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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Timeo Danaos et dona ferentes

É impossível não falar da atual crise grega (europeia), seja para discutir suas causas, seja para, como pretendo hoje, pensar nas suas possíveis consequências, em particular para a economia brasileira. Será que, como em 2008, a crise externa pode descarrilar a retomada do crescimento observada nos últimos cinco trimestres? Para responder a esta pergunta, temos antes que saber quais são seus potenciais canais de transmissão para o Brasil.


O primeiro deles é o fenômeno conhecido como “fuga para a qualidade”. Em que pese o epicentro da crise de crédito de 2008 ter sido a economia americana, tanto naquela época como agora observamos que investidores, num cenário de turbulência, preferem manter seus recursos sob a forma de ativos americanos. Não se trata apenas da percepção que estes embutem um baixo risco de não-pagamento; também o mercado destes papéis é muito líquido, o que permite a investidores montar e desmontar rapidamente suas posições, sem os custos proibitivos que costumam aparecer em tempos de crise em mercados menos profundos.

Não por acaso, portanto, na semana passada, todas as principais moedas flutuantes (exceto o iene) se desvalorizaram frente ao dólar, assim como o real. Isto é, uma das formas de transmissão da crise é o fortalecimento global do dólar, que implica, é claro, enfraquecimento do real.

Além deste efeito é possível mapear outro, relacionado ao primeiro, mas que atua de forma indireta. Como expliquei em meu artigo de 31/03/10 (Síndrome da China), há uma clara relação negativa entre o valor do dólar e o preço das commodities: o fortalecimento do primeiro costuma ter repercussões negativas para os últimos. Por outro lado, o real tende a andar em linha com as commodities, de modo que o dólar mais forte traz uma razão adicional para a desvalorização do real (bem como das demais moedas-commodities).

Resta saber se o presumível aprofundamento da crise teria, como em 2008, efeitos nefastos sobre a atividade econômica, provavelmente por uma depressão adicional do crédito. É uma possibilidade, mas hoje acredito ser muito difícil uma repetição, mesmo em escala menor, dos eventos do último trimestre daquele ano.

Estima-se que as perdas associadas à crise de crédito tenham atingido cerca de US$ 1,8 trilhão e possam chegar, ao final do processo, a US$ 2,5 trilhão. Ao mesmo tempo, havia forte incerteza sobre a distribuição das perdas naquele momento, pois tanto os títulos lastreados em hipotecas como os derivativos a eles associados eram transacionados em mercados de balcão, o que manteve todas as instituições financeiras na defensiva por não saberem exatamente a saúde das suas contrapartes, levando à paralisia nos fluxos interbancários e no crédito em geral, e, portanto, ao colapso do comércio internacional e da atividade econômica.

Em contraste, pelo menos no caso da Grécia, falamos de valores consideravelmente menores e de um conhecimento bem mais claro da exposição de cada instituição, vale dizer, sem a mesma incerteza quanto às contrapartes. Daí meu ceticismo quanto à reprise do episódio Lehman Brothers e da parada súbita de fluxos financeiros que se seguiu.

Por fim, ao contrário daquele período, não parece haver uma exposição das empresas brasileiras aos derivativos cambiais que exacerbaram a desvalorização da moeda e, também por conta da incerteza, travaram a concessão de crédito no país. Assim, o impacto mais provável da crise parece ser no sentido de enfraquecimento do real, mas sem a queda abrupta de atividade sofrida há um ano e meio.

(Publicado 12/Mai/2010)

43 comentários:

temo os gregos e seus presentes...
abs
sgold

corrigindo: temo os gregos mesmo quando trazem presentes.
abs
sgold

o BNDES é solução, não é problema:

Cristiano Romero

Muito além do BNDES

Nos últimos anos, com a aceleração da taxa de crescimento, as empresas passaram a demandar crédito de longo prazo para financiar seus investimentos. Praticamente apenas o BNDES oferece esse tipo de crédito a um custo razoável, compatível com o oferecido em países desenvolvidos. Outras fontes de financiamento, como ações e debêntures, ainda representam uma parcela pequena quando comparadas aos recursos do banco estatal (ver gráfico abaixo).

