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quinta-feira, 29 de março de 2007

Quem está errado?

"Novo PIB prova que BC errou, diz Delfim

A revisão do PIB promovida pelo IBGE desmonta uma das principais teses defendidas pelo Banco Central, a de que o país não poderia crescer mais de 3%, senão haveria o risco da volta da inflação. O país não só cresceu a um ritmo mais acelerado, de 3,4% nos últimos quatro anos, como a ameaça da inflação não se confirmou. A análise é de Delfim Netto, um dos maiores críticos da política monetária do Banco Central e também da tese de que o país tinha um limite para o crescimento, o chamado PIB potencial. Delfim sempre achou que essa tese carecia de argumentos científicos."A coisa mais importante que essa revisão do IBGE fez foi mostrar que o Brasil tem condições de crescer a um ritmo maior do que 3% sem produzir inflação", afirmou. "Espero que isso sirva como lição de humildade para aqueles que pensam que dominam a ciência chamada economia."" (Folha de S. Paulo, 29 de março de 2007)

Meu comentário: novo PIB mostra que Delfim errou

Já o ministro Delfim dizia que a economia crescia bem menos do que efetivamente cresceu e criticava o BC por isto. Mesmo deixando de lado que em documento algum do BC se acha menção à impossibilidade de crescer mais que 3% (mito cuidadosamente construído pelo sempre hábil ministro, que só agora mudou o número de sua criação de 3,5% para 3%), uma metáfora simples ajuda a compreender o problema.

Segundo o ministro o BC errou por considerar que o limite de velocidade para conduzir o carro era 60 km/h, quando na verdade seria 80 km/h. Isto seria um problema se o carro tivesse andado de fato a 60 km/h. Só que o ministro deixa de dizer que os mesmos dados que sugerem um limite mais alto de velocidade também mostram o carro não estava a 60 km/h (como acusava o ministro), mas a 80 km/h.

O ministro pode até achar que o crescimento potencial do PIB é mais alto do que o BC avalia (é um economista competentíssimo), mas usar os novos dados de crescimento do PIB para sugerir que o crescimento potencial é mais alto, omitindo que o crescimento da demanda agregada (resultado, dentre outras coisas, da política monetária) também foi mais alto, é um truque retórico algo barato...

2 comentários:

Alexandre,

ainda q bem atrasado em relaçao a data do post (pois soh agora descobri o blog), o comentario-pergunta q faço eh:

independente do numero de 3 ou 3,5, e se o bacen afirmou ou nao q havia tal limite, alem do fato do crescimento atingido descaracterizar um hipotetico exagero de cautela, eh se a propria mudança na metodologia do calculo nao invalidaria este tipo de cobrança? ou seja, a gestao da politica monetaria anteriormente se balizava em uma matriz de dados de produçao, e hj parte de outra.

abs,

Marcus:

É sem dúvida melhor trabalhar com dados mais confiáveis. Acontece que o BC não se prende apenas aos dados do PIB, até porque economistas experientes sabem das vantagens e limitações destes dados. Há evidências complementares, seja pelo lado da produção industrial, seja pela utilização de capacidade instalada, ou ainda o mercado de trabalho, que permitem aferições razoavelmente independentes do que ocorre com a atividade e como esta última afeta os preços.

Para manter a analogia, independente do velocímetro mostrar 60 ou 80 km/h, o bom motorista tem formas de saber se a velocidade é adequada, por exemplo se o ruído do motor ou a vibração do carro sugerem uma viagem tranquila ou problemas à frente.

Abs,

Alex