Um dos leitores desse blog pediu-me para definir pós-keynesianismo.
Vou explicar como nenhum pós-keynesiano poderia.
Em sua essência, pós-keynesiano é um economista que não desenvolveu as capacidades cognitivas ou analíticas para raciocinar em equilíbrio geral.
Por exemplo, escreve o Professor Marco Resende da UFMG:
“Embora esteja disseminada na literatura econômica do maistream e nos meios de
comunicação a idéia de que a poupança é um pré-requisito para o
investimento, este argumento não é consensual na literatura.”
Somente um pós-keynesiano engajaria nessa discussão sobre quem vem primeiro, o investimento ou a poupança. Este diálogo não passa de uma manifestação de um vazio cognitivo onde deveria haver um feixe de neurônios gritando: “Tal pergunta não faz sentido, afinal investimento e poupança são determinados simultaneamente!”
O investimento e a poupança, assim como o desemprego, a taxa de câmbio real, o nível de preços, o nível de atividade econômica, o balanço em conta corrente, entre outras, são variáveis endógenas, isto é, são determinadas simultaneamente dentro do sistema econômico (em equilíbrio geral). Quem é incapaz de entender este conceito, não é um economista de verdade e tem mais que tirar carteirinha da AKB...
Em um sistema macroeconômico, além dessas variáveis endógenas, existem também variáveis de política, como a taxa nominal de juros (SELIC), as alíquotas dos impostos, as reservas compulsórias dos bancos, a estratégia financeira do setor público, o salário mínimo nominal, a taxa de câmbio em que o governo compra ou vende moeda estrangeira quando o câmbio é fixo, a alíquota do IOF etc; e variáveis exógenas, como o preço do frete marinho, a política fiscal chinesa, os choques climáticos como o El Niño e todas as ações que podemos acreditar que não sejam influenciadas pelo que ocorre no Brasil (o que vai fazer o Bank of England amanhã?).
Faz sentido se perguntar o que acontece com a poupança se “o câmbio” se depreciar? Não! É uma pergunta mal colocada, pois não tem resposta independente do contexto.
Vejamos... Quando acontece um aumento no preço de nossas exportações, vários mecanismos tendem a causar uma apreciação da taxa real de câmbio, e no caso dos agentes econômicos considerarem a melhoria nos termos de troca como temporária, também um aumento em nossa poupança. Por outro lado, se o nosso governo aumentar suas compras de bens não-negociáveis, uma apreciação da taxa real de câmbio seria esperada (segundo ampla literatura empírica), assim como uma deterioração da poupança nacional (porque equivalência ricardiana é um conto de carochinha). Resumindo, a correlação diferente entre a poupança e a taxa real de câmbio é dependente do contexto.
Esta falta de noção dos pós-keynesianos tem conseqüências para o mundo real. Do vácuo cognitivo na cabecinha dos membros da AKB, idéias equivocadas brotam como fungos no pasto depois da chuva. Afinal se nós podemos afirmar que variável endógena ‘bolinha’ não é realmente endógena, então nosso horizonte para alterar a realidade se torna mais amplo.
Por exemplo, a questão do câmbio. É comum que nossos pós-keynesianos enunciem que um câmbio mais depreciado faria maravilhas para a economia (aumentaria o investimento, a poupança, o crescimento etc). Mas de onde vem o câmbio depreciado? Daí temos que discutir política econômica. Existem várias alavancas que podem ser puxadas para atingir o objetivo do câmbio depreciado. Algumas são altamente malignas para o bem-estar da população. Outras podem depreciar o câmbio real, ao mesmo tempo que destroem o incentivo para investir.
Como o Keynes de bobo não tinha nada, ele criou o conceito de animal spirits para amparar a idéia de investimento autônomo (isto é, os capitalistas investem quando lhes dá na telha) e assim justificar que o sistema não tenha feedback loops ou determinação simultânea. Nossos pós-keynesianos tomam literalmente um truque de retorica de Keynes e tornam-no uma licença para não processar feedback loops.
Assim, na desvirtuação tupiniquim, eles organizam na cabecinha um sistema recursivo em que o investimento vem antes e determina a poupança. É mais fácil de explicar e provavelmente é tudo que eles conseguem entender mesmo. Mais ainda, eles querem argumentar que podem determinar a taxa de câmbio real e assim afetar a decisão de investimento (que afinal não é determinado apenas por animal spirits!), mas para isso faz-se necessário que a taxa de câmbio não seja afetada pela taxa de poupança, pois do contrário haveria um feedback loop e as cabecinhas não seriam capazes de processar ou poderiam chegar a conclusoes não do gosto deles... Então faz-se necessario argumentar ad nauseam sobre a irrelevância da decisão de poupança, chegando alguns ao extremo da boçalidade de escrever que a poupança é um resíduo da decisão de consumo, portanto irrelevante (a decisão de consumo e poupança são a mesma decisão).
Voltando ao ponto principal e resumindo:
Pós-keynesianismo é uma escola de pensamento única, pois pode ser definida por uma deficiência cognitiva compartilhada por seus adeptos.
À medida que economistas estudam mais e aprendem a pensar em termos de equilíbrio geral, eles abandonam o pós-keynesianismo. Eu mesmo passei por isso – quando tinha 19 anos, eu era fascinado pelos escritos do Cardim de Carvalho ou do Bresser Pereira, afinal pós-keynesianismo é fácil, deixa estudantes que ainda não criaram o hábito de pensar mais profundamente se sentirem inteligentes, qualquer aluno medíocre de graduação pode ler qualquer artigo do Journal of Post-Keynesian Economics.
