teste

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Devagar e nunca

Volto à Europa, alertando, porém, que esta coluna é bem mais especulativa que o usual. Ainda não acredito, para ser sincero, que a crise no Velho Continente acabe numa monumental explosão do euro (há muita história em jogo, de modo que, quando a onça europeia for beber San Pellegrino, alguém terá que abrir a carteira), mas pretendo explorar exatamente alternativas possíveis, embora improváveis. Aviso também que algumas das ideias aqui discutidas tiveram origem em material escrito pelo meu coblogueiro, que permanece, a pedido, O Anônimo.

Os 18 leitores já sabem minha posição a respeito da natureza da crise: mais que um problema fiscal (Grécia à parte), interpreto o fenômeno como resultado de uma tensão de difícil solução: a taxa de câmbio real precisa se desvalorizar em certos países, que acumularam elevados déficits externos entre 2000 e 2008, mas, dada a adoção de uma moeda única, a única forma de promover a desvalorização do câmbio, digamos, na Espanha, seria fazer com que preços e salários naquele país caíssem relativamente aos na Alemanha.

Fossem preços e salários flexíveis, sequer estaríamos discutindo uma crise destas proporções; já teriam se ajustado e os problemas de competitividade da Espanha devidamente resolvidos. Como, porém, preços e salários tipicamente se ajustam de forma lenta, em particular quando precisam cair, acaba sendo necessária forte retração da atividade, isto é, um aumento considerável do desemprego e da capacidade ociosa que crie os incentivos para a moderação de salários e preços. Contudo, isto se traduz, por meio de redução das receitas tributárias e expansão cíclica de gastos (como seguro-desemprego), em problemas fiscais.

Se tal visão é correta, em tese a saída da Espanha da Zona do Euro, com conseqüente desvalorização da moeda, teria o condão de resolver o problema de competitividade, evitando a necessidade de elevação aguda do desemprego para realinhar os custos salariais.

Entretanto, mesmo se fosse possível, o abandono do euro teria conseqüências graves para os balanços dos setores privado e público na Espanha. Como continuariam devendo em euros, mas com receitas tipicamente denominadas em pesetas, fortemente desvalorizadas, nem o setor privado, nem o setor público teriam condições de arcar com suas dívidas. Se, operacionalmente, abandonar a moeda única é complicado, financeiramente seria um desastre capaz de ofuscar o ocorrido há cerca de 10 anos na Argentina. (Notem, todavia, que isso também ocorre, mas a velocidade menor, quando o ajuste se dá pela queda de preços na Espanha)

Imaginem, no entanto, que seja a Alemanha quem decida voltar ao marco. O euro, moeda da periferia, se desvalorizaria face à nova moeda, mas, do ponto de vista da Espanha, a recuperação da competitividade não traria os problemas de descasamento entre passivos e receitas acima mencionado.

O descasamento, todavia, não desapareceria; apenas mudaria de endereço. Agora se daria entre ativos denominados em euros (desvalorizados) contra passivos expressos no novo (e poderoso) marco. Os balanços dos bancos alemães em particular teriam de um lado títulos espanhóis em euros e, do outro, depósitos em marco, os primeiros perdendo valor relativamente aos segundos. Ou seja, além de perder competitividade, a Alemanha também teria que enfrentar problemas com balanços privados, o que sugere escasso incentivo para uma solução nesta linha, a menos que tais custos sejam percebidos como inferiores aos que lhe caberiam, enquanto proprietária da carteira acima aludida, para a manutenção da Zona do Euro nos moldes atuais.

Reitero que estes problemas também ocorrerão, ainda que lentamente, se a Europa optar, como parece ser o caso, pela deflação na periferia. Entretanto, dada a velocidade da liderança política, talvez seja a lentidão o principal atrativo desta (falta de) estratégia.

- Dies ist der Weg
- Oui, oui, c'est ici
(Publicado 23/Nov/2011)

68 comentários:

Alexandre,

Li seu artigo hoje na Folha. Queria apenas dizer-te que este artigo passará a ser parte dos exemplos que dou aos alunos em sala de aula.

Exemplo de como um economista pode tentar analisar o mundo apenas com curvas e lógicas que ficam longe da realidade.

