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segunda-feira, 7 de março de 2011

A decadência da América Latina

A decadência da América Latina é um fato que de tão óbvio quase que passa despercebido no discurso político na região. Um dos resultados centrais da teoria do crescimento econômico neoclássica é que o retorno marginal decrescente do capital gera uma força centrípeta que levaria a renda per capita dos países a convergir, ceteris paribus.

Enquanto a convergência não é sempre encontrada nos dados de países, existe um bocado de evidência de convergência de renda per capita para regiões de países, para grupos de países que comerciam entre si etc.

Portanto o achado que a América Latina em grande parte divergiu dos Estados Unidos (o líder mundial) desde os anos 1950 indica algo de muito errado nas políticas econômicas adotadas pelos países da região.

A ascensão de idéias nacionalistas e protecionistas (associadas à CEPAL) parece-me uma explicação bem plausível, mais ainda se levarmos em conta que o custo de tais políticas é em teoria inversamente proporcional ao tamanho dos países e o Brasil, o maior país da região, é um dos únicos países da região que não perdeu posição relativa com os EUA desde os anos 1950.

O mais rápido crescimento de algumas economias da Costa do Pacífico (Chile, Colômbia e mais recentemente Peru) nas últimas décadas também é indicativa do fracasso do modelo de desenvolvimento cepalino, pois estes países são exatamente aqueles que mais se moveram para longe daquele modelo, tentando se integrar comercialmente com os Estados Unidos e adotando as chamadas políticas 'neoliberais'.

(Hat tip to Roberto e Rogerio Ferreira)



56 comentários:

"O efeito de políticas cepalinas é inversamente proporcional ao tamanho do país" não é uma explicação um tanto vaga?

Afinal, qual foi a vantagem brasileira? Nossa ditatura prematura?

Acho que o ponto é que as políticas "inward looking" (substituição de importações em oposiçao à maior abertura às exportações), inerentes à proposta cepalina, implicavam muita perda de eficiência por conta de falta de escala. No Brasil o problema teria sido minorado pelo tamanho do mercado interno. No caso, tamanho do país é mais tamanho da poupulação, ou melhor, tamanho do mercado.

Puxando pela memória, se bem me lembro, as exportações brasileiras, corrigidas pelo PPI, ficaram estagnadas entre 1947 e 1967! Não fosse o tamanho do mercado interno, nossa industrialização seria ainda mais ineficiente do que foi.

Quanto maior o país, menor o custo de distorção de um certo nível de proteção. É quase que auto-evidente para qualquer economista ou pessoa que leu Adam Smith: um mercado maior permite mais especializacao.

E o que gera ascensão de ideias cepalinas? Algum palpite?

[i]E o que gera ascensão de ideias cepalinas? Algum palpite?[/i]

Países de merda, ora bolas!

Boa pergunta. Praticamente o mundo inteiro abraçou o protecionismo durante a Grande Depressão. Na realidade, isso fazia sentido para cada país em isolação, pois os países que executaram políticas heterodoxas (protecionismo, abandono do padrão-ouro, gastos keynesianos) conseguiram escapar da Depressão mais cedo ou tiveram depressões menos profundas.

A divergência de políticas econômicas ocorreu depois do fim da Segunda Guerra, quando os países do Norte escolheram em geral liberalizar suas economias e alguns países do Sul experimentaram com outras vias: a CEPAL e o desenvolvimentismo na América Latina, a planificação na Índia, o nacionalismo árabe no Egito, a psicopatocracia na China de Mao etc.

O modelo cepalino foi claramente um desastre em todos os países da região (ainda que não tão ruim no Brasil). O Chile foi o primeiro país a jogar o modelo cepalino na lata de lixo, durante a ditadura de Pinochet e seus Chicago Boys. Ainda que não haja nada a ser copiado do sistema de governo chileno sob Pinochet, havia muito a ser aprendido em termos de gestão econômica - outros países seguiram os passos dos chilenos quando se tornou óbvio que o Chile tinha o modelo que gerava as mais altas taxas de crescimento da região.

