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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Ardil-22: a versão nacional


Um dos temas mais “quentes” de política monetária refere-se às dificuldades de lidar com o ingresso de capital estrangeiro no país. O problema aparece, no entender de autoridades, porque o remédio típico para arrefecer as pressões inflacionárias – na ausência de um ajuste fiscal digno deste nome – é o aperto da política monetária, expresso na elevação da taxa básica de juros, a Selic. Entretanto, segue o argumento, taxas de juros domésticas mais altas relativamente às externas criam um fator adicional de atração de capitais, que então realimentaria a pressão sobre a inflação por meio da expansão da liquidez e do crédito que se seguiriam ao ingresso.

Esta visão foi resumida pelo presidente do BC quando afirmou: “Esse impacto inflacionário do ingresso de capitais não pode ser lidado com juros, porque, na realidade, quando apertamos as condições financeiras e monetárias, os indivíduos e as empresas buscam recursos lá fora” (Valor Econômico, 27/04/2011).

Tal tese, se válida, colocaria o BC face a um “Ardil-22”: se não subir as juros a demanda se expande e a inflação segue pressionada; caso suba os juros, aumentam os ingressos de capital, a demanda cresce e novamente aparecem as pressões inflacionárias. Esta seria a justificativa para a adoção de políticas de restrição ao crédito (há algum tempo me recuso a chamá-las de “macroprudenciais”, por não serem “macro”, muito menos “prudenciais”), que permitiriam desacelerar a demanda, sem estimular novos ingressos.

Resta, todavia, saber se a tese é, de fato, válida. Acredito que sim, mas apenas porque o BC parece ter agora mais objetivos que simplesmente manter a inflação na meta.

Com efeito, sabe-se que a política monetária enfrenta desafios distintos sob regimes cambiais diferentes. Quando a taxa de câmbio é administrada, o BC se compromete a comprar e vender moeda estrangeira a um determinado preço. Neste contexto, se os capitais são razoavelmente livres para entrar e sair do país, a gestão de política monetária fica muito complicada.

Caso o juro doméstico suba além do externo, há incremento no ingresso de capitais, que deve obrigatoriamente ser comprado pelo BC, elevando a  oferta de moeda e trazendo as taxas de juros para baixo, desfazendo à noite o que o BC tece de dia. Isto força a novas rodadas de elevação de juros, reiniciando o ciclo, de forma não muito distinta daquela descrita pelo presidente do BC. Sob um regime de câmbio administrado e mobilidade elevada de capitais, são escassas as chances do BC impor sua política monetária.

No entanto, o Brasil não adota este regime. Formalmente, pelo menos, nosso câmbio é flutuante, isto é, o BC não tem qualquer obrigação de comprar ou vender moeda estrangeira. Caso a taxa de juros aumente, há um incentivo adicional para o ingresso de capitais, que se manifesta, todavia, pela apreciação da taxa de câmbio. Em tese, o câmbio se aprecia até o ponto em que a expectativa de desvalorização iguale a diferença entre o juro interno e externo, eliminando os ganhos esperados com a arbitragem.

O interessante neste caso é que não há o Ardil-22. O encarecimento do real é quem “freia” os ingressos, pois encarece também todos os ativos (ações, bônus, empréstimos, etc.) denominados em moeda nacional. Posto de outra forma, à medida que o real se fortalece face ao dólar, menores são os incentivos para indivíduos e empresas buscarem recursos no exterior, pois aumenta o risco de uma desvalorização que encareceria estes passivos.

O ardil reaparece, contudo, porque o BC tem se engajado também na tentativa de conter o fortalecimento da moeda nacional, adicionando um objetivo à obrigação de manter a inflação na meta. Como o real não se aprecia, permanece o incentivo para o ingresso de capitais, já que – além da diferença entre taxas de juros – o risco de uma desvalorização é consideravelmente menor.

Visto de outra forma, a compra de moeda estrangeira pelo BC faz com que o regime de câmbio se assemelhe à descrição que fizemos do regime de câmbio fixo nos parágrafos acima: os ingressos de capital agora se traduzem em elevação da liquidez doméstica, em particular se direcionados a ativos privados e não à dívida pública, como argumentado por Márcio Garcia (Valor Econômico, 29/04/2011).

O Ardil-22 reflete o duplo objetivo do BC (inflação e câmbio). Sob tais circunstâncias, um instrumento adicional é requerido, a saber, as restrições ao crédito, cujo funcionamento, todavia, ainda se reveste de dúvidas, seja quanto à intensidade do seu impacto sobre a inflação, seja acerca do horizonte temporal em que tais efeitos se manifestarão.

A persistência da inflação, contudo, assim como os sinais de atividade econômica ainda forte no primeiro trimestre do ano, parecem estar reduzindo a ênfase do BC no seu objetivo cambial e reavivando seu interesse pela política monetária convencional. Resta saber se esta nova postura irá sobreviver à queda sazonal da inflação no segundo trimestre, ou se voltaremos à hesitação que marcou o final do ano passado e o começo deste ano.