71 comentários:
Isso é bobagem e a explicação será bobagem também. Teorizações fora do equilibrio geral são possíveis e não são fruto de incapacidade cognitiva ou analitica. Dentro do próprio mainstream é possível pensar, por exemplo, na teoria dos jogos como uma base metodológica distinta da base do Eq. Geral. O Mario Henrique Simonsem, que eu tenho certeza entendia um pouco mais de Economia que o tio "O" (pra não falar em topologia e análise que são fundamentais no entendimento metodológico do Eq. Geral a la Arrow e Debreu)foi um defensor de uma Macro baseada em Jogos e tinha muita desconfiança do Eq. Geral. Você conhece mais equilibrio Geral que o Simonsen Tio "O"??
Vc não está entendendo, o "O" criou a própria teoria econômica, sozinho. Não o compare com reles mortais, como o professor Simonsen, pq é óbivo que a capacidade cognitiva do ilustre "O" é superior. Já está em pauta a premiação do "O" como a ser (humano?) mais inteligente de todos os tempos, entre todas as pessoas que já passaram pela via láctea.
Aceite o fato, ornitorrinco.
"Em sua essência, pós-keynesiano é um economista que não desenvolveu as capacidades cognitivas ou analíticas para raciocinar em equilíbrio geral."
Ótima definição. É possível colocar as palavras "turma do pensamento mágico?"
Esta turma apoderou-se das federais (até da FGV-SP, verdade que com exceções.). Só quem tiver pensamento mágico (ou embotamento cogninitivo) consegue entrar no corpo docente das federais (reprovaram o Edward Amadeo na UFRJ e aprovaram o Pochman).
E vc, tio "O", pode ser definido como "UM MERDA".
Sai dos EUA, e mostra sua identidade...
Meus caros,
Só um pequeno comentário sobre o primeiro comentário (o da teoria dos jogos). São duas as possibilidades. Se for de um aluno de graduação esforçado de um curso não tão bom (a imensa maioria no país), eu diria que o comentário é interessante, um pouco equivocado e sugeriria ao aluno continuar estudando. Se for alguém com mais bagagem acadêmica (pelo menos os créditos de mestrado), eu ficaria horrorizado e o mandaria entrar na justiça contra a escola onde estudou. Como qualquer um bem formado deve saber, os grandes avanços teóricos da econômia nas últimas décadas se baseiam no fato dos mercados serem incompletos principalmente devido a problemas informacionais, o que gera uma série de questões, problemas e análises ultra-interessantes. A coordenação social não se dá via mercados completos mas através de mecanismos que são, por definição, jogos. É impressionante a ignorância desta gente.
Saudações.
O Pochmann é professor da Unicamp (estadual) e a tese de doutorado e alguns papers do Amadeo sao bem aceitos em meios heterodoxos nacionais e internacionais.
Humberto
Ótima definição esta do "pensamento mágico"! Embora eles enfatizem a importância de incerteza, eles encontraram a solução mágica para os problemas da humanidade: com toda certeza, é só aumentar G! Tal qual os marxistas, eles descobriram a verdade (na terminologia marxista, a "essência"), enquanto que economistas de mainstream trabalham com modelos desconstituídos da realidade (o mundo das "aparências"). Haja saco para lidar com este povo!
"mostra sua identidade..."
Faço isso em público não...
"O Pochmann é professor da Unicamp (estadual) e a tese de doutorado e alguns papers do Amadeo sao bem aceitos em meios heterodoxos nacionais e internacionais.
Humberto"
A UNICAMP é do estado (dizem que uma patota de pensamento mágico). O Pochman, pelo que publicou na imprensa, enquadra-se perfeitamente no pensamento mágico e no embotamento cognitivo."
As federais (coloque aí a UNICAMP) são cartórios (infelizmente, não só economia). Tudo proteção e conchavo. Não sei se um doutorado destes tem valor. Recorro ao "O" e ao Alex para ter uma opinião mais abalizada. Posso ter preconceito por não gostar dos escritos desta turma.
Quem assina esse texto?
Quem é voce "O" que diz que Cardim de Carvalho dissemina conhecimentos basicos?
Enfim, quem assina esse artigo?
Qual a relevancia em aprender o principio da substituição para quem estuda o equilibrio geral?
O que acha a respeito da Controversia de Cambridge?
E os que aprenderam a raciocinar em equilibrio geral chutaram as criticas sraffianas pra baixo do tapete...
"Quem assina esse texto?"
"O" Anonimo, ora bolas!
Opa! Mesmo aa distancia, vou comentar. Quem acha que o Sraffa fez uma critica ao Equilibrio Geral precisa voltar correndo para a escola. A Controversia do Capital relacionava-se aa questao de agregacao de bens em capital num modelo multiproduto. Se cada insumo for tratado separadamente (ie, sem agregacao), estilo Arrow-Debreu, o problema desaparece. Se quaquer coisa, os modelos de equilibrio geral saem fortalecidos e os modelos macro nao.
Por este motivo, a critica sraffiana foi ums autentica Vitoria de Pirro. (Quem quiser saber da historia de Pirro pode perguntar).
P.S. Quem citou o Simonsen, favor se jogar da janela. voce nao nasceu para ser economista.
Por este motivo, a critica sraffiana foi ums autentica Vitoria de Pirro. (Quem quiser saber da historia de Pirro pode perguntar).
Qual é a história de Pirro?
O anonimo ignorante do primeiro poste que esta prestes a se jogar da janela pq citou Simonsen:
Pelo que sei existem sim muitas discussões sobre mercados incompletos em curso, mas no contexto de equilibrio geral o que se faz geralmente é supor a existência de ativos artificiais que de certo modo tornam os mercados completos. O Aloisio de Araujo quando teve na USP em um debate a algum tempo atrás ainda citou os mercados incompletos como problemas para o Eq. Geral e classificou Jogos como um outro Universo metodológico, o que quero dizer é que é possível pensar sem Eq. Geral. [Não devia citar o A.Araujo???]
Marco Flávio Resende foi meu professor na matéria Macro IV(economia monetária) na UFMG e é um excelente professor. Só que para meu desgosto todo o seu curso não ouvi nem um palavra sequer sobre Friedman...tudo precisavamos ler sobre economia monetaria era Davidson, Vitória não sei oq, Cardim de Carvalho, o próprio Keynes, Dequech e por ai vai.....
