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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Zeitgeist

No futuro, historiadores vão se debruçar sobre fragmentos de nossa civilização e teorizar sobre o zeitgeist do Brasil durante a primeira década dos 2000s. Na minha opinião, aquele historiador que obtiver o fragmento abaixo vai ter as melhores chances de entender o que é viver no Brasil hoje em dia.


O artigo do Paulo na Folha de São Paulo de ontem:

PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.

Se quisermos realmente mudar a arquitetura financeira internacional, teremos de lutar muito mais

DESDE QUE me mudei para Washington, tenho usado esta coluna para me manter em contato com o Brasil e o leitor brasileiro. É um diálogo muito particular, e a rigor estritamente reservado. No entanto, volta e meia aterrissa um estrangeiro por aqui (tenho leitores muito atentos na Europa, por motivos que já expliquei em colunas anteriores). Tudo bem, todo leitor é bem-vindo, mas com uma condição -que não venha dar palpite e interferir no meu diálogo com o brasileiro.

Veja bem, leitor, falei especificamente do brasileiro. Além do estrangeiro, há outro elemento considerável que aparece, de vez em quando, misturado entre as forças nacionais. Refiro-me à célebre quinta-coluna. Continua volumoso o batalhão dos discípulos de Calabar. É o brasileiro sem sotaque físico, mas com tremendo sotaque espiritual.

Um dia alguém terá de escrever todo um tratado, em vários volumes, sobre as atividades dos quinta-colunistas no Brasil. A referida coluna, diga-se de passagem, também tem seus representantes -e muito ativos- no exterior, inclusive aqui em Washington.

Mas deixo a quinta-coluna de lado. Na última quinta-feira, não pude escrever. Tivemos um período de excepcional sobrecarga aqui em Washington.

Só na semana passada, o Brasil presidiu três encontros em Washington: o do G24, o dos Brics e a reunião dos nove países do nosso grupo no FMI.

Além disso, o Brasil participou da reunião de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, que (fato incomum) ocorreu à margem das reuniões de Primavera do FMI e envolveu negociação demorada de um comunicado.

O Brasil participou, também, da reunião do Comitê Monetário e Financeiro Internacional do FMI (mais conhecido pela sigla em inglês, IMFC), que envolveu outra negociação demorada de comunicado. Isso sem falar nas reuniões bilaterais com diversos países -China, África do Sul, Haiti e Grécia, por exemplo.

Os comunicados do G20 e do IMFC determinam, entre outros aspectos, a agenda do FMI para os próximos meses. Para quem está fora do processo, é difícil entender a importância desses documentos -de aparência burocrática e linguagem não raro obscura. Mas os envolvidos lutam de maneira aguerrida -alguns de maneira muito desleal- para que os comunicados reflitam as suas posições.

Saiu-se bem a delegação brasileira? Para dizer a verdade, não tão bem como em outras ocasiões. Temos quadros qualificados na Fazenda, no Banco Central e nos nossos escritórios no FMI e no Banco Mundial. Mas somos poucos, muito poucos.

A luta é desigual. Os países desenvolvidos têm quadros mais numerosos. Além da quinta-coluna tupiniquim, temos de enfrentar o adesismo de alguns países em desenvolvimento. Os nossos principais aliados também sofrem da falta de quadros.

Desde o final do ano passado, intensificou-se bastante a resistência à mudança no G20 e no FMI.

Se quisermos realmente mudar a arquitetura financeira internacional, teremos de lutar muito mais. E saber que os que continuarem lutando serão (na verdade, já estão sendo) caçados a pauladas, feito ratazanas prenhes.

pnbjr@attglobal.net

PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. , 55, escreve às quintas-feiras nesta coluna. É diretor-executivo no FMI, onde representa um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago), mas expressa seus pontos de vista em caráter pessoal.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Importação do B

Em 2010 (até a semana passada) as importações brasileiras aumentaram quase 40% relativamente ao mesmo período de 2009. Na verdade, sempre que a economia brasileira passa por um período de expansão acelerada as importações aumentam por um múltiplo da taxa de crescimento, motivando um dos 17 leitores do meu blog (que espero não serem os mesmos 17 leitores desta Folha) a me perguntar a razão deste comportamento. Refletiria isto uma incapacidade congênita do país, associada às dificuldades da estrutura produtiva de responder ao crescimento da economia? Acredito, porém, que a resposta seja bem mais simples. Pode parecer paradoxal, mas as importações crescem muito porque o Brasil importa pouco.


Caso reste algum leitor depois desta afirmação eu explico.

Imagine duas economias (B e C) idênticas em tudo, exceto seu volume de comércio internacional. Em ambas o PIB vale 100 unidades e a demanda doméstica equivale às mesmas 100 unidades. Só que na economia B as exportações e importações são de 10 unidades, enquanto na economia C atingem, cada uma, 50 unidades.

