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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Vale por mil palavras




Normalmente, nos artigos para a Folha, a imagem me custa uns 500 caracteres. Neste caso não fazem falta. A mensagem não poderia ser mais clara. (OK, a imagem em si não está clara, mas, clicando nela o gráfico aparece em mais detalhes)

P.S. Fui alertado que faltava a fonte dos dados (falha minha). São do projeto "Doing Business" do Banco Mundial. Segue abaixo o link para os dados de pagamento de impostos. Quem se interessar pode achar dados sobre vários outros assuntos, em geral não muito lisonjeiros para o Brasil. Divirtam-se.

http://www.doingbusiness.org/ExploreTopics/PayingTaxes/

http://www.doingbusiness.org/

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

A quermesse e o galinheiro

Na semana passada o Federal Reserve anunciou que, ao invés de uma meta para a taxa de juros de curto prazo (Fed Funds), passará a trabalhar com um intervalo, no caso entre 0 e 0,25% a.a.. Além disto, o Fed divulgou que ampliará sua ação, atuando diretamente no mercado de crédito (expansão quantitativa), o que foi saudado como a prova final do abandono da ortodoxia em favor da experimentação heterodoxa. É um erro, mas, antes de entramos nestas considerações, é necessário entender o motivo desta mudança: o processo de queda generalizada e persistente do nível de preços, também chamado de deflação.

Consideremos a informação extraída do mercado de títulos públicos. Na semana passada o papel do Tesouro com vencimento em outubro de 2010 pagava juros em torno de 0,25% a.a., enquanto sua versão indexada à inflação oferecia um rendimento real na casa de 6% a.a.. Como se trata do mesmo prazo e mesmo risco de crédito, a comparação entre este dois papéis sugere que, numa primeira aproximação, as expectativas de deflação até outubro de 2010 seriam da ordem de 5,4% a.a..

O gráfico resume a evolução destas expectativas, mostrando sua mudança brusca a partir de setembro. Tal fenômeno gera, no entanto, um grave problema para a política monetária: como o Fed não pode fixar uma taxa nominal de juros negativa (pois os agentes têm a opção guardar sua riqueza sob a forma de moeda), mesmo o intervalo entre 0% e 0,25% implica juros reais bastante elevados. Neste contexto, mais que heterodoxia, a expansão quantitativa é o que sobra depois de esgotadas as alternativas e, diga-se, não deu muito certo quando o Japão entrou em deflação.

Na verdade, como mostrou Paul Krugman, este tipo de atuação tem mesmo pouca chance de funcionar. A melhor alternativa para um banco central nestas circunstâncias consistiria em se comprometer com uma meta de inflação baixa, porém positiva. Neste caso, à medida que as expectativas de inflação retornem para o terreno positivo, as taxas reais de juros cairiam e a política monetária voltaria a ter condições de estimular a economia.

Assim, a rigor, a recomendação de política econômica aparentemente mais adequada para lidar com um problema gravíssimo pouco se afasta do regime adotado pela maior parte dos bancos centrais sérios, isto é, o regime de metas para a inflação, embora os desafios em períodos de deflação sejam mais complicados do que enfrentam economias ainda sujeitas à inflação. Obviamente, em face das dificuldades, o Fed vai tentar todas as alternativas, mesmo as que têm pouca chance de sucesso, como trazer o juro para zero.

Trata-se, em última análise, de atuação compreensível à luz do sério problema deflacionário. O incompreensível é tentar traçar qualquer paralelo com a atual situação brasileira, que, ao contrário dos EUA, ainda contempla expectativas de inflação para os próximos dois anos praticamente iguais à meta, muito longe do perigo deflacionário. Só não vê a diferença a quermesse, ainda com dificuldade para saber de que lado está o galinheiro.
(Publicado 24/Dez/2008)

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Profético...

Você pode pagar a conta

27/09/2004

O BNDES abriu linhas de financiamento para empresas brasileiras que queiram investir em países da América do Sul. E quer que o Tesouro assuma o risco em caso de calote

Por Consuelo Dieguez

Está sendo gestado no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um ambicioso plano de integração com os países da região amazônica -- Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Guiana e Suriname. A idéia, em linhas gerais, é pôr fim ao fosso comercial que separa o Brasil de seus vizinhos, um mercado que reúne cerca de 150 milhões de pessoas e que ofereceria uma série de oportunidades de negócios para empresários brasileiros interessados em expandir suas fronteiras. Embora esteja próximo de todos eles, o Brasil tem uma participação de apenas 6,7% na pauta de importações conjunta desses países. É um percentual quatro vezes menor que o dos Estados Unidos, um parceiro geograficamente menos privilegiado.


Uma análise superficial da proposta não deixa muita margem a questionamento. Trata-se, afinal, de um projeto cheio de boas intenções. O problema -- o grande problema -- é a forma que o BNDES escolheu para executar o plano. O banco, comandado pelo economista Carlos Lessa, espera que todo o risco envolvido nos negócios entre nossos vizinhos amazônicos e as empresas brasileiras seja bancado com dinheiro público, originado dos cofres do Tesouro e do Banco Central. E não se pode dizer que esses riscos sejam desprezíveis. Afinal, países como Equador e Bolívia são economias frágeis e não freqüentam a lista dos melhores pagadores mundiais.