Fiquei convencido do que o professor Emanuel Kohlscheen disse era verdade. A escola keynesiana modela o ser humano como tendo a intelegência de um macaco, e dos burros ainda
Alex, por favor, me responda. Vc compartilha da opnião que a propaganda do Satander tenta expor, contrapondo o pensamento clássico de Adam Smith.
Meus Deus tu é muito Burro mesmo seu IDIOTA, ALEXANDRE...(CAREQUINHA)
SABE NADA DA CONTROVERSIA DE CAMBRIDGE.
QUEM FEZ CRÍTICA DA CONTROVERSIA DO CAPITAL FOI JOAN ROBINSON (1956)THE ACCUMULATION OF CAPITAL, NICOLAS KALDOR, LUIGI PASINETTI. PROFESSORES COMO CHAMPERNOWNE, LORD KAHN, E PIERO SRAFFA NÃO PARTICIPARAM ATIVAMENTE DESSE DEBATE.
CONTRA CAMBRIDGE AMERICANA (MIT).
TU É PICARETA, BEM COMO OS MODELOS DE GROWTH ACCOUNTIG, RBC, ATE´HOJE NÃO DERAM RESPOSTA CONVINCENTE A CRITICA DE CAMBRIDGE.
DEVE SER POR ISSO QUE OS MODELOS DE CRESCIMENTO ENDÓGENO NÃO SE APLICA PARA PAÍSES NÃO LIDERES EM TECNOLOGIA E TU E OUTROS BOBÃO FICAM SE ILUDINDO COM PRODUTIVIDADE E EFICIÊNCIA COMO OS ÚNICOS DETERMINANTES PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO.
DUAS TECNOLOGIAS JUNTA JÁ FODE TODO MODELINHO DE VCS EM QUESTÕES DE CRESCIMENTO ECONÔMICO DE LONGO PRAZO
SAUDAÇÕES CAREQUINHA TU É REALMENTE MUITO FRACO TEORICAMENTE...NOSSAAAAA
Alguém conhece algum PK sério ou é tudo farinha do mesmo saco?
cUSTO ALTO? VITÓRIA DE PIRRO...
VAI TE FOMENTA INTELECTUAL DE BLOG.
CRITICA DE SRAFFA É UM ALENTO A PICARETAGEM QUE É OS MODELOS DE CRESCIMENTO ENDOGÉNO, MODELOS DSGE (MODELOS DO AGENTE REPRESENTATIVO DO MUNDO DE PANDORA. FIRMA REPRESENTATIVA E SUA FUNÇÃO DE PRODUÇÃO, PADRÃO PARA TODOS OS TIPOS DE FIRMA (KKKKK)
AGENTE HOUSEHOLD IDIOTA QUE MAXIMIZA MESMA FUNÇÃO UTILIDADE ISOELÁSTICA..É PARENTE DO DUREX, ELÁSTICO? (KKKKK)
QUE PICARETAGEM MAIOR QUE RIGIDEZ DE PREÇOS A LÁ CALVO (1983) SE ISSO NÃO É AD HOC PELO AMOR DE DEUS DEVE SER A TUA ARROGÂNCIA E TUA CAREQUINHA (KKKK)
ABRAÇÃO CAREQUINHA, HETERODOXOS TOMANDO CONTA DO BRASIL, QUE DIGA O PLANO ECONÔMICO DO SERRA...E OS CENTROS DE PÓS GRADUAÇÃO DO BRASIL.
INTELECTUAL DE BLOG
"chegando alguns ao extremo da boçalidade de escrever que a poupança é um resíduo da decisão de consumo, portanto irrelevante"
Keynes em sua Teoria Geral:
Income is created by the value in excess of user cost which the producer obtains for the output he has sold; but the whole of this output must obviously have been sold either to a consumer or to another entrepreneur; and each entrepreneur’s current investment is equal to the excess of the equipment which he has purchased from other entrepreneurs over his own user cost. Hence, in the aggregate the excess of income over consumption, which we call saving, cannot differ from the addition to capital equipment which we call investment. And similarly with net saving and net investment. Saving, in fact, is a mere residual. The decisions to consume and the decisions to invest between them determine incomes.
Obrigado Sr."O", este post clareou minha mente. Muito bom.
Abs, BobFields
"[Não devia citar o A.Araujo???]"
Não deveria citar o que você não entende...
"Marco Flávio Resende foi meu professor na matéria Macro IV(economia monetária) na UFMG e é um excelente professor. Só que para meu desgosto todo o seu curso não ouvi nem um palavra sequer sobre Friedman."
Com todo o respeito seu professor não deixa muito a desejar. Deixar de falar em Milton Friedman em curso de política monetária? Mas nem para falar mal? O Friedman faz parte da história do estudo de política monetária. O professor é extremamente parcial (ignorante não deve ser), deixando de indicar bibliografia e de estimular os alunos a estudarem todas as linhas de pensamento.
É o mal que falei das federais.
A turma só pensa em maracutaias e privilégios (são verdadeiros feudos). O pior é que ajudo a pagar (impostos).
Do primeiro comentário:
"na teoria dos jogos como uma base metodológica distinta da base do Eq. Geral".
Você já abriu o MWG e viu que no final do capítulo de equilíbrio geral tem uma prova de existência que é baseada na mais prova mais original (AD e Mckenzie)? Essa na verdade foi a primeira prova de existência e leva em consideração o comportamento estratégico dos agentes.
Dizer que Eq geral ou Jogos tem uma "base metodológica distinta" é muita falta de conhecimento. Eu sugiro profundamente uns cursinhos mais avançados para ajustar as suas idéias. Se for professor, abre o livro do Sargent dá uma lida e depois faz essa mesma afirmação.
Pós Keynesianos são pessoas que entram no curso de pós graduação em ECONOMIA para estudar ECONOMIA, e não MATEMÁTICA.