Dois objetivos, mas apenas um instrumento
(Publicado 2/Jun/2011)

47 comentários:

O país está se perdendo em todos os sentidos, políticos, econômicos, administrativos. Realmente temo pelo futuro a curto prazo. Todas as condições para uma perda de controle estão na mesa: governo fraco políticamente, fraco em termos de competência de análise econômica, greves por aumentos salariais muito acima da inflação passada(quanto mais da produtividade). Temos muito mais variáveis do que equações, assim não chegaremos a lugar algum, minto, chegaremos, a um desastre.O tiro sairá pela culatra com certeza.

Alex vc escreve muito bem, como sempre, mas acho que deveria parar de rodeios, com um governo que vê o estado como um ente intervencionista na economia, "promotor" de crescimento e desenvolvimento, nenhum instrumento de política econômica é eficaz, ainda mais política monetária. Sinto muito mas você está perdendo tempo, pregando aos peixes.

Queria escrever bem assim.
Daniel

Lendo seu excelente artigo e o blog do Krugman, aprendi uma coisa: a economia finalmente se tornou uma ciência! Existem teorias e explicações coerentes e comprovadas pela experiência, que contradizem a intuição dos leigos.

Da mesma forma que ninguém deve tentar explicar o comportamento da luz sem estudar eletrodinâmica quântica, ou as marés sem a gravitação, ou receitar remédio sem estudar medicina, não dá explicar economia sem estudar os modelos. Um PhD em economia não é necessário nem suficiente (talvez nem um prêmio Nobel), mas para entender as coisas é necessário confiar nos cientistas.

A diferença é que tem muita gente por aí pontificando sobre economia com base no "bom senso" e dizendo disparate. Sobre medicina tem menos - homeopatas e outras seitas. E sobre física tem poucos, na maioria malucos fáceis de reconhecer. Então o não especialista (como eu) precisa fazer um esforço maior com a economia para não ser engabelado pelos ignorantes cheios de opiniões.

As férias te fizeram bem. Sensacional. O discurso oficial basicamente admite a administração do câmbio.

A questão é: por que o administrar? O que de tão ruim pode acontecer com o câmbio apreciado? Qualquer um com uma formação econômica razoável, a exceção do pensamento Itapevano, Federal Fluminense, e assemelhados, ou que pelo menos tenha lido o fantásitco "The Choice" do Russell Roberts, sabe que qualquer migração dos fatores produtivos resultante (que alguns gostam de chamar de desindustrialização) simplesmente ocorre porque isso aumenta a renda e o bem estar material dos fornecedores desses fatores. Ou seja, o que há de ruim nisso?

Nesse ponto, caríssimo Alex, eu gostaria de saber sua opinião sobre o único argumento que ouvi a respeito do assunto que não me pareceu absurdo à primeira vista.

O argumento é o seguinte: sim, a realocação dos fatores produtivos aumenta o bem estar, mas ocorre lentamente. Se houver uma reversão nos termos de troca, como historicamente há, e essa reversão for muito rápida, a realocação dos fatores produtivos será lenta e por algum tempo tornará pior a situação das pessoas. Em um contexto de otimização da utilidade em horizonte infinito, isso gera uma volatilidade que reduz o bem estar, e justificaria a tentativa de proteger o setor menos produtivo no momento, por uma questão de diversificação.

Caro Schwartsman,
Sou leitor assíduo de seus comentários, os quais acho não só construtivos como também gosto de seu tom constantemente ironico e critico. Entretanto confesso que fiquei um pouco confuso com sua visão deste último artigo. Entendo que sua critica hoje foi mais à condução do cambio do que politica de juros. Entretanto acompanhando seu raciocinio, seria razoável considerar uma moderação no ciclo de alta de juros para ajudar nessa retroalimentação de fluxos externos e o consequente impacto na inflação. Digo isso porque, de forma mais pragmatica, não parece que ocorrerá modificação na condução da politica cambial. Estou correto quanto a sua forma de pensar? Na sua conclusão você disse o contrário, mas ficou a dúvida quanto ao que li no restante do artigo. um abraco, Ricardo Daniel

Meus caros,
Dois comentários (ambos sérios, o primeiro com certeza, o segundo nem tanto) sobre o comentário de outros:
1- Para o Pait (de 10:07 hrs): A fase científica da Economia (acredito) começou no imediato pós-guerra. Acredito que esta já pode ser efetivamente considerada uma ciência. Daí que receitas ou afirmações universais não tem mais sentido. Quase tudo pode acontecer. As condições específicas de cada momento determinam as trajetórias complexas que as variáveis estudadas vão apresentar ao longo do tempo. Daí a bobagem quando alguns tentam rotular a "economia neoclássica" baseado em alguma modificação de algum modelo clássico do final do século XIX. Uma discussão recente aqui sobre a teoria quantitativa da moeda é um bom exemplo. Inflação é um fenômeno monetário mas está longe de ser única a relação entre inflação e moeda (diferentes ambientes aí incluso tudo geram diferentes relações). Temos sempre que duvidar de afirmações fortes que seriam verdadeiras em todas as situações.
2 - Ao anônimo (segundo comentário das 8:01 hrs). VOCÊ ESTÁ SIMPLESMENTE ERRADO!!!!!! Não é "pregando aos peixes". As formas corretas (que são duas) são: "pregano os peixe" e "pregano o peixes".
Saudações