Espero que Espanha, Portugal e Grécia não sejam coagidos a flexibilizarem (e derrubarem) preços e salários, o que os levaria apenas para o fundo do poço, já que a redução da demanda agregada jogaria o país em piores lençóis do que se encontram neste momento.

Não me espanta também sua incapacidade em analisar as questões de política internacional que envolvem a área do Euro, já que não se trata apenas de uma área econômica.

Sem mais,
Paulo

Eu tenho uma pergunta para você: como permitem que um analfabeto funcional dê aulas?

Sem mais,
Alex

Este cara leu o mesmo artigo que li?

" Imaginem, no entanto, que seja a Alemanha quem decida voltar ao marco(..)"

Esse parece ser o 'secreto' plano B franco-alemão...


The Anchor

Alex,
Off topic:
Que acha de comentar sobre essa matéria?
http://www.valor.com.br/brasil/1105922/pais-so-cria-vagas-de-baixa-remuneracao

Parece que o pessoal nunca ouviu falar de simultaneidade de oferta e demanda.

"Para especialistas em mercado de trabalho ouvidos pelo Valor, a concentração das novas vagas em baixo salários é um sinal de que não existe, de forma generalizada, um apagão de mão de obra qualificada.
(...)
Esse movimento indica que as empresas estão demitindo pessoas que ocupam cargos com salários maiores e pagando menos na hora de contratar. "Há um 'empacotamento' da estrutura de remuneração no salário mínimo. As empresas demitem quem recebe mais e contratam pagando valores indexados ao mínimo", afirma Claudio Dedecca, professor de economia da Unicamp."

Alex,
Excelente artigo, parabéns!
Ontem, lendo artigo do Krugman no Estadão, sobre a crise européia, em que este defende o abandono da prioridade que se tem dado ao ajuste fiscal de curto prazo, pensei, transpondo a questão para os EUA: imagine que os partidos,doravante,cheguem a um acordo. Você crê, tal como Krugman, que um ajuste de médio longo prazo, aliado a um plano de crescimento, é a solução?

"Este cara leu o mesmo artigo que li?"

Não, o analfabetismo funcional impediu...

O comentário sobre o mercado de trabalho veio do Dedecca, que se dependesse de mim, seria declarado legalmente incompetente. Nada que eu já li dele pode ser salvo.

"O"

Como de costume não consegue argumentar sem usar a tática de agredir o "outro".

Você é uma farsa, uma grande farsa.

Abs!
Paulo

Quando o "outro" não é um analfabeto funcional, incapaz de entender o que está escrito, eu argumento; quando não, apanha para ver se aprende.

O problema do descasamento migrar para os bancos pode ser resolvido se o Bundesbank assumir o risco de descasamento cambial dos bancos. É obviamente custoso para o Bundesbank, mas alguma coisa eles devem fazer com os ganhos de seignoriage devido à introdução da nova velha moeda!

Alex, para quem tem que susportar "O" anônimo , como nos, "O" Outro até que não é tão analfabeto assim. Seja um bom menino e peça desculpas.

Entendi, do alto de sua santa ignorância você faz birra.

Parabéns!

Por favor, públique novas pérolas como esta, sempre será lembrado nas aulas.

Abs!
Até a próxima.
Paulo

"Entendi, do alto de sua santa ignorância você faz birra."

Não, você não entendeu (é óbvio): dado que você não consegue sequer entender a mensagem do artigo, não vou desperdiçar meu tempo com você.

Paulo, estamos aguardando ansiosamente a divulgação dos trabalhos que deves ter publicado. Como ignorantes que somos, por ler o blog e os artigos do Alex, precisamos das luzes do teu saber. Por favor, nos ilumine! Só te peço uma coisa, se não conseguir nos convencer, promete procurar a tua turma?

Alex, a Guiomar ainda está com vc? Em caso positivo, que tal incluí-la como coblogueira, assim te poupava tempo, paciência, estômago etc

abs

Alex,

já eu devo usar os comentários do Paulo como um exemplo perfeito de como NÃO se deve interpretar um texto econômico.

"Sem mais, Paulo"

Qual a sua disciplina e em que grau, se médio ou superior, você exerce atividade docente?

