teste

quarta-feira, 16 de março de 2011

A importância das importações

Em meio às comemorações sobre o crescimento do PIB de 7,5% em 2010 ficaram em segundo plano características importantes do desempenho da economia brasileira no ano passado, em especial seu comportamento em cada semestre. O PIB, que crescera a um ritmo anualizado de quase 9% no primeiro semestre, desacelerou-se para pouco mais de 3% ao ano na segunda metade de 2010. Já a demanda interna, cuja expansão anualizada atingira 8%, reduziu modestamente sua velocidade para cerca de 6,5% ao ano no segundo semestre.

Tais números deixam claro que a desaceleração do crescimento da produção interna não pode ser atribuída à fraqueza da demanda doméstica. Entretanto, se não foi a demanda interna, o que levou à desaceleração do PIB?

O primeiro suspeito é o crescimento das importações (líquidas das exportações). Dessazonalizadas e medidas a preços constantes do quarto trimestre de 2010 as importações líquidas saíram de R$ 2,5 bilhões negativos no primeiro semestre para R$ 8,8 bilhões positivos no segundo, um aumento superior a R$ 11 bilhões, que teria – tudo o mais constante – “roubado” este valor da produção interna. Entretanto, se, como experimento mental, repuséssemos este valor no PIB do segundo semestre, observaríamos que este passaria de R$ 1,967 trilhão para R$ 1,978 trilhão, ou seja, ao invés de crescimento anualizado de 3,2% no período, teríamos 4,3%. Por esta métrica algo arbitrária pode-se dizer que o aumento das importações líquidas “custou” 1,1% ao ano no segundo semestre.

A segunda suspeita é a variação de estoques, que caiu de R$ 36,3 bilhões na primeira metade do ano para R$ 15,8 bilhões na segunda (sazonalmente ajustados e medidos a preços constantes). Caso a variação dos estoques tivesse permanecida inalterada, chegaríamos a um PIB de R$ 1,987 trilhão na segunda metade de 2010, equivalente a um crescimento anualizado de 5,3%. A redução do ritmo de acumulação de estoques, portanto, teria “custado” 2,1% ao ano no segundo semestre, papel aparentemente mais importante na desaceleração do crescimento do que o aumento das importações líquidas.

A conclusão acima, é bom notar, não está imune a problemas, a começar porque a variação de estoques, como o IBGE nos alerta, é uma conta de resíduo, isto é, toda diferença entre as estimativas do valor da produção e do valor da demanda final são lá contabilizadas. Na ausência de observações independentes do valor dos estoques, não sabemos dizer quanto a estimativa captura de fato as variações dos estoques e quanto é apenas ruído estatístico. De qualquer forma, as magnitudes envolvidas sugerem que o efeito pode ser relevante.

Isto dito, alguém ainda poderia notar que, independente do resultado dos estoques, as importações líquidas teriam ainda “roubado” pouco mais de 1% ao ano do crescimento do segundo semestre. Não seria o caso de limitar as importações para permitir que o crescimento da demanda interna se transformasse integralmente em aumento da produção?

No entanto, se o PIB (sem importações adicionais) tivesse crescido na proporção que calculamos acima, uma estimativa simples sugere que o produto efetivo da economia teria superado seu valor potencial em 0,7% do PIB no final de 2010, valor superior ao estimado (0,3% do PIB) com o aumento observado das importações, isto é, a pressão sobre a capacidade produtiva do país teria sido ainda maior que observada, indicando, como destaquei na minha última coluna, que as pressões inflacionárias também aumentariam.

Em outras palavras, sem as importações o dinamismo da demanda interna teria que ser menor e os juros mais altos. Estas considerações devem, portanto, deixar claro que o aumento das importações desempenha papel central no sentido de moderar as pressões inflacionárias. Não é, nem poderia ser, a solução final do problema, mas sabemos agora porque limitá-lo é uma péssima ideia. 

(Publicado 16/Mar/2011)

61 comentários:

E o Elio Gaspari está defendendo o Mantega em sua coluna de hoje no O Globo...

M.

As importações estão altas porque a taxa de câmbio está baixíssima. Hoje é possível compra azeite grego a menos de 8 reais nos hipermercados. É possível comprar passagens para a Europa por menos de mil reais, ida e volta. Está ocorrendo um forte efeito substituição. O déficit monstruoso em viagens internacionais não corre porque a absorção interna de turismo está muito maior do que a oferta, mas sim porque a taxa de câmbio está muito baixa. É tão difícil assim de entender?

"É tão difícil assim de entender?"

Se você não consegue pensar em termos de equilíbrio geral você pode ter a ilusão que é fácil de entender...

Faça um pouco de força, né?

"Hoje é possível compra azeite grego a menos de 8 reais nos hipermercados. É possível comprar passagens para a Europa por menos de mil reais, ida e volta."

Isto não seria motivo para comemorações? Pelo menos para quem gosta de azeite e de passear na Europa?

"Isto não seria motivo para comemorações? Pelo menos para quem gosta de azeite e de passear na Europa?"

Sim, estou comemorando. Minha observação apenas diz respeito ao efeito substituição. Conheço muita gente que está viajando diversas vezes por ano para a Europa, quando antigamente faziam isso uma vez por ano ou até menos. Acho que está havendo uma substituição intertemporal do consumo, entre bens e serviços domésticos e importados. E o país, de forma agregada, está financiando isso via endividamento e venda de ativos (que provavelmente não entram no modelo de equilíbrio geral do Alex)

Oumáigód! Quem diria que alterações nas posições líquidas de ativos e substituição intertemporal pudessem ser capturadas por modelos de equilíbrio geral?

Você já tentou formalizar? Pode dar até prêmio!

1. Qual o problema de alguém financiar consumo presente por meio de ativos?

2. Até onde saiba só quem está sendo financiado pelo país são os empresários amigos do governo que recebem financiamento do BNDES. Quando eu compro azeite ou faço turismo eu estou financiando meus gastos com minha renda (passada, presente ou futura) e/ou com meu patrimônio.