Ricardo,

Fazendo o que você disse, simplesmente estamos rasgando a lei que institui o Regime de Metas de inflação no Brasil e partindo pra qualquer outro tipo de regime, com ou sem nome, e com resultado muito pior para o bem estar, lembrando do famoso trilema em economia.

O Regime de Metas de Inflação não é perfeito, como nenhum outro o é. Mas o fato é que até hoje não se encontrou um melhor. Caso tenha alguma idéia, por favor faça esta imensa contribuição para o meio acadêmico e, quem sabe, não ganhamos o primeiro Nobel tupiniquim rsrs

abraço, João Bosco.

Aconselho a nova edição (2ª)do livro Macroeconomics in Emerging Markets, do Peter Montiel. Ótimo pra lidar com essas questões que o Alex salientou neste post.

não adianta, o sonho deles ainda é a economia planificada...o mercado não sabe o preço justo...eles sabem.

Alex

O Anônimo 2 de junho de 2011 10:41 trouxe como questão um argumento [último parágrafo] que eu também já ouvi e li bastante. As respostas que me foram apresentadas apenas acenderam o sinal amarelo na minha cabeça. E no alerta do que Pait resumiu muito bem no comentário dele.

Também gostaria de ler sua opinião.

Entre historiadores há um clássico bate-boca a respeito do sentido da história. Por exemplo, para os variados discípulos de Hegel, o sentido está dado por um télos universal, que vai sendo atualizado por quem “aprendeu a curvar a espinha e a baixar a cabeça diante do ‘poder da história’, dançando como uma marionete pendurada num fio, executando fielmente os movimentos que lhe são ordenados”.

O que foi acima e o que segue abaixo é Nietzsche fazendo picadinho dessa metafísica.

Na “República dos gênios”, a história operaria para “servir de intermediário entre eles, para, desta maneira, suscitar a emergência do que é grande e belo”. Assim, diz Nietzsche sentando a pua, o objetivo da história seria tão somente o de revelar que os seus “exemplares superiores, dispersos através de milênios, representam todos juntos as forças mais eminentes e ocultas na humanidade”.

É um soco certeiro nos atuais “exemplares superiores” no comando da política econômica.

A rebelde “migração dos fatores produtivos” é passível de controle pelas “forças mais eminentes e ocultas na humanidade” que teriam o poder de obrigá-la a dançar “como uma marionete pendurada num fio, executando fielmente os movimentos que lhe são ordenados”?

Eu penso que não. Viver neste mundo é muito perigoso.

Alguns esclarecimentos, quando eu falei que o Alex estava pregando aos peixes me referia ao padre Antonio Vieira, acho que entendi a sua ironia, mas eu não li a nova gramática petista, ainda que não domine a língua pátria como gostaria. Isso posto, gente pelo amor de Deus, se o câmbio é livre, ele TEM que flutuar e deveria estar mais apreciado para evitar a internalização das altas das commodities, vejam onde está o IGPM, e como bem disse o Alex evitar esse ingresso maluco de capitais especulativo via arbitragem. Pô se é para termos um novo regime cambial, façamos logo como a China e enfia logo 7x1. Arrebenta com os preços relativos, com a inflação mas vamos exportar como nunca. Ah isso faria a alegria de um certo economista e de muitos empresários acostumados com um protecionismo estatal que encobre a sua falta de competitividade e competência.

Parece haver uma posição aceitável: se o real está sobrevalorizado ( como de fato está, segundo estimativa do FMI publicada no Valor algumas semanas atrás ) por consequência do QE2, não é legítimo que o Brasil opere sua própria resposta artificial a esta valorização também artificial ? After all, não estaríamos assim nos movendo na direção da solução de mercado sem QE2 ? A questão é, se os grandes players internacionais não se comportam como economias de livre mercado, é a solução ótima se comportar como economia de livre mercado ??

Fica aí a pergunta Alex.
Um abraço,

JA

Só para deixar claro que não estou negligenciando os níveis atuais de inflação ( aliás, devemos estar bem preparados pro oportunismo do governo com a queda sazonal da inflação hein ! ) e os níveis que teríamos com câmbio R$/USD mais elevado...meu questionamento foi mais geral.

