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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sophie’s Choice


Resolvi começar a postar os resumos dos relatórios que publico pela consultoria. Só os resumos, bem entendido, e apenas uma semana depois dos clientes terem recebido o material. Os relatórios completos não estarão disponíveis.
• The performance of industrial output in Brazil remains puzzling: retail sales have been doing fine (except in May), while the economy operates close to full employment. Yet, industrial output has been either stagnant or in decline since early 2011, despite the apparent strength of consumer demand;
•  Adding to the puzzle, the labor market remains strong, thanks chiefly to the services sector, where employment continues to rise at a solid pace, where while industrial employment, like output, fares substantially worse;
• Based on the work of Afonso Pastore, Marcelo Gazano and Maria Cristina Pinotti, I proposed a relatively simple model that formalizes the issue and puts forth an explanation. Whereas the expansion of domestic demand tends to distribute itself across sectors when there is slack in the labor market (a high unemployment rate), the dynamics change considerably as the economy approaches full employment;
• Indeed, when labor is available, both sectors can grow; yet, as scarcity materializes, the sectors must compete for resources. That said, given that services must be produced locally, the expansion of domestic demand requires the expansion of domestic services output. In contrast, the expansion of the demand for manufactures can be met by higher net imports, so manufacturing output can go down while demand and supply for both manufactures and services clear;
• More concretely, competition for labor pushes wages, and hence unit labor costs, up. The industrial sector, however, is constrained from passing higher costs to prices due to international competition; the services sector, however, does not face the same constraint, so it can pass costs through to prices, limited only be domestic demand;
• Thus, when the economy is close to full employment, domestic demand growth leads to an asymmetric supply response: non-tradable sector thrive thrives, while tradable sectors whither, if international prices remain constant;
• We claim that this dynamics provide an explanation for the industrial puzzle that is both simple and consistent with the empirical evidence;
• That said, there is not much to be done in terms of policy to tackle this problem, aside a significant fiscal effort in terms of reducing government spending, chiefly for non-tradable goods. This policy would reduce the pressure on the labor market, hence on unit labor costs and industrial margins. Yet, I would not hold my breath waiting for it. 

32 comentários:

Ótima análise. E ótima ideia também a de postar resumos dos relatórios aqui.

A explicação para a mudança da dinâmica quando se atinge o pleno emprego parece atender bem o problema, sendo, ao mesmo tempo, simples.

Com o mercado de trabalho aquecido, tornou importante desvalorizar o câmbio para reduzir os salários na indústria. Se o governo não achasse isso o câmbio estaria novamente no 1,70/1,9O (que todos traders tinham em suas planilhas como valor de "equilíbrio"). O governo sabe dos problemas e também atua discricionariamente em outros custos: financiamento, tributos, insumos etc. O esforço fiscal seria a cereja. Mas esse bolo vem sem cereja mesmo...
Maradona
PS: Está trabalhando demais! nem tem perdido seu tempo moderando os comentários, trazendo mais animação e qualidade ao blog!

Bom resumo! O relatório completo com certeza é um bom investimento para seus clientes.

Alex,
Poderia postar aqui por favor o nome do trabalho dos Afonso Pastore, Marcelo Gazano and Maria e Cristina Pinotti?
Obrigado.
Abrs,
A

1- Segundo paragrafo: ..."WHILE industrial employment..."

2- ..."non-tradable sector THRIVES..."

De resto esta' muito bom.


Abracao

"Poderia postar aqui por favor o nome do trabalho dos Afonso Pastore, Marcelo Gazano and Maria e Cristina Pinotti?"

POR QUE A PRODUÇÃO INDUSTRIAL NÃO CRESCE DESDE 2010?

A primeira versão foi apresentada em seminário na Casa das Garças no final de junho.

Alex,

Qual a diferença desse modelo pra doença holandesa (o modelo "sério", não as maluquices do Bresser)? Em essência parece a mesma coisa.

Abs

A "doença holandesa" requer uma alteração dos termos de troca, no caso favorável à produção de commodities. No modelo só tenho dois bens (comercializáveis e não-comercializáveis), o que o torna inapropriado para tratar da questão da doença holandesa.

O que ele sugere, portanto, é que o mau desempenho do setor industrial pode ocorrer mesmo na ausência de um choque positivo de termos de troca no setor de commodities.

Alex

A iniciativa de publicar o resumo é ótima. Ficou claro, quero dizer, escrito em linguagem acessível para quem não é do ramo.

