de 30% a.a..
Logo, ele teria de "tirar" moeda do mercado e em troca lançar titulos publicos, e assim, consequentemente, a divida publica aumentaria.

Qual seria o erro ou omissão no raciocinio acima?

Obrigado pela atençao,

Joao

Bugarin não esta mais na UnB, acho foi para o IBMEC-SP, salvo engando. Houve recentemente um racha no departamente entre os professores de macro e os de micro, onde os de micro debandaram. Estes professores ainda estão na universidade, mas não dão mais aula no departamento (Coutinho, Penaloza, Muller).

Chegaram novos professores, entre eles o Oureiro e um sobrinho do Lara Resende, com PhD em Chicago. Parece que a cadeira de micro no mestrado não utiliza mais o Mas Colell, mas não tenho certeza. Enfim, é razoavelmente um bom departamento, diga-se de passagem em função da qualidade dos alunos que ali estão, que, no geral, são bastante inteligentes. Contudo, não considero top 5, apesar de ter feito a graduação por lá. Quem sabe, avaliaria como top 10. Porém não se engane, o mestrado na Unb não é moleza.

Por fim, vale notar que a grande massa dos mestrandos são ou serão funcionários públicos do IPEA, BACEN, STN e cia ....

"Logo, ele teria de "tirar" moeda do mercado e em troca lançar titulos publicos, e assim, consequentemente, a divida publica aumentaria."

A base monetária faz parte da dívida pública.

Abs

A

"O BC teria que atuar no mercado interbanario pra fazê-lo a chegar a taxa de 30% a.a..
Logo, ele teria de "tirar" moeda do mercado e em troca lançar titulos publicos, e assim, consequentemente, a divida publica aumentaria."

Se a mera sinalização do Banco Central não for suficiente para a taxa se manter em 30% e >> ao mesmo se pretender manter a taxa de câmbio num patamar mínimo, você está certo <<, se abstrair o eventual ganho com a formação e a remuneração/valorização posterior das reservas.

O nosso Banco Central está proibido de emitir títulos próprios pela LRF, ele usa os títulos do Tesouro que tem em carteira para realizar operações compromissadas - no caso, para manter a taxa, ele vende os títulos comprometendo-se a recomprá-los dos bancos de quem ele tomar empréstimo para fazer a SELIC subir. Nesse caso o banco central "compete" com quem está tomando recursos no mercado.

Se desconsiderarmos o câmbio e os juros pagos nas compromissadas, o efeito é neutro se igualarmos base monetária aos outros componentes "públicos" dos meios de pagamento, tais como as NTNs, etc, já que Banco Central coloca títulos de sua carteira no mercado, mas recebe moeda - igualada a dívida pública - em troca.

Mas se houver um piso para o câmbio, o BACEN é obrigado a comprar a moeda estrangeira, contra o aumento da base monetária - que por si já redundaria em aumento da dívida pública em reais na perspectiva do BACEN.

Esse aumento na base monetária em tese poderia ser substituído por mais títulos da carteira do BACEN envolvida em compromissadas, o que daria no mesmo.

É claro, as reservas cambiais aumentariam em contrapartida. No médio prazo, do ponto de vista das contas públicas, se visto de modo isolado, poderia ser um ótimo negócio, já que a moeda estrangeira tenderia a ser adquirida pelo BACEN a uma cotação relativamente depreciada frente à moeda nacional, podendo a dívida líquida até ser reduzida em caso de uma posterior redução dos juros e conseqüente depreciação do real, já que o valor das reservas cambiais denominado em reais aumentaria podendo até compensar os efeitos negativos com a rolagem da dívida pública pelo Tesouro.

É a atuação do Banco Central no famoso "carry trade", cujos ganhos, dizem alguns, não compensam os respectivos efeitos colaterais.

P.S.:

É verdade que a base monetária tem poder liberatório e a dívida pública não - ou ao menos não devia ter, você teria que vender o papel, com o desconto afetado pela SELIC, para obter moeda -, o que implica efeitos monetários diversos, mas vamos manter a abstração.

Ah, sim, João.

Ia esquecendo...

Abstraindo-se o câmbio, pode haver redução na dívida pública em poder do mercado - se nela incluirmos a base monetária - se o BACEN elevar os encaixes compulsórios em moeda das IFs, já que os bancos seriam obrigados a depositar uma parte maior da base monetária - "narrow money" - junto ao Banco Central.

Menos "narrow money" e mantida a mesma quantidade de títulos: dívida pública com queda no valor presente - pagando mais, com uma "yield" maior e empréstimos mais caros... E talvez mais algumas milhares de empresas, talvez alguns bancos, quebrando.

Tudo isso evitendemente abstraindo-se, mais uma vez, dos custos impostos ao Tesouro em decorrência de uma rolagem mais "cara" do estoque de dívida pública em poder do mercado.

Como não gosto de perpetuar noções erradas e em consideração ao João, eu retifico o post anterior quanto à "redução da dívida pública" no uso do encaixe compulsório para elevar a SELIC, já que os valores depositados permanecem sendo da titularidade das IFs depositantes.