Isso não quer dizer que não existam recalcitrantes. Por exemplo, é bem provável que a equipe econômica do governo atual vive em alguma realidade alternativa em que o modelo chileno (responsabilidade fiscal+social democracia+confiança no poder alocativo dos mercados) não é a melhor coisa que aconteceu na América Latina nos últimos 50 anos. E qualquer economista latino-americano que não entende isso ou é completamente ignorante da história da região ou é corrupto.

Prezados,

Que tal vocês diminuírem a publicação de posts no blog e publicarem algo em algum congresso, “de verdade”.

Se for no Brasil, que tal a SBE? Pode ser em algum Congresso Brasileiro de Finanças! O que acham?!

Estou louco para ver o conhecimento em econometria do Alex sem a equipe do Santander!

Putz! Congresso da Blogosfera é ótimo! Que tal seguirem o exemplo do Adolfo?!

Publique alguma coisa em forma de paper, depois leve algumas amenidades para o blog, deixando o link do “hard work” para a galera analisar...

Não, não sou heterodoxo...E adoro matemática! Contudo, nunca errei despesa e receita como o Alex em público!!

Kakakakakakakakakaak!!!

Moshe Dayan!

"Não, não sou heterodoxo.."

Mas que defensivo, rapaz! Não precisa ficar se justificando só porque furaram seu olho...

"Se for no Brasil, que tal a SBE? Pode ser em algum Congresso Brasileiro de Finanças! O que acham?! "

Eu acho que a chance de voce me encontrar submetendo trabalho para a SBE nos proximos 5 anos eh proxima de zero. Nada contra, para quem gosta eh o melhor encontro de economistas do Brasil, mas prefiro outras atividades em meu tempo livre.

O texto inicia falando sobre convergência de renda, embora ainda exista muita gente testando se isso acontece (convergência condicional e clubes de convergência) a grande maioria dos novos modelos de crescimento (dos quais destacam-se o de Romer e o de Lucas) não comportam a idéia de convergência. É justamente por incorporar a noção de retornos constantes ou crescentes nos modelos que essa tal força centrípeta para de fazer sentido. Note que o debate sobre retornos constante e crescentes era um papo bem heterodoxo até o inicio da segunda metade do séc. XX.

Sem falar na famosa medida inovadora do IPEA: "o número de economistas você-sabe-qual-o-rótulo por metro quadrado. he he. Eis aí uma boa proxy da rigidez da ignorância econômica para baixo (Keynes) e da eficácia da política doutrinária (The role of the leftist policy, Miltão Friedman).

he he he

Não sei se "Moshe Dayan" é ele, ela ou um pseudônimo. Mas não posso deixar de comentar a piada.

Eu li as cartas do Alex e, quando ele errou, ele reconheceu o erro. No mercado, erro se pune e a honestidade com os dados é uma exigência.

Não vou discutir falhas de mercado, mas na academia, onde estamos, há milhares de casos de gente que cita muito e lê pouco, gente que falsifica base de dados, plágios, etc. A diferença é que, na academia, não há incentivos para que o sujeito seja honesto. Para cada plágio pego (com punições que poupam os autores/plagiadores politicamente poderosos, deixando a batata quente só para o plagiador mais fraco), quantos, Moshe, passam despercebidos?

É bom ter em mente isto, antes de fazer a piada. Estamos sujeitos a muito mais desonestidade na academia do que no mercado. Ou pelo menos...tanto quanto.

Abraços

Que idéia genial, Moshe Dayan!

Se os caras escrevem só artigos científicos a crítica é muito mais fácil: que a teoria ortodoxa não vale nada, por isso vc não vai perder tempo lendo o paper cheio de equações e resultados econométricos. Agora nesse blog vc não pode dizer que não entende os argumentos! Bem, até que pode, mas não pega bem né?

E logo agora que o "O" começou a escrever alguma coisa... Faltou detalhar melhor a argumentação, identificando que outros fatores além do pensamento cepalino podem estar por trás dessa divergência. Mas pelo menos o cara está indo num caminho bom. Tomara que pare de ficar batendo nos insignes heterodoxos ficantes e continue querendo estruturar uma argumentação. É o que pelo menos eu espero.

Vida longa ao blog!

Abs

Tb

Alguém poderia delimitar o período cepalino no Brasil, por favor?

"papo bem heterodoxo" nao quer dizer que seja pos keynesiaso ou desenvolvimentista

“Não sei se "Moshe Dayan" é ele, ela ou um pseudônimo.”