Abraço,

Roberto

P.S. Eu também pago pelos dólares que uso, e, desde que o Banco Central não brinque com câmbio, eu pago o preço do mercado. Sem reclamar.

Ja' ja' sai a primeira pesquisa de aprovação do governo Dilma e ela sentirá o peso político da inflação..

Em consequência, vai ter gente derretendo que nem o bonequinho de gelo da ilustração do post, ou que nem manteiga...


The Anchor

Exportações Jan e Fev. /2011: 15214 (+ 34,57% sobre 2010); 16733 (+ 37,19% sobre 2010), total do ano 31.947. Se as exportações aumentarem o Real valoriza ainda mais.
O lucro das exportadoras explodindo. É uma repetição estatística que anula qualquer argumento que defenda subsídio cambial (artificialidade que tem custo absurdo para os nacionais) para exportadores (e o lucro de seus acionistas estrangeiros – a grande maioria).
Importar é bom para a economia como um todo,principalmente tecnologias e maquinários.
O azeite português custava na Europa 2,5 euros (hoje deve estar custando mais).

Não estou defendendo subsídio a exportador, nem reclamando do déficit em transações correntes. O propósito do meu comentário é que essa análise contrapondo evolução do PIB com evolução do consumo (demanda) sempre me pareceu furada, ainda mais na presença de câmbio claramente supervalorizado. Como disse, o consumo excede o PIB não porque a capacidade de oferta interna esteja próxima ao limite, mas porque está havendo substituição intertemporal no consumo de importados, financiando via endividamento ou venda de ativos. Se isso é problema? Não sei, depende do pendor nacionalista de cada um. Mas achar que o preço do dólar (leia-se importados) não influencia as escolhas intertemporais de consumo é querer dar uma de avestruz.

"Mas achar que o preço do dólar (leia-se importados) não influencia as escolhas intertemporais de consumo é querer dar uma de avestruz."

E eu estou dizendo que o câmbio (real) é variável endógena e para entender a questão você precisa parar de tratá-lo como variável exógena e sair do equilíbrio parcial para o geral.

O problema é que para sair do equilíbrio parcial, onde o câmbio é questão de vontade política, tem que estudar, e isso dá uma preguiça...

"ainda mais na presença de câmbio claramente supervalorizado"
Em 2010 o Fluxo cambial foi de +
US$24,354 bi., o BC comprou só no pronto US$41,417. Se o BC não atuasse a valorização certamente seria maior. Com selic inadequada (eleição?) permitiu que o processo inflacionário iniciasse um possível retorno (UM RETROCESSO). Se através de normas (IOF, limites de operações) e de operações no mercado o BC atua defendendo um lado (com custo para os nacionais como aumento das taxas de juros de lp de mercado, CUSTO TRIBUTÁRIO, redução do poder de compra de uns, aumento de receitas de outros), exportações subindo acima de 30%, como não falar em artifícialidade (ou falar em câmbio supervalorizado). Quer mais custo ainda na defesa dos interesses dos exportadores? Já pensou que qualidade de vida é = a poder de compra? Abrir mão de poder de compra com exportações crescendo acima de 30%?

Meus caros,
"Isto não seria motivo para comemorações? Pelo menos para quem gosta de azeite e de passear na Europa?"
O problema, claramente, se relaciona com esta preferência por azeite. Os times que estão jogando contra o CRUZEIRÃO EXPORTAÇÃO na Libertadores estão levando um azeite danado e não sei se estão gostando. Afinal, são 15 gols em três jogos. E isto porque o CRUZEIRÃO EXPORTAÇÃO caiu no considerado grupo da morte do torneio!!!!!
Saudações azul-celestes!!!!!

Alex

“Estas considerações devem, portanto, deixar claro que o aumento das importações desempenha papel central no sentido de moderar as pressões inflacionárias. Não é, nem poderia ser, a solução final do problema, mas sabemos agora porque limitá-lo é uma péssima ideia.”

Essa conclusão não está em contradição com a argumentação no artigo, que é didático e bem-sucedido no objetivo de mostrar a relação entre as importações e a inflação. No meu entendimento, que nessa matéria é um entendimento de senso comum, a inflação é um imposto regressivo que principalmente castiga os mais pobres. Quem já viveu a situação de descontrole inflacionário e viu de fato o derretimento do poder de compra da renda do trabalho sabe muito bem o que você está dizendo.

Não sei se o pensamento dito progressista e desenvolvimentista que atualmente comanda a política econômica já ativou de vez a mandrakaria vagabunda que prega que um pouco mais de inflação justifica-se pela “boa” causa do crescimento econômico. Se sim, então sofreremos as consequências desse retorno da velha história dos omeletes que não são feitos sem que se quebre ovos. Essa adesão ao realismo do “necessário controle” como um imperativo econômico nada mais é do que a reposição da velha receita dos realismos indigentes, sempre dispostos a quebrar ovos alheios para fazer o omelete da “boa economia”. À merda com tais realistas.

"O problema é que para sair do equilíbrio parcial, onde o câmbio é questão de vontade política, tem que estudar, e isso dá uma preguiça..."

Temos ai um quermesseiro honesto. Parabéns pra vc.

Anônimo-16 de março de 2011 19:56. As "qualis" já devem ter apontado o caminho para a imagem da presidente. Tanto que ela começou a sair mais. Falar, está falando pouco. Mas, está sendo elogiada por muitos: de governadores de oposição, passando por parlamentares de oposição, chegando até a liberais, conforme artigo na FSP, pg. A3 de 16 de março. Todos elogiando a sabedoria, o conhecimento dos assuntos, os números dos assuntos etc. Assim, os índices poderão vir melhores do que eles mesmos esperassem. Com esse beija-mão todo.
Dawran Numida

Dawran,

O elogio de muitos pode não representar índices elevados, considerando que o anterior era criticado por todos (ou quase todos)..