Preferem se aprofundar no debate filosófico por trás dos modelos e fenômenos a ficar decorando demonstrações e teoremas matemáticos.
Cada um faz suas escolhas.
Não deveria citar o que você não entende... [exercício de retórica do Tio "O"] . . .
Eu só um dos que acusam o Simonsen de ter sido um péssimo policymaker. Ele foi um dos gestores da economia na pior ditadura que o Brasil encarou. Criou muitas das ineficiências microeconômicas que ainda estão por aí, principalmente a cartelização da Petrobras, sem falar na estratégia errada do endividamento externo (se bem que ex-post é fácil falar). Para quem não sabe, ele andava pelos corredores da Petrobras com sua HP calculando o preço ótimo da gasolina. Inventou a indexação – assimétrica obviamente! Para quem não sabe, foi também gestor de política salarial, com picos e médias e o escambau, resultando tudo obviamente em arrocho salarial. Acredito que tenha sido o mentor também dessa famigerada política salarial. Para quem não sabe, o Simonsen disse na Veja: No atual estágio do conhecimento econômico não se pode levar a serio Marx, Friedman e Hayek – Os paleoliberais não se incomodam com isso? Para quem não sabe, o Simonsen disse, referindo-se ao indice de preços de um dado mês que incomodava a milicada, que a causa da inflação, no mês, era por conta do chuchu, como vem agora o Mantega dizer que a inflação é por conta do tomatinho. Não o conheci pessoalmente, mas acho que o seu desempenho na prática de política econômica foi muito ruim. Para consolar, o Lucas lembra que o mesmo aconteceu com o Samuelson na era Kennedy. Enfim, quem tiver bons depoimentos sobre a sua prática de política econômica que nos dê as informações, eu muito apreciaria. Para quem nutre simpatia por ele, não tome meu depoimento como algo pessoal. Isso é política, tal qual ele fez também.
”... Saving, in fact, is a mere residual. The decisions to consume and the decisions to invest between them determine incomes.”
Keynes estava errado neste trecho e em outros pontos também. Isso não faz dele um boçal porque ele estava cozinhando o melhor guisado com os ingredientes disponíveis em seu tempo. Tanto que o edifício que foi construído sobre seu trabalho é influente até hoje, este próprio escriba pode ser caracterizado como ‘keynesiano’.
Entretanto, um economista contemporâneo que não entende que existe uma decisão de poupança que é simultânea à decisão de consumir e investir é ou um boçal ou um ludita.
Aliás esta é uma metáfora interessante... As escolas brasileiras de economia que focam seus cursos na interpretação literal de ‘economistas clássicos’ são tão anacrônicas e inúteis quanto uma escola de engenharia elétrica que ensine a desenhar televisões analógicas ou uma escola de ciência de computação que não vá além do Cobol.
A respeito de Simonsen: conheci, foi paraninfo de minha turma (ele tinha na época 32 anos). Já era muito bem conceituado. De fato as primeiras turmas da FGV-Rio eram fãs de Keynes (Friedman não era elogiado, mas longe de ser ignorado). O Simonsen deve ser analisado também pelo que deixou escrito (testemunho que ele não tinha nem era da turma do pensamento mágico). No fim da vida era um liberal autêntico (claro que adequando leitura de escritos anteriores ao momento em que vivia). Qualquer pessoa mais ou menos racional sabe que deve adequar escritos de épocas anteriores ao tempo em que vive (incluindo aí a cultura que foi acumulando-se). Todos de bom senso dão este desconto. Exercer um cargo em um governo militar autoritário, de fato ditatorial (resultado do que eles próprios chamavam de revolução, vide AI 2 e 5), com viés nacional-desenvolvimentista, exige adequações a realidades que nem sempre concordamos. Quem exerce ou já exerceu cargo executivo ou diretivo sabe disto, a sobrevivência exige maleabilidades, ou deixar de participar e não fazer nada, omitir-se, acovardar-se.
Seus últimos escritos concordam com o que o "O" ou o Alex escrevem.
Sua origem foi a engenharia. Foi para a área econômica convidado pelo Gudin (escreveu parte do livro Princípios de Economia Monetária do Gudin). Considerando a época (e as condições) em que viveu, superou-se (da época foi o ou dos melhores). As influências dos economistas no Brasil e a literatura da época eram muito fracas. Teve sorte de conviver com a turma da FGV (salvou-se da turma de esquerdinhas derrotados pelo tempo). As apostilas da EPGE-FGV era o que tinha de melhor (de fato para a época eram ótimas, superior a tudo publicado em português). Por ser filho de comerciantes sempre tive um pensamento mais para o liberal (não critiquem pois podia ser para o conservador). Na verdade não gostava do comunismo ou socialismo (qualquer apelido que tivessem as ideias totalitárias e ditatoriais). Estudava o pensamento de Keynes através de apostilas e de livros que falavam a respeito(o dia que li o Teoria Geral fiquei admirado, mas mudei de lado). Lembro até hoje quando critiquei o pensamento com o guru. Ele disse mais ou menos isto: desconsidere as conclusões sociológicas, aproveite o resto. Alguns anos antes do fim, indo a uma palestra, conversei a respeito e disse mais ou menos isto: acho que estava certo sobre Keynes (com relação à inflação escreveu quase tudo errado). Ele respondeu: parabéns, de fato estava, mas não deixe de considerar que a rica colaboração para macroeconomia. Considero que a Macro começou de verdade com Keynes. Mas concluiu errado: existe uma taxa natural de desemprego, como ensinou Friedman. Pleno emprego é o início do processo inflacionário e da estagflação. Simplificando Keynes e Friedman.
Perguntas sobre práticas pós-keynesianistas.
É considerado pós-keynesianismo a capitalização do BNDES, iniciada no ano passado, com R$ 180 bilhões? São procedentes os rumores sobre um novo aporte de R$ 100 bilhões para financiar o PAC II e as obras da copa do mundo?