Cláudio, querido, vai morrer com a dúvida...

O Alex reconheceu o erro porque qualquer aluno de graduação não cometeria a falha primária de afirmar que a política fiscal de Lula era mais rígida do que a de Serra. Alguém somou gastos previdenciários onde não devia...

Você está enganado sobre o mercado! Os departamentos econômicos dos bancos são muito especializados para alguém fora da área detectar algum tipo de problema e forçar o indivíduo a se retratar...

Primeiro, nos bancos não se tem o rigor acadêmico pela busca de plágios ou publicidade das fontes. Simplesmente se publica os resultados! Gerentes e Diretores não têm tempo disponível para ficar averiguando “detalhes” que podem fazer toda a diferença...

Foi a própria academia/governo de São Paulo que denunciou (aram) o erro do Alex...Senão passaria incólume...

O Alex “sabe” que ele não cometeu somente esse “deslize”...E tem uma galera que sabe que o Doutor de Deus fez certas “cagadinhas”! Pedindo com jeitinho seriam até perdoáveis, se fosse outra pessoa...Contudo, é o Doutor de Deus...

Cláudio, na academia não tem tanta gente plagiando como alegado...Não são os politicamente poderosos que fazem isso, são os intelectualmente fracos...

"O", você é "fraco" mesmo...Outro que se esconde por trás do título de doutor obtido no exterior...

Shalom!

Moshe Dayan.

P.S.: Ah, não vale "Working Papers" no IMF, por motivos óbvios...Vem para a SBE!!

Por falar em Moshe Dayan, nenhum cíclope resiste às artimanhas de Ulisses. Nada melhor do que organizar-se, abrir a economia e desenvolver-se. Crescer, a economia brasileira está, quando cresce, evoluindo abaixo do que o governo atual acha que "gera gargalos". Ou seja, cria-se um teto para o crescimento, até 5%. E um piso para "os gargalos": as estradas permanecem ruins, as ferrovias inexistentes, os aeroportos caóticos, os portos estrangulados...
Dawran Numida

Todo mundo já sabe que o Alex foi demitido do Santander simples e unicamente devido a sua incopetência! Nunca vi nada de prestável em seus trabalhos.

Moshe Dayan!

E tem uma galera que sabe que o Doutor de Deus fez certas “cagadinhas”!

Conta aí meu. Senão fica parecendo papo de costureira. Tu é viado? Fala com voz grossa, pô...

Esse "O Anonimo" não é doutor porra nenhuma. É só o pseudônimo de um aluno de graduação da UFRGS, que até pouco tempo atrás tinha um blog de "economia" próprio.

"Nunca vi nada de prestável em seus trabalhos."

Também, com um olho furado, deve ficar bem difícil mesmo...kkkk

A competência do Alex certamente pode ser atestada por seus pares, agora o que é patente mesmo nesse blog é que, embora curta sacanear quem pensa diferente (hehehe) ele adota uma postura muito diferente da maioria, não censura posts, a galera fala o que bem quer e é publicado, coisa rara de acontecer em outros espaços.

Mas foram medidas cepalinas que fizeram o pais crescer nos anos 2000. O neoliberalismo foi abandonado depois do fracasso na decada de 90.

"Mas foram medidas cepalinas que fizeram o pais crescer nos anos 2000. O neoliberalismo foi abandonado depois do fracasso na decada de 90."

Seja mais preciso. Quem medidas cepalinas? O regime de metas para a inflação? As crescentes exportações de commodities? A ênfase (até 2008) no controle da dívida pública? A manutenção de uma conta capital bastante aberta (e seu aprofundamento)?

As medidas de reduçao de desigualdade de renda, o credito direcionado do BNDES, medidas que fortalecem o mercado interno como o credito consignado e o bolsa familia.

As medidas como a elacao da selic para conter a inflacao so serviu para valorizar o real via atracao de capitais.

Bolsa-Família: (1) já existia; e (2) não é política cepalina, basta ver as críticas da MC Tavares a respeito (aqui no blog mesmo).

A desigualdade de renda vem caindo desde 1993 (poderia ser 1994, mas não houve PNAD aquele ano), isto apesar dos esforços cepalinos para desvalorizar o câmbio e reduzir o salário real.