Suponha agora que a demanda doméstica em ambos os países aumente 5%, de 100 para 105 (por enquanto manteremos o PIB constante). Para equilibrar demanda e oferta, B precisa importar 15 (um aumento de 50%!), enquanto C importará 55, ou seja, apenas 10% a mais. Embora nos dois casos a resposta absoluta das importações à demanda doméstica seja a mesma, o crescimento percentual das importações na economia mais fechada ao comércio internacional é muito maior.

Uma conta simples mostraria que a elasticidade da importação (a reação percentual da importação à demanda doméstica) no país B seria 10 (50% de aumento das importações para 5% de expansão da demanda), enquanto no país C seria apenas 2 (10% contra os mesmos 5%). Assim, um economista pouco atento poderia até concluir (erradamente, como se vê) que a economia B sofreria de sérias “deficiências estruturais” e recomendar um tanto a mais de proteção à indústria local para que possa resistir à “invasão das importações”.

Parece que o argumento depende crucialmente da suposição de um PIB constante, mas é fácil ver que não se trata disso. Imagine, por exemplo, que nos dois países apenas 30% do crescimento da demanda seja atendido por importações (ou seja, 1,5 unidades), enquanto os 70% restantes vêm da produção local. Sob esta suposição, o PIB nos dois países passaria a 103,5, enquanto as importações no país B atingiriam 11,5 (crescimento de 15%) e no país C 51,5 (3% a mais). As respectivas elasticidades seriam 3 (15% de importações contra 5% de demanda) e 0,6 (3% contra 5%), ou seja, ainda seria 5 vezes maior em B do que em C, provavelmente o bastante para “justificar” os pedidos de proteção.

No entanto, acredito que o exemplo simples explorado nos parágrafos seja suficiente para que o escasso leitor se convença do cerne do argumento. Mesmo que uma fração relativamente reduzida do aumento da demanda doméstica seja destinada às importações, no caso de uma economia pouco aberta ao comércio internacional isto se traduzirá num enorme crescimento proporcional das importações, necessário para cobrir a diferença entre a demanda interna e a produção local.

Vale dizer, quanto mais fechada for uma economia, maior é a necessidade de apreciação cambial quando a demanda doméstica cresce a taxas muito superiores às do produto. Com a demanda crescendo a 10% ao ano e meros 11% do PIB em importações, me parece que o comportamento da taxa de câmbio no Brasil faz bastante sentido.

(Publicado 28/Abr/2010)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

80 anos de Maria da Conceição Tavares


Nada mais apropriado para celebrar os 80 anos de vida da comediante Maria da Conceição Tavares do que oferecer-lhe o microfone.

Portanto, estou abrindo esse post para uma coletânea de intervenções e discursos da MCT. Cada uma das frases diz muito mais sobre sua contribuição para o desenvolvimento de nosso país do que qualquer texto que eu possa redigir.

Quem tiver mais citações da ilustre octagenária, favor postar na área de comentários que eu incorporarei ao texto principal.
Para começar, estou revisitando a célebre entrevista que deu à Folha de São Paulo em abril de 2003 quando atacou o Marcos Lisboa, José Alexandre Scheinkman e Ricardo Paes de Barros pelo documento da Agenda Perdida que entre outras coisas, recomendava programas sociais focalizados, como o Bolsa Família (link):

Esse Marcos Lisboa é um garoto semi-analfabeto que está encarregado de fazer política econômica, coisa que ele jamais fez na vida. Quiseram vender a Agenda para o PMDB, que não comprou, fizeram o mesmo com o Ciro [Gomes, candidato derrotado pelo PPS à Presidência e hoje ministro da Integração Nacional].É um espanto que esse grupo de garotos espertos faça com dinheiro público e do Banco Mundial uma nova Agenda que proponha para o Brasil -o único país que tem políticas universais em saúde, no ensino público básico e no INSS, três redes universais que nunca ninguém conseguiu desmontar- a focalização dos programas sociais.

Ele desmente o diagnóstico de todos os economistas bons desse país que
colocaram no estrangulamento externo, no aumento dos passivos externos que o
doutor Fernando Henrique nos deixou, os problemas da economia. Diz que não é
nada disso e que o problema na verdade é que o governo passado não fez o ajuste
fiscal, que tal? Um garoto falando contra o ponto de vista de todos os grandes
empresários e economistas como Delfim Netto, [Luiz Carlos] Mendonça de Barros,
do José Serra, do Luiz Carlos Bresser Pereira, do Yoshiaki Nakano, de Campinas
inteiro... Se há unanimidade no diagnóstico econômico é que temos um problema