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quarta-feira, 18 de julho de 2012

O milagre argentino


A Argentina, para quem não se lembra, é um país ao sul do Brasil, em cuja seleção joga (e muito) o Messi. Bons vinhos, carne de primeira, Astor Piazzola, Quino e (acima de tudo) Jorge Luis Borges são outros motivos para não nos esquecermos dos vizinhos, já que, economicamente falando, poucas sociedades foram mais cuidadosas no sentido de engendrar sua própria irrelevância.

Para quem não se lembra, a Argentina foi também apontada como uma alternativa à política econômica brasileira (não a de hoje, é bom que se diga, mas a adotada até uns anos atrás), em particular suas tentativas de manipulação da taxa de câmbio. Certas correntes de pensamento local, para quem tudo se resume ao câmbio (não, não é um exagero meu), apontavam para o sul como o modelo a ser seguido. Hoje, o silêncio acerca da Argentina ribomba.

Ao contrário do que fazia há tempos, quando tomava medidas para impedir o ingresso de dólares, o governo argentino agora tenta impedir a fuga de capitais, que, pelos números oficiais (sempre um risco), já drenaram US$ 5,5 bilhões das reservas nos últimos 12 meses, uma queda pouco superior a 10%. No contexto brasileiro isto seria equivalente a uma perda da ordem de US$ 35 bilhões o que, não tenho dúvida, já teria colocado boa parte dos nossos keynesianos de quermesse em pé de guerra.

Já a inflação, pouco inferior a 9,5% nos 12 meses até junho, segundo os dados oficiais, é estimada pelo sítio Inflación Verdadera na casa de 40%. Apesar disso, nossos agora emudecidos desenvolvimentistas, quando lembrados dos problemas inflacionários platinos não hesitavam em apontar o forte crescimento argentino como prova definitiva da superioridade da abordagem heterodoxa.

Afinal, a valerem os números do Indec (o IBGE portenho), o crescimento de 2002 para cá, quando a Argentina superou sua crise, o crescimento médio ficou em 7,7% ao ano, apesar da crise internacional de 2009, um desempenho que, se não é chinês, não seria páreo para a maioria países no mundo.

Parece, portanto, que um “poucão” a mais de inflação conseguiria, ao final das contas, comprar um “tantão” a mais de crescimento... Ou não?

Para me certificar sobre a robustez dos números do crescimento argentino resolvi cruzar os dados relativos ao PIB com os associados à geração de energia. Tenho que confessar certo prazer mórbido nessa investigação, mas os resultados foram mais do que interessantes.

Tomados literalmente os dados mostram que em 2004 cada GWh na Argentina correspondia a pouco mais de 12,6 milhões de pesos (a preços de 1993), valor não muito diferente do observado em 2002 e 2003. Ao final de 2011, porém, cada GWh correspondia a 14,9 milhões de pesos, uma melhora de eficiência energética da ordem de 18%!

Neste mesmo período estima-se que a eficiênciaenergética global (PIB/GWh) teria melhorado em torno de 9,5%, pouca mais da metade da evolução argentina. Obviamente, nada impede que o país tenha conseguido uma evolução superior à global; só cá rumino por qual motivo se preocupariam com isso, dado que as tarifas por lá, por conta de controles de preços, não constituem exatamente em incentivo à economia de energia.

De qualquer forma, meu respeito por crenças e crendices não me permite a palavra final sobre o crescimento argentino. Pode resultar da eficiência platina, mas pode também ser apenas mais em efeito colateral da subestimação persistente da inflação. A decisão final é, como sempre, do leitor.

Só noto (resisto a tudo, exceto à tentação) que o silêncio heterodoxo sobre a Argentina é o veredito derradeiro sobre a tal alternativa de política econômica. Caso o desempenho argentino pudesse, ainda que remotamente, ser qualificado como um sucesso, pais não faltariam. A orfandade diz muito sobre o que nossos desenvolvimentistas de fato pensam sobre o que por lá ocorreu nos últimos anos.

¡La garantía soy yo!

(Publicado 18/jul/2012)

45 comentários:

Imagino que no fundo da crise a eficiência energética pode ser baixa, porque alguns gastos de energia são pouco elásticos. Por isso o cuidado de começar em 2004, mas talvez fosse instrutivo para o leitor ver um plot da eficiência ano ano. Seria possível?

Para entender melhor o debate, onde poderia obter informação sobre o pensamento heterodoxo acerca da Argentina?