Não precisa citar o nome da instituição. Gostaria apenas de saber quais disciplina e grau.

No mínimo, um professor honesto mostraria aos seus alunos este e mais dois posts recentes do blog:

"Vale a pena salvar o euro?" [quinta-feira, 3 de novembro de 2011. Link no texto do post]

"Profético" [sexta-feira, 18 de novembro de 2011}

Não para provar a genialidade do autor, ou o seu contrário, mas para ensinar aos alunos que antes de falar é preciso aprender a pensar.

Paulo, divulgue seu Lattes, por favor.

"já eu devo usar os comentários do Paulo como um exemplo perfeito de como NÃO se deve interpretar um texto econômico."

Na verdade, eu usaria numa aula como exemplo de como NÃO se deve interpretar qualquer texto, econômico ou não.

Abs

Será que esse Paulo é algum consultor de algum policy maker do atual governo brasileiro ou ele mesmo é um policy maker? Acredito que as duas opções são plausíveis dada a falta de conhecimento básico de teoria econômica!!!

Ora, pessoal, o Paulo esta' apenas e tao somente lendo as colunas do Clovis Rossi. Hoje tem mais uma perola la', cruzive criando o Banco de Colocacoes Internacionais, o BIS.

Abracao


Kleber S.

"Fossem preços e salários flexíveis, sequer estaríamos discutindo uma crise destas proporções"

Cara, essa frase ficou muito bem colocada, resume a armadilha que esses países estão, é óbvia, mas precisava ser dita.

Felicitações

André

Alex,

sem emissao de dinheiro ou sem o BCE recomprar essas dividas, vc enxerga alguma outra solucao ??

ou teria alguma soulucao melhor ?

ou ainda - no limite - sua aposta e que farao o que pra nao explodirem a Europa

abracos

Bem deixando pessoas que não entendem nada de nada, vamos discutir seriamente. Vocês tiveram a oportunidade de ver o discurso da Merkel no parlamento alemão ontem?
Além do que ela falou prestei atenção aos seus gestos, ela balançou a cabeça negativamente e socou as mãos o discurso inteiro, o que isso quer dizer? Os alemães não querem pagar a conta de maneira alguma.Pelo andar das coisas temo pelo pior.

O Mantega avisou que a Europa não tem a maturidade política brasileira. Vocês não ouvem o que o cara diz.

Parabéns pelo texto, Alexandre. Em especial por lançar luz sobre um ângulo do problema que não-economistas tem dificuldade de entender (e alguns economistas fingem não entender), a saber, do fato de que a UE não é uma área monetária ótima.
Mas, como é impossível falar de economia sem polemizar um pouquinho, permita-me levantar alguns pontos que não estão no texto (talvez por falta de espaço, talvez por que sua visão seja outra). Uma coisa que precisa ficar clara para todos os que defendem uma união fiscal é o fato de que não se trata apenas de lidar com o estoque existente de dívidas, mas, sim, como criar instituições que coíbam o "moral harzard" do sul. Já pensei muito a esse respeito e não consigo encontrar uma forma de tornar crível qualquer compromisso ou ameaça contra os "perdulários". Se um estado mandar a autoridade fiscal às favas, que tipo de punição ele podrá receber? Vão impor multas? Mas como, se o financiamento do gasto publico estará garantido pela união? Vão ter coragem de expulsar do euro? Quero só ver quem vai ter coragem de assumir essa postura na hora do vamos ver...
A segunda dificuldade tem a ver com a questão da "área monetária péssima" que é a Zona do Euro. A União fiscal resolve o problema dos credores, mas, e a competitividade? Do ponto de vista de um grego médio trata-se de um péssimo acordo: nós te damos dinheiro para você resolver o nosso problema de credores e, em troca, você abre mão de sua soberania e de qualquer chance de recuperação econômica até onde a vista alcança". Alguém aí sabe como se diz "e na bunda, não vai nada?" em grego? Mais do que isso, como o problema da falta de mobilidade de mão de obra é praticamente insolúvel, é só uma questão de tempo para que um novo choque assimétrico recoloque o Euro em crise.
Acredito que no final a tal união fiscal vai fracassar, ou porque o mercado vai atropelar as negociações (via, povavelmente, uma corrdia contra os bancos da periferia) ou os sitemas políticos do sul vão "roer a corda" (e basta um fazê-lo para criar um efeito dominó muito difícil de nserr impedido). No final, a idéia do norte cair fora, usar a grana que seria usada para pagar a conta do sul para salvar seus bancos parece-me a saída mais consistente e menos traumática. Mas, tabém duvido que a Merkel ou o Sarkozy tenham coragem de propor isso de forma preventiva. Em suma, o Titanic segue a plena velociddade em direção ao iceberg, enquanto o BCE toca um samba de uma nota só no convés...