(http://portalexame.abril.com.br/degustacao/secure/degustacao.do?COD_SITE=35&COD_RECURSO=211&URL_RETORNO=http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0827/economia/m0051596.html)

sábado, 20 de dezembro de 2008

Atendendo a sugestões: a prova oral do Ipea

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Cachinhos de Ouro e keynesianos de quermesse

“O problema é o câmbio”. Este foi, nos últimos anos, o mantra dos keynesianos de quermesse, segundo quem o problema do Brasil resumia-se ao câmbio “fora de lugar”, apesar de, precisamente neste período, a economia brasileira ter acelerado para patamares há muito não vistos. Até aí, sem surpresa. O surpreendente mesmo é, depois da maciça desvalorização da moeda, ainda ter que ouvir que, sim, “nosso maior problema é o câmbio”.

A lamúria agora é que o câmbio desvalorizou-se demais, sem motivo, e que, portanto, o regime de câmbio flutuante, conivente com este fenômeno, não seria adequado ao Brasil. Esta visão, porém, está errada. Confunde sua própria incapacidade de entender os movimentos da taxa de câmbio com uma suposta irracionalidade do câmbio flutuante e, por este motivo, chega a conclusões equivocadas tanto no que se refere à necessidade de mudança de regime, como às condições necessárias à adoção de políticas anticíclicas.

De fato, como destaquei muitas vezes neste espaço, a quermesse sempre atribuiu peso muito elevado à taxa de juros como determinante da taxa de câmbio e, por conveniência ou ignorância, deixou de lado desenvolvimentos externos que têm sido muito mais relevantes para moldar a trajetória do câmbio, em particular os preços de commodities.

Assim, entre o início de 2005 e meados de 2008 os preços de commodities, medidos em dólares, aumentaram cerca de 60%. Medidos em reais, porém, caíram 4%, fenômeno que já sugeriria uma forte relação inversa entre preços de commodities e a taxa de câmbio. Não por acaso, portanto, a queda abrupta destes preços em dólares nos últimos meses (quase 30%), transforma-se em estabilidade em reais, observação também consistente com a relação inversa entre a taxa de câmbio e preços de commodities.

Não há, pois, nada de misterioso no comportamento do câmbio que lance dúvidas acerca da adequação do regime no que diz respeito à sua capacidade de transmitir, de forma muito rápida, os sinais de mudança brusca nas condições internacionais.

Pelo contrário, a desvalorização do real tem nos comunicado que, devido à queda do poder de compra das exportações, nossa capacidade de importar para satisfazer a demanda doméstica foi drasticamente reduzida. Assim, se até há pouco aumento do poder de compra das exportações permitia que a demanda crescesse à frente do produto, trata-se agora de percorrer o caminho inverso, qual seja, reduzir a taxa de crescimento da demanda relativamente à produção. A taxa de câmbio é apenas a mensageira de uma radical mudança de cenário. Pode-se não gostar da mensagem, mas de pouco adianta silenciar o portador.

Não é correto, portanto, concluir que o país precise proteger sua moeda e estabilizá-la, abandonando o regime de câmbio flutuante, para ter condições de fazer uma política anticíclica. É, na verdade, o oposto: impedir que a moeda se deprecie em reação à piora das condições externas requereria uma contração ainda mais forte da demanda doméstica para equilibrar o balanço de pagamentos, reduzindo adicionalmente o espaço para políticas anticíclicas.

Eis a quermesse: reclama quando o câmbio aprecia e também quando o câmbio deprecia. Quer o câmbio estável, para que as empresas possam projetar suas vidas em longo prazo, mas não hesitaria em mudar regras para impedir a flutuação do câmbio, dificultando exatamente o planejamento das empresas. Querem ser nossos Cachinhos de Ouro, se esforçando para fazer aquilo que o mercado de câmbio faz de graça.

(Publicado 10/Dez/2008)

domingo, 7 de dezembro de 2008

É HEXA! É TRI! É O MELHOR!




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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Carga tributária, gasto primário e juro real: o que dizem os números

Conforme prometido, seguem abaixo os dados de custo real (deduzida a inflação) da dívida, bem como a evolução de carga tributária e gasto. Os dados de custo real da dívida são do BC e mostram uma forte queda no período mais recente, motivada pela aceleração do IGP. Para "limpar" o efeito das diferenças entre IGP e IPCA há uma média móvel, que mostra queda bem mais modesta na margem, mas também sugere o custo da dívida estável entre 4-5% do PIB/ano.
Já no que se refere à relação carga-gasto, o gráfico foi contruído da seguinte forma:

1) A carga tributária é o dado da Receita Federal, e se refere ao governo federal, estados e municípios (infelizmente a Receita ainda não divulgou o dado do ano passado);

2) Temos os dados do superávit primário dos entes que coletam impostos (União, estados e municípios) estimados pelo BC. A diferença entre a carga tributária e superávit primário é a estimatativa de gasto primário consolidado;

3) Este número provavelmente subestima o verdadeiro gasto primário consolidado. Não há dados sobre as receitas não tributárias do governo (por exemplo, dividendos recebidos de empresas estatais). A notar também que o gasto primário não é o mesmo gasto de contas nacionais, pois inclui transferências a pessoas (Bolsa-Família, e, principalmente, aposentadorias e pensões);

De qualquer forma fica claro que a carga cresceu em linha com o gasto primário. Em particular, notem que as observações gasto-carga têm ficado (até 2006, pelo menos) abaixo da combinação que manteria o primário de 1994 constante. A notar também que entre 1995 e 2004 não se registrou o mesmo primário de 1994.