Abs,
TDX

Felipe:

No link abaixo há um gráfico com a evolução do PIB por unidade energética na Argentina, comparado a mundo, América Latina e Brasil (cortesia do Drunkeynesian, ums dos melhores blogs de economia do Brasil).

http://drunkeynesian.blogspot.com.br/2012/05/mais-argentina-e-dados-pib-e-energia.html

Professor,

Não acho correto associar a heterodoxia à defesa da política econômica argentina. Embora estimule o debate, também o empobrece...

Com efeito, trata-se de uma metonímia, onde se toma a parte pelo todo...

De qualquer forma, parabéns pelo artigo...

Abs
BBM

Isso é um indicativo cruel de que mais cedo ou mais tarde (infelizmente, mais cedo) pagaremos pelos mesmos pecados, aqui cometidos.

qual seria o PIB platino nesse periodo usando a inflacao verdadeira?

Nao duvido que pode ficar abaixo do crescimento mediocre que vivemos aqui no mundo tupiniquim

Se fôssemos usar a medida de inflação do site Inflación Verdadera, o crescimento do PIB argentino nos últimos 3 anos seria:

2009 -0,9%
2010 -1,3%
2011 +1,1%

Isto dito, o deflator do PIB não é exatamente igual ao IPC (mesmo se fosse um IPC sem sacanagem) e, muito menos, à cesta básica do IV. Por este motivo, acho que os números acima subestimam o crescimento verdadeiro.

De qualquer forma, um pedaço grande do que é relatado como crescimento real, seria, na verdade, apenas inflação.

Abs

A Argentina se supera em fazer besteiras nos últimos 10 anos, mas mesmo assim o Brasil não consegue, medido pelo PIB, se mostrar relevantemente melhor. O pior para os hermanos ainda não está nas medidas de PIB? Ou a Dilma está certa quanto ao PIB não expressar o bem-estar?

O IPC é laspeyres e o deflator é paasche, não é isso?

Então, para formar um deflator alternativo, qual é a dificuldade de se conseguir uma tabela com os preços dos produtos finais na economia argentina? Tem alguma ideia?

Alexandre, não existe alguma medida do sentimento do consumidor argentino?
Pergunto isso porque recentemente viajei à Argentina e me parece impossível que um povo com aquele nível de (in)satisfação esteja num país que cresceu 7,5% em média na última década. Esse crescimento ajustado parece encaixar melhor. Mas como você, não sou afeito a crendices, por isso seria melhor um índice e não a minha impressão.
Abraços.

O autor não se dá conta que a política econômica argentina é a mesma praticada pelo Brasil. O governo Dilma já tomou medidas como o aumento do IOF para freiar a fuga de dólares, a inflação real é superior a 30% e o cálculo do PIB foi alterado pelo Lula para poder favorecê-lo (ainda assim tendo resultados mediocres). O Brasil está no mesmo caminho dos colegas boliviarianos del siglo XXI.

Alguém aí disse que não se pode associar o pensamento da quermesse ao modelo argentino ,mas o Cardin sempre defendeu a política deles como algo diferente (e melhor é claro) do que se VIA por aqui.

Alex, infelizmente os Neo-populistas nao sao de quermesse, eles estao no poder nao so na Argentina mas tambem no Brasil. Se os numeros desejados nao fecham eles dao aquela marretada na estatistica ou entao pior, vao direto na composicao do numero e altera algum dos precos individuais via alguma politica tributaria. Neo populista nao gosta de mercado livre, eles querem controlar tudo, numeros, imprensa, ideias...se a realidade nao bate, se muda a realidade (mostrada). O pior de tudo vai ser quando descobrirmos que a China tbm faz isso, mas em escala exponencial

FSK

Já pensou se o Brasil tivesse seguido os conselhos desta turma de novos desenvolvimentistas?

Oi Alex,
Gostaria de sugerir que vc submetesse um artigo sobre o tema p/ o encontro da ANpec. Seria o máximo ver vc debatendo com o pessoal. Animaria um pouco aquilo. Abr,

FSK, exatamente quando foi citado pelo governo que o PIB não serve para medir a "pujança da nação". Com o complemento de que a "...pujança seria dada pelo que se faz pelas crianças e adolescentes...".
Um mera manipulação, pois, se assim fosse para valer, teriam sido apresentados números robustos de como estariam as crianças e adolescentes, nos últimos 9 anos e meio.