“O Mantega avisou que a Europa não tem a maturidade política brasileira. Vocês não ouvem o que o cara diz.”

Mas essa afirmação do Mantega tem um bocado de verdade. Os europeus não parecem ter o estômago para fazer os ajustes que brasileiros, mexicanos e asiáticos foram forçados a fazer quando tiveram suas crises nos anos 90. Um exemplo é a proposta dos italianos de aumentar a idade de aposentadoria por 2 anos, começando em... 2026!

"Fossem preços e salários flexíveis, sequer estaríamos discutindo uma crise destas proporções"

Típico de um economista neo clássico: se o mundo não é igual aos nossos modelinhos... dane-se o mundo

"Típico de um economista neo clássico: se o mundo não é igual aos nossos modelinhos... dane-se o mundo"

Você sabe ler? Sério: você

Porque duas linhas depois eu afirmo: "Como, porém, preços e salários tipicamente se ajustam de forma lenta, em particular quando precisam cair, acaba sendo necessária forte retração da atividade".

Pode pedir desculpas pelo semianalfabetismo... Se estiver de bom humor, as concedo

Mein gott!

Há uma epidemia de analfabetismo se espalhando.

" Uma coisa que precisa ficar clara para todos os que defendem uma união fiscal é o fato de que não se trata apenas de lidar com o estoque existente de dívidas, mas, sim, como criar instituições que coíbam o "moral harzard" do sul."

É isso mesmo (tratei deste assunto aqui:
http://maovisivel.blogspot.com/2011/08/churchill-e-zona-do-euro.html) e também não consegui chegar a conculsão alguma sobre a construção de um mecanismo crível de imposição de sanções, ao contrário do caso brasileiro, onde as transferências federais são usadas como garantias.

"A União fiscal resolve o problema dos credores, mas, e a competitividade? Do ponto de vista de um grego médio trata-se de um péssimo acordo: nós te damos dinheiro para você resolver o nosso problema de credores e, em troca, você abre mão de sua soberania e de qualquer chance de recuperação econômica até onde a vista alcança". "

Correto: eurobonds e união fiscal só ganham tempo para a "deflação", mas não resolvem o problema da competitividade.

Analisando o seu texto Alex, não sei se para você fica claro, mas acho que a Alemanha já percebeu que o euro é uma barca furada sem volta. Os países do sul(essa para mim é nova) poderiam ser chamados de mediterrâneos não fizeram e não parecem dispostos a fazerem qualquer ajuste, queriam e querem viver às custas dos alemães. Os alemães já perceberam isso e estão inflexíveis, eles são bons nisso. Esses países não tem competividade na Europa e não tem no mundo. Um aspecto que não tenho visto ser debatido é quanto aos subsídios agrícolas, quanto isso representa de gastos aos países europeus? O mundo mudou muito nestas últimas duas décadas, não por acaso foi quando a China ganhou muito impulso e nesse meio tempo surgiu o euro e foi engolido por essas mudanças, com exceção de poucos países na europa, refiro-me à Alemanha e aos países que gravitam economicamente em torno da mesma são competitivos, o restante não é, o euro só lhes proporcionou uma sobrevida e uma sensação efemera de riqueza que agora terminou.

Realmente o sonho - financiado com dinheiro alheio - acabou. Agora e' uma questao de como vao enfrentar a realidade: arroxo, afroxo, ou sacorroxo.

Em cada opcao havera' uma classe social a ser penalizada mais do que proporcionalmente.