O efeito na dívida pública é o mesmo obtido com a realização de compromissadas.

O resto eu mantenho.

Ô Daniel:

afinal de contas, é pra comprar ou pra vender? Falou, falou e não disse nada!

"afinal de contas, é pra comprar ou pra vender? Falou, falou e não disse nada!"

Leia um pouco mais de mitologia, então.

Será mais confortável para você.

" Leia um pouco mais de mitologia, então."

Por que? Você vai postar novos comentários?

"Oi, pessoal, desculpa importunar, mas é que coaduno com o pensamento aqui exposto e gostaria de algumas informações."

Anônimo,

Pelo que sei, segundo a classificação da Capes, a UnB tem nota 6, a mesmo que a USP e as outras instituições.

Mas uma retificação no seu comentário é necessária: o Bugarin não está mais na UnB.

Top 10?

Mas quais seriam as Top 5 do mestrado então? Poderia me falar?

Se for só top 10, tô fora... prefiro mudar de cidade!

Quanto à micro, busquei me informar e é o José Guilherme que está dando mesmo, continua com Mas-collel e ao que parece sentando a lenha no pessoal.

Cabe notar que o Joaquim Andrade é da UnB e é um distinguished macroeconomist.

“Se for só top 10, tô fora... prefiro mudar de cidade!”

A não ser que você seja arrimo ou pai de família, eu recomendo fortemente que você mude de universidade e de cidade para a pós-graduação.

Alex,qual sua opinião sobre as propostas de regulamentação dos bancos americanos?

"Alex,qual sua opinião sobre as propostas de regulamentação dos bancos americanos?"

Felipe:

Confesso que não li com o cuidado devido. Assim que me informar prometo fazer um post sobre o assunto.

"O", vc acha que valeria a pena mudar de cidade para ir para quais? Puc-rj, EPGE, USP, FGV-SP, UFRJ, Unicamp (ok, coloquei unicamp aqui de sacangem!)?

A impressão que tenho é que se não for Puc-Rj ou EPGE é melhor ficar por aqui mesmo... ou estava enganado?

Não sou arrimo nem pai de família.

Entre ficar na UNB ou ir para a USP e ter a oportunidade de viver em São Paulo, eu iria para a USP sem pensar duas vezes.

Aliás, pensando duas vezes, iria até para a USP de Ribeirão Preto.

Nada contra a UNB, mas você vai se beneficiar muito de sair da barra da saia da mamãe :) Mais que isso, entre dois candidatos idênticos para uma entrevista de emprego, eu não teria dúvida alguma em escolher aquele que saiu de casa (no sentido amplo) mais cedo.

Hahaha obrigado pela preocupação quanto à formação supra-acadêmica "O", mas não é esse meu caso!

Não moro mais com minha mãe há muito tempo (a desgosto dela, que com certeza gostaria que voltasse para casa!) e, inclusive, já morei em são paulo!

Pergunto por questão de excelência. Tenho formação em engenharia mas acabei caindo na área dos economistas. Quero fazer um mestrado excelente e estou disposto a mudar de cidade se for necessário.

Qual seria seu Ranking para as 5 melhores?

Qual a vossa opiniao sobre a UFRJ? (me refiro ao O e ao Alex).

"Se a mera sinalização do Banco Central não for suficiente para a taxa se manter em 30% e >> ao mesmo se pretender manter a taxa de câmbio num patamar mínimo, você está certo <<, se abstrair o eventual ganho com a formação e a remuneração/valorização posterior das reservas.

O nosso Banco Central está proibido de emitir títulos próprios pela LRF, ele usa os títulos do Tesouro que tem em carteira para realizar operações compromissadas - no caso, para manter a taxa, ele vende os títulos comprometendo-se a recomprá-los dos bancos de quem ele tomar empréstimo para fazer a SELIC subir. Nesse caso o banco central "compete" com quem está tomando recursos no mercado."

mas, afinal das contas, a dívida sobe ou cai?

"Qual seria seu Ranking para as 5 melhores?"

Eu não sei muito sobre os departamentos do segundo escalão, mas o primeiro escalão para mim é EPGE, Puc-Rio e, um pouco atrás, a USP.

“Qual a vossa opiniao sobre a UFRJ? (me refiro ao O e ao Alex).”

Horrível para estudar macroeconomia, mas por ser um departamento grande, não duvido que existam outras áreas com professores de qualidade. Mas sinceramente não sei. De todo modo, a ida do Sicsú para o IPEA pode ter melhorado o departamento :)

" Bill Woolsey disse...
Obrigado. Um artigo bom."

Pô tem até professor de Macro da Carolina do Sul lendo o blog... Tá na hora de fazer uma versão em inglês pra facilitar, hein Alex...

Estou pegando o bonde andando, mas mesmo assim não me furto a comentar. Não seria mais interessante, para qualquer aluno, principalmente de pós, determinar qual o problema a se discutir e qual a importância desse problema para o Brasil e só depois pensar em modelos econômicos? Claro que você sabe a resposta. Mas é para não deixar dúvidas!