BNDES só cresceu de 2008 para cá (crescimento médio 3,6% ao ano)

Mercado interno? Desde quando mercado interno deixou de ser importante no Brasil?

Maria da Conceicao Tavares hoje apoia o bolsa familia.

Hoje o pensamento cepalino mudou e segue o novo desenvolvimentismo. Basta ver os trabalhos do Bresser Pereira e a tese do Mercadante.

Dediquei os últimos 10 anos a entender este gráfico, como costuma acontecer nestes casos consegui mais dúvidas do que conclusões. Em linhas gerais acredito que o problema está relacionado a produtividade, a maioria do exercícios de contabilidade do crescimento mostram que o crescimento da América Latina, quando ocorre, está relacionado a acumulação de fatores. Não é preciso ir muito além do Modelo de Solow para explicar que crescimento fundado em acumulação de fatores não se sustenta no longo prazo. Neste sentido existiria uma espécie de equilíbrio estacionário (mais para um BGP, para os puristas) onde um país chegaria a um nível de produto de 20% a 30% do americano apenas devido a acumulação, a aprtir daí entraria a produtividade. Por isto o Brasil aparenta ser exceção, na realidade é mais por demérito (PIB per-capita muito baixo) do que por mérito.

O argumento acima supõe uma dinâmica de transição, desta forma excluí o modelo AK, entretanto na presença de mudanças de política pode não ser tão trivial usar dados para diferenciar uma dinâmica do tipo AK de uma dinâmica tipo Solow. Não vou entrar nesta polêmica, mas estou muito convecido que baixa produtividade dos países latinos é a principal força para explicar este gráfico.

Fica o problema de explicar a baixa produtividade do continente. Neste ponto entram as idéias da CEPAL, o problema não é só o protecionismo (não que este não seja um problema, mas sozinho talvez não cause um estrago do tamanho que o gráfico mostra), a questão é que a maioria das políticas inspiradas pela CEPAL oferece incentivo zero para competição (atenção, não estou me limitando a concorrência perfeita) e sem competição é difícil ocorrer ganhos de produtividade. O Victor Gomes e o Arilton Teixeira têm um artigo onde dados da Petrobrás são utilizados para mostrar que apenas a ameaça de competição pode ser um canal de ganhos de produtividade.

O processo de substituição de importação em linhas gerais escolhe empresas e ou setores para dominar um mercado, uma empresa terá sucesso a medida que tenha acesso a benesses do governo. Não é preciso um modelo de jogos sofisticado para ver que o equilíbrio consiste em empresas tentando agradar o governo e o governo escolhendo as que o agradam. Sobra pouco espaço para investir em ganhos de produtividade. É natural também que o modelo leve a concentração de renda e, para os que gostam de Hayek, também não é difícl concluir que o modelo cepalino leva a ditaduras.

Uma outra pergunta relevante é porque logo aqui estas idéias tendem a prosperar. Nem me atrevo a responder tal questão, seria necessário um conhecimento da região muito maior do que o meu para esboçar uma resposta. O Vargas Llosa temum livro (Sabres e Utopias, se não me engano) que pode ser um bom ponto de partida para quem queira se aventurar por estas searas.

Por fim, concordo com o Alex que relacionar o crescimento recente da economia brasileira a políticas cepalinas é piada de péssimo gosto. O bolsa família está muito mais ligado ao trabalho do Ricardo Paes Barros (um cara de Chicago!!!) do que aos cepalinos. Uma olhada no tempo do boom da construção civil deveria ser suficiente para mostrar que este decorre mais das mudanças de legislação do primeiro governo Lula do que do Minha Casa, Minha Vida. Mudanças inspiradas no pessoal da Agenda Perdida, entre os quais destaco o Marcos Lisboa, dentre outros motivos por ter sido o Secretário de Política Econômica que implementou tais políticas e aguentou os insultos da Conceição Tavares.

Que as políticas intervencionistas (nem sei se é justo com a CEPAL chamá-las de Cepalinas) dos últimos dois anos são capazes de gerar crescimento de curto prazo todos sabem. Que podemos usar o estado para comprar uma passagem suave (e não foi tão suave assim) por uma crise internacional sabemos desde 1973 e confirmamos em 1979. Que o custo disto é desastroso sabemos desde os anos 80.