O melhor seria o Parlamentarismo. Haveria um voto de desconfiança, o governo seria dissolvido e seriam chamadas novas eleições.
Mas, na nossa República, Presidencialista e Presidencialismo hipertrofiado, fica muito mais difícil.
Assim, Brasil e Argentina, estão aparentemente, vendendo as mesmas ilusões. Talvez vivendo as mesmas ilusões.
Os índices questionados, podem ser somente a ponta do iceberg.

eh anonimo o das 10:52, bem lembrado, agora o PIB (como nao cresce mais) ja nao tem mais importancia para nossos neo populistas no controle. de 2002 a 2009 no ciclo de alta das comodities "eles" eram os responsaveis pelo crescimento, agora que tudo parou a "economia mundial" eh a culpada. Nao tem coerencia alguma. Como disse antes, eles nao gostam de ciencia, mercado, ideias. Eles querem controlar tudo. Eles sao os donos da verdade. Verdadeiros ditadores. Por isso a paixao por Fidel, Chaves...

FSK

Alexandre Schwartsman,
Vi a chamada deste post “O milagre argentino” de quarta-feira, 18/07/2012. Li a chamada e lembrei de um post antigo “Nestor Kirchner, descanse em paz” de 27/10/2010 aqui no seu blog Mão Visível. Fiquei estupefato com a seguinte afirmação que havia no post “Nestor Kirchner, descanse em paz”:
“Sim, não existe hora melhor para deixar isso claro, Nestor Kirchner foi uma verdadeira desgraça de político, um capo mafioso que nunca hesitou antes de quebrar contratos, falsificar estatísticas, destruir a reputação e instituições de seu país, e em tempos recentes até conspirar contra as liberdades individuais”.
Não acreditei que você pudesse ter escrito isso e fui certificar-me. Constava como sendo de autoria de "O" Anonimo. Escrevi um email para ele que vou reproduzir aqui Disse eu lá em comentário que enviei 29/10/2010 às 13:47:
“"O" Anonimo,
Sou novo aqui e fiquei sem saber de que lado você está. É difícil entender o que alguém quer dizer sem que se saiba de que lado ele fala.
Lembrei-me de curso de Administração Pública em que os colegas tratavam o então governador de Minas Gerais de corrupto. Não havia uma sentença transitada em julgado, mas era assim que eles referiam ao então governador no final da década de 80. Bem, pensei que eles estavam de brincadeira e passei a argumentar na mesma moeda. Lembrei que enquanto Roma era comandada por bandos de soldados corruptos e orgiásticos o Império Romano floresceu e só veio a sucumbir quando em vez de formar soldados deformados os romanos passaram a formar sacerdotes. Lembrei ainda dos escândalos da Lockheed que surgiram no Japão quando a taxa de crescimento no Japão era a mais alta. Falei também do momento áureo de Chicago na época dos gangesters mafiosos, mas que depois dos Implacáveis só regrediu.
Agora leio essas suas exéquias para uma espécie que você chamou de capo mafioso e me pergunto o que você quer dizer. Será que para você o mundo precisa de pessoas como Néstor Carlos Kirchner e não desses santinhos sobre quem todo dia a gente lê nos obituários dos jornais?”

"O" Anonimo achou por bem me responder e disse em comentário enviado 29/10/2010 às 17:00:
“Esse Clever é incrível. Não me surpreendo mais com o desempenho brasileiro no PISA”.
Achei interessante essa conclusão estatística. Até o povo sabe que uma andorinha só não faz verão.
Pois, bem li a chamada deste post “O milagre argentino” e pensei cá comigo: sei de quem é este post. Não tinha lido o seu nome. Não sei como se distribuem as chamadas no blog, mas imaginei que eu teria uma boa chance de acertar. Errei. Decididamente, o PIZA parece ser um bom parâmetro da nossa incompetência estatística.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 19/07/2012

Esquece a Argentina! Aquilo é uma grande ópera a céu aberto: a música enjoativa já foi mais empolgante, o drama é meio datado e o figurino tá meio puído mas ainda impressiona! Importante: o IPCA-15 deu um repique! Penso nos xiliquentos que berravam por aqui que a inflação ia para meta tão certo quanto o Flamengo vai quase cair pra segunda divisão.
Será que a inflação segurou no 5%, mesmo com reduções de impostos afetando preços pontualmente e com crescimento zero, e começaremos ver ela olhar pros 6,5%? Será? Juros reais de 2% é a nova realidade ou pros 4,5% voltaremos rápido e faceiro?
Maradona