Os que aprovaram um empréstimo de R$ 100 milhões no BNDES para um frigorífico que faliu 3 meses depois são pós-keynesianos?
É pós-keynesiano o Tesouro aportar no BNDES valores nesse montante, sabendo que os empréstimos que o Tesouro toma no mercado têm um custo maior do que aquele que o BNDES oferece às empresas? Isto é, é pós-keynesiano o Tesouro pagar mais caro pelo dinheiro que repassa ao BNDES para que o banco ofereça aos interessados empréstimos a um custo inferior ao que se pratica no mercado?
É pós-keynesiano o truque contábil que parece querer ocultar os futuros esqueletos (originados dos aportes do Tesouro ao BNDES e que podem chegar, até o momento, a R$ 280 bilhões) no fundo armário da dívida líquida?
Sou leigo na matéria e faço uma confusão danada com os conceitos, quero saber se estou pensando certo. Não são perguntas retóricas. São perguntas mesmo. Quero saber se o meu raciocínio está correto. Claro, que sempre considerando a disponibilidade e a paciência que os participantes do blog podem dispensar aos que não estão familiarizados com os meandros da economia, pós-keynesiana ou não.
Se o Tesouro lança contabilmente os aportes ao BNDES como dívida líquida, está se supondo que no longo prazo esses aportes estarão retornando ao local de origem, i. é., ao Tesouro. Certo? Se sim, e o que não voltar, como no caso do frigorífico? E se mil frigoríficos como esse desabrocharem no jardim pós-keynesiano? E o subsídio embutido no aporte provável de R$ 280 bilhões repassado ao BNDES, como vai retornar ao Tesouro? O FAT é o fundo por excelência do BNDES e é remunerado com taxas equivalentes ao que o BNDES pratica junto aos tomadores. Mas, e esses aportes do Tesouro? Não são a mesma coisa. Se o meu raciocínio está correto, os aportes custam ao Tesouro mais do que os tomadores pagam ao BNDES. Se os aportes do Tesouro têm um custo superior ao que o BNDES oferece aos seus tomadores, como é contabilizada essa diferença?
Por último, no caso concreto desses R$ 100 milhões que foram jogados pós-keynesianamente em uma empresa falida, quem vai pagar a conta? Os pós-keynesianos tenho certeza que não. A conta será apresentada aos que, em primeira e última instância, são os donos da dinheirama do governo, isto é, os cidadãos contribuintes.
Minhas perguntas estão referidas ao que li no artigo do professor Oreiro, escrito a três mãos, para o PPS e comentado pelo “O” em post anterior. No artigo está escrito que o novo-desenvolvimentismo articula-se por dois eixos estratégicos. Do primeiro eixo, destaco a passagem que defende “financiamento a custo baixo para o investimento em capital fixo e para o capital de giro das empresas”, que originou as perguntas.
Paulo:
Respondo estas perguntas quando puder postar de algo
mais facil que um iPhone.
Abs
Alex
O infeliz que afirmou ter ido estudar ECONOMIA e nao matematica eh equivalente ao analfabeto que diz nao ter aprendido a ler porque quria estudar HISTORIA.
Nao eh aa toa que aparece tanto "anarfa" por aqui.
"O",
Vc. tem uma interpretação muito simples do que seja pós keynesianismo. Segundo Rudiger Dornbusch (me lembro de ter lido, mas não lembro aonde), "pk é uma coleção eclética de idéias, não um ataque frontal à teoria convencional." Em sendo apenas uma coleção eclética de idéias, pode ser muito, muito pior do que vc. descreveu, pois depende do ecletismo de cada autor pk.
Eu diria que não tem relação. PKs são apenas merda de segunda que não conseguiram fazer uma carreira estudando economia de verdade. Já a turma que aloca credito para os frigoríficos da vida faz parte de outro jogo, bem mais barra pesada. Quem mexer nesse vespeiro pode acabar como o Celso Daniel.
"E se mil frigoríficos como esse desabrocharem no jardim pós-keynesiano? "
Não tenho medo de 1000 frigoríficos, mas de uma Petrobras. Se as expectativas (otimistas) sobre o pre-sal não se confirmarem, vai ser um nabo gigantesco.
Um nabo de U$ 40 bilhões, que supostamente equivaleriam a 5 bilhões de barris de petróleo. Como será feita a mágica de transformar o que está nas profundezas do pré-sal nesse equivalente?
Típica jabuticaba.
Se vale tudo isso, e por hipótese concordando com a operação (sou contra. O país tem outras verdadeiras urgências para investir esse monte de dinheiro), por que não se fez um leilão dos 5 bilhões de barris com objetivo de capitalizar com dinheiro de verdade a empresa?
Ficarei no aguardo do post, Alex.
Leio e aprendo não só aqui. O Professor Werneck da PUC-RJ também costuma escrever sobre as mágicas e os mágicos. Em seu último artigo, falou dos choramingas do fim da CPMF:
“Basta uma conta fácil para compreender o fascínio de Lula pela CPMF. Tratava-se de um tributo que, com uma alíquota de “apenas” 0,38%, gerava uma arrecadação de R$ 38 bilhões em 2007. Dividindo-se a arrecadação pela alíquota, pode-se estimar a fabulosa base fiscal sobre a qual a contribuição incidia. Nada menos que R$ 10 trilhões. Valor cerca de quatro vezes maior que o PIB de 2007.”
(percebes como este singelo raciocínio conduz a uma fundamental indagação, ó pós-keynesiano que odeia matemática? Viu como ela é vital?)
Qual era a mágica? Leiam aqui:
http://www.econ.puc-rio.br/rwerneck/pdf/vfd2010-0402.pdf
PS.: Defendo o voto em José Serra em quem reconheço todos os méritos para se tornar um dos grandes presidentes do Brasil.