Abraço,

Roberto

Anônimo , 8 de março de 2011 11:04

“Alguém poderia delimitar o período cepalino no Brasil, por favor?”

A resposta é o gráfico ou está nele. O gráfico é um resumo interessante dos efeitos históricos do desenvolvimentismo patrocinado pelas vertentes ditas “progressista” e “autoritária”.

E ainda a partir do governo Sarney, vimos desfilar na gestão da política econômica tudo quanto é tipo de aberração desenvolvimentista, que os autores do blog apropriadamente apelidaram de quermesse ou freak show.

Perguntei em comentário anterior se se o pensamento desenvolvimentista latino-americano, tomando como marcos Prebisch e Furtado e as vertentes desenvolvimentistas “críticas” posteriores [“capitalismo dependente” e capitalismo retardatário”], constituem de fato uma teoria econômica, ou se esse pensamento é somente uma tentativa, repleta de equívocos, de interpretação do “desenvolvimento do capitalismo periférico no Brasil contemporâneo”. O gráfico e o post do “O” mostram os resultados históricos e para onde nos conduziram esses grandes timoneiros. O juízo a respeito do que está no post é de cada um.

Pelo pouco que sei [e não sei se o pensamento de Celso Furtado pode ser situado tranquilamente na genealogia marxista brasileira], eu tendo pela segunda opção [interpretação repleta de equívocos] e situo essas interpretações no campo do pensamento marxista brasileiro da economia. Ou seja, essas análises ocorrem intramuros, pois todos os interlocutores são declaradamente filiados aos “marxismos”. Desconheço se esse pensamento marxista do subdesenvolvimento brasileiro, com as alternativas oferecidas de superação, abriram interlocução profícua com o pensamento econômico não alinhado ao marxismo. Eu acho que não. Acho que esse sim é o verdadeiro pensamento único que por décadas domina a condução das políticas econômicas implementadas por sucessivos governos. Enfim, o gráfico é um excelente instantâneo da miséria intelectual brasileira em ato.

Quando o desenvolvimentismo cepalino “puro” mostrou suas limitações no Brasil [no período de estagnação - início dos anos 60 - que se seguiu ao Plano de Metas e com as bagunça fiscal, dívida pública fora do controle, inflação crescente], o pensamento econômico de filiação marxista apontou, basicamente, dois caminhos.

Um deles é classicamente representado por André Gunder Frank e seus epígonos brasileiros:

A impossibilidade de desenvolvimento capitalista no Brasil. Na etapa do Imperialismo [vide Lenin], as economias nacionais periféricas têm os seus excedentes expropriados e o que sobra é insuficiente para que nas plagas periféricas “se instaure um verdadeiro processo de acumulação” capaz de nos alçar à condição plena de país desenvolvido. No máximo, nos “países satélites” do Imperialismo, poderia ocorrer um “desenvolvimento do subdesenvolvimento”. Quando escreveu a respeito da via revolucinária, Gunder Frank estava no Chile e era militantemente ligado à frente popular de sustentação do governo do socialista Salvador Allende. Disso o corolário decorrente da inevitabilidade da revolução socialista como a única alternativa às falsas promessas do desenvolvimentismo cepalino.

O outro caminho marxista, alternativo ao mostrado por Fank, foi sendo trilhado primeiro pelos desenvolvimentistas “dependentistas” [“obra mestra”: Dependência e Desenvolvimento na América Latina. F.H. Cardoso e E. Faletto] e depois pelos críticos desenvolvimentistas “retardaristas” como Paul Singer, Francisco de Oliveira, Maria da Conceição Tavares, João Manoel Cardoso de Mello [a lista é bem maior] e os epígonos destes nos governos Lula/Dilma.

Para registro, lembro que depois do Mário Covas ter prudentemente e corajosamente barrado a ida de FHC para o governo Collor, que fazia água por todos os lados, Cardoso e o pessoal do Plano Real somente foram chamados por Itamar Franco depois que pelo MF passaram outros 4 ministros, que viram frustadas as tentativas de conter a inflação e o deficit público.