Saudações,

JA

Meus caros,
Eu fiz o comentário do "pregando aos peixes". Minha opinião sobre a economia como ciência foi séria (não estava fazendo nenhuma piadinha). Quanto ao "pregando aos peixes", foi só uma piadinha boba, aproveitando o tal lvro do MEC. Não foi uma crítica ao comentário original, com o qual eu concordo.
Saudações

Pelo que entendi, o artigo trata do dilema câmbio-inflação.
Acredito que o governo está se debruçando e se debatendo sobre relação efeito-efeito e não causa-efeito.
Qual o segredo de Tostines? Vende mais porque é mais fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?
As causas para os ingressos de dólares no país, pressionando o câmbio, são externas e internas.
O câmbio é pseudo-livre, pois, há um piso subentendido dado pelo BC e, então, os agentes de mercado operam sobre este digamos 'target'.
Recomendo fazermos o dever de casa, diminuindo o gasto e investimento governamentais, esfriando a economia, gradualmente, a ponto da maturação dos investimentos produzirem a expansão da produção. Medida de curto prazo.
Quanto ao câmbio, sempre será um 'empecilho' para o desenvolvimento do país: quer a economia vá muito bem ou vá muito mal; se ela for muito mal (tal qual nas décadas de 70, 80 e princíos da de 90), o real terá uma mega-desvalorização e gerará inflação a ponto de se tornar galopante - no fundo foi assim pela fraqueza dos fundamentos econômicos nacionais e não pela alta do dólar em si; se a economia for muito bem, irá haver enorme ingresso de capitais tornando o real uma moeda mais forte do que aparenta ser na atualidade.
Particularmente, prefiro o real forte, mas, com embasamento estrutural econômico para tanto e não apenas devido à enorme liquidez internacional, à fraqueza da moeda-padrão e aos agentes (de mercado e produtivo),...
Enquanto não fizermos o dever de casa, nos restar torcer para que a economia americana se recupere, consistentemente, gerando o fim do grande afrouxamento quantitativo e, posteriormente, o aumento das taxas de juros para níveis de porto-seguro AAA.
Agindo assim, estamos esperando o vizinho apagar o fogo ao lado da nossa propriedade, não tomando medidas prudenciais (macro?); isto não é salutar, nem razoável.

Para um artigo didático, só senti falta de uma referência Trindade Impossível.

Pai Alex

Excelente artigo!
E as economias no colchão (350 bi) dão mais segurança à farra do capital que entra, não? Se as reservas fossem minguadas, o céu de brigadeiro teria umas nuvens negras, não? Por que não emprestamos essa grana toda pra Grécia, Portugal, Espanha, Islândia, etc.? Mesmo que não pagassem… A gente não ia gastá-las mesmo, não? Com uns modestos 50 bi de reserva, a “turma” ia perder um pouco o tesão, não?
Perdoe o monte de “nãos”, sim?
Com abraços, Carlos.

Deixar o câmbio apreciar ao bel prazer do fluxo internacional de capitais e depois sofrer crise cambial quando a aversão ao risco aumentar?

é melhor ler livros de história do que tentar encontrar explicações malucas com base em "pressupostos" economicos desprovidos de sentido.

Até a procaria do FMI já admitiu que o controle de capitais pode ser necessário e que uma apreciação cambial contínua leva os países a problemas estruturais graves como a desindustrialização e a problemas na BP.

Estou devendo algumas respostas, mas cheguei hoje de viagem e ainda não estou 100%, mesmo tendo dormindo quase que todo o vôo. Vou até onde der:

1. "não dá explicar economia sem estudar os modelos. Um PhD em economia não é necessário nem suficiente (talvez nem um prêmio Nobel), mas para entender as coisas é necessário confiar nos cientistas."

Este é, na verdade, um dos motivos da existência do blog, ou seja, tentar abordar o problema econômico usando as ferramentas analíticas que se aprende no curso de Economia. Dá para ver o quanto ajuda.

2. "Em um contexto de otimização da utilidade em horizonte infinito, isso gera uma volatilidade que reduz o bem estar, e justificaria a tentativa de proteger o setor menos produtivo no momento, por uma questão de diversificação."

Até que faz algum sentido, mas se baseia em pelo menos duas hipóteses cruciais:
a> Há reversão de termos de troca (provavelmente verdadeiro, mas quem sabe?; e
b> Quem toma a decisão de proteger o setor o faz para maximizar o bem-estar do agente representativo e não os lucros do fulano que colaborou na campanha presidencial (que soa bem menos provável.

3. "Entendo que sua critica hoje foi mais à condução do cambio do que politica de juros."

Na verdade foi às duas Ricardo. O resultado do arranjo atual é que não controlarão a inflação, nem o câmbio.

4. "Aconselho a nova edição (2ª)do livro Macroeconomics in Emerging Markets, do Peter Montiel"

Vou comprar já!

5. "o sonho deles ainda é a economia planificada...o mercado não sabe o preço justo...eles sabem"

Ver o item 2 acima. É isso mesmo.

6. "se o real está sobrevalorizado ( como de fato está, segundo estimativa do FMI publicada no Valor algumas semanas atrás ) por consequência do QE2, não é legítimo que o Brasil opere sua própria resposta artificial a esta valorização também artificial ?"