No entanto, como alerta o professor Werneck ao final do artigo, “é bom lembrar que, não obstante a tenacidade dos senadores oposicionistas, o Governador José Serra defendeu até o final a prorrogação da CPMF. E tentou de todas as formas desarticular a coalizão contrária à emenda no Senado. Não teve sucesso, mas é pouco provável que tenha mudado de idéia. A resistência à recriação da CPMF, portanto, estará restrita ao Congresso. E a seus eleitores”.
Jogos e Eq. Geral tem diferenças metodológicas importantes, mas não vou discutir isso com quem fica orelhando livros . . . Evidentemente algumas coisas são basilares para ambos os campos, a principal delas é a utilização de teoremas de ponto fixo que foi o passo a mais dado pela economia-matematica do meio do século passado . . . mas enfim que continue o barulho . . . Quanto ao Simonsem, se citar Simonsen em um debate descredencie alguém enquanto economista certamente estou em um grupo significativo de não economistas que o citam e elogiam tais quais o prof. Fernando de Holanda Barbosa, e o prof. Rubens Penha Cysne [top 5% no REPEC] . . . Sigo [des]entendendo as coisas
Além dos R$ 280 bilhões do BNDES, não esqueça de somar a proposta pos keynesiana de criar um fundo de estabilização cambial com R$ 300 bilhões oriundos do Tesouro também.
É quem em nome da "incerteza pos keynesiana", que leva os empresários a investirem quando dá na telha, como o "O" falou, o Estado deve arcar com tudo, incluindo juros reais negativos.
E não importa ao final quem paga a conta ou como isto afeta negativamente a distribuição de renda.
Pós Keynesiano é o economista que encontrou o ponto G da economia.
"Marco Flávio Resende foi meu professor na matéria Macro IV(economia monetária) na UFMG e é um excelente professor. Só que para meu desgosto todo o seu curso não ouvi nem um palavra sequer sobre Friedman."
Com todo o respeito seu professor não deixa muito a desejar. Deixar de falar em Milton Friedman em curso de política monetária? Mas nem para falar mal? O Friedman faz parte da história do estudo de política monetária. O professor é extremamente parcial (ignorante não deve ser), deixando de indicar bibliografia e de estimular os alunos a estudarem todas as linhas de pensamento.
É o mal que falei das federais.
A turma só pensa em maracutaias e privilégios (são verdadeiros feudos). O pior é que ajudo a pagar (impostos).
10 de abril de 2010 11:54
Parcial é pouco. Você não imagina como é a aula do Marco Flávio Resende na cadeira Macro II na UFMG. É mais ou menos um atleticano falando do cruzeiro. Chega a ser covardia um doutor como ele ser tão parcial em uma matéria de 2º semestre, os alunos ficam totalmente tendenciosos a ser keynesianos e detestar qualquer coisa ortodoxa. Venha à FACE da UFMG e procure um aluno de economia a partir do 3º período, praticamente todos detestam microeconomia e qualquer hipótese de racionalidade. Não sei se nas outras federais isso é também um problema, mas na UFMG a resposta para tudo é a "...incerteza não probabilistica....
“Tal pergunta não faz sentido, afinal investimento e poupança são determinados simultaneamente!”
A simultaneidade da determinação não quer dizer que não haja causalidade.
Bento
Achei interessante esse argumento que existem duas formulacoes independentes da teoria economica: uma baseada no equilibrio geral e uma baseada em teoria dos jogos.
Eu nao sei nada de economia, mas ja soube algo sobre sistemas dinamicos. Eu aposto que uma formulacao baseada em teoria dos jogos teria condicoes de otimizacao expressadas por equacoes diferenciais que devem ser equivalentes as equacoes diferenciais associadas ao equilibrio geral. Se nao, ha algo errado! Isso parece ser uma observacao primaria e amadora, e seria um choque enorme se algum economista competente nao tiver estabelecido essa relacao ha uns 30 ou 40 anos atras.
PIG
"procure um aluno de economia a partir do 3º período, praticamente todos detestam microeconomia e qualquer hipótese de racionalidade"
Aqui na UFES é assim também.
Você começa a ver a micro neoclássica, e eles dizem que ela não é realista. Mas você tem de estudar, porque senão o curso de Organização Industrial não tem sentido, porque lá eles vão destruir a curva de oferta e demanda. Matar o Marshall.
Ou seja, você não aprende micro neoclássica, porque psicologicamente, você escuta desde o primeiro dia que ela não tem validade para nada. Mas ela não é a única sacrificada no altar do pluralismo. Outro maldito é o modelo IS-LM. Modelo simplista e fora da realidade, incapaz de explicar a realidade e que deturpa a obra original do Keynes. E aí também não aprendemos macroeconomia.
Bem as disciplinas de matemática, estatística ou econometria são dadas, mas mesmo que alguém faça um excelente curso destas matérias, acabam ficando perdidas. Pois não há aproveitamento nem professores orientadores dispostos a trabalhar com elas.
Ou seja, é tudo perdido. Microeconomia neoclássica não vale a pena aprender, pois é irrealista. A Macroeconomia ortodoxa é sem fundamentos, não deve ser considerada. E a matemática e a econometria não é capaz de captar ou reproduzir a realidade, então temos que desconsiderá-las.
E assim você perde 4 anos da sua vida e não tem condições de fazer a prova da ANPEC.
E o que você acha que aprendeu, não explica nada do mundo real.
Só resta o desenvolvimento econômico da Unicamp...
Pergunta:
Sem feedback loops da renda para o consumo ou investimento, como dois mecanismos clássicos da tradição keynesiana -- multiplicador e acelerador do investimento -- podem ser explicados?
Acho que fica difícil explicar.
"QUEM FEZ CRÍTICA DA CONTROVERSIA DO CAPITAL FOI JOAN ROBINSON (1956)THE ACCUMULATION OF CAPITAL, NICOLAS KALDOR, LUIGI PASINETTI. PROFESSORES COMO CHAMPERNOWNE, LORD KAHN, E PIERO SRAFFA NÃO PARTICIPARAM ATIVAMENTE DESSE DEBATE.