De resto esta' na hora de acabar com a patifaria de tentar internacionalizar o problema, quer seja jogando o debito dos estroinas nas costas da Alemanha, ou nas costas da Geni, digo, FMI.


Abracao

Alexandre,

Sugestão para um post: o festival de hipocrisia, sandice e estupidez emanando das Pessoas Muito Sérias e Germanicamente Virtuosas da Europa.
Para começar temos a Alemanha posando de responsável enquanto carrega uma dívida de mais de 80% do PIB e depois de ter sido um dos primeiros países (junto com a França) a ter descumprido as metas de déficit do Tratado de Maastricht. Não me lembro da Sra. Merkel, ou outro Fritz virtuoso qualquer tendo chiliques naquela ocasião...
Outra coisa: a Alemanha posa agora de vítima, mas esquece de mencionar que seu desempenho econômico da última década deve muito ao fato de que pode contar com a demanda dos irresponsáveis do Club Med. Alguém em sã consciência acha mesmo que a Alemanha teria a competitividade, a situação fiscal e o desemprego que tem se tivesse que lidar com um marco cujo valor estaria hoje na Lua?
A moda agora entre a elitte alemã é defender a independência do BCE a qualquer custo. Eles que tomem cuidado com o que desejam pois, se o mercado deixar de acreditar que o BCE vai mudar o discurso se e quando o c... estiver apontado para os fiofós branquelos de Berlin, o custo da dívida dela vai disparar. Isso porque o mercado age como se a Alemanha e apenas ela conta com a possibilidade de monetização da dívida em último caso. Se as pessoas começarem a acreditar que os alemães também podem defaultar em sua própria moeda eles estão ferrados.
Outra coisa: agora virou moda tacar pedra na periferia. Mas, a não muito tempo atrás, essas mesmas pessoas tão virtuosas cantavam em verso e prosa as glórias do desenvolvimento economico rápido da Espanha, Irlanda, etc. A periferia foi de garoto prodígio à ovelha negra em pouquíssimo tempo...
Há também coisas que seriam um ultraje se não fossem tão ridículas, como a proposta de que Brasil e outros emergentes ponham dinheiro nessa barca furada. Eu me lembro o quanto a Europa foi solidária com o Brasil quando era a gente que estava na pindaíba. Não sei se tenho mais vontade de rir ou de mandá-los a ariana que os pariu...
Isso tudo não quer dizer que o Club Med não tem sua enorme parcela de culpa nessa merda toda. Mas, cagadas monumentais com crédito como essa só ocorrem porque devedores e credores foram irresponsáveis. It takes two to tango como dizem os malvados americanos.

Alexandre, apenas a Globo News te aguenta.

O mundo pra você se resume a duas curvas, uma positivamente inclinada e outra negativamente inclinada. Caso isso não explique você vai para o "moral hazard" ou a seleção adversa.

Um desafio a você. Você conseguiria analisar algo no sentido econômico-político, pensando o que significa a contrução da área do Euro desde os anos de 1950? O que significa a Alemanha ter uma área de influência que enfraquece a atuação do dólar (mercado cativo), a abertura de uma "nova área do dólar" na ásia (China) e a renegação do Japão, que só se tornou alguma coisa por conta da Guerra Fria.

Você consegue, ou apenas escreve pros seus pares lerem e para a vitrine global?

Mostre pra gente que você não é uma farsa, como disse um Homem econômico Racional num dos posts acima.

Fico no aguardo.

"Mostre pra gente que você não é uma farsa, como disse um Homem econômico Racional num dos posts acima."

Alex, estou achando que este anônimo é o Paulo, só que com medo de tomar porrada abertamente. Mas responde rápido por que ele está no aguardo...

ô Anônimo das 9:37, você vem em um blog de economia exigir uma análise de geopolítica? Você costuma desafiar dentistas a fazer neurocirurgias também?
Agora, o que um economista pode dizer sobre suas considerações TÃO profundas é que estratégias geopolíticas que trombam de frente com a realidade econômica caminham inexoravelmente ao fracasso.
Além disso, dizer que o euro é "uma ameaça ao dólar" a essa altura dos acontecimentos chega a ser hilário...

"Alexandre, apenas a Globo News te aguenta."