A pergunta é boa, mas exige uma resposta mais elaborada que minha condições físicas permitem no momento. Adiantando um pouco dos temas: há uma melhora extraordinárias dos termos de troca do Brasil que, muito provavelmente, é a principal razao para a apreciaçao cambial no Brasil. Neste contexto, não há nada de artificial no câmbio.

Outro ponto que merece comentário é sobre a capacidade de países manipularem suas taxas REAIS de câmbio. Tentar conter o câmbio nominal porque se considera que outros países estão manipulando sua moeda é um convite para a perda de controle dos preços.

7. "só senti falta de uma referência Trindade Impossível."

Fica para a próxima.

8."Por que não emprestamos essa grana toda pra Grécia, Portugal, Espanha, Islândia, etc.? "

Porque daria uma cana brava para toda diretoria do BC... Sério agora, sim, sem dúvida, o colchão ajuda a manter o risco baixo e acaba estimulando a arbitragem, mas este efeito foi importante quando saltamos de, vamos dizer, USD 50 ara USD 1 bi. Agora perdeu a relevância.

9. "Deixar o câmbio apreciar ao bel prazer do fluxo internacional de capitais e depois sofrer crise cambial quando a aversão ao risco aumentar?"

Crise cambial com câmbio flutuante? A porta fica estreitinha, como o pessoal aprendeu em 2008. Você precisa estudar urgentemente.

"Para um artigo didático, só senti falta de uma referência Trindade Impossível".

O krugman um tempinho atrás deu uns insights...

http://krugman.blogs.nytimes.com/2011/05/09/currency-wars-and-the-impossible-trinity-wonkish/

Obrigado Anonimo 17:03 pelo link do artigo do Krugman. O Krugman como sempre vai na jugular. Os asiáticos conhecem bem a Trindade: o modelo de crescimento deles sempre foi baseado no modelo exportador com controle de capitais e cambio desvalorizado. Ou seja eles sabem direitinho que para nao se perder o control da política monetária e cambial é preciso controle de capitais. É o cambio estúpido! Tem gente que argumenta a favor de outros fatores (taxa de poupança, investimento em capital humano, infra-estrutura, urbanização etc). Isto tem alguma influência é claro, mas o cambio (desvalorizado) e os lucros retidos do setor exportador são os verdadeiros culpados do crime! O Bresser vem batendo nesta tecla faz tempo e o Roubini, em artigo recente no Project Syndicate, aborda o assunto. Nos últimos 30 anos as economias asiáticas bem sucedidas (Japão, Tigres, e China mais recentemente) ganharam fácil do Brasil no quesito crescimento. E todas adotaram o mesmo modelo de crescimento (com controle de capitais e cambio desvalorizado). A questão então é de economia-política: quais os fatores que não permitiram ao Brasil adotar o mesmo (bem sucedido) modelo de crescimento asiático?

Sds,

Ed

O problema, Ed, é como gerar a poupança que produza simultaneamente o crescimento rápido e o câmbio desvalorizado. Fosse tão simples quanto isso, não teria país pobre no mundo, qualquer que seja a economia política que invocar.

Abs

Com todo respeito ao blogueiro, discordo de que "a porta fique estreitinha numa crise cambial". Refiro-me que a porta não fique tão estreitinha na atualidade, posterior a lição duramente aprendida sobre a ignorância da matemática financeira empresarial relacionada ao mercado derivativo cambial e ganância por receitas financeiras no balanço das exportadoras, o grande colchão de 350 bi de dólares e os fatores externos (fraqueza do dólar e da economia norte-americana, principalmente).
Abraço.

Alex,

A resposta á sua indagação vem do próprio exemplo das economias asiáticas em questão (Japão, Tigres, e mais recentemente China). A poupança (e o investimento) vem obviamente dos lucros retidos do setor exportador! Este é um dos pontos do Roubini no artigo dele. É então simples assim mesmo: a história de todos os países que seguirem este modelo exportador (com controle de capitais e cambio desvalorizado) não parece deixar qualquer sombra de dúvida.

Sds,
Ed

Ed,

a grande questão é o papel da poupança. Se a poupança é baixa, o câmbio real tende a ser valorizado.
Veja a questão da Argentina... ela mantém um câmbio desvalorizado, suas presepadas funcionam quase como um controle de capitais informal (como a política econômica é louca, ninguém quer investir lá) e o resultado é... mais inflação e a persistência dos desequilíbrios na balança comercial.
Esse é o ponto: eu posso manter o câmbio desvalorizado por algum tempo. Mas, se não aumentar a poupança, essa desvalorização não se sustenta, e o que ocorre é a valorização do câmbio real via inflação.

"A resposta á sua indagação vem do próprio exemplo das economias asiáticas em questão (Japão, Tigres, e mais recentemente China). A poupança (e o investimento) vem obviamente dos lucros retidos do setor exportador! ... É então simples assim mesmo..."

hummm, em comum esse pessoal tb têm carga fiscal significativamente menor do que a nossa...