Alexandre Schwartsman,
No final da década de 70, o consumo de energia virou coqueluche para medir a economia informal. Se o consumo era tal, o PIB deveria ser tal qual. A diferença entre o PIB medido e o PIB obtido pelo consumo de energia elétrica deveria ser a economia informal. A idéia não prosperou porque devem ter visto que o PIB era tão bem calculado que acabava com a economia informal. Tão bem calculado que a metodologia de cálculo manda abater um percentual do PIB como um abatimento correspondente ao valor do PIB oriundo de atividades criminosas.
De todo modo, o consumo de energia, à medida que reduz a participação do setor industrial na economia, cresce em ritmo mais lento do que o PIB. O oposto se dá quando o setor que efetivamente perde terreno na composição do PIB é o setor agrário. Então é importante considerar como cada setor compõe o PIB em cada uma das regiões estudadas. Além disso, ou por causa disso, os dados da China não podem ser estudados em conjunto com os dados da Europa, Estados Unidos e Japão e os demais Tigres Asiáticos. E nem os dados dos países desenvolvidos e em desenvolvimento devem ser apresentados em conjunto com os dados dos países mais pobres.
O bom seria comparar a Argentina com um país que tivesse a mesma área, população e PIB no total e na sua composição e assim verificar qual o consumo de energia para ver se há correspondência nos dois países.
Reconheço, entretanto, que é realmente muito estranho o comportamento da relação PIB/Consumo de energia a partir de 2004 no gráfico lá no post "Mais Argentina e Dados - PIB e Energia" no Blog The Drunkenesian que você indicou para o Felipe Pait na resposta que você deu para ele em 18/07/2012 às 11:49. Ainda assim achei como resposta mais factível a dada pelo comentarista Delfim Bisnetto, em comentário de 22 /05/2012 às 10:21, que atribui parte da subida na relação PIB/energia elétrica a recuperação da Argentina após a crise do início do século.
Outra coisa, vocês economistas levam a sério a paridade de poder de compra (A moeda que o Blog The Drunkenesian usou no quadro apresentado), ou perguntado de outro modo, podem economistas arbitrar um valor para o câmbio diferente daquele que o país pratica? Isso não constituiria falta de crença no mercado e muita crença no homem, ainda que ele seja economista ou talvez devesse eu dizer ainda mais que ele é economista?
Clever Mendes de Oliveira
BH, 20/07/2012

Clever Mendes de Oliveira-BH,
20/12/2012.

É de crer-se que há de fazer-se malabarismo para entender alguma coisa do que ocorre na Argentina.

Um governo que solapa a imprensa impedindo que papel de imprensa chegue às oficinas de jornais, não merece crédito algum, logo de cara.

E também, um governo que processa empresas de pesquisas independentes que apuram índices de inflação acima dos índices oficiais, mereceria umas férias nas ilhas flutuantes de Avatar, para viver em comunhão com sonhos e cavalos voadores.

E ainda, um governo que tem acordo de livre comércio com outro e impede que produtos do parceiro entrem em seu território, deveria ser colocado a ferros.

Ou melhor, um país como esse, que tenha um relacionamento político tão estreito com outros da região, estes é que não mereceriam, mesmo, qualquer tipo de crença.

Uma dúvida que sempre me assola nessas discussões sobre credibilidade do PIB. Como é a metodologia?

(1) Estimam-se as quantidades de tudo o que o país produz e depois se calculam os valores a preços correntes (nominal) e aos preços de um determinado ano-base (real)? Nesse caso o deflator viria "naturalmente"...

ou

(2) Estimam-se diretamente o PIB nominal e o deflator, e o PIB real é obtido aplicando-se o deflator ao nominal?

Alguém poderia esclarecer?

Dawran Numida (20/07/2012 às 16:46),
Valeu o seu retorno e concordo com você. Não entendi, entretanto, porque você indicou o meu segundo comentário enviado 20/07/2012 às 13:39 e não o enviado 20/07/2012 às 00:49 como o que deu razão ao seu.
Em meu primeiro comentário em que eu transcrevo um comentário meu para "O" Anonimo, eu queria enfatizar que, pelo que "O" Anonimo disse sobre Néstor Carlos Kirchner, ficou parecendo que não tem muito significado acusar um governo de corrupto, mentiroso, enganador. O importante é o resultado alcançado, manifestado por exemplo, em crescimento do PIB, em popularidade do governante, em satisfação da população.
Você também relaciona um tanto de mal feito do governo argentino, e parece também confirmar a apreciação de "O" Anonimo. É como se todo mundo agisse assim e o que realmente importa é o resultado. Se for isso que você quis dizer, parece-me muito próximo do que eu afirmava no final dos anos 80, se bem que de um modo um tanto irônico.
Já no meu segundo comentário não tem nada disso. Eu apenas assinalei para Alexandre Schwartsman que o consumo de energia elétrica já fez mais sucesso como indicador da produção interna, mas que mesmo para leigo como a mim, ele não transmite mais nenhuma confiaça.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 23/07/2012