E a Folha, e o Valor, e o Estadão, e o Globo, e o Brasil Económico, e a FEA, e a FGV, e a PUC-RJ, para nao mencionar todas as empresas que me convidam para falar.

"Mostre pra gente que você não é uma farsa"

Hmm, quero entender: você é um comentarista anônimo me pedindo para mostrar que EU nao sou uma farsa?

Você nao teve aulas de lógica, teve?

Caro Vladimir,

O que eu disse foi:

" que significa a Alemanha ter uma área de influência que enfraquece a atuação do dólar (mercado cativo)"

Isso não significa discutir a mudança do euro para o dólar, não existe tal pataquada. A moeda de reserva é o dólar, que pauta todo o poder dos EUA no sistema internacional.

Sua cabecinha economicista pode achar que existe apenas uma discussão de moeda, mas no mundo real é diferente.

Enfraquecer o dólar, neste contexto ao qual eu me referi, significa tão somente que as compras intra área do euro podem ser feitas na moeda local, ou seja, podem não sofrem a influência da moeda estadunidense.

Os EUA fizeram isto com a China no final dos anos de 1970 (visita do Kissinger e depois do presidente estadunidense), para evitar a expansão da URSS.

Ou seja, moeda é muito mais do que você lê em seus manuais de Havard.

Quanto ao Alexandre, ainda espero as suas considerações, se as tiver.

grande abraço a todos.

Boa Vladimir, estratégias políticas sem base econômica redundam em venezuelas e cubas da vida.

E o Japão só se tornou alguma coisa por causa da guerra fria!

Caro "Fico no aguardo"

Pare o que está fazendo este momento. Respire fundo e expire. Agora releia o que você escreveu. Releu?

Tem uma análise geopolítica pesando forte nas (não)decisões, não há dúvidas. A Alemanha pensa nisso todo dia e aceitaria perdas financeiras para segurar o Euro além das avaliações econômicas objetivas. Tudo isso é óbvio. O sabichão tem algum insight poderoso para dividir com a mulambada?

Afinal o mercado vai detonar o euro ou não? Vocês acreditam que o mercado vai aguentar essa lenga lenga franco-germânica eternamente?

Elencar um anônimo como citação é cretinice das brabas. Se este for o "O" retardado mental, é, então, level mega blaster!

Esse Vladimir é burro? Todo o comportamento do ser humano pode ser explicado economicamente, inclusive o geopolítico das naçãos. Não seja mirim, seu amador!

Hoje foi mais um dia negro para o mercado de dividas europeu. O pior desempenho foi alemao.

Como disse um dia W.C., "paises nao tem amigos, tem apenas interesses".

A Alemanha defende o seu interesse, nao ha' postura moralista nisso. Tambem nao ha' moralidade nenhuma faze-la arcar com a consequencia dos atos estroinas dos da periferia.

Monetizacao pelo BCE nao resolve absolutamente nada. Divida real nao se paga com dinheiro falso. Num primeiro momento vira' uma alivio, mas que sera' temporario em virtude da aceleracao da inflacao. Esta inflacao jogara' os juros ainda mais pra cima. Como os estroinas NAO vao mudar seus habitos gastadores-assistencialistas, veremos apenas a situacao entrar em "espiral da morte".


Abracao


PS: Tambem nao sonhem com "uniao fiscal" e "pool de dividas". Isto nao resolvera' nada porque a Alemanha nao tem saldo em CCI grande o suficiente para tanto. Ela e' que sera' arrastada para o fundo do poco, junto com os demais. O mercado de bonds desta semana ja' deixou isso pra la' de claro.

O post é muito interessante e pouco especulativo. A perda do poder de compra através da desvalorização da moeda pátria é aceita docilmente (no Brasil é até aplaudida pelos "desenvolvimentistas"). Adequar-se à realidade através dos preços e salários, eliminação de déficits públicos por uns tempos, provoca passeatas e tudo o mais. Os títulos dos governos já desvalorizaram. As taxas de juros para captações já subiram (é um preço). Dar o cano e fazer-se de vítima é aplaudido (o correto é condenar). Quem emprestou deveria saber do risco. As taxas de juros são menores para quem os aplicadores consideram mais seguros, menor risco (mais honestos). A da Alemanha é menor do que a da França que é menor do que a da Itália e a da Grécia (em último). E a saída da crise? Redução do valor da divida (cano), ou Eurobonus (reduzir taxas de juros dos devedores relapsos). A Alemanha quer garantias de adequação à responsabilidade fiscal. Está correta, mas tempo significa mais sofrimentos. Mudanças importantes já foram feitas (o Chaves da Itália já caiu).