A capa do valor de hoje com a presidenta prometendo combate à inflação me da' a impressão de que ela entendeu o recado..

Continuo apostando em baixo índice de aprovação nesse inicio, dada a inflação atual..



The Anchor

Alex, "O",

Vocês ainda recomendam o estudo do livro Open Economy Macroeconomics do Rudiger Dornbusch? A parte de economia dependente (Salter-Swan) parece-me que ainda é válida. Talvez a parte monetária já ficou mais obsoleta, né?

Roberto Rigobón, antigo estudante do Dornbusch tem essas notas que podem resultar úteis:
http://web.mit.edu/rigobon/www/Robertos_Web_Page/15.015_files/BBNN.pdf

Abrs,

A

As importações só não cumpriram seu papel integral no controle da inflação pois o BC praticou um câmbio "sujo" que impediu a compensação da elevação de preços das commodities, agindo assim internalizou boa parte do choque de preços das mesmas contaminando principalmente o IGPM.

A entrevista da Presidenta fala que não aceita inflação mais elevada. Mas também fala que não há inflação de demanda atualmente, não vê inconsistência entre corte de gastos e mais bufunfa pro BNDES, que dá para trazer inflação para meta sem reduzir crescimento e que, last but not least, Mantega é um craque. Se as pesquisas não derem um recado, a Presidenta vai manter o barco nesse rumo mesmo.
Fernando A.

“O Dênio (Dênio Nogueira, primeiro presidente do Bacen) trouxe do governo Castelo Branco uma política monetária extremamente dura. Cheguei lá (quando assumiu o Ministério da Fazenda no governo Costa e Silva, em 1967), e começamos a INVENTAR UMA TEORIA, de que havia INFLAÇÃO DE CUSTOS, não de demanda. O Campos e o Dr. Bulhões (Roberto Campos e Otávio Gouvêa de Bulhões, ministros do planejamento e da fazenda do governo Castelo Branco) ficavam furiosos. Então, se era inflação de custos, vamos atacar custos. Claro que eu sabia que era um jogo de palavras, porque se não tiver inflação de demanda a outra não se sustenta. Mas é permissível uma pequena manipulação."
DELFIM NETTO A RESPEITO DE INFLAÇÃO DE CUSTOS (entrevista dada ao jornal VALOR em 30/09/2005, caderno EU):

Parabens Alex!!!

Abertura Comercial de verdade Já!!!

Marcos-DF

prof. por gentileza, o senhor poderia explicar os termos de equilíbrio geral que estão inseridos nesse artigo.
Grato.
Josué.

“O Dênio (Dênio Nogueira, primeiro presidente do Bacen) trouxe do governo Castelo Branco uma política monetária extremamente dura” [Delfim Neto, 2005. Citado por Anônimo, 18 de março de 2011, 14:24 ].

Mais correto seria apresentar Dênio Correia como o criador do Banco Central independente.

Com a aprovação pelo Congresso da lei Lei nº 4. 595 em abril de 1965, e após quase um ano de debates, Dênio Nogueira tornou-se o primeiro presidente do BC independente para um mandato de seis anos, o que desagradou muita gente. Em fevereiro de 1967 Dênio promoveu uma desvalorização cambial. Os inimigos, entre os quais Delfim Neto, o acusaram pela imprensa de beneficio pessoal e corrupção. Instalou-se no Congresso uma CPI, pois pela lei de criação do Banco Central independente o seu presidente somente poderia ser demitido por motivo grave.

No decorrer da CPI, em 15 de março de 1967, toma posse o general Costa e Silva, que sem esperar o resultado final da CPI solicita ao Senado a aprovação de Rui Leme para o BC em substituição a Dênio. Leme já era professor na FEA-USP e ligado ao grupo de Defim Neto. Os senadores recusaram a examinar a solicitação, mas Dênio preferiu renunciar ao cargo. Consta que em seu depoimento ao CPDOC [eu não li a íntegra do depoimento] Dênio revelou os detalhes das manobras que o levaram à renúncia. Enfim, teve vida breve a primeira tentativa de criação do BC independente. Rui Leme assumiu a presidência do BC em 31 de Março de 1967, sendo substituído por Ernani Galveias em 21 fevereiro de 1968, que permaneceu no cargo até o final do governo Médici [1974]. O que veio depois da renúncia de Dênio [21/03/1967] foi o AI 5 [13/12/68], que teve em Delfim Neto um dos seus mais ardorosos defensores.

Em 2005, quando Delfim concedeu a entrevista, Bulhões e Dênio Nogueira já eram falecidos. Não li a entrevista do Delfim e não sei se o jornalista que a conduziu consultou as entrevistas de Bulhões (20h2Omin de gravação) e de Denio Nogueira (16h de gravação) que fizeram parte do projeto Memória do Banco Central do Brasil. Os depoimentos foram gravados em 1989 e publicados posteriormente:

Octavio Gouvêa de Bulhões: depoimento. Brasília, Banco Central, 1990

Denio Nogueira: depoimento. Brasília, Banco Central, 1994

Uma pequena mas interessante parte dessas entrevistas foi utilizada em um trabalho publicado pelo Programa de História Oral do CPDOC e disponibilizado aqui

http://cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/arq/62.pdf

Quando abrir, procurar pelo capítulo “Em nome da independência, da neutralidade da competência: os depoimentos de Octávio Gouvêa de Bulhões e Denio Nogueira” [p.78 do pdf]. Tenho discordâncias com algumas interpretações da autora. Principalmente ao que às vezes é ressaltado como as ambiguidades [no texto, a palavra “ambiguidade” adquire o significado de contradição, o que discordo] no depoimento de Denio Nogueira. Mas não vou comentá-las porque não é o caso. Mais importante é ler os depoimentos.