Há dois anos, a capacidade de desembolso anual do BNDES estava limitada a cerca de R$ 60 bilhões. Em menos de um ano e meio, o Tesouro Nacional aportou, por meio de empréstimos, R$ 180 bilhões. As operações foram cruciais para que o banco pudesse atender a demanda por crédito em meio à crise internacional. Fontes alternativas, como crédito externo e mercado de capitais aqui dentro, secaram. A crise passou e a economia brasileira voltou a acelerar, reafirmando a demanda das empresas por recursos do BNDES.

O problema é que o Tesouro não pode socorrer o BNDES indefinidamente. Esses empréstimos embutem subsídios e aumentam a dívida bruta do governo geral, o que, a longo prazo, pode trazer complicações à saúde do Estado brasileiro. É por isso que, nas últimas semanas, o governo começou a discutir uma agenda financeira que envolve, além do próprio BNDES, o Banco Central (BC), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), bancos privados e grandes empresas. O setor privado, via BM&FBovespa e Febraban, também criou grupos técnicos para tratar do tema.

Uma das medidas em estudo no governo prevê a possibilidade de que os bancos comprem papéis emitidos por empresas e os utilizem como colateral em operações de liquidez bancária. Atualmente, o BC só recebe títulos públicos como garantia. Evidentemente, como se trata de algo absolutamente novo no país, a proporção desses papéis seria inicialmente diminuta. Além disso, para serem aceitos pela autoridade monetária, eles teriam que ser classificados como grau de investimento ("investment grade", no termo em inglês usado pelo mercado).

Essa medida teria, certamente, repercussões positivas no mercado. Em primeiro lugar, abriria uma janela para dar liquidez a papéis emitidos no setor privado, o que estimularia muitas companhias a recorrer a esse mercado, em vez de ir ao BNDES ou ao exterior, onde, apesar de taxas de juros menores, há sempre o risco cambial. Além disso, a novidade ajudaria a diversificar o portfólio de aplicações dos bancos. Uma terceira vantagem é que estimularia as empresas a terem boa governança, uma porta de entrada para o mundo do financiamento privado.

Uma medida complementar a essa é incentivar as instituições financeiras contratadas para realizar emissões de debêntures a dar um mínimo de liquidez aos papéis que ajudam a lançar no mercado. Hoje, não há nenhuma obrigação por parte dos bancos na criação de mercado para esses títulos (o "market making", na linguagem do mercado). O BNDES, por exemplo, faz sua parte com as debêntures que emite. Recentemente, decidiu ampliar a mesa de compra e venda de papéis - esta é mais uma prova de que o BNDES pode ser parte da solução e não do problema do mercado de capitais brasileiro.


Se essa agenda financeira avançar, menor será a necessidade de o Tesouro fazer novo aporte bilionário ao BNDES. O banco deve desembolsar em 2010 cerca de R$ 130 bilhões, face a R$ 137,4 bilhões no ano passado. Como sua musculatura hoje está em torno de R$ 90 bilhões, ainda há um espaço a ser ocupado pela Viúva. Neste momento, o BNDES trabalha de forma intensa para diminuir a necessidade de recursos do Tesouro. Negocia com fundos soberanos a emissão de papéis lastreados em ativos de empresas brasileiras e planeja fazer uma nova emissão no exterior, assim que as condições de mercado permitam. Uma nova fonte fiscal está descartada.

Cristiano Romero é editor-executivo e escreve às quartas-feiras.

Rabi, enlighten me. Does the mosquitoes' runway need air traffic control or they can land on visual?

Visual always, except when it's raining. (Rabbi is written with two b's)

Se a Grécia fosse um problema isolado, mas e os outros: PIS? E seus credores, e o resto da Europa Oriental? e seus credores? Dá 1/3 do PIB mundial.

Tragicomix... com "T" de timeo danaos et dona ferentes (asterix legionario, p. 17).
abs
sgold

"Tragicomix... com "T" de timeo danaos et dona ferentes (asterix legionario, p. 17)."


É isso mesmo! Comentei há pouco com um amigo que era do Asterix e eu achava que era Legionário, mas não tinha certeza.

Valeu!

Nicely done rabbi. But Rabi, enlighten me more. Isn't it sinful and foul praying to... St. Paul?

Such nice Jewish boy... Saul, Simon, Joshua. All of them...

The problem of supporting "St Paul" is not related to whom he was (aka Shaul HaTarsi).

The problem is with Leviticus 18:22.

Rabbi PIG

Este comentário foi removido pelo autor.

What if a man wishes to fly? Does it matter if he wanna be a restless robin or a sucking bat?