"a história de todos os países que seguirem este modelo exportador (com controle de capitais e cambio desvalorizado) não parece deixar qualquer sombra de dúvida."

todos?!?! pera aí, mas o Brasil já fez isso no passado...

;^/

Ed

"a história de todos os países que seguirem este modelo exportador (com controle de capitais e cambio desvalorizado) não parece deixar qualquer sombra de dúvida."

Será? Nessa história parece haver muito mais zonas de sombras do que certezas.

A história que você conta é parte da verdade. Mas da verdade faz parte toda a verdade

Tomo de empréstimo o que Eric Auerbach chamou de “técnica do holofote”. Esta, consiste em iluminar apenas uma das cenas de um complexo desenrolar de acontecimentos para convencer que o foco que ilumina é toda a realidade.

O conhecimento dessa história afirmada “sem sombra de dúvida” pode ganhar um outro sentido se orientado para o exame da relação com outras histórias que lhe são contemporâneas e correlatas.

Longe de mim a idéia de negar os aportes trazidos pelos autores que você cita. Primeiro, porque não conheço esses trabalhos. Segundo, porque não sou economista e, portanto, não domino conhecimento suficiente para tamanha ousadia.

Eu pesquiso a história da metalurgia do ferro e da siderurgia no século XIX no Brasil. Meu objeto de pesquisa é a Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, que parece ter sido, se não o maior, seguramente um dos maiores investimentos realizados na América portuguesa desde 1808. Ainda pesquiso os valores aportados pela Coroa e particulares nesse empreendimento, mas os números que encontrei até o momento são espetaculares. No entanto, estranhamente a historiografia conhecida não deu a esse objeto a devida atenção. Não vou me alongar em explicações a respeito dessa lacuna, pois não é o caso. Cito o caso apenas para exemplificar o que entendo por “zonas de sombras”. Se for bem sucedido na pesquisa, espero que o meu trabalho contribua para iluminar essa “zona de sombra” e trazer á luz um outro conhecimento, isto é, o que é ignorado.

Atualmente ainda caminho às apalpadelas nessa zona de sombra. Então, além da pesquisa de manuscritos e iconografias do século XIX em arquivos, leio tudo que me chega à mão. Recentemente tomei conhecimento de um artigo que não está diretamente relacionado com a minha pesquisa, mas tem como objeto uma questão que é central nela. (continua)

É um artigo que infelizmente não se pode ler livremente na rede. Há que se pagar para isso. Então, não tenho como lhe enviar o link.

"Public research institutions and economic catch-up"

Muito legal a história que o artigo traz a respeito de como foi o catch-up no Japão, Tawain, Coréia, entre outras. O artigo segue na linha da história da transferência, da adaptação, da fixação e difusão de tecnologias nos países de industrialização recente. Essa história não começou com o “modelo exportador”, embora este seja parte dela. Os autores chamam atenção pra um aspecto pouco conhecido: essa história ganha outro sentido se examinada desde o século XIX. Muito resumidamente, digo que o artigo mostra que há nesses países uma história anterior de direcionar os investimentos públicos para a qualificação de mão de obra com o objetivo de solucionar problemas práticos demandados pela atividade agrícola no século XIX, e que não é muito diferente do que aconteceu posteriormente com a indústria na segunda metade do século XX.

Autores:
Roberto Mazzoleni; Richard R. Nelson. Department of Economics and Geography, Hofstra University, Hempstead, NY 11549, United States. The Earth Institute, Columbia University, New York, NY 10025, United States. Available online 27 August 2007.

Abstract

Public research institutions, often but not always connected with universities, have been in the past important elements of the structures supporting economic catch-up. Recent changes in the international economic environment, and the growing scientific basis for contemporary technologies, will make those institutions even more important in the future. Universities and public labs have contributed to the development of technological capabilities in different forms across countries and economic sectors. In contrast with current emphasis on university-based embryonic inventions and fundamental research, effective research programs have predominantly occurred in the application-oriented sciences and engineering, and have been oriented towards problem-solving, and the advancement of technologies of interest to a well-defined user-community.

Galego,

Com controle de capitais é perfeitamente possível manter o controle sobre a política monetária e cambial (simultaneamente). Este é precisamente o ponto da tal Trindade Impossível do Mundel! Com controle de capitais o capital não tem como vazar e portanto não há pressão sobre o cambio. (E já me antecipando da possível discussão sobre se os controles não podem ser burlados respondo que os países asiáticos parecem terem sido bem sucedidos neste ponto, ao menos por um período longo o suficiente para permitir o tal take-off deles).

O seu raciocínio sobre a poupança e o cambio é correto em um regime sem controle de capitais. De novo a Tríade: sem controle de capitais as autoridades economicas tem de escolher por manter o controle sobre a política monetária ou a cambial, mas não é possível manter controle sobre ambas simultaneamnte. É o caso brasileiro atual, com cambio flutuante e meta de inflação. Com controle de capitais o cambio desvalorizado é causa da poupança (via lucros retidos dos exportadores) e não vice-versa.