[continuação]

O que foi a “política monetária extremamente dura”, a qual refere-se Delfim?. O caso emblemático citado por Dênio Nogueira está diretamente relacionado ao então secretário da fazenda de Laudo Natel, Delfim Neto, que solicitou para o BANESPA , em 1966, um significativo aporte de R$ 70 bilhões cruzeiros. Dênio recusou a liberação alegando que naquele momento a emissão de moeda traria consequências ruinosas para o controle da inflação:

"Nesse momento, é preciso que o Banco Central tenha muita independência, porque essa questão se transforma numa questão política, freqüentemente envolvendo o governador do estado e o presidente da República. Nesse caso de São Paulo, houve exatamente isto.(. ..) O Banco Central recusou-se a socorrer, e na noite do mesmo dia, ao chegar em casa, recebi um telefonema do presidente Castelo Branco dizendo que tinha sido procurado pelo governador Laudo Natel reclamando da falta de compreensão do Banco Central em relação a uma questão importante para o estado de São Paulo. Eu tinha todos os detalhes, relatei-os ao presidente, e ele me apoiou totalmente."

No depoimento, Dênio Nogueira identifica três campos de debate e disputa na condução da política econômica:

"Esse grupo de que fiz parte, que tinha como líder o professor Octavio Gouvêa de Bulhões, durante muito tempo teve grande dificuldade em convencer um outro grupo de economistas, influenciado pela Cepal, de que o caminho que eles estavam seguindo estava errado.( ...) Eu diria portanto que esse grupo de que me orgulho de fazer parte, ao lado do professor Bulhões, de Alexandre Kafka, Garrido Torres, Roberto Campos e outros, nós estivemos falando para as paredes durante muitos anos. O ponto de inflexão ocorreu no governo Castelo Branco, mas depois houve um retrocesso.(. ..) O grupo proveniente da Fundação Getulio Vargas deixou de liderar, foi praticamente esquecido. Veio um outro grupo profissional,(. ..) principalmente de São Paulo, [e] dominou o pensamento econômico no país."
 
Denio Nogueira viu na Fiesp o maior opositor da criação do Banco Central:

"A Fiesp não queria o Banco Central. E a prova disso é que depois, no governo Costa e Silva, e mais ainda no governo Geisel, o Banco Central foi totalmente descaracterizado."

Para Dênio Nogueira, os modelos econômicos dos governos que se seguiram ao de Castelo Branco - o "milagre" de Delfim e o "Brasil Grande" de Geisel – “viveram à custa da expansão monetária". Disso a conclusão de que o afastamento da equipe econômica castelista marca o fim da independência do Banco Central.

O que veio à tona trazido por Simonsen com todas as letras no início do governo Geisel foi o segredo de polichenelo da manipulação dos índices de inflação por Delfim Neto. A contabilidade criativa avant la lettre ativada pelo então czar da economia pela via dos tabelamentos [CIP], que ninguém no mercado respeitava, e o “arrocho salarial”, para domar a “inflação de custos”.

Dênio Nogueira e os cepalinos

"Quando eu me comparo ao Celso Furtado, me considero de extrema esquerda e a ele de extrema direita.( ...) Eu me considero mais à esquerda do que muita gente porque defendo idéias que protegem a maioria. E não é liberalismo no sentido da mão invisível que corrige. Não, muito longe disso! O Banco Central é o contrário do liberalismo. É uma intervenção na moeda, que é como sangue no corpo humano.(. ..) não posso entender como é que se pode chamar de direita uma pessoa que quer intervir através da moeda, que é a melhor fOl'Illa de intervenção! As intervenções que vejo feitas pela Cepal, por um grande grupo seguidor das idéias de Celso Furtado, os chamados estruturalistas, essas intervenções é que são de extrema direita, porque concentram a renda”

que é a melhor fOl'Illa de intervenção

que é a melhor forma de intervenção

O Delfim pode ser um canalha, mas a política monetária do Nogueira e da dupla Bulhões-Campos era ruim mesmo. Em 1966 os agregados têm crescimento real negativo!

Inflação? 40%, inclusive maior que a de 1965.

Paulo: o que eu quiz chamar a atenção foi para o trecho abaixo:
"Então, se era inflação de custos, vamos atacar custos. Claro que eu sabia que era um jogo de palavras, porque se não tiver inflação de demanda a outra não se sustenta. Mas é permissível uma pequena manipulação."
A presidenta, apesar de ter afirmado seu compromisso com o combate à inflação (muito bom), ao mesmo tempo afirmou que a inflação atual não é de demanda. Se a responsabilidade do combate à inflação é do BC, mesmo se estivesse correta (na minha opinião está errada)não deveria ter dito (pareceu o MF trapalhão que quase sempre fala bobagem ou fora de hora).
Sobre o DN: alguém fez a hiperinflação brasileira. Quem? As autoridades monetárias da época (ou presidentes).

Esse senhor gordinho, que nos corredores da FEA-USP é "carinhosamente" chamado de Dom Antonio, e qualquer semelhança com um personagem de Mario Puzo não é mera coincidência, tem muito a falar sobre inflação, sobre mazelas e mais mazelas que aprontou na economia brasileira e ainda gosta de posar de milagreiro.Ele deveria falar da conta movimento do BB, das cagadas que o Pastore aprontou no BC e que resultaram em recessão e inflação superior a 100% aa, mas isso ele não fala. Se voces leram a entrevista da Dilma, está lá sim, aquele velho papinho de que um pouquinho de inflação compensa pelo crescimento obtido. Essa semper foi a cantilena do Delfim, a despeito de negá-la. Esse senhor sempre que esteve no poder ou na sombra dele levou o país à inflação, isso precisa ser dito, com todas as letras, e ele esteve com Lula e segue com Dilma. Coincidências à parte no período do Real e do PSDB no poder foi afastado e o país viveu um longo período de estabilização. Dia desses ouvi uma entrevista dele falando zombeteiro que o BC estava adotando medidas macroprudênciais como na época dele, pobre de nós, o mercado já "sacou" isso muito antes e a vaca já está indo para o brejo.

