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terça-feira, 5 de abril de 2011

Mutatis mutandis (ou, poupando o trabalho da "The Economist")


Five years ago a shipload of iron ore bought 2,200 flatscreen TVs, says Glenn Stevens Alexandre Tombini, governor of the Reserve Bank of Australia (RBA) Brazilian Central Bank (BCB). Now it buys 22,000. The terms of Australia Brazil's trade—the price of its exports, relative to the cost of its imports—have improved by 4235% since 2004. Commodity booms have come and gone in Australia Brazil’s history but no boom this strong has lasted this long (see chart 1).
(...)
How long will the commodity boom last? Demand, especially in China and India, should continue to strengthen as these countries require more steel, food and fuel. However, some of that demand may be unsustainable, argues Warwick McKibbin, an outside member of the RBA’s rate-setting board. Policymakers in some emerging economies have been too reluctant to tighten monetary policy in advance of America’s Federal Reserve, he points out. This monetary ease showed up quickly in flexible commodity prices, but has yet to feed through into the price of other goods, such as manufactures, many of which Australia Brazil imports. When these stickier prices eventually rise, Australia Brazil’s terms of trade will deteriorate, even if they do not go back to 2003-04 levels.
The other blade of the scissors is supply. Australia Brazil is investing heavily in new mines, quarries and gas oil fields. And it is not alone. “There is no shortage of coal and iron ore around the world,” says Chris Richardson of Deloitte Access Economics in Canberra. With prices so high, miners will eventually unearth it. “All the more reason to make hay while the sun shines.”
As Australia Brazil rushes to make hay, some worry that it will forget how to make everything else—an antipodean version of “Dutch disease”, in which a natural-resources boom boosts currencies and hurts manufacturing exports. In March the Australian Manufacturing Workers’ Union São Paulo Industrial Federation launched “Manufacturing: Australia Brazil’s Future”, a campaign demanding R&D incentives, more apprenticeships, and “buy Australian Brazilian” requirements for government projects. In a February survey of manufacturing chief executives, 93% said their exports cannot compete when the Australian dollar Brazilian Real buys more than $1 $0.5. On March 31st, it bought $1.033 $ 0.62(see chart 2).
A strong currency is, however, necessary to keep inflation in check. As prices rise quickly in Australia Brazil's booming industries and regions, the RBA BCB can meet its inflation target only if prices elsewhere fall. Over the past 18 12 months the RBA BCB has raised its key interest rate by 1.75 3.00 percentage points. (...)
In principle the RBA BCB could change its inflation target (...) One outside economist even floated the idea with the RBA BCB. “They just started talking about cricket apparently jumped into the badwagon,” he said.
One reason may be that Australia Brazil is close to full employment. The jobless rate is 5 6% and projected to fall. (...) If the country is fully employed, its boom industries cannot grow unless other industries shrink. No tinkering with monetary policy will change that.
Australia Brazil could bring some relief to squeezed exporters by saving, not spending, the proceeds of the boom. That would reduce the inflationary pressure at home, resulting in lower interest rates and a cheaper exchange rate. 

24 comentários:

Alex
E essa mudança na Vale? Investir em siderurgia que, dizem, está ociosa. É correta?
Abraços.

Vou escrever a respeito, provavelmente no meu artigo da Folha na semana que vem, mas, adianto, é uma bobagem....

O que ocorreu na Vale foi uma intervenção. Tudo a ver com mandonismo e dirigismo estatal.
Dawran Numida

Alexandre e "O":

Duas perguntas fora do contexto:

1-Das empresas de consultoria econômica (LCA, Tendências, MCM etc), qual a melhor?

2-O que acham dos Mestrados Profissionalizantes em economia de FGV-RJ, IBMEC e Insper? Algum valor acadêmico ou bem inferiores?

Obrigado

A siderurgia é objetivo estratégico para a Vale. Não há dúvida na empresa de que o futuro da Vale tem encontro certo com a siderurgia. A questão é como fazer, quando fazer e com quem fazer. A empresa já tem investimentos direcionados nesse sentido. No site da Vale há bastante informação a respeito.

http://www.vale.com/pt-br/o-que-fazemos/siderurgia/paginas/default.aspx

Além da siderurgia, a Vale já produz carvão térmico e siderúrgico no exterior. O Brasil quase não tem carvão mineral e o pouco que existe (SC e RS) vem com muito enxofre, o que é péssimo para a siderurgia.