Sds,
Ed

Obrigado por suas colocações Paulo Araújo.

Vc tem razão, eu realmente estou simplificando um tanto. Em post anterior havia mencionado que outros fatores certamente devem ter contribuído para o crescimento asiático (investimento em capital humano, infra-estrutura, urbanização, rules of law - hmm talvez não na China - burocracia estatal razoavelmente eficiente, etc). Sem querer desmerecer estes e outros fatores me parece, entretanto, que a questão do controle de capitais e cambio desvalorizado, e portanto crescimento baseado no setor exportador, foi ponto central da estratégia de crescimento dos asiáticos. Uma parte significante do "mainstream" da ciencia economica concorda com a tese acima, mas é sempre auspicioso notar que pesquisadores como vc e outros avançam a teoria em novas direções!

Só para deixar claro a minha posição: eu não acho que o Brasil tenha mais condições de adotar este modelo de crescimento, já passamos faz muito tempo do ponto de não retorno. A porta já está escancarada, não dá mais para fechar com controles de capitais, apesar dos esforços do ilustre Ministro Mantega (risos, só para sacanear com o Alex). Temos é que prosseguir com cambio flutuante e meta de inflação (e um dia se Deus for brasileiro mesmo com o tal ajuste fiscal). Mas a discussão histórica é interessante: tivemos chance há uns 20 anos atraz mas não aproveitamos a oportunidade. O Bresser tem as teorias dele, é culpa das elites, sempre elas segundo ele! Do conforto de minha residencia e tomando aqui um delicioso uísque (Jameson, irlandes) me lembrei da famosa expressão do Benedict Anderson ("imagined communities"). Talvez as nossas elites (empresarias, trabalhadores, intelectuais, governamentais) não tenham tido o senso de "imagined community" para defender o interesse nacional quando a oportunidade apareceu. Perhaps Bresser was into something.

Sds,
Ed

"Perhaps Bresser was into something."
Esse Ed deve ter tomado uísque a bessa...
"A"

Alex, que tal um comentário sobre o artigo do Kanczuk no Valor de hoje ?

Um abraço,

JA

SELIC vs Macroprudenciais ( que não são nem macro nem prudenciais ? hehe ). Ele expõe o resultado de um modelo dele ( vale checar se já tem um working paper ) que aponta pra taxa de sacrifício menor com as macroprudenciais que com a SELIC.

Abs

JA

Cadê o "O"?! Será que está na disputa para presidir o FMI?

Alex,

Muito obrigado pelo comentário. Realmente foi uma perspectiva sobre a qual eu não tinha pensado (naive, I know), mas já dá para tirar minhas próprias conclusões.

As considerações a serem feitas são as mesmas de políticas industriais. A maior chance é de criar "gatos gordos", e não de desenvolver setores "estratégicos".

Seria muito mais interessante aumentar a competitividade da economia como um todo (menor carga tributária, isenção de tributação na aquisição de bens de capital, modernização da legislação trabalhista, mais investimento na formação de capital humano etc etc etc).

W (Anonimo de 2 de junho, 10:41)

"A",

Uísque, em doses moderadas, é muito bom para a criatividade! O grande Mário Henrique Simonsen tenho certeza que concordaria.

Alex: a sua camisa do São Paulo me traz péssimas recordações. Em 1977, ainda garoto, assisti ao vivo no Minerão a grande final do Brasileirão entre o meu glorioso Clube Atlético Mineiro e o seu São Paulo. Perdemos nos penalties! O Galo havia terminado o Brasileirão uns 10 pontos a frente do São Paulo, mas naquela época havia ainda a figura da grande final (infelizmente para nós atleticanos!). Daquele time do São Paulo só me lembro do Valdir Perez, do Chicão e do Serginho Chulapa (que não jogou a final por algum motivo que me escapa agora). O Galo tinha João Leite, Angelo, Paulo Isidoro, e o rei Reinaldo (que também não jogou a final). Recordar é viver!

Sds atleticanas,
Ed
PS. Alguem aí se lembra da escalação completa dos dois times naquela final?

A do São Paulo, se não me falha a memória, era:

Valdir Perez

Getúlio
Tecão
Bezerra
Antenor

Teodoro
Chicão
Neca (este não tenho certeza no time titular)


Zé Sérgio (jogou na ponta direita aquele jogo)
Mirandinha (Serginho tinha tomado 1 ano de suspensão por chutar o bandeirinha num jogo contra o Botafogo de Ribeirão)
Viana

O Atlético tinha um time melhor, com um meio campo com Toninho Cerezo, Ângelo e Paulo Isidoro, mas a chuva ajudou o SP, que, como todo time do Minelli, privilegiava a força física. O Muricy era reserva naquela época.