Entendo que, no caso, o costume é escrever em inglês. Mas acho que no blog você poderia publicar os resumos em português. Nada contra o inglês. Parto da premissa probabilística de que o número de leitores do blog que leem em inglês e em português é menor do que aqueles que leem em português mas não em inglês. Problema dos que não leem em inglês? Não penso assim. Penso que se o seu objetivo com o blog é dar maior publicidade (tornar público) ao que você pensa a respeito da economia, então por que não em português? Os resumos são curtos e acho que a tradução não seria trabalhosa. Se fossem artigos com uma dezena ou mais de páginas, aí seria mesmo pedir demais. Enfim, fica a sugestão.

Abs.

Preguiça Paulo, só isso.
Abs

Parabéns, sucesso. A amostra é convidativa.

O senhor deveria escrever em
Mandarim.É a lingua do futuro.

"O senhor deveria escrever em Mandarim.É a lingua do futuro."

Acho que não, mas, mesmo se fosse o caso, o conselho é inútil: eu só sei escrever em português e inglês

#FicaClever

Clever, não se intimide com o inglês. Sua presença é bem-vinda. Reúna a galera da facu para comentar com a gente, valeu?

Não dá pra acreditar que alguém reclamou que estava em inglês...putz, como nego é preguiçoso. Será que é tão custoso assim copiar o trecho e pegar a tradução de um desses tradutores online? O site não é pago, pq ficar exigindo "time-consuming stuff" que podem ser resolvidos pelo próprio leitor?

Alex, sensacional o resumo, muito bom mesmo, principalmente por que coloca em inglês o que muitas vezes precisamos dizer de forma reduzida para os outros o que se passa por aqui, desta forma você presta um excelente serviço para quem precisa explicar o que acontece aqui para os lá de fora.

Além disso como torcedor do tricolor das Laranjeiras fiquei muito contente com a sova que vocês deram no Flamengo ontem, torcendo para eles caírem para a segundona.

Saudações tricolores.

Alex e colegas,

A adoção do IPCA como índice referência para a meta permite que o governo ignore o aumento nos IGPs?

Esses aumentos chegam ou não nos IPCs?

Abraços

Já que o Luiz Brandão lembrou dos jogos de futebol:

Pô, o Joel Santana está desempregado. Quem não quer ler em Inglês pode pedir uma tradução para ele.

Alex e/ou O,

Favor comentar o polêmico artigo do Oreiro hj no Valor.

Att,
Claudio

O que o senhor sugere,para ela voltar a crescer? Políticas industriais mais eficientes.

"A desindustrialização não é só brasileira. O mundo inteiro exceto a China, esta se desindustrializando. É como se de repente descobrissem a existência de Marte. A China é como se fosse Marte. Estava fechada com um terço da população mundial, e agora se abriu." (Edmar Bacha)

Fala ae Alex... o que acha?

Discussão de idéias...

O Oreiro não tem competência para ser polêmico. O texto estava confuso e o final misturou recalque pessoal com análise "técnica".
M.

Realmente, o texto do Oreiro estava muito confuso... E nada bom!

A mudanca estrutural vem ocorrendo ha algum tempo ja, e nao so no Brasil. Porque so agora (e no Brasil) que a desaceleracao (devido a tal mudanca estrutural teve lugar?

Levanta hipotese e nao comprova. Os dados que apresenta (???) nao corroboram em nada a fe dele na desindustrializacao como causa de todos os nossos males...

As idéias do Oreiro já foram batidas e rebatidas aqui.

Não tem nada de novo no texto dele. Apenas pegou alguns fatos conjunturais para repetir o mesmo discurso de sempre e justificar as mesmas medidas descabidas de sempre.

Quesito orinalidade: nota zero!

Quesito repetição: nota dez!

A respeito do artigo do Oreiro (imagino que seja esse: http://www.valor.com.br/opiniao/2768406/natureza-da-estagnacao-brasileira), gostaria de fazer as seguintes perguntas - de iniciante (desculpem-me se parecem óbvias demais pro pessoal daqui):

Manter o câmbio artificialmente na casa dos R$2, pra vocês, é um erro fatal, ou vocês apenas consideram que tem lá seus benefícios mas não atinge o cerne dos problemas da indústria no Brasil?

Pra mim, parece óbvio que o governo realmente pretende manter o desemprego baixo a (quase) todo custo e, nesse sentido, manter superávits na balança comercial faz parte do jogo de alguma forma, ou não tem nada a ver com isso? E a curto prazo, manter o câmbio a R$2 faz parte. É por aí, ou nada a ver?

(Aliás, pelo que entendi nas leituras antigas do blog, a indústria brasileira vai pior que antes simplesmente porquê a indústria mundial vai mal como um todo, por conta da crise. É isso?)