Delfim Bisnetto (23/07/2012 às 11:11),
Caso ninguém capacitado lhe esclareça sobre o PIB, fica a explicação de um leigo do que eu lembro do que eu já li a respeito. O PIB é uma medida mais estatística do que econômica, no sentido que é um cálculo aproximado. Ele é calculado de três modos: via a produção de fato (Através do levantamento amostral da produção (Em valor) incluindo, para efeito do cálculo, o próprio aumento da população), via despesa e via renda. O PIB é o valor que se aproxima dos três cálculos. A diferença entre o PIB calculado assim e o PIB anterior menos o deflator implícito é o crescimento do PIB, embora o mais correto seja dizer que o deflator implícito é a diferença entre o PIB calculado para um ano com o PIB anterior menos o crescimento do PIB
O cálculo do deflator implícito vem como você diz naturalmente, isto é, usando os preços de um ano nas duas produções obtém-se o crescimento do PIB.
A menos do comércio exterior, o deflator explícito é mais preciso do que os índices de inflação, pois ele leva em conta o total da produção de cada bem ou serviço e o preço de cada bem ou serviço, ou seja, há a ponderação de cada bem ou serviço na composição do deflator implícito enquanto nos cálculos da inflação não se acompanha a variação do consumo, a não ser quando se muda a composição do índice.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 23/07/2012

Anônimo (19/07/2012 às 10:52),
Não dê muita relevância ao que diz o técnico sobre a economia. Normalmente a informação técnica é defasada. O importante é a percepção popular.
Imagine que todo mundo fosse bom fazendeiro e que soubesse quanto pesava o gado dele só de olhar. Se um fazendeiro morre e é substituído por um técnico, o técnico não vai saber de olhar quanto o gado pesa. Ele vai precisar de uma balança. Às vezes a balança demora a chegar. Inflação, crescimento do PIB, geração de emprego, a percepção que conta é a da população e não a do técnico ou do marketing. Técnico e marqueteiro podem até fazer a cabeça do outro, mas isso só entre eles: o técnico e o marqueteiro
Clever Mendes de Oliveira
BH, 23/07/2012

FSK (18/07/2012 às 20:01),
Os neo-populista realmente não sabem o que fazem. Em vez de aplicar uma política que dá certo em qualquer canto do mundo preferem insistir em uma que dá errado deixando o povo todo insatisfeito.
É por isso que eles estão perdendo as eleições sem parar.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 23/07/2012

Dica do Análise Real sobre a medida de inflação na Argentina.