Pô Alex, que memória! Não sei como eu consegui me esquecer do Toninho Cerezo e do Zé Sérgio! Engraçado, eu não me lembro de ter chuvido, mas também jã se vão mais de 30 anos. Acho que vou parar de tomar uísque!

Sds,
Ed

Eu me lembro de um campo enlameado e do Chicão perdendo o pênalti por escorregar na hora de bater (João Leite defendeu os dois; o Valdir nenhum - foram 3 para fora).

Houve uma entrada criminosa do Neca (do SP) sobre o Angelo e, quando este contorcia, o Chicão pisou nele. Flor de pessoa; foi contratado pelo Galo uns anos depois.

O grande craque do SP era o Zé Sérgio. Para falar a verdade, era o único. O resto era uma coleção de esforçados liderados por um técnico excepcional.

Sem querer meter o bedelho em conversa de boleiros saudosos - vai apenas uma observação. A alcunha de "grande" ao Mario Henrique Simonsen pode não ser muito bem vinda nesse blog . . . em outros carnavais já fui considerado não digno de me afirmar economista por ter usado citação do MHS como argumento . . .

Meus caros,
Dois pontos:
1 - O Simonsen foi um dos maiores economistas brasileiros (nunca cheguei a ver nem uma palestra dele, mas sua fama já é mítica). Não acredito que o tenham criticado aqui. Mas, de acordo com as histórias citadas, ele gostava de Gin, não de Whisky (vai ver gostava dos dois, sei lá).
2 - O gylo em 77 ficou com dez pontos na frente, mas calma lá!!!! Não existia um campeonato. Eram mais de cem times e o regulamento era ultra bizonho. Os times com os quais o gaylo jogou eram muito diferentes daqueles com os quais o São Paulo (ou qualquer outro time) jogou. A afirmação não tem nenhum sentido. Tinha que ter final, sim. Imagine uma Copa do Mundo (ou uma Libertadores) onde, a partir da segunda fase, dessemos a vantagem do empate ao time de melhor campanha na primeira fase (de grupos). Teria sentido? É lógico que não. Pois bem, no caso dos brasileirões da década de 70, menos ainda.
Saudações.
PS: Time que NÃO ACERTA O GOL em três de cinco penaltis tentados em final de campeonato, sinceramente, não merece o título.

Meus caros,
Se deleitem com o regulamento do campeonato brasileiro de 1977:
- Primeira Fase:
O Brasileirão de 1977 contou com a presença de 62 clubes, divididos em quatro grupos de 10 (A, B, D e F) e dois grupos de 11 (C e E). Jogaram contra os adversários do próprio grupo, só em turno.

- Segunda Fase:
Os mesmos 62 clubes, agora separados em 10 chaves de 5 clubes e mais duas de 6 equipes. Em jogos só de ida, dentro dos grupos. Os 24 times que fizeram a melhor campanha na 1ª e 2ª fases, se classificaram.

- Terceira Fase:
São 24 equipes em 4 grupos de 6 times. Jogos dentro das chaves também só de ida. Apenas os campeões de cada grupo, passaram para a semifinal.

- Semifinal:
A Semifinal foi disputada em jogos de ida e volta, com os clubes de melhor campanha jogando por resultados iguais.

- Final:
Em apenas um jogo, no campo do clube de melhor campanha em todo torneio. Em caso de empate, prorrogação e decisão por pênaltis.

Saudações.

e hj tem mais uma vitória do tricolor sobre o galo!

Obrigado Anônimo 16:03. Impressionante a complexidade do regulamento do Brasileirão de 1977! Não pude deixar de soltar uma boa gargalhada lendo o seu post.

Resposta ao Anônimo 10:49. O Galo perdeu três penalties (se não me engano Alves, Cerezo e Marcinho Paulada, que havia substituído o grande rei Reinaldo, que não jogou a final por causa de cartão amarelo ou vermelho durante a semi-final com o Londrina eu acho). Mas o São Paulo perdeu dois! O goleiro de Deus (João Leite, hoje deputado estadual) até que tentou pegar o terceiro mas não era o dia do Galo mesmo.

A minha memória daquele jogo ficou marcada pelo foguetório da torcida atleticana no final da prorrogação e antes dos penalties começarem. Naquele tempo ainda era permitido levar aqueles foguetes tipo fogos de artifício para o estádio (!!) e a tensão era tanta que a torcida não aguentou e começou a soltar os tais foguetes. Parecia um campo de batalha e tome explosão e fumaça para tudo quanto é lado! A fumaça era tanta que não dava para enxergar o campo da arquibancada. O juíz teve que esperar um bom tempo para dar início aos penalties, até a fumaça dar uma trégua. Aí então, os deuses do futebol, como que aborrecidos por aquela fumaceira toda, resolveram que não seria dado ao glorioso Clube Atético Mineiro e sua angustiada torcida o privilégio de ser bi-campeão brasileiro. Ah, as alegrias e tristezas do futebol!

Sds,
Ed