Anônimo

Sua lembrança da entrevista é interessante porque ela mostrou o quanto é antiga a crítica de Delfim a certos pressupostos da ortodoxia econômica na gestão da política econômica. A condução da política econômica desenvolvimentista da chamada esquerda hoje no poder aproximou-se do que pensa Delfim desde priscas eras. E essa aproximação costuma ser apresentada pelos meios de comunicação como sinal inequívoco de maturidade dessa esquerda, que tornou-se respeitável até aos olhos do Delfim. Afinal, Delfim parece não ter mudado o pensamento dele no fundamental: dogmáticos são sempre os outros.

Repare que Delfim costuma, ao escrever seus artigos para os jornais, usar e abusar das aspas e da zombaria da suposta certeza dos outros. Eu desconfio sempre de escritas abusivamente carregadas nas aspas e que repetem sempre as mesmas ironias. Isso é evidência de enrolação [sofismas] que se disfarça de antidogamatismo. No estilo, é sinal de pobreza, de pensamento indigente.

Um dos mais influentes teóricos do constitucionalismo antiliberal no século XX foi Carl Schmitt, o jurista de Hitler. No Brasil, Francisco Campos foi o seu mais graduado discípulo.

Francisco Campos recebeu de Getúlio a incumbência de redigir a Constituição de 1937, que preparou o Estado Novo. Campos foi também um dos principais artífices do Ato Institucional nº 1, o ato que decidiu a soberania da “revolução” no estado de exceção, conferindo aos seus agentes poder constituinte. O AI nº 1 crava bem fundo suas estacas lógicas [político-jurídicas] na tese central de Schmitt: no estado de exceção o Führer decide o direito. Na Alemanha e no Brasil os resultados históricos da aplicação dessa lógica antiliberal na condução da política e da economia são conhecidos.

Cito o AI nº1:

“O que houve e continuará a haver neste momento, não só no espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião pública nacional, é uma autêntica revolução (...). A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constitucional. Este se manifesta pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e radical do Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como o Poder Constituinte, se legitima por si mesma (...) Ela edita normas jurídicas, sem que nisto esteja limitada pela normatividade anterior à sua vitória”.

Eu concordo com a crítica liberal que se faz ao grupo de economistas que apoiou e aderiu ao golpe militar de 64, assumindo o comando da política econômica no imediato pós-64. A renúncia de Dênio e as mudanças no após Costa e Silva são prova do equívoco. Dênio não foi derrubado pela CPI, fato normal nas sociedades democráticas. Mas porque houve troca na chefia do executivo federal.

A aposta em vias rápidas politicamente antiliberais é ilusória e perdedora sempre.

A autora do artigo citado chama atenção para a importante contradição no surgimento do Banco Central independente: a instituição independente é dependente de um poder executivo muito centralizado e forte para existir como tal. Isso fica bastante evidente na passagem do caso BANESPA. Dênio atribui, em última instância, a Castelo Branco a decisão de sustentar a indepedência do BC naquele episódio. Enfim, é uma independência tutelada/limitada pelo chefe do executivo federal.

Quanto a Delfim, não penso que ele mudou. Quem mudou [de fato, mostrou sua natureza] foi o PT e suas adjacências, ao abrirem-se para a aproximação com Delfim. Com se diz em MG, um gambá cheira o outro.

Paulo: longe de mim querer defender o DN (ou condenar o Dênio), a quem considero um camaleão (parece os socialistas e comunistas - de mentirinha - do Brasil atual). Culto (muito), inteligente, instigante, intrigante, mesmo assim fez quase tudo errado quando no poder. Não teve, até hoje, a grandeza de admitir que errou muito. É quase caolho quando defende privilégios para exportadores (ao escrever sobre câmbio). Falhou no controle da inflação, mas não podemos culpá-lo pelas barbeiragens que fizeram depois dele (longe de ser ignorante, como a turma que acreditava nos congelamentos de preços. Será?). Os erros da época em que viveu (temos que julgar as pessoas considerando o ambiente em que viveram) seriam até perdoados se tivesse evoluído o modo de pensar. Não aprendeu com a turma do Real e do tripé (faltou humildade. Humildemente digo que aprendi muito.). A revolução de 1964 foi uma necessidade que desvirtuou para ditadura (infelizmente). Não condeno os técnicos que trabalharam para o regime (a oposição era muito pior, na moral, no pensamento e na capacidade de gerência).
A entrevista a que me referi é um documento histórico.
O motivo de ter escrito: a escorregada da presidenta ao definir a inflação atual (não deveria ter falado nada.). Se atrapalhou as expectativas? Pergunte a quem milita com valores.
Como não sou político, torço a favor de quem está no poder (este é o país em que vivo). Meu avô, imigrante, falava muito em não conseguir exprimir seus sentimentos da maneira que conseguia em sua lingua materna. Olhe que ele era bilingue (trilingue com o Português) e falava sobre o choque cultutral e de valores (acredito que hoje, com a globalização, deve ser muito menor). Eu falava que o amava (ainda criancinha)e ele repondia: você vai aprender com a vida que filho gosta de filho. Outro conselho que não me esqueço: só mude de seu país de origem para salvar sua vida, nenhum outro motivo é bastante o suficiente (já era fianceiramente muito mais do que quando chegou como imigrante.). Enfim: se este é o meu país não posso torcer contra a quem o governa (só nas eleições). Criticar posso (construtivamente).

Quem ainda á bola pra o que o Delfim escreve?

Isso que dá os moderadores do blog ficarem tanto tempo sumidos, começa a pipocar cada assunto...

Mas o Delfim é um assunto importante porque ainda tem influência sobre os atuais governantes. Esse pseudo nacionalismo que reinou na época dos milicos está reinando novamente. Veja o que está aprontando o BNDES, quase que sem controle algum, repassando crédito subsidiado a setores de nossa economia que de estratégico não tem nada ou aqui alguém acha que frigorífico é estratégico? Só se for para o churrasco de fim de semana. Esse tipo de coisa é que reporta a um Brasil velho, rançoso e volta a assustar.