Retiro o que eu disse sobre o Vladimir. O comentário dele às 11:39 me levou ao erro.

Kleber,

Dividas em euros pagam-se em euros. É óbvio que a monetização iria gerar inflação (depois de um tempo), mas é justamente isso que resolveria a questão da dívida. É simplesmente impossível um país ser forçado a dar default em sua própria moeda. O fato de que a periferia não tem poder de emitir a moeda é que gera essa situação de profecia autorealizadora que a periferia está enfretando. É muito provável que se fosse possível encontrar um arranjo institucional crível que controlasse as politicas fiscais e, ao mesmo tempo, o BCE topasse assumir o papel de emprestador de última instância ( o que significa indiretamente colocar a Alemanha para pagar a conta), as coisas se acalmariam bastante quase que imediatamente.
Quanto a questão da moralidade, em nenhum momento afirmei que a periferia não seja culpada pela situação. Apenas afirmei que a Alemanha também tem uma grande dose de culpa nisso tudo. E há falso moralismo no discurso deles sim.

Kleber eu concordo com você, você acha que o mercado já sentiu que a Europa é um caso perdido? Não se trata de chutar o balde, mas sim de analisar que colocar dinheiro lá não é mais um bom e sustentável negócio?

"Esse Vladimir é burro? Todo o comportamento do ser humano pode ser explicado economicamente, inclusive o geopolítico das naçãos. Não seja mirim, seu amador!"

Huahauhau....O Vladimir é amador?

Você deve ser bem sábio porque entende do comportamento humano como ninguém, Oh! Homem Econômico Racional, Deus do Universo.

Você é uma ameba, saia da caixa. Um Neandertal entende mais de comportamento humano do que você.

Abs!
Paulo

Pô. Ora se o real problema do euro perpassa a questão fiscal e chega a necessidade de integração do mercado de trabalho (que não existe), do nivelamento das leis e regulamentos e também da diversidade linguística: Então so resta concluir que infelizmente NÃO HÁ SOLUÇÃO POSSÍVEL E SUSTENTÁVEL para o Euro.

Alex,

Você ainda acompanha a America Latina?

É verdade que a Argentina tá com uns problemas sérios e difíceis de resolver?

abs

VLADIMIR


Eu nao vi a inflacao brasileira resolver o problema de endividamento publico do Brasil. E olha que no tempo do Imortal, Jose Sarney, nos tivemos mais de 80% em um unico mes. Nem em outro lugar qualquer do globo, Vladimir.

A monetizacao e a inflacao comem parte do estoque da divida num primeiro momento. Depois ela entra no aumento dos juros da rolagem do estoque remanescente e da emissao de nova divida.

Muita gente acredita que inflacao seja solucao para alguma coisa. Caso voce tenha evidencia empirica, por favor publique. Esta experiencia eu ainda nao tive.


Um abracao. Vladimir


Kleber S.

A inflacao soh reduz o endividamento se tiver manipulacao do indice de inflacao, como na Argentina.

Pois os titulos publicos indexados a' inflacao oficial terao seu valor reduzido devido a' diferenca entre a inflacao oficial e aquela que efetivamente acontece.

Se nao for assim, rapidamente a expectativa de inflacao eh incorporada a' formacao da taxa de juros.

Kleber, se você não viu, deve ser porque não estava prestando atenção... Em 1994 quando FHC e companhia fez o Plano Real, muito do nosso problema de divida publica já tinha sido corroido pela inflação e o confisco do Collor.

"O"

A inflacao per si nao corroeu nada. Mas cada vez que vinha um "plano de estabilizacao", o estoque da divida era sem duvida alguma reduzido, pela correcao monetaria fajutada pela famosa "expectativa futura". Este foi o grande "merito" dos plano-isso-plano-aquilo. Notorio, sabido e reconhecido.