Na “ortodoxa” arrumação da casa pela turma do Plano Real instaurou-se o chamado “tripé econômico”, que todos sabemos foi duramente combatido pelos “heterodoxos” economistas marxistas desenvolvimentistas do PT e adjacências, e cujo principal front era o departamento de economia da UNICAMP. Com a eleição de Lula em 2003, os representantes do verdadeiro pensamento único voltaram a ocupar os postos de mando na economia e os resultados estão aí.

Moshe Dayan!

Você é o c.q.d. para o axioma baconiano de que a inveja é uma paixão dos vagabundos, isto é, “passeia pelas ruas e não fica em casa”.

Rita Lee e Roberto de Carvalho compuseram para todos vocês está singela homenagem

Noviças do Vício

As noviças do vício
Não medem sacrifícios
Fazem altas baixarias
Por um resto de sucesso! Ô Ô Ô Ô.

Ratazanas da publicidade
Pérolas da vulgaridade
Elas pecam pelo excesso
E morrem pela falta! Ô Ô Ô Ô.

Noviças do vício
Falange pastiche
Elas jamais serão
Marlene Dietrich
Marlene Dietrich
Marlene Dietrich
Marlene Dietrich

Só noviças
Noviças do vício
Só, só, só, só
Só noviças
Noviças do vício. Ô Ô Ô Ô

As noviças do vício
São ossos do ofício
Coqueluche indesejável
Patronesses do insuportável. Ô Ô Ô Ô

Noviças do vício
Falange pastiche
Elas jamais serão
Marlene Dietrich
Marlene Dietrich
Marlene Dietrich
Marlene Dietrich

Só noviças
Noviças do vício
Só, só, só, só
Só noviças
Noviças do vício. Ô Ô Ô Ô

http://www.youtube.com/watch?v=HwBILpdt6ec

Na “ortodoxa” arrumação da casa pela turma do Plano Real instaurou-se o chamado “tripé econômico”

Leia-se: tripé macroeconômico:

"Basta ver os trabalhos do Bresser Pereira e a tese do Mercadante."

Desculpe. Como de hábito demorei para descobrir que estava ma sacaneando...

Hoje eh o dia do economista!

Segundo o Leonardo Monasterio hoje deveria ser comemorado o dia do economista, pois no dia 9 de março foi publicado A riqueza das Naçoes, do Adam Smith.

Seria mais coerente comemorar hoje e nao no dia 13 de agosto, data em que a profissao foi regulamentada.

A desculpa para quem nao quer terminar o carnaval depois do meio dia na quarta feira de cinzas ja esta dada.

Os variados cartões criados no governo FHC não eram o Bolsa Família.

Quanto ao tópico do post, ele se limita, nos exemplos, à América do Sul. Eu me pergunto, porque realmente não sei, se ele é válido para o Caribe (o de fala hispânica, ao menos) e para a América Central. Nestas partes se seguiram as práticas de abertura e integração à economia americana? Quais os efeitos? Qual o peso das guerras civis dos anos 70 e 80?

Salta aos olhos a decadência da Argentina, mas o desempenho do México também é terrível.
Sempre imaginei que o Brasil de amanhã seria o México de hoje - que destino mediocre! Mas a China tem nos dado um gás incrível, gás este que temos desperdiçado tolamente, e já estamos nos achando no centro do mundo desenvolvido.
Vocês tem um diagnóstico do fracasso mexicano até então?

Anônimo-8 de março de 2011 20:36. Basta ver a tese de quem? Sério?
Dawran Numida

Roberto enriqueceu o debate. Impressionante como a expressão "ritmo chinês de crescimento" eh usada mundo afora sem que olhem para o nível de produto per capita.

Esse Moshe não sei das quantas eh um puxa-saco recalcado.

"Os variados cartões criados no governo FHC não eram o Bolsa Família."

Todo mundo sabe qual era a opinião dos "intelectuais" de esquerda sobre os programas de tranferência de renda...

Dá uma conferida:

"Esse Marcos Lisboa é um garoto semi-analfabeto que está encarregado de fazer política econômica, coisa que ele jamais fez na vida. Quiseram vender a Agenda para o PMDB, que não comprou, fizeram o mesmo com o Ciro [Gomes, candidato derrotado pelo PPS à Presidência e hoje ministro da Integração Nacional].É um espanto que esse grupo de garotos espertos faça com dinheiro público e do Banco Mundial uma nova Agenda que proponha para o Brasil -o único país que tem políticas universais em saúde, no ensino público básico e no INSS, três redes universais que nunca ninguém conseguiu desmontar- a focalização dos programas sociais."