> What if a man wishes to fly? Does it matter if he wanna be a restless robin or a sucking bat?

It only matters if he is an unladen swallow.

E qual o resultado líquido de queda de preços de commodities e desvalorização do real frente ao dólar ?

"It only matters if he is an unladen swallow."

An African or an European swalow?

http://www.youtube.com/watch?v=rzcLQRXW6B0

O engraçado é que quando tem o dedo do FMI é sempre confusão política.

PITACO DO KLEBER S.

E ae. pessoal, tudo bem? Nada como um dia atras do outro, ne', cambada?

Pra nao ficar pra tras, vou abrir o post como um economista, o sea, desancando outro economista. O post abaixo desse do Alex realmente e' um retrato do tal de O: ego hipertrofiado e falta de coragem de fazer previsoes, pois so' assim nao se erra.

Para aqueles novos no pedaco, uma breve apresentacao. Eu sou o cara que deixou aqui POR ESCRITO uma longa lista de previsoes, que podem ser checadas nos arquivos do blog por quem tenha pendor arqueologico. Relembremos algumas delas:

1- "O epicentro da crise NAO e' nos US mas na Europa, onde os CDOs sao sinteticos, nao ha' uma imovel lastreando o titulo". Essa tem quase dois anos!

2- "Os bancos europeus estao tao alavancados como hedge funds; os balance sheets desse pessoal em muitos casos e' varias vezes maior que o PIB de seus paises-sede." e "Nenhum banco pode ser maior do que seu backstop."

3- Para os antigos no pedaco, lembram dos paises com preguinho? Onde e' mesmo que ha' quase dois anos atras eu botei esses nanicos que estao pra morrer? Me lembro ate' o titulo de um post: "E Portchugau crau!".

4- Quem foi o primeiro que falou que a Europa oriental sumiria do mapa economico? Cruzive me lembro ate' que o Maior Economista Do Universo criticou meus comentarios, com o argumento de que la' os trens "chegavam no horario" e que se a coisa apertasse eles se safariam "juntando-se ao euro". Essa eu nao preciso nem comentar, porque ele ja' o fez no artigo egolatra da Blomberg.

5- "Esta' pra acontecer um bear-market rally de uns 50%. Mas nao se esquecam, hein tigrada, e' bear-market." Essa foi a previsao mais
precisa da minha vida. Foi na primeira sexta-feira de marco de 2009, dias antes do rally comecar.

6- "Os governos estao errados em querer abarcar o mundo com as maos. Eles deveriam deixar a coisa desinflar ate' que fique de um tamanho administravel". Ahh, se tivessem me ouvido, num e' mesmo, cumpadres?

Isto posto passemos entao a uma analise holistica desse embrulho todo, que sera' postado em sequencia didatica item a item.


Continua...

COMO COMECAR UMA CRISE

Essa os austriacos mataram a pau! Os BCs pelai' alagaram o mercado com dinheiro barato. Isso fez com que se criassem bolhas de ativos. Como a China fabrica bagulhos a precos modicos, nao houve inflacao ao consumidor. Mas o preco de ativos e commodities foi pra estratosfera. Desde casas nos US e parte da Europa, ate' moedas e bolsas de paises emergentes.

Isso criou um gap de ganhos financeiro e do trabalho. A China mantinha os salarios achatados, e os BCs inflavam os precos mencionados acima. Da MESMA maneira que em 1929, o gap de renda foi fechado por algum tempo com endividamento. Ate' o dia em que um gerente de mortgage servicing da Goldman Sachs apontou em uma reuniao de rotina que a inadimplencia de clientes subprime estava aumentando a uma velocidade alarmante.

A partir dai comecou o financial meltdown. E tudo aquilo que inflou comecou a desinflar. Casas, commodities, bolsas e moedas de emergentes, etc.

Ben Bernanke, o celerado-em-xefe do Fed comecou a abaixar juros como se nao tivessa amanha. Naquela epoca ja' advertiamos que estava errado, que nao iria adiantar nada porque "o problema nao e' de liquidez, mas de solvencia", que depois passou a ser fato geralmente aceito. Enquanto o bandido abaixou juros, o meltdown continuou. A situacao "aparentemente" comecou a reverter qundo ele iniciou a acao (criminosa) de Quantitative Easing, comprando podridao do mercado e estocando a josta nos cofres do Fed. Alias, um side comment: o dia em que a auditoria no Fed proposta por Ron Paul acontecer, Bernanke devera' trocar sues ternos discretos por macacao laranja.