http://www.mit.edu/~afc/papers/Cavallo-Argentina.pdf

Alexandre Schwartsman,
Vi o link deixado no comentário de 24/07/2012 às 09:13. Acessei dois arquivos: um de fevereiro de 2012 com o texto e o outro de abril de 2012, com as transparências. São bons, pois trazem muita informação, mas conservam certo viés. E, além disso, para um argentino, eu suponho, parece desconhecer as particularidades da Argentina na América do Sul.
Para a inflação há que se ver a diferença de composição dos índices de preço na inflação, dependendo da renda da população, da distribuição desta renda e da idade dessa população. Os dados oficiais mais pobres pareciam o da Venezuela que pareciam quase encaixar no levantamento de Alberto Cavallo. A Colômbia, que desenvolveu muito durante o período de 1970 a 2000 em que tinha inflação alta em torno de 30% e que por razões políticas preferiu desde o fim dos anos 90 adotar uma política de inflação mais baixa, hoje com um país mais rico dispõe de dados já bastante confiáveis e mesmo assim apareceu com uma discrepância de 36%. Em síntese, esses dados todos devem ser analisados dentro de cada país.
Na análise específica da inflação da Argentina, ele teria que considerar o quanto os preços administrados que são corrigidos pela inflação oficial e não pela inflação do Alberto Cavallo pesam no índice de preços da Argentina. Por exemplo, qual a informação sobre o preço de combustíveis na Argentina e qual é o peso do preço da gasolina no índice de preço.? É o mesmo do Brasil, é o mesmo da Venezuela, é o mesmo da Colômbia, é o mesmo do Chile?
E no tocante ao cálculo do PIB, o trabalho dele deixou muito a desejar, pois ele fala sobre a diferença entre a inflação oficial e o deflator implícito (Página 17), mas insiste em retirar do crescimento do PIB a diferença entre a inflação oficial e a dele. O que ele informa sobre o deflator implícito? O PIB, calculado a partir da base física, quantitativa, teria que levar os preços reais coletados e então no geral o valor oficial do PIB não teria como ser distorcido.
Seria importante verificar alguns dados da economia Argentina no todo para se ter informações mais confiáveis. Por enquanto eu acredito pouco nos dados oficiais do Argentina, mas desconfio mais das análises dos que se opõe ao governo. E esse trabalho do Alberto Cavallo, com a envergadura do suporte do MIT deu-me até mais segurança de que o meu critério é razoável e atende as minhas necessidades que na verdade não são muitas.
Gosto de comparar a Argentina com o Brasil. Com um dos mais avançados sistemas tributários do mundo (Só em 1973 a Inglaterra teve coragem de adotar um imposto como o ICMS que no Brasil fora adotado já em 1968), o Brasil tem ficado um pouco para traz em relação à Argentina porque adotou práticas de país pequeno (Regime de Metas de Inflação) ou de país muito forte economicamente (moeda flutuante, livre fluxo de moeda, e liberalização do comércio exterior), ou de país preso pela armadilha de se acabar com a inflação de uma vez (Divida de curto prazo elevada que obriga o país ter um alto superávit primário).
Clever Mendes de Oliveira
BH, 24/07/2012

O Clever acha que o pinto dele vai cair se ele parar de falar m*** por um minuto.

Clever,
Acho interessante suas colocações, apesar de não entender suas fundamentações (muito porque não tenho bagagem teórica para tanto e acabo me rendendo à lógica ortodoxa).
Você sugere a superioridade de: não ter meta de inflação (provavelmente para poder transitar em inflações mais elevadas); ter um câmbio controlado e menor liberdade no comércio exterior (mesmo o Brasil não sendo um país aberto, exportador de commodities e com deficit em cc); forçar o alongamento da dívida pública (mesmo que isso possa se traduzir inicialmente em alguma monetização) e provavelmente acabar com a relação SelicXinflação, jogando os juros para baixo, num financial repression, para gerar um maior espaço fiscal provavelmente para maiores gastos públicos. Seria isso?
Att,
Fernando

Gostei da cena de "Nove Rainhas"!

Belo filme, mostra muito dos argentinos ... he he he

Um dos mais sofisticados sistemas tributários do mundo? Are you serious? O empresário brasileiro gasta mais horas pensando impostos que qualquer par mundo afora! O governo ajusta o cipoal tributário zilhões de vezes por ano e isso é o fino para você? Você veio de um livro do Kafka ou é advogado tributário?