Em qual mundo encantado você vive?

"Impressionante como a expressão "ritmo chinês de crescimento" eh usada mundo afora sem que olhem para o nível de produto per capita."

E sem falar do processo de urbanização também!

No entanto, a China parece investir pesado em educação, vide o resultado dos estudantes chineses nos testes internacionais. Bem diferente do Brasil do milagre, e mais parecido com a trajetória da Coréia do Sul.

Zamba

"Roberto enriqueceu o debate."

Assino embaixo (meio atrasado, é verdade, mas...).

Aliás, um ponto central levantado pelo Roberto é o papel das medidas patrocinadas pelo Marcos (alienaçao fiduciária e patrimônio de afetaçao, entre outras) no renascimento do crédito habitacional e, portanto, da construçao civil. Impressionante o efeito delas. tenho que confessar que a intensidade me surpreendeu e muito.

Caro O,
E o México nessa história? O México foi de longe o país que mais se integrou comercialmente aos EUA e foi bastante aplicado na aplicação das chamadas políticas neoliberais. O país tem tido um desempenho bastante melancólico, não?
Um abraço,
Marcos

Complementando o Roberto,

O problema com a produtividade latino-americana está concentrado na baixa produtividade dos serviços.

O BID organizou umas pesquisas sobre o tema nos últimos anos.

link:

http://www.iadb.org/en/news/news-releases/2010-03-20/stagnant-productivity-causing-poor-growth-in-latin-america-and-the-caribbean-bid,6696.html

Offtopic:

Atolaram a economia de dinheiro, o Bacen atrasou a subida dos juros e agora a culpa é do FOCUS..

Tenha paciência!

Em breve: CUT e FIESP mandando suas pro BCB as suas previsões de inflação para 2012


Apollo Creed

"Nestas partes se seguiram as práticas de abertura e integração à economia americana?"

"O México foi de longe o país que mais se integrou comercialmente aos EUA e foi bastante aplicado na aplicação das chamadas políticas neoliberais."

No tal de "neoliberalismo" se joga muita coisa, mas cria mais confusão do que esclarece alguma coisa.

O México não é um exemplo de controle da inflação, como o Alex já mostrou aqui, e a América Latina também não é um exemplo de responsabilidade fiscal.

O modelo mais consistente é o chileno, com condução de uma política fiscal e monetária coerente e estável no tempo. E hoje a Colômbia vem mostrando bons resultados também.

Não é uma ou outra privatização ou abertura da conta capital, que tornam um país "liberal".

“E o México nessa história? O México foi de longe o país que mais se integrou comercialmente aos EUA e foi bastante aplicado na aplicação das chamadas políticas neoliberais. O país tem tido um desempenho bastante melancólico, não?”

Depende do que você define como melancólico.

O PIB per capita do México é 26% mais alto que o do Brasil, isto é, se o Brasil der certo na próxima década, nós vamos alcançar o nível do México em uns 8-10 anos.

Talvez você esteja se referindo as vantagens que o México aufere da proximidade com os EUA e a premissa bem razoável que esta proximidade devesse comprar uma vantagem mexicana maior sobre o Brasil. Neste ponto eu concordo – considerando fatores como a proximidade com os EUA e a válvula de escape da imigração e uma pequena vantagem em termos de educação, a diferença de renda favorecendo o México é pequena.

Mas não é só de renda per capita que depende o bem-estar da população de um país. O México tem estatísticas horríveis de violência, não? Correto. O México, com uma taxa de homicídio de 15 por 100K, apresenta níveis de violência que seriam inaceitáveis para os cidadãos de um país avançado. Mas ainda muito melhores que os números do Brasil com 22 por 100K.

Então me pergunto novamente: que desempenho melancólico, cara palida?

“Quanto ao tópico do post, ele se limita, nos exemplos, à América do Sul. Eu me pergunto, porque realmente não sei, se ele é válido para o Caribe (o de fala hispânica, ao menos) e para a América Central. Nestas partes se seguiram as práticas de abertura e integração à economia americana? Quais os efeitos? Qual o peso das guerras civis dos anos 70 e 80?”