Quando foi que o QE comecou? Em MARCO DE 2009. Mas nao e' coincidencia, mocada? E quando foi que ele terminou? Em MARCO DE 2010. Ninguem ae notou nada nao?

A tal "recovery" e' portanto basicamente resultado da acao do QE, somada ao que se segue no proximo post.


Continua...

DE RECESSOES E RECOVERIES


Imaginemos que uma cadeia de producao qualquer tenha 3 fabricas. A fabrica 3 vende 100 unidades de qualquer porra pro consumidor final, e portanto compra 100 unidades de semi-acabado da fabrica 2, que por sua vez compra 100 unidades de materia-prima da fabrica 1 mes sim, outro tambem. O output total da cadeia e' de 300 unidades.

Ae um belo dia o consumidor final espiritodeporcamente resolve comprar somente 90 unidades da fabrica 3. A fabrica 3 entao compra somente 90 unidades da fabrica 2, certo cumpadres? NAAAAAAAAO, ta' muito ERRADO. A fabrica 3 ficou com 10 unidades micadas em seu inventario. Entao ela vai comprar apenas 80, pois no proximo mes ele devera' vender apenas 90=80+10. O que acontece na fabrica 2? Agora a galera ja' aprendeu: 60, pois a fabrica 2 ficou com 20 micos pra uma demanda total de 80. Qual e' o output da cadeia entao? 90+80+60=230.

Vejam voces que o efeito cascata de correcao de estoques e' maior do que a 'recessao' em si. E o que acontece no periodo seguinte? A producao ao longo da cadeia se ajusta 'a nova demanda. E cada fabrica produzira' 90+90+90=270. Ae os economistas e a imprensa vao 'a loucura, comemorando o fim da recessao. Desavisados vem com regrinhas marotas como "quanto maior a recessao, mais vigorosa a recovery". E' por causa desse mecanismo ae. Caso o consumidor final tivesse comprado so' 80 em vez de 90 unidades da fabrica 3 o "PIB" da cadeia teria "crescido" de 160 no vale para 240 na estabilizacao. Na verdade nao acabou recessao porra nenhuma.

Nesse meio tempo a criminalidade nos Bancos Centrais se dedicou ao abaixamento catastrofico de juros, que aparentemente traz uma onda enorme de crescimento, mas que na verdade somente planta a semente para a proxima crise.


Continua...

A ILUSAO DO CRESCIMENTO VIA CREDITO FACIL


Imaginemos dois irmaos gemeos, Matador e Mata-a-dor. Suponhamos que eles viveram exatamente o mesmo numero de dias e ganharam exatamente o mesmo salario, digamos ae uns 4 milhoes de dolares somados pela vida toda. E qundo morreram, pagaram o caixao com o ultimo tostao. Matador era do tipo conservador, poupava antes de comprar. Mata-a-dor era do tipo estroina, comprava a credito tudo o que podia. Ae vem a pergunta: quem consumiu mais durante sua existencia sobre a Terra, Matador ou Mata-a-dor?

Claro, foi Matador. Ele ganhou uns jurinhos e pode comprar mais bagulhinhos. Mata-a-dor pagou jurinhos, deu emprego pro Alex e pro pessoalzinho da VISA. Por isso sobrou menos grana pra bagulhinhos.

Viram, cambada, o crescimento via endividamento do consumidor na verdade NAO E' crescimento, mas sim ENCOLHIMENTO. Estatisticamente, enquanto o credito ao consumidor se expande, o PIB registra ganhos expressivos. Mas na verdade, esta-se apenas consumindo agora o que deveria ser consumido depois. A longo prazo as fabricas produzirao MENOS. Mas enquanto o frenesi do endividamento do consumidor dura, capacidades sao criadas pra atender a demanda aparente.

Esse processo dura ate' quando o consumidor exaure sua capacidade de endividamento. Quando isso acontece, a coisa estoura. Essa foi a unica previsao que o xarlatao de Trier fez sobre o capitalismo que estava correta.

Como corolario dessa situacao, tem-se portanto que capacidades foram criadas sem demanda "real". Como consequencia nefasta, o desemprego causado e' do tipo "estrutural".

Continua...