"[Delfim Netto] mesmo assim fez quase tudo errado quando no poder"

Discordo. Delfim fez o melhor possível dentro daquilo que foi contratado para fazer: crescimento astrondoso para legitimar a ditadora e esmagar ideologicamente a oposição.

A turma do PAEG (Bulhões/Campos/Simonsen) havia implantado uma política monetária (mas não fiscal) muito rígida com resultados muito insatisfatórios quanto à inflação e péssimos quanto a crescimento.

O caminho mais evidente para a época (tanto pelo fracasso da política do PAEG como pelas exigências políticas) era esquecer as restrições monetárias e sentar as mãos nos instrumentos de política de incentivo.

E foi isso que Delfim fez (e muito bem)! Se isso era desejável ou não, se teve consequências boas ou não, aí é outra discussão... De todo modo, no calor de um boom econômico é sempre difícil avaliar: quem hoje está dizendo que a China vai se ferrar por crescer 15% ao ano?

Aliás, uma boa questão a ser levantada aqui é se regimes autoritários são realmente mais imunes a demandas "populistas"...

D. Bisneto: o Simonsen evoluiu o modo de pensar, o Delfim, com muita perspicácia, escreve agressões ao bom senso até hoje (o pior de tudo é que parece que ele sabe).

"uma boa questão a ser levantada aqui é se regimes autoritários são realmente mais imunes a demandas "populistas"..."

Vc tem dúvida?

Precisa rodar um probit?

Pai Alex.

caramba! não sabia que tinha sido o "O" o responsável pela demissão do Alex! E agora, quem tá trazendo o leite pras crianças?

Olha o que o Alex falou:

"A matéria me atribui coisas que não são da minha autoria”, afirma Schwartsman, em email enviado à redação. Ele se refere à afirmação, publicada em seu blog, de que a presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Malvina Tânia Tuttman, não seria mais qualificada que um aluno universitário. “O referido texto no blog foi escrito (e assinado), pelo meu co-blogueiro, que, por razões pessoais, prefere permanecer anônimo. De qualquer forma, não fui eu quem tratei do INEP, nem da professora."

No blog que mantinha enquanto economista-chefe do Santander, um dos maiores grupos financeiros internacionais, Schwartsman abria espaço para posts assinados por “O Anônimo”, como o que se refere ao INEP.

"Vc tem dúvida?

Precisa rodar um probit?"

Nenhuma dúvida! Foi uma provocação...

Leia o tópico inteiro e tem gente dizendo que o golpe foi uma necessidade...

Tem gente que diz que a ditadura salvou o Brasil de se tornar uma Venezuela ou uma Cuba gigante...

"D. Bisneto: o Simonsen evoluiu o modo de pensar, o Delfim, com muita perspicácia, escreve agressões ao bom senso até hoje (o pior de tudo é que parece que ele sabe)."

Simonsen é um grande teórico (certamente o melhor brasileiro de seu tempo), mas sua evolução nas políticas de governo foi na verdade uma "delfinização": deixou uma ortodoxia de viés contracionista de quando trabalhava no PAEG (1964) para uma certa acomodação da inflação e do crescimento quando esteve no Min.Faz. (1974-79). Ele recebeu uma situação muito ruim do Delfim, mas manteve o rumo geral...

Esclarecendo

Nada do que escrevi tem a ver com o trabalho acadêmico de Delfim Neto.

Amigos economistas que são críticos ao pensamento econômico de Delfim reconhecem a sua importância para a FEA. A produção acadêmica e o trabalho com alunos e com vistas à formação e qualificação de professores doutores da FEA.

Agora, o que fez o czar da economia, que hoje em panfletos costuma apontar em quem dele discorda o título absolutista que ele ostentava vaidosa e arrogantemente quando serviu aos governos militares, é muito controverso.

Os artigos de jornal aos quais me refiro são os panfletos de propaganda que ele escreve para elogiar a política econômica do governo petista e atacar suposto(s) "portador[s] da 'verdadeira' ciência econômica". Há quem encontre no estilo desses panfletos jornalísticos manifestações de fina e inteligente ironia. Não vejo assim. São ataques repetitivos que servem ao objetivo de oferecer algo palatável e bem apresentadinho aos militantes, que não vão além dos slogans e estão sempre dispostos a fazer tudo que os seus mestres mandarem. Talvez Delfim saiba que militantes não costumam pensar antes de falar. Talvez por isso os panfletos que escreve.

Quanto ao Jango e aos demais irresponsáveis que jogaram lenha no fogo da fervura de 64, eu os considero todos uns covardes ou falastrões. O que levou ao golpe, isto é, unificou os militares para entrarem nessa roubada, que maculou profundamente a história das Forças Aramadas, que ofendeu a memória dos soldados que lutaram e morreram nas campanhas da Itália, foi o investimento muito bem calculado na quebra da hierarquia, princípio fundador das instituições militares. No meu entendimento, Jango repetiu ao seu modo o que fez Getúlio quando viu o caldo engrossar para o seu lado.

O combate político dos liberais contra o governo Jango pouco tem a ver com o golpe. Os liberais eram oposição ao governo e, embora hoje isso nos pareça démodé, nas democracias é muito normal e desejável que exista oposição e de preferência combativa.

Repito, até o episódio da “revolta dos marinheiros”, a ideia de um golpe de estado não era consensual entre os militares. A crise caminhava para se resolver nos marcos da institucionalidade democrática. O caldo engrossou e derramou com a anistia assinada por Jango horas depois que os militares insubordinados foram levados presos. Talvez fosse este o desejo de Jango: esticar a corda até o limite de ser apeado do poder e, assim, salvar sua biografia. Covarde.

Em comparação, Jango não agiu muito diferente do seu homólogo hondurenho, Manuel Zelaya, também filho de fazendeiro.