Eu não sei muito sobre a América Central, então vou pular essa parte da questão, por ora.

Já o Caribe de língua espanhola corrobora fortemente o argumento de meu post.

De um lado temos Cuba, outrora um dos países mais da América Latina, hoje uma piada que vive de contrabandear petróleo venezuelano; do outro temos Porto Rico que se fosse um país seria o latino-americano mais rico e a República Dominicana que é um dos países que crescem mais rápido na região nas últimas décadas – principalmente depois que eles se livraram do Trujillo e passaram a liberalizar a política ainda que gradualmente.

Eu nao sou economista (gracas a deus!) mas tenho uma observacao sobre o Mexico, baseada em muitos anos conduzindo negocios la: Eles estao fodidos e mal pagos.

A explicacao pode ser dada em um duas palavras (e em ordem decrescente de importancia): PEMEX e CARSO

Quanto a primeira, a impressao que eu tenho (sem nunca ter olhado os numeros por que nao tenho tempo ou inclinacao pra isso) e que o oil business e uma parte bem significativa da economia mexicana. Com a produtivdade e as reservas exploravies da PEMEX caindo, o que parece esta ocorrendo, eles estao fodidos.

E estao mal pagos por causa da segunda. Qualquer um que ja tentou fazer negocios no Mexico ja deve ter se deparado com os oligopolios familiares que controlam grande parte da atividade de negocios la. Grupo Carso e o mais notorio, e o maior, mas nao o unico: tem os caras da Televisa (Azcarraga), tem os caras do pao (cervitje), os caras da outra TV (Cisneros) e uns 3 ou 4 outros 'empires' que controlam ou influenciam (diretamente ou indiretamente via sua influencia sobre o governo, reguladores e outras industrias adjacented) uma fatia absurda da economia mexicana.

esse e um fenomeno 1000 vezes pior e mais nocivo no MX que no brasil.

"Sempre imaginei que o Brasil de amanhã seria o México de hoje - que destino mediocre!"
"Qualquer um que ja tentou fazer negocios no Mexico ja deve ter se deparado com os oligopolios familiares que controlam grande parte da atividade de negocios la"
Também observo o México como um exemplo melancólico de país que faz as coisas pela metade. E temo que no Brasil de hoje estejamos plantando um país onde os bens sejam caros pela sufocada competitividade (um exemplo é a telefonia brasileira, onde estar junto dos reguladores/políticos é mais importante que a eficiência). Grandes oligopólios com fortes ligações com governo impondo em vários setores suas margens (varejo, alimentos, bancos, saúde), impostos nas alturas e a educação/produtividade andando largada.
Enfim um quadro melancólico de um país que se acha Itália, mas nem México é.
Fernando A.

"Qualquer um que ja tentou fazer negocios no Mexico ja deve ter se deparado com os oligopolios familiares que controlam grande parte da atividade de negocios la. Grupo Carso e o mais notorio, e o maior, mas nao o unico: [....] e uns 3 ou 4 outros 'empires' que controlam ou influenciam (diretamente ou indiretamente via sua influencia sobre o governo, reguladores e outras industrias adjacented) uma fatia absurda da economia mexicana.

Fique tranquilo que o BNDES está providenciando isso por aqui.

"A"
"

Caro Blogueiro, vc não teria dados mais atualizados para para ver como o país evoluiu no governo Lula em comparação aos demais?

Os dados são da PWT. Foi o Rogério quem trouxe; talvez haja algo mais atualizado. Mas, de 2004 a 2010 a renda per capita cresceu cerca de 19% no Brasil, e apenas 2% nos EUA. Agora, para os demais países precisa levantar os números. Quer fazer?

Originalmente o post era para discutir os efeitos da poli'ticas cepalinas na Ame'rica Latina, e nao fazer comparacoes recentes, entao usei a PWT 6.2 que vai ate' 2004 e estava disponi'vel na base de dados do GRETL.

Mas a PWT 6.3 vai ate' 2007. E esta' disponi'vel no R.

Discordo do tema Decadência da América Latina. A América Latina não está decadente, pois, ela nunca foi absolutamente nada.
Nada.
Nada do ponto vista histórico, econômico, científico e geo-político.

Fim de semana chegando... não obrigado!