Alias, "O", se a inflacao tivesse resolvido o ciclo gastanca/endividamento/gastanca/endividamento, nao precisava de plano de estabilizacao nenhum, certo, cumpadre?

Abracao

Kleber,

Mas vc viu o Brasil alcançar uma relação dívida PIB de mais de 100%? Ou ser forçado a dar calote na dívida denominada em reais?
É claro que a inflação é uma solução muito ruim. Mas, qual alternativa sobrou?
Em comparação, sobram exemplos de default soberano quando um país fica na posição de dever em uma moeda que não pode ser emitida. Mais do que isso, cria-se uma situação de profecia autorealizadora que está prestes a engolfar a Itália (e a Europa pode se dar por satisfeita se parar por aí).
A ausência do poder de monetização exacerba essa tendência de deterioração das expectativas também por que os agentes sabem que, uma vez que um país parte para o default, ele tem todo o incentivo para impor o maior haircut possível.
Veja por exemplo a situação do Reino Unido. Se eles estivessem no Euro, estariam provavelmente piores do que a Espanha e quase na posição da Itália. Mas, como eles mantiveram a Libra o mercado não fica paranóico especulando sobre se eles terão como pagar suas dívidas. Por conta de basicamente isso, estão pagando juro iguais aos da Alemanha.

“Se nao for assim, rapidamente a expectativa de inflacao eh incorporada a' formacao da taxa de juros.”

Rogerio, isso acontece se e somente se as instituições de mercado assim o determinarem. Por exemplo, se houver restrições ao movimento de capitais – assim como havia depois da segunda guerra mundial – é possível se evitar que as expectativas de inflação sejam incorporadas aos juros nominais. Muito das dívidas públicas acumuladas com a Segunda Guerra mundial foram ‘pagas’ via “financial repression”.

“A inflacao per si nao corroeu nada. Mas cada vez que vinha um "plano de estabilizacao", o estoque da divida era sem duvida alguma reduzido, pela correcao monetaria fajutada pela famosa "expectativa futura".”

Isso é o mesmo que dizer que não foi o revólver que matou José, mas sim a bala.

“Alias, "O", se a inflacao tivesse resolvido o ciclo gastanca/endividamento/gastanca/endividamento, nao precisava de plano de estabilizacao nenhum, certo, cumpadre?”

Não entendi a conexão lógica.

Alex,
Estava assistindo o programa Canal Livre e olha o que o "renomado" ex-ministro da fazenda Bresser-Pereira disse: "você deveria ser um economista inteligente e não um economista que só sabe fazer modelinhos matemáticos" Quanta conhecimento da parte do nosso ex-ministro, não?
E ainda disse: "A solução para a Europa consiste em fazer uma expansÃo monetária!" Será que a solução para a Europa é realmente uma expansão monetária? Ou será que esse economista faltou a aula sobre expectativas racionais e não sabe que a moeda neutra?
Abraço!

“Ou será que esse economista faltou a aula sobre expectativas racionais e não sabe que a moeda neutra?”

E quem foi o sociopata que te ensinou essa sandice de que moeda é neutra?

"E quem foi o sociopata que te ensinou essa sandice de que moeda é neutra?"

Mas... É.

"E quem foi o sociopata que te ensinou essa sandice de que moeda é neutra?"
Pô, o cara ficou 30 anos com um bigodão tipo Zenon achando que estava na moda, vai tirar agora? Espera um pouco que "moeda neutra" vai entrar na moda de novo!

"E quem foi o sociopata que te ensinou essa sandice de que moeda é neutra?"

Talvez o mesmo cara que ensinou este aqui:

A velha escola europeia nos ensina que a moeda não tem poder sobre o preço da mercadoria e tampouco sobre o estado de trocas; então, a moeda é neutra.

No Valor de ontem. Detalhe, ele defende a "velha escola europeia", seja lá o que for isso.

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/28/teoria-dominante-versus-velha-escola-europeia

Esse artigo do valor é tão ruim, mas tão ruim, que até parece sátira...Meu Deus, quanta sandice!