Fernando (25/07/2012 às 10:36),
Gentileza o seu retorno. Se você não entendeu minhas fundamentações, não culpe a sua falta de bagagem teórica, afinal minha fundamentação teórica é de leigo como você, se você for leigo e não teria dito que não tem bagagem por humildade.
De todo modo, a minha análise de leigo sobre a inflação tem três ingredientes:
1) O acompanhamento que faço sobre a inflação no mundo desde o meados da década de 60, via consulta do relatório anual do Banco Central do Brasil;
2) A percepção de que a inflação é danosa politicamente para os governantes, principalmente se o governante não tem carisma e
3) Não ter encontrado um bom texto que demonstre os malefícios econômicos da inflação.
Sobre isso eu creio que eu faço um melhor esclarecimento junto ao post “Por quê?” de quarta-feira, 29/02/2012, aqui no Blog A Mão Visível” e que pode ser visto no seguinte endereço:
http://maovisivel.blogspot.com.br/2012/02/por-que.html
E realmente penso que a inflação se não fosse um problema político poderia ser mais alta. Penso também que o câmbio amarrado, arrastado em forma ou não de banda dá mais estabilidade ao sistema que é muito instável quando o país é pobre como o Brasil e adota a moeda flutuante e o livre fluxo de capitais. E quando falo em controle do comércio exterior refiro-me principalmente em tributar as exportações de commodities e semi elaborados de acordo com os preços no mercado internacional.
E os gastos públicos já dizia Thomas Malthus em 1820, estimula a demanda agregada e o crescimento econômico. A esse respeito ver T. Szmrecsányi “A Importância de Malthus na História do Pensamento Econômico”. In: SZMRECSÁNYI, T. (Org.). São Paulo: Ática, 1982, conforme o artigo “Os gastos públicos no Brasil são produtivos?” de José Oswaldo Cândido Júnior* da Diretoria de Estudos Macroeconômicos - DIMAC /IPEA. O artigo “Os gastos públicos no Brasil são produtivos?” pode ser visto no seguinte endereço:
http://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/view/77/88
Agora creio que eu me comuniquei mal para que você visse em minhas alegações a defesa de se “forçar o alongamento da dívida pública (mesmo que isso possa se traduzir inicialmente em alguma monetização) e provavelmente acabar com a relação Selic X inflação, jogando os juros para baixo, num financial repression, para gerar um maior espaço fiscal provavelmente para maiores gastos públicos”.
Ainda que leigo, eu imagino que eu poderia dizer que sou um pouco ortodoxo nessa matéria. O que eu alego é que a razão da dívida de curto prazo no Brasil ser alta foi o governo ter optado por acabar com a inflação de uma vez com o Plano Real. Quando o governo fez isso ele criou a seguinte expectativa: se a inflação aumentar, o que é o mais provável dado que ela reduziu drasticamente em 1994, o governo terá que aumentar o juro e, portanto, é preferível emprestar no curto prazo porque lá na frente haverá oportunidade se se obter um juro maior.
No final de 1991 e início de 1992, até o escândalo de Fernando Collor de Mello, o Marcílio Marques Moreira estava conseguindo via controle dos gastos (Mais controle do que eu gostaria) e aumento de receita (Menos aumento do que eu gostaria) controlar a inflação, que chegara quase a 30% no final do ano de 1991 e descera quase a 20% no mês de abril de 1992. Como havia amarração do salário mínimo com a inflação haveria um repique em maio, mas nos meses seguintes o governo poderia tomar as rédeas da inflação. Percebendo que a inflação estava caindo paulatinamente, os emprestadores iriam optar pelo prazo mais longo, mesmo que a um juro menor.
E não sou contra a amarração “Selic x Inflação”. Há circunstâncias que favorecem o uso da dívida de curto prazo amarrada a inflação e a Selic para que o governo consiga dar maior liquidez ao mercado, se esse for o interesse do governo ou da economia.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 25/07/2012

Clever, vc eh tosco, vc eh ignorante, e naum tem a menor vergonha de demonstrar isso.

Anônimo (25/07/2012 às 02:42),
Espirituoso seu comentário se o gênero for o que você supõe. Pode não ser e ai seu comentário traz um vício de origem grave.
No entanto, para não deixar o comentário no lugar de onde ele veio, faço menção ao livro “On Bullshit” do Harry G. Frankfurt. Nele Harry G. Frankfurt menciona uma crítica de Ludwig Wittgenstein a Fania Pascal que disse que se sentia como um cachorro atropelado. Para Ludwig Wittgenstein a frase não tinha sentido, pois Fania Pascal não era um cachorro e não sabia como um cachorro se sentia quando atropelado.
No fundo pareceu-me que Harry G. Frankfurt interdita o debate para leigos. Eu daria razão a Harry G. Frankfurt se o debate entre entendidos chegasse a um consenso.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 24/07/2012

Obrigado pelas respostas Clever.
Fernando

Clever, eh para o bem do Brasil e da humanidade que voce esta em um porao mal-iluminado em BH. Es completamente louco. Ja encontrei seus posts em varios blogs na internet ao longo dos anos. Talvez tenha visto uma centena de posts de sua autoria, em nenhum deles voce deixou de falar merda. Impressionante.

Cléver, é justamente o oposto:

Câmbio administrado/fixo + déficit em transações correntes é a receita para se meter em maus lençóis.

As contribuições do Clever ao conhecimento brasileiro:

https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ix=hea&ie=UTF-8&ion=1#hl=pt-BR&output=search&sclient=psy-ab&q=Clever%20Mendes%20de%20Oliveira&oq=&gs_l=&pbx=1&fp=8289054ef23aa3be&ix=hea&ion=1&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.,cf.osb&biw=1280&bih=685

Caraca, velho, foi o Clever que ferrou com blog do brimo Alon. Tomara que ele afunde o blog do Malex.