CONTRA CAMBRIDGE AMERICANA (MIT)."
Hmmm. Tá, então leia isto:
"The Cambridge capital controversy – sometimes simply called "the capital controversy" – refers to a theoretical and mathematical debate during the 1960s among economists concerning the nature and role of capital goods (or means of production) and the critique of the dominant neoclassical vision of aggregate production and distribution. The name arises because of the location of the principals involved in the controversy: the debate was largely between economists such as Joan Robinson and Piero Sraffa at the University of Cambridge in England and economists such as Paul Samuelson and Robert Solow at the Massachusetts Institute of Technology, in Cambridge, Massachusetts. The two schools are often labeled "Sraffian" or "neo-Ricardian" and "neoclassical", respectively."
Aproveite e leia (se souber) o capítulo do 13 do Produção de Mercadorias, onde o "reswitching" de técnicas é discutido. Não precisa ler o Frank Hann (você não ia entender mesmo).
Mas faça um de cada vez, tá, senão o Tico nunca mais encontra o Teco.
A questão central [jogos x eq. Geral] não é como o sistema dinâmico se desenha num ambiente de optimalidade (já que isso é uma obviedade) . . . Evidentemente não sei as coisas mais quentes de jogos (pra repetir o "careca" que gosta de musica pop pouco refinada), contudo, me parece que o ponto central é como se organiza o comportamente estratégico e a cooperação [se a priori ou a posteriori] . . . Enfim continuo [des]aprendendo . . .
Rogerio Ferreira,
Até onde sei, nem ortodoxos, nem heterodoxos levam o modelo is-lm a sério, hoje em dia. A curva lm caiu completamente em desuso.
Bento
Não se trata de o modelo IS-LM estar em uso ou não, o que ocorre é que tanto a micro quanto a macro ortodoxa são totalmente desprezadas e mal ensinadas nos centros heterodoxos.
E todos eles reivindicam o pluralismo.
O aluno é treinado desde o primeiro dia a desprezar a ortodoxia. Cria-se uma barreira à ortodoxia.
O que eles fazem é criar um espantalho da ortodoxia e ficam batendo no espantalho com artigos do Cardim, do Possas, Oreiro, Sicsu, etc.
Esta é a questão. Chega a ser um crime, pois em universidades públicas, você tira a liberdade de escolha dos alunos.
Aliás, muitos professores heterodoxos nem entendem o modelos IS-LM e muito menos sabem que a curva LM foi substituída por uma regra de política monetária.
Daqui a pouco os heterodoxos vão querer, além de mexer no câmbio, mudar o programa da ANPEC também.
"Existem várias alavancas que podem ser puxadas para atingir o objetivo do câmbio depreciado."
Exato, controle de capitais é uma delas. Bastaria que nós barrássemos os fluxos de capitais e voilá!, grandes incentivos aos nossos exportadores para investirem. E ainda preservando a independência da política monetária.
Como o Krugman explicou, câmbio depreciado aumenta as exportações líquidas e aumenta a renda e a poupança.
Tá bom, ou quer mais?
" Bastaria que nós barrássemos os fluxos de capitais e voilá!, grandes incentivos aos nossos exportadores para investirem. E ainda preservando a independência da política monetária.
Como o Krugman explicou, câmbio depreciado aumenta as exportações líquidas e aumenta a renda e a poupança.
Tá bom, ou quer mais?"
Muito mais.
Como o Kruman explicou, mas só para alfabetizados, esta recomendação vale "right now [when] we’re up against the zero lower bound, with a depressed economy.
Under THESE [grifo meu] conditions, if a rise in the renminbi made US exports more competitive, the US trade deficit would fall. Yes, this would have to be matched by a rise in saving — but that rise would happen precisely because the trade improvement would lead to economic expansion, raising private incomes (with some of the increased income saved) and to rising government revenues, reducing the deficit."
O Brasil não é uma economia em depressão (muito pelo contrário), de modo que uma depreciação do câmbio teria que ser compensada por uma contração da demanda doméstica via política monetária (portanto investimento).
Alternativamente poderíamos (mas não iremos) apertar significativamente a política fiscal (a alavanca correta), permitindo atingir a mesma meta de inflação com juro mais baixo e câmbio mais depreciado (mas porque a poupança pública teria se elevado).
Ou seja, continua sem entender do assunto e papagaiando outros economistas sem saber do que estão falando.
Alex e "O",
considerando o artigo do Samuel Pessoa, onde ele diz ser dificil uma redução dos gastos fiscais no Brasil, como uma economia que não pode operar a política fiscal com austeridade pode conseguir a depreciação do câmbio?
(em termos teóricos mesmo, não se trata do caso concreto do Brasil)
Alo gordinho, alo 24...
Ou seja, continua sem entender do assunto e papagaiando outros economistas sem saber do que estão falando.
Quem disse que eu não entendi? Só queria provocar a discussão...
Além disso, seu comentário está errado. Controle de capitais funcionaria (funciona na China). Depois, se o BC resolvesse trabalhar para depreciar o câmbio, o PIB e a poupança aumentariam ainda assim... Embora seja certo supor q no limite da capacidade produtiva da economia (como hoje) isso provoca inflação. Mas a economia cresce do mesmo jeito. Vai negar isso?
Comentarios jocosos sobre peso, calvície e atividades e escolhas sexuais consensuais ENTRE ADULTOS não são bem-vindas nesse blog ou em qualquer conversa civilizada, ok?
"Quem disse que eu não entendi?"
Eu, ué?
"Só queria provocar a discussão..."
Ah, tá. Você mesmo não acredita...
"Controle de capitais funcionaria (funciona na China)"
E funcionaria em qualquer lugar que se poupasse 40% do PIB.
"se o BC resolvesse trabalhar para depreciar o câmbio, o PIB e a poupança aumentariam ainda assim..."
Claro. Se você mentalizar, vai acontecer. Agora mentalize que você sabe voar e pule da janela.