Para saber sobre mineração de carvão e outros, ver na página linkada acima o link “Mineração”.

Enfim, não se pode exigir da empresa que decida esses investimentos com base na urgência voluntarista dos nossos desenvolvimentistas.

O grande negócio da Vale é mineração. Quando se fala que a Vale lucra mais (e consequentemente emprega mais, distribui mais dividendos aos acionistas e recolhe mais impostos) com a exploração de minérios o mesmo raciocínio deve ser aplicado à Petrobras. O maior valor agregado da empresa está no petróleo e não no refino.

E de que adianta a Petrobras investir em refino e seus derivados se não consegue aumentar o volume de produção de petróleo? Para citar apenas um exemplo de ingerência indevida, a refinaria de Abreu Lima foi planejada para receber 50% de petróleo pesado da Venezuela e 50% da bacia de Santos (Total: 230 mil barris/dia). Isso requer uma estrutura de refino "dupla", isto é, uma refinaria específica para o petróleo venezuelano que tem alto enxofre e outra para o petróleo da bacia de Santos.

A PDVSA entraria com 40% do total do projeto (a Petrobras já consumiu os quase R$ 10 bi do BNDES) e com a grana do BNDES. Mas até o momento a PDVSA não conseguiu oferecer as garantias para o financiamento e, portanto, não colocou nenhum tostão na execução do projeto. Resultado: a Petrobras vai ter que bancar com recursos próprios a parte que era da PDVSA, se quiser acabar inaugurar a refinaria em 2012. Não sei se o projeto pode ser revertido na sua característica de refinaria “dupla”, ou se uma provável reversão traria custos adicionais na execução da obra.

As perguntas são: por que enfiaram essa sociedade goela abaixo da Petrobras? Foram por razões técnicas?

Então o problema está na ingerência na Vale, o que pode ocasionar situação semelhante com a que, por exemplo, aconteceu com a refinaria da Petrobras em Pernambuco.

Não tenho conhecimento técnico nem para afirmar e nem para negar a necessidade da refinaria Abreu Lima ou de uma siderúrgica no Pará. Mas sei perceber muito bem o quanto são nocivas para os interesses do país e dos acionistas certas decisões de investimento e certas decisões de “parcerias estratégicas”. A responsabilidade disso deve ser atribuída com todas as letras aos desenvolvimentistas que hoje são governo no Brasil. Ou essa gente tem os intestinos no lugar do cérebro, ou tem muita grana não contabilizada rolando para certos bolsos. Ou talvez as duas coisas.

PS: A Vale está entre a seis finalistas na concorrência da estratégica Tavan Tolgoi (Mongólia, bem pertinho da China) que possui reservas estimadas em 6 bilhões de toneladas de carvão, o maior depósito inexplorado de carvão metalúrgico do mundo.

Bobagem das mais estupidas...

Vamos organizar a passeata "Fora Dilma, Fora FMI" ?
A

O Bresser Pereira adoraria isso.

Pudéssemos fazer um search and replace de Austrália por Brasil em mais artigos e seria bom.

Alexandre e O,

O que acham dos Mestrados Profissionalizantes em economia de FGV-RJ, IBMEC e Insper? Algum valor acadêmico ou bem inferiores? [2]

Alex e "O",

Nada a ver com esse post, que alias é muito interessante. Meu professor de Finanças Públicas vive dizendo que o Brasil se parece com a Austrália.

Enfim, gostaria de consultar o amplo conhecimento de vcs da literatura econômica para dar continuidade ao meu projeto de monografia. Há algum motivo para esperar grande volatilidade nos preços entre setores em periodos que antecedem crises econômicas?

Não conheço o suficiente para ter uma opinião informada. O pouco que sei veio do trabalho de mestrado da Tati no Insper e foi muito bom, com um orientador bem preparado.

Não conheço bem os mestrados profissionais da FGV-RJ e do INSPER. Quanto ao do IBMEC-RJ é um excelente curso e eu recomendaria tranquilamente mesmo para aqueles com interesses acadêmicos.

Roberto

Mestrado profissional é uma graduação um pouquinho mais avançada. Para academia é muito fraca.