Anônimo (26/07/2012 às 10:52),
Não me superestime, ainda que as suas superestimações não pareça trazer maiores consequências dado sua assaz incipiente capacidade de convencimento, salvo talvez nas mentes dos crédulos como o comentarista Anônimo do comentário enviado quinta-feira, 26/07/2012 às 18:58.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 27/07/2012

Anônimo (26/07/2012 às 12:48),
Como eu disse, sou leigo e, portanto, não tenho fundamentação teórica para discutir câmbio. E ainda mais uma afirmação como a sua que apenas expressa uma crença e uma crença, diga-se de passagem, muito questionada nos dias de hoje.
e volto a enfatizar o que eu disse em comentário enviado 25/07/2012 às 14:03, para o comentário de Fernando de quarta-feira, 25/07/2012 às 10:36, a minha análise é do acompanhamento da realidade mundial nos últimos quarenta anos.
Primeiro me parece que as variações na flutuação da moeda deveriam ser combatidas pelos que defendem a inflação baixa em nome de uma maior estabilidade, afinal o preço da moeda é um dos preços mais importantes da economia.
E deve-se destacar que se deve fazer uma diferenciação entre países pobres e países ricos. O que se observa é que só países pobres é que precisam crescer o PIB (Ainda que o PIB meça a capacidade de sustentar uma guerra, países ricos não precisam crescer o PIB, eles precisam manter ou no máximo assegurar os benefícios mundiais de melhorias nas condições de vida dos seus cidadãos). Para países pobres as melhorias de condições de vida do cidadão estão associadas ao crescimento do PIB. E os países pobres que não adotaram câmbio flutuante conquistaram o enriquecimento com mais desenvoltura.
As variações na flutuação da moeda deveriam ser combatidas pelos que defendem a inflação baixa em nome de uma maior estabilidade, afinal o preço da moeda é um dos preços mais importantes da economia.
E mesmo os países com câmbio flutuante não sofreram variação tão acentuada no seu câmbio ou na taxa de juro, salvo os Estados Unidos no final da década de 70 até os meados da década de 80 quando tiveram que elevar a prime rate a 20% ao ano.
O Japão depois de rico também aceitou variação muito grande no Yen, mas o crescimento japonês da década de 50 e 60 quando o país inundou os Estados Unidos com produtos baratos de má qualidade foi insuflado por um câmbio que embora fixo era excessivamente barato (Em 1949 o valor do Iene foi fixado em ¥360 por US$1). Na década de 80, o civic e o corolla dominaram o mercado americano de carros médios.
A China com o câmbio administrado só teve problema na década de 80 com a inflação que chegou a 20 % e que está por trás do massacre da Praça da Paz Celestial.
E o Brasil conseguiu enfrentar a elevação do juro americano na década do final de 70 e que caiu parcimoniamente até a crise dos fundos de pensão americanos no final do governo de Ronald Reagan, com o câmbio administrado em 1983, 1984, 1985 e depois do Plano Cruzado em 1987, 1988, 1989 e depois do Plano Collor I, já sem os problemas dos juros americanos em 1991, 1992, 1993 e 1994.
Enfim é isso. Agora quanto ao comentário de Anônimo de 26/07/2012 às 16:33 indicando o link no google para os meus comentários lembro que não há novidade no que eu digo nos últimos 20 a 30 anos. Aliás, tomo a maxidesvalorização do cruzeiro em março de 1983, como um ponto de inflexão em que eu passei a defender a desvalorização da moeda, como forma de garantir maior inserção do país no mercado internacional e de alavancar o crescimento econômico. De qualquer modo, minha indicação do post “Por quê?” de quarta-feira, 29/02/2012, aqui no Blog A Mão Visível, para Fernando é mais interessante porque lá eu coloquei entrevistas de economistas e não economista com evidente embasamento teórico que eu não tenho. E para quem não saiba, para acessar o endereço, basta o selecionar e o copiar e em seguida clicar em Ctrl e L e colar na janela e abrir em ok.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 27/07/2012

Alex,

e tem gente que continua falando as besteiras de sempre...

Veja isso. É o "Plan 9 from Outer Space" do jornalismo econômico!

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-impacto-da-crise-no-brasil-e-na-argentina

Esqueceram de avisar isso ao Krugman.

http://krugman.blogs.nytimes.com/2012/05/03/down-argentina-way/