Para os mais novos, há um bom verbete no CPDOC

A conjuntura de radicalização ideológica e o golpe militar. A revolta dos marinheiros

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/AConjunturaRadicalizacao/A_revolta_dos_marinheiros

D. Bisneto: se você leu o que o Simonsen escreveu na imprensa após sair do governo (até quase o fim da vida) terá que concordar que seus escritos eram muito mais sérios e corretos do que os escritos do DN (que parou no tempo). O que se escreve e assina em jornal não é panfleto, é pensamento mesmo (parou no tempo e morre de inveja da turma nova que o suplantou). Não está tendo o mérito da evolução do pensamento (ainda tem um pensamento nacional-desenvolvimentista.).
Paulo: quem viveu os idos de 1963/4 sabe que o país estava caminhando para a balbúrdia total (o presidente não tiunha autoridade). O Brizola estava bagunçando o país para tentar ser um Evo Morales. A prova de que a população apoiou a revolução está nos resultados das eleições. A arena tinha quase 90% dos votos(o MBD era uma pequena elite liberal e de esquerda e uma turma de grande de larápios). A roubalheira, fato ou versão, no governo Jango, era pior do que hoje. Nem contas se prestavam. O golpe dos militares estava sendo preparado desde os tempos de JK (que tinha mais capacidade, comando e maleabilidade do que o Jango). Um general de JF iniciou as operações por conta própria e todos o seguiram (o golpe estava preparado). Suas idéias (do JK) desenvolvimentistas tinham apoio de grande parte dos economistas brasileiros. O pior é que até hoje escolas como a FGV-SP, UNICAMP e outras federais ainda pensam da mesma maneira (mesmo depois das experiências e aprendizados por que passamos.).
Com todo o respeito que o DN merece por sua participação na história, parou no tempo, e o pior, ficou rancoroso contra quem fez mais e mehor do que ele. O Simonsen passou longe destes defeitos (reconhecia o mérito da turma nova).

Mas o Alex e o "O" são a mesma pessoa ou não? Os dois sumiram ao mesmo tempo...

"Mas o Alex e o "O" são a mesma pessoa ou não?"

O que você tem contra indivíduos de múltiplas personalidades (ou single personality impaired, no jargao PC)?

Anônimo

Você concorda com os fundamentos político-jurídicos presentes desde ato fundador e legitimador do golpe de estado de 1964?

Para efeito de simples exercício, vamos comutar, no trecho citado do AI nº 1, as variáveis “classes armadas” por “partido do proletariado” e “opinião pública nacional” por “soviets”. O resultado altera?

AI nº1, nos termos abaixo, jamais seria negado por um verdadeiro leninista

“O que houve e continuará a haver neste momento, não só no espírito e no comportamento do PARTIDO DO PROLETARIADO, como nos SOVIETS, é uma autêntica revolução (...). A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constitucional. Este se manifesta pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e radical do Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como o Poder Constituinte, se legitima por si mesma (...) Ela edita normas jurídicas, sem que nisto esteja limitada pela normatividade anterior à sua vitória”.

""Mas o Alex e o "O" são a mesma pessoa ou não?"

O que você tem contra indivíduos de múltiplas personalidades (ou single personality impaired, no jargao PC)?"

Ha ha ha ha

O problema não é ser desenvolvimentista, o problema é considerar antes e agora que o motor do desenvolvimento deve ser o estado, esse é o problema, e estado empresário o que é uma lástima. É exatamente isso que estamos vendo, o sonho de consumo do PT e dos petralhas é o governo Geisel e se pudessem fechevam inclusive o Congresso e criavam um número sem fim de estatais.

Alex,

Você não comentou sobre o livro Open Economy Macroeconomics do Dornbusch. Você o conhece?

Muito obrigado.

Abrs,

A

Paulo: o golpe de 64, pelo planejado,teria durado somente até o Castelo. Após, o país teria a eleição entre o Lacerda, O JK e o Brizola (o risco era o Brizola ganhar). O plano inicial era este. Suportável para evitar algo pior (uma república sindicalista ou socialista). O Castelo foi eleito pelo congresso após o JK, num erro de lógica, aceitá-lo e ter apoiado sua eleição (deveria ter escolhido um general mineiro ou amigo).
Sou testemunha ocular e auditiva da época. O clube dos 11 alastrou-se pelo interior do país. As cidades operárias do interior passavam por absurdos. Minha cidade (de onde originaram-se muitos militares, exército e marinha), era assustada por absurdos. Um dia os sindicatos fecharam as entradas e saídas da cidade (tudo que era alimentos prenderam. Um absurdo.). Claro que foi só por 1 dia. Em uma oficina mecânica grande fabricaram lanças de 5 metros de comprimento e espalharam pelo país. Os generais e almirantes da cidade devem ter recebido as notícias dos familiares. Um capitão, parente de 1 general, esbofeteou um alto funcionário do BB em um bar (deve ter sido ofendido). Tudo isto antes da revolução. Fatos como estes aconteceram também nas regiões agrícolas e pecuárias. AS BAGUNÇAS NAS GRANDES CIDADES IMPEDIAM QUE FATOS COMO ESTES FOSSEM NOTICIADOS. Acredito que o Gen. Olímpio Mourão Filho deve ter sido influenciado por um general da cidade com muito poder na época e influência sobre ele. O Gen. Golberi vivia maritalmente com uma cidadâ filha de Inhapim, perto de GV (que sofria muita agitação das ligas camponesas). Na época GV era terra de criadores de bois (tinha investidores de quase toda MG). O medo de perder os investimentos eram grandes e alastrados pelo país. Meus país, comerciantes, tinham medo de suas mercadorias serem confiscadas. Claro que conversavam com os familiares dos militares da cidade. Um parente dos militares era grande criador de bois em GV (morria de medo de ter seus bois confiscados). Isto deve ter acontecido por todo o país. O Arraes em PE era um terror (todos tinham medo dele). A situação estava insustentável. Se soubessem que tudo iria se desvirtuar, o JK e O Lacerda (inimigos políticos) teriam se unido e escolhido um general amigo. Um parente de um general da cidade, na época, me falou: você acha que eles vão entregar a rapadura? Prepare-se para 15 anos de ditadura. Eu, jovem ainda, acreditava no poder político do JK e do Lacerda.