"Mas a economia cresce do mesmo jeito. Vai negar isso?"
Eu não. Quem nega é sua excelência, o dado. Vá discutir com a evidência empíirca quando estiver voando.
Ou vc não sabe ler ou é cego, olha o que eu disse no post original:
"Eu acho que o Oreiro fez algumas confusões e que o caso brasileiro com o resto do mundo é diferente... Mas vamos ver o que vocês tem a dizer."
Se vc tem problemas em discutir esse assunto, procure se tratar.
Mas a poupança continua aumentando quando a renda aumenta.
"Eu não. Quem nega é sua excelência, o dado. Vá discutir com a evidência empíirca quando estiver voando."
No framework Mundell-Fleming (teoria)a renda aumenta mesmo, meu querido... E eu já admiti que no mundo real pode causar mais inflação e quando, no post acima (que é o PIB --nominal-- crescendo). O seu post sobre o caso argentino foi elucidativo, mesmo. Um bom exemplo.
Bobinho...
e não vem falar de intervenção esterilizada etc pq isso não muda meu argumento.
"No framework Mundell-Fleming (teoria)a renda aumenta mesmo, meu querido..."
No modelo MF os preços são fixos (i.e., a oferta é suposta infinitamente elástica). Num mundo em que a oferta não possa se expandir infinitamente ao mesmo nível de preços (ou seja, qualquer lugar fora dos sete círculos do Paraíso), sua conclusão está errada. Só isso. Mas é um pouco demais para sua cabecinha tão vazia, né mesmo?
E funcionaria em qualquer lugar que se poupasse 40% do PIB.
Ah, perae, que esse trecho chamou minha atenção. Quantas vezes alguém terá que explicar que a poupança não é exógena? Quantas? Hein?
"e não vem falar de intervenção esterilizada etc pq isso não muda meu argumento."
De fato, ele está errado independente da forma de intervenção.
"Ah, perae, que esse trecho chamou minha atenção. Quantas vezes alguém terá que explicar que a poupança não é exógena? Quantas? Hein?"
OK. Funciona em qualquer lugar que a taxa de desconto intertemporal seja muito menor que no resto do mundo a ponto de se materializar numa taxa de poupança de 40% do PIB. Ou ainda, funciona num lugar em que não há previdência social, nem qualquer rede de seguridade, que acaba se materializando numa taxa de poupança de 40% do PIB. Ou ainda, funciona numa economia em que o setor público é tão superavitário que se materializa numa taxa de poupança de 405 do PIB.
E não funciona num país que, em pleno emprego, poupa 15% do PIB.
Bobinho...
Gostei do comentário, até que enfim argumentos... Sério Alex, eu gosto de conversar com você.
Mas,
Você subestima a capacidade da China de expulsar capitais do país, criando um déficit enorme na conta de capitais, a contrapartida do superavit da conta corrente. Isso, meu caro, deprecia o câmbio artificialmente.
Será que é simples problema de estimular consumo da população, ou de aumentar os gastos do governo (isso se um dia os chineses resolvessem reduzir a poupança)?
Ou a questão passa por fazer os chineses pararem de expulsar capitais do país, revalorizando o câmbio? O Krugman gosta de se repetir sobre esse ponto:
http://www.nber.org/papers/w2424
"There is a widespread view that world payments imbalances can be remedied through increased demand in surplus countries and reduced demand in deficit countries, without any need for real exchange rate changes."
Mas quem pensa isso está errado!
"Você subestima a capacidade da China de expulsar capitais do país, criando um déficit enorme na conta de capitais, a contrapartida do superavit da conta corrente. Isso, meu caro, deprecia o câmbio artificialmente. "
A expulsão de capital é a contrapartida da poupança elevada e se expressa numa taxa de câmbio depreciada.
Eu não acredito na"doutrina da transferência imaculada",(http://maovisivel.blogspot.com/2009/11/transferencia-imaculada.html) i.e., da forma como vejo, a taxa de câmbio se ajusta ao comportamento de consumo, investimento e poupança, então esta frase do Krugman pouco acrescenta (pelo menos para mim; para o Stiglitz, aparentemente, acrescenta muito).
Ou seja, se, um dia, o consumo chinês aumentar muito (presumivelmente porque estão acumulando ativos rapidamente) a taxa de câmbio também irá se apreciar (ver http://maovisivel.blogspot.com/2008/03/um-modelo-para-discusso.html).
O ponto é que a taxa de câmbio real é uma variável endógena que responde a certas políticas. Uma delas é a fiscal: uma política fiscal apertada levaria a uma taxa real de câmbio mais depreciada, epxressão da redução da demanda doméstica relativamente à demanda externa.
Meus caros,
Um pitaco um pouco atrasado (na verdade, dois).
1- A CONTROVERSIA DO CAPITAL JÁ ESTÁ RESOLVIDA!!!! E JOAN ROBINSON TINHA RAZÃO!!!!! É impressionante que ninguém aqui tenha citado o artigo do Mas-Colell sobre isto. Aliás, isto é só um exemplo da necessidade da formalização de problemas em problemas complexos. É impossível fazer análise não matemática consistente em um sistema tão complexo como o econômico 9O eterno ponto: usamos matemática porque somos burros, não o contrário).
2- EXISTE ALGUM PK INTELIGENTE E RELEVANTE? SIM!!!!!!! O Paulo Klinger (PK) é um grande economista matemático e muito respeitado.
Saudações
A proposição é irrefutável.
Quem adota essa corrente, falta sem dúvida uma capacidade cognitiva. É muito provável que nem o próprio Keynes fosse keynesiano, se fosse vivo o bastante para alcançar a maturidade de pensamento, teria dignidade ele próprio de refutar sua petulância e arrogância econômica pretensiosa, e argumentos tendenciosos, oportunistas.
Mas não obstante, não se pode contrariar as contribuições por ele trazidas. Mas ratificando, quem é fundamentalista de suas ideias, falta sim uma capacidade cognitiva.
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