Obrigado pelas respostas. Eu me formei recentemente em economia pela PUC-RIO e cogito fazer mestrado profissionalizante. Fico na dúvida se, para quem não almeja ser acadêmico, vale o custo de estudar para Anpec e mais dois anos de mestrado, sem poder trabalhar. O que acham?

E sobre as empresas de consultoria, algum comentário sobre Tendências, MCM, LCA, Rosenberg, MB Associados etc? O nível técnico dos economistas dessas empresas é similar ao nível dos economistas das instituições financeiras e do BC?

Abraços

Arida: Pense num experimento imaginário em que a moeda seja plenamente conversível e o Banco Central deixe o câmbio flutuar livremente. Isso criaria um enorme choque deflacionário na economia. O Banco Central poderia reduzir a taxa de juro sem risco de afetar a inflação. No dia seguinte, os agentes se veriam diante de uma taxa de juro muito menor e uma taxa de câmbio com riscos simétricos. O influxo de capitais cairia muito. O experimento imaginário "ressetaria" o sistema, uma espécie 'Ctrl + Alt + Del". O resultado final talvez seja uma taxa de câmbio até mais desvalorizada do que a atual.

----

Se, como exposto pelo Arida, o influxo de capital cairia nessas condições, como o resultado final poderia ser uma taxa de cambio mais desvalorizada?

Não conheço as consultorias, mas posso falar dos mestrados, pois sou aluno da EPGE-FGV.

O profissional da FGV-RJ é muito bom, e apesar de ser um "upgrade" de graduação (mesmo que seja de uma graduação bem forte, como é a de economia da FGV-RJ), vale a pena fazer tanto pelos contatos quanto pelas matérias interessantes (finanças corporativas, comportamentais e internacionais, boa base matemática e estatística, etc) e pelo sinal que passa ao mercado, de que você, mesmo trabalhando, conseguiu levar um mestrado relativamente bem rigoroso.

Se quiser ir para o mercado, o profissional é suficiente. Caso goste de se aprofundar mais nos assuntos e esteja disposto a ficar 2 anos fora do mercado, vá em frente, mas se seu foco é só ganhar dinheiro e não liga muito para o objeto de estudo ou trabalho, fique no profissional.

Injustica com o PT?
Com a palavra, algum econometrista, por favor.
Obrigado.
A.O.
www.econ.fea.usp.br/cesg/ciclos_eleitorais_politica_monetaria.pdf

Das consultorias, pelo o que acompanho (acho que já fui cliente de todas elas): a LCA hoje em dia tem a melhor equipe, tiraram muita gente boa da MCM nos últimos anos. A MCM decaiu muito, acho o Claudio Adilson um boçal, ninguém bom aguenta trabalhar com ele por muito tempo. Se ainda tem alguma coisa boa por lá, para quem gosta, é o acompanhamento que fazem da inflação. Não levo a tendências a sério, acho quase todos os sócios grandes picaretas. A Rosenberg acompanho pouco, não tenho muito do que falar. E tem a AC Pastore, para quem gosta do estilo do Affonso... ele tem alguns insights interessantes, ainda que muitas vezes tenha mais apego aos modelos dele do que à realidade.

Obrigado pelos comentários sobre consultorias e mestrado profissionalizante. Este blog é um excelente espaço para debates sobre economia e academia.

Olha onde nós chegamos:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas ao presidente da Vale, Roger Agnelli, por seu foco em investimentos fora do Brasil e "teoria equivocada" à frente da empresa. Agnelli vai ser substituído por Murilo Ferreira, ex-executivo da Vale.
"Eu tinha uma divergência pública com o Roger, que era [minha insistência] em fazer investimentos no Brasil."
"Quando ele comprou navios na China, eu fiquei muito chateado. A teoria dele de não construir siderúrgica para não competir com seus clientes era equivocada. A gente vendia minério de ferro para a China e depois importava aço dos chineses. Seria melhor produzir aço e exportar para a China."

Este governo socialtropicalista não vai ter corragem de cortar profundamente seus gastos para assim poder reduzir a taxa de juros e buscar sair da arapuca. Afinal foi para gastar mais, especialmente no social, que pouco mais da metade dos eleitores o elegeu. O mal holandes já nos contaminou!

Os preços da commodities continuarão a subir na corrente do tempo, independente da apreciação do dólar americano.