"É exatamente isso que estamos vendo, o sonho de consumo do PT e dos petralhas é o governo Geisel e se pudessem fechevam inclusive o Congresso e criavam um número sem fim de estatais."

Cara, me fala aí o que porra vc está tomando que eu quero ficou lokão também...

"AI nº1, nos termos abaixo, jamais seria negado por um verdadeiro leninista "

Só que o AI nº1 não foi nos termos abaixo, foi um golpe militar de estado contra um regime democrático, não uma revolução popular (ou alegadamente popular) contra um regime autoritário.

Opa petralha na área, eu tomei a mesma coisa que o Lula toma, mas beeemmmmmm pouco senão não aguentava.
Ficou incomodado com a comparação com o governo Geisel? Você tem razão o governo do alemão, apesar de desastroso, com certeza será melhor que esse monturo que serão os 12 anos de PT. As cagadas são muito parecidas, na política externa, na sanha estatista, na construção de "grandes obras"( as empreiteiras adoram) na manipulação do congresso, senadores biônicos, mensalão, II PND, PAC 2 poderia inumerar muitas outras coisas semelhantes,mas já encheu o saco. Deu pra você petralha?

"Deu pra você petralha?"

Quem?

Vamos lá...

"política externa"
Não lembro do Geisel provocar indisposições com os americanos por se aproximar de alguns regimes islâmicos.
Se você quer dizer política cambial e/ou de exportações, as desvalorizações cambiais da época eram uma necessidade... Hoje, se for o caso, seria uma opção.

"sanha estatista"
Fico me perguntando qual a grande empresa públicas criada pelo governo PT...
Ah, mas contratou gente pra cacete... Legal, todo mundo é a favor de melhor educação, melhor saúde, melhor tudo, só que também acha que essas coisas caem do céu.

"grandes obras"
O volume de "grandes obras" do governo Lula/Dilma é infinitamente inferior ao das décadas de 1970. É uma usina hidrelétrica e um trenzinho. O resto é obra corrente... A mesma coisa, todo mundo quer uma infraestrutura fudida no Brasil, mas ninguém quer pagar...
Além disso, o governo do PT, se quisesse realmente fazer grandes obras, teria muito mais recursos do que Geisel, pois os meios de financiamento do governo e a disponibilidade de capitais é muito (mas muito!) superior à de 1970.
Mesmo assim, não faz... Por quê? Porque a sanha estatista só existe na cabeça de liberaloides dementes!

"senadores biônicos, mensalão"
Comparação ridícula. Corrupção é um problema estrutural do sistema econômico brasileiro atual. No mais, prefiro os parlamentares que se vendem diretamente do que os que ficam empesteando o governo de funcionários incompetentes. Vida o PR! Abaixo o PMDB!

"II PND, PAC 2"
Não manjo de PND pra comparar, mas pelo pouco que sei, PND tinha um fundamentação estrutural, PAC é infraestrutural... O primeiro foi uma intervenção massiça na estrutura econômica, o PAC é um conjunto de obras correntes superficiais reunidas sob uma sigla pra fins de marketing.

"poderia inumerar muitas outras coisas semelhantes"
Enumere, por favor, os equivalentes do Geisel para o Bolsa Família, a política de salário mínimo, o investimento em universidades federais...

Dá?

*Corrupção é um problema estrutural do sistema POLÍTICO atual.

**O primeiro foi uma intervença MACIÇA na estrutura...

Você está no blog errado, você deveria ir lá para o nassif(em minúscula mesmo).Ademais não tenho que ficar debatendo nem falando sobre economia brasileira com você. A grande obra do PT será a de trazer as condições estruturais que resultaram na hiperinflação brasileira, sim lá nos anos 60 e 70 ela era baixa como hoje e chegou onde chegou, para tanto basta as sementes hoje plantadas germinem que chegaremos lá. Para falar de intervenção do estado na economia, hoje temos duas notícias interessantes, a questão da CEF e a "grande" aquisição do Panamericano e a "queda" de Roger Agnelli na Vale, já tem petralha lambendo os beiços de olha na Vale.

Oi, Alexandre! Sou o Arthur Rocco, seu ex aluno da PUC-SP. Nos encontramos no I Encontro de Blogueiros! Deixo aqui o link para o meu blog, que estou estreando hoje, 25/3/11, http://goo.gl/vYVG1 Gostaria de trocar mais ideias, além dos blogs! Abraços!

Antes de falar de PIB 7,5% é necessário discutir como PIB brasileiro é calculado. AQUI ESTÁ UMA BOA DISCUSSÃO:
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=203
Por que o PIB é uma ficção

"lá nos anos 60 e 70 ela era baixa como hoje"

Parabéns!

"Você está no blog errado, você deveria ir lá para o nassif"

O certo é só andar com quem concorda com você e discutir com quem não te contraria. Assim você pode dizer coisas como "a inflação nos anos 70 era baixa" sem passar vergonha.

De resto, tendo a concordar com a maioria das críticas pontuais do Alex à atuação do Ministério da Fazenda.
O problema não é "sanha estatizante"; o problema básico é achar que o déficit público vai ter o mesmo efeito na economia com o desemprego a 5% do que teria com o desemprego a 20%...

o problema, acredito, reside da incapacidade (temporaria, espero), do país ofertar (precisa investir na máquina produtiva)...mas para ofertar tem que haver confiança na continuidade da procura...

Este post foi muito bom e elucidativo. Precisamos promover importações para conter a subida dos preços.

Para o desemprego que será gerado com esta tomada de decisão, explicaremos aos trabalhados as externalidades positivas na economia, ou seja, os preços num patamar estável. E se reclamarem, podemos imprimir algumas páginas com os dados do IPCA para estes comerem.

Fantástico!

Abs!
Paulo