A TERMODINAMICA ECONOMICA

Po, galera, quem me conhece doutros carnavais sabe a minha tal teoria da Termodinamica aplicada 'a Economia. Eu jurava que iria poder provar isso durente essa crise. Na verdade minha percepcao estava certa: quando se faz um dano na economia, so' o que os governos podem fazer e' controlar mais ou menos a cinetica do processo. Mas o prejuizo vem e vem com tudo.

Mas so' que nao e' por causa da Termo nao, viu cumpadres. O Kleber S. sabe reconhecer quando ele esta' errado. O fato do "dano imutavel" e' explicado pela mera, simples, mesquinha, comezinha CONTABILIDADE.

Vejam os senhores o seguinte, imaginando o mundo com dois e somente dois balance sheets: o do setor privado e o do governo. Balancos tem necessariamente que balancear, certo? A soma e' ZERO.

Fazendo as formuletas que a tigrada adora, ficaria assim, o':

BSP+BSG=0

Portanto

BSP= -BSG, certo?

o que implica que

Variacao(BSP)= - Variacao(BSG)

Moraram na jogada, amigoes? Isso significa que nao importa o que forcas terrestres ou extra-terrestres possam fazer, se o balanco do governo entra em leveraging, o do setor privado vai no sentido extamente contrario. Ora, como o consumidor estava - ainda esta' - endividado ate' o talo, para que ele possa reduzir seu endividamento, de maneira agregada o governo deve expandir o seu BS. NUM TEM POR ONDE, nao e' uma questao de gostar ou concordar. E' a maldita aritmetica.

Por isso os governos passaram a gastar quantidades inacreditaveis de grana. Os PIGS sao apenas o elo mais fraco desta historia toda. Como a corda sempre arrebenta ai'...

PS: Na identidade acima, quando se considera paises individuais, a conta corrente internacional entra na jogada. Isso significa que paises com deficit na CC estao ainda mais fodidos. Talvez por isso os paises com defict em CC, grande endividamento e grande deficit publico sejam os primeiro a dancarem. Mas somente os primeiros, viu tchurma, nao os UNICOS!


Continua...

E O FUTCHURO, CUMEQUI FICA?


Fica feio, viu cumpadres, feio pra baralho!

E' muito necessario fazer uma diferenciacao entre os PIGS e o os sub-prime. Os subiz tem um underlying asset que vale alguma coisa, entao o prejuizo e' parcial. Ainda mais importante, seu credito evaporou-se. Entao nao se geram mais CDOs com josta subprime. Ja' os titulos soberanos continuam a ser impressos. Os deficits dos PIGS estao longe de serem zerados. Ae vem a negada do moral hazard e diz: "PIIIIIIIIGUEEEEES, ces tem mais e' que parar de gastar e pagar suas dividas!".

Certo. Entao vem os xefes-de-governo de cada um deles, numa sucessao famelica parecendo fila do INPS, anunciar que vao cortar os gastos. Como o desperdicio de um e' o salario de outro, a recessao vai apertar. Como imposto se paga sobre o lucro, nao sobre o turnover, e pessoas fisicas o pagam progressivamente, reducoes de gasto publico relativamente pequenas como as anunciadas pelo socratico e o sapatoso, acarretarao uma reducao de receita mais do que proporcional. Isso evidentemente fara' com que o defict publico aumente!!!!!(atencao, isso voces ouviram pela primeira vez aqui).

Revejam a identidade infernal

BSP = - BSG

A consequencia sera' um aumento na indimplencia, ate' que os bancos sifu.

Viram que gozadinho, a sequencia toda encadeada, desde o primeiro post ali em cima? Chega a ser ate' meio hegeliano, ne' cumpadres?


Continua...

THE END GAME

Quando a situacao dos PIGS explodir de vez, com seus bancos indo pra mao do estado, a crise entrara' na sua fase final. Que nao tem nada a ver com os PIGS. Na verdade, embora nao se reconheca, no mundo de hoje existem dois tipos de paises: pais-estopim e pais-dinamite.

Os PIGS tao numas de estopim. Quando eles acabarem, ae e' que a dinamite explode. Quem sao os paises-dinamite? Ora, os credores dos PIGS.

O pais que vai ser considerado o simbolo desta crise e' o UK. Por tudo o que ele representou na historia da humanidade. Sera' um caso tipo Matarazzo pedindo esmola, por exemplo.

O UK tem moeda propria, entao ele vai inflacionar o pedaco, exatamente o que o Brasil fazia no passado. Quando a divida ficar de tamanho administravel - viram cumpadres, se eles tivessem me ouvido desde o principio...- ae eles mudarao sua moeda para dollar. Tipo Equador ou El Salvador. So' que sem banana...


Huhuhuhuhohohohohohahahahahaaaaaaaa!


E um abraco de quebrar costela, do sempre teu

Kleber S.

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"O epicentro da crise NAO e' nos US mas na Europa, onde os CDOs sao sinteticos, nao ha' uma imovel lastreando o titulo". Essa tem quase dois anos!

--> Não considero essa certa não... O problema europeu é maior que o americano, mas não tem nada a ver com CDOs mas sim com desequilíbrios fiscais e externos, um fenômeno macroeconômico.

2- "Os bancos europeus estao tao alavancados como hedge funds; os balance sheets desse pessoal em muitos casos e' varias vezes maior que o PIB de seus paises-sede." e "Nenhum banco pode ser maior do que seu backstop."

--> Isso é verdade.

3- Para os antigos no pedaco, lembram dos paises com preguinho? Onde e' mesmo que ha' quase dois anos atras eu botei esses nanicos que estao pra morrer? Me lembro ate' o titulo de um post: "E Portchugau crau!".

--> Verdade, mas nenhuma grande vantagem aqui. Portugal está em recessão por quase 10 anos.

4- Quem foi o primeiro que falou que a Europa oriental sumiria do mapa economico? Cruzive me lembro ate' que o Maior Economista Do Universo criticou meus comentarios, com o argumento de que la' os trens "chegavam no horario" e que se a coisa apertasse eles se safariam "juntando-se ao euro". Essa eu nao preciso nem comentar, porque ele ja' o fez no artigo egolatra da Blomberg.

--> A Europa oriental são várias. Países como Polônia e República Checa se safaram muito bem da crise, graças entre outros motivos à flexibilidade inerente a seus regimes de inflação de metas. Outros países que estavam na beira do colapso, como a Hungria estão melhores que muita gente apostaria, dada as condições iniciais (alto endividamento etc). E quanto aos países bálticos, a Estônia está no fast track para entrar no euro em 2011.

5- "Esta' pra acontecer um bear-market rally de uns 50%. Mas nao se esquecam, hein tigrada, e' bear-market." Essa foi a previsao mais precisa da minha vida. Foi na primeira sexta-feira de marco de 2009, dias antes do rally comecar.

--> Mas você colocou dinheiro na sua previsão ou não? Por que se não botou, não conta.

"Qual e' o output da cadeia entao? 90+80+60=230."

Isso está errado. O output da cadeia é 90, não se conta o insumo intermediário.

OUTPUT

Voce tem razao. O termo foi infeliz. Mas o efeito economico nao muda. Os pessoalzinho perde emprego violentamente, o governo federal nao arrecada imposto de renda, o estadual paga seguro desemprego, a estatistica de desemprego tem a trajetoria de queda e depois subida brusaca, etc.


DESEQUILIBRIO EUROPEU

Ai' a gente bate de frente. O que gerou o deficit escaralhante? Os bancos. Onde foi que eles iniciaram o ciclo vicioso? Nos CDOs. Nao foi por acaso que o RBS e o IKB foram os primeiros a abrir o biquinho. Quem e' que comprou CDO-feito-sob-medida-pra-estourar da Goldman Sachs?


MERCADO ACIONARIO

Voce tem razao tambem. Mas eu costumo seguir o ditado americano "Put your money where your mouth is". O que me acarretou perdas tambem, porque quando os ganhos atingiram 50% eu entrei em shorting. O mercado continuou a subir e nesse trade eu me entubei, pelo menos por enquanto. Mas como nao vendi, e pelo exposto acima eu vou continuar shorting, quem sabe eu recupero. Ou nao, como diria Caetano...


Um abraco de quebrar costela


Kleber S.

PS: Po meu, ja' que a Estonia esta' indo tao bem por que baralho voce quer botar ela no euro? Eu discordei da "postura", digamos assim, do post da Blomberg. Mas nao do conteudo. O euro vai ficar moeda do clube de falidos. Quem puder vai de buba.

Kleber
Também acho que a termodinâmica explica muito. Como sou mengerista, colocaria em outros termos. Você tem trabalhos publicados, mesmo que seja na rede? Não o conheço nem sua história.

A HISTORIA DO KLEBER S.

Caro anonimo das 18:55, tudo o que publiquei sobre economia esta' aqui neste blog.

Eu sou enganeiro, digo, engenheiro, vivi perambulando pelo Brasil, Europa, Asia e moro ha' uma pa' de tempo nos US. O sea, ja' vi bobagem em quatro continentes.

Um dia pra meu desespero reconheci que a enorme maioria dos meu colegas era nico. Nicopetente. Ae perguntei pra um medico, cume' qui era na profissao dele. "O mesmo", curto, grosso e de arrepiar, pois aquele pessoal cuida da sua vida.

Comecei a desconfiar que o mesmo se passava com os economistas, pois num e' possivel que gente competente viva causando crises economicas. Decidi entao observar os fatos economicos por conta propria. Afinal de contas, quem foi o professor de fisica do Isaac Newton? Ninguem. Escola entao e' um instrumento necessario pra quem otherwise nao conseguiria aprender porra nenhuma. Sao de importancia decrescentes para ciencias que ainda estao em sua infancia, o que e' o caso da ciencia economica.

Sem ofensa ae, hein, pessoal. Nao se esquecam do Oreiro, do cara do IPEA, do Maopeluda, etc. Eles tambem tem diploma de economista. Como engenheiros eu garanto que ja' teriam morrido de fome, pois uma estrutura - por exemplo - ou cai ou num cai. Num tem essa de mais ou menos, ou cai mas so' um pouquinho. Nao se pode tergiversar sobre o projeto de uma ponte, por exemplo. Mas numa ciencia onde R2 igual a 0.20 e' considerado alto, muito progresso ha' para ser feito. De novo, sem ofensa. E' somente o registro de um fato. Um engenheiro que usasse um fator de correlacao desse tamanho num projeto de uma ponte que caisse, fatalmente acabaria vestido de laranja.

Um grande abraco


Kleber S.

Kleber, venha para as sociais. Aqui você pode ser bacharel de qualquer merda, chegar a um alto cargo público e cagar na cabeça dos engenheiros, bro. Não é sacanagem não, é a pura verdade.

Kleber:

O oreiro e o cara do ipea eu sei quem sao. Mas quem é o Maopeluda?

abs cordial...

AOS AMIGOS

1- Eu sou engenheiro ha' muito tempo, e' tarde pra mudar pras sociais. E antes de tentar minha sobrevivencia trabalhando pra qualquer governo eu pego minhas ultimas economias e abro um puteiro.

2- Doutrinador, aquele abraco.

3- O Maopeluda e' um sujeito chamado de Nassif ou Patif, num lembro muito bem, ja' faz muito tempo que nao vejo o cara. E' um emerito falador de bobagens, acho ate' que ele faz de proposito. Mas a lista de economistas beocios nao para ai'. A bem da justica, em campeonato de nicopetencia Bresser Pereira (ou Bras Asneira, agora to meio confuso) nao tem pra ninguem. Isso so' pra ficar nos mais notorios.



Um abraco de quebrar costela


Kleber S.

Kleber:

Bem-vindo à casa. Sentimos sua falta (havia , inclusive, reclamações quanto a sua ausência).

E o coração? Batendo forte?

Abs

Alex

Da casa das loucas, é o maoísta Pokemon ou estou boiando?

'E o coração? Batendo forte?'

Kleber, do you also wear the apron when you make some dough?

GRANDE ALEX!

O coracao vai bem, obrigado. Acostumei 'a vida sem churrasco, exercicio fisico todo dia nao me enche mais o saco, mas a vida praticamente sem comer queijo e' dose cavalar!

Um enorme abraco!

Kleber S.

PS: Agora ta' na hora do exercicio. Quando voltar vou escrever umas bobagens sobre a desuniao europeia. Desnecessario dizer que estou achando o maximo ver a arrogante condescendencia europeia mordendo-lhes a propria bunda!

Caros,

Algum economista matuto poderia por gentileza me ajudar?

Qual o grau de homogeneidade da função de demanda hicksiana (compensada) ? Presumo que seja zero, assim como a marshalliana, mas nao sei demonstrar....:(

Grato pela atenção,

Fernandão (SP)

"mas a vida praticamente sem comer queijo e' dose cavalar!"

Vida sem queijo... Não posso nem imaginar. Mas o vinho não cortaram não, cortaram?

Abs

Alex