O fato é que, no curto prazo, esse câmbio dá um novo fôlego pra nossa indústria (e nossos empregos). OK, há muitos outros problemas que estão sendo mascarados, acabamos privando o consumidor brasileiro de produtos importados de maior qualidade a preços acessíveis e coisa e tal. Mas não foi uma ESCOLHA feita pelo governo/BC? (e toda escolha envolve custos) Ou vocês acham que é um erro, que os benefícios serão largamente encobertos pelos problemas a longo prazo?
Reparem que estou considerando governo+BC como unidade. =)

Digamos que o Governo passe a, de fato, cuidar dos outros aspectos que tiram a competitividade de nossa indústria (infraestrutura, carga tributária, burocracia, baixa educação da mão de obra/baixa produtividade, baixo investimento em P&D). Nesse cenário "imaginário", essas intervenções no câmbio não seriam uma forma de "segurar as pontas" por enquanto?
Ou vocês acham que o melhor caminho pro país seria simplesmente deixar o câmbio na casa dos R$1,5 e atuar nas outras frentes, ainda que empregos sejam perdidos no caminho?

Outra coisa: o câmbio a R$2 representa, na opinião de vocês, algum risco inflacionário, ou isso só aconteceria com um real ainda mais fraco?

Pra finalizar, se vocês não tiverem saco de repassar esses assuntos (que entendi já terem sido exaustivamente debatidos aqui), poderiam me indicar leituras (livros, artigos, posts, matérias, sites) onde se discute essas questões? Como disse, estou iniciando! Tenham paciência....

Por que todo texto escrito por um pôs keynesiano tem que ter a palavra " keynes" ? Isso não é ciência, é adoração.
(sem falar na neura com "demanda agregada")

Em cima das perguntas que fiz na outra mensagem:

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-bronca-errada-de-dilma-,908461,0.htm

Do artigo do Oreiro

Na frase: "A retomada do crescimento em bases sustentáveis exige um aumento combinado da capacidade produtiva e da taxa de crescimento da produtividade do trabalho. Isso pode ser obtido se a demanda agregada for direcionada para aquele setor de atividade econômica que é a fonte dos retornos crescentes de escala e do progresso tecnológico na economia, qual seja, a indústria de transformação."

Eu destaco a assertiva principal:

A indústria de transformação é atividade econômica que é a fonte do progresso tecnológico na economia.

Parece que o autor desconhece o significado da palavra "fonte".

Do Houaiss eu destaco as acepções do substantivo feminino "fonte" em suas derivações por extensão de sentido (ES), por sentido figurado (SF) e por metáfora (M):

1. Local de onde vem ou onde se produz algo; procedência, origem, proveniência (ES)
2. Aquilo que dá origem; matriz, nascedouro (M)
3. Algo que brota em abundância; manancial, torrente (SF)
5. Aquilo que causa (algo) em quantidade; motivo, razão (SF)

No meu elementar conhecimento da economia, pensava que a indústria de transformação caracterizava-se por ser um dos locais em que poderíamos observar o progresso tecnológico apropriado com o objetivo de produção de objetos úteis (e alguns completamente inúteis. Mas isso a meu ver).

A simples transformação industrial de um pedaço de couro em objeto útil mais barato (sapato) e, portanto, acessível a um número maior de consumidores, é produto do progresso tecnológico e não a sua fonte.

O mesmo raciocínio pode ser derivado para os outros setores da economia. Na agricultura, o progresso tecnológico (manejo, grãos, solo etc) produz alimentos mais baratos e em maior quantidade e, portanto, acessível a um número maior de consumidores.

Historicamente, podemos constatar que nos coletivos humanos é possível existir progresso tecnológico sem indústria de transformação, mas não o seu contrário, isto é, indústria de transformação desprovida de tecnologia.

Assim, o progresso tecnológico é fundamental para os coletivos humanos, que o utilizam para variados fins, e entre eles a indústria de transformação.

O professor e físico Ivan Oliveira escreveu um excelente artigo de opinião na FSP de 19/07/2012: “Ciência, tecnologia, inovação, vaca e leite”.

A ideia central do artigo foi resumida aqui:

O físico austríaco Guido Beck (1903-1988), pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) de 1951 até a sua morte, dizia que "querer a tecnologia mas não querer a ciência é como querer o leite mas não querer a vaca".

Uma definição elementar de ciência é suficiente para entender a importância dela: conhecimento da natureza. Assim, a ciência não tem como objetivo imediato a inovação tecnológica (aplicação de utilidade do conhecimento da natureza gerado pela ciência). Em outras palavras, vale a metáfora acima, ou seja, a ciência é a vaca sem a qual não seria possível obter tecnologias.

Não alimentar a vaca é temerário para o que desde os tempos primordiais conhecemos por sociedade humana. Surgimos como sociedade humana por luta primitiva pela sobrevivência. Subsistiremos como espécie enquanto soubermos continuar essa luta.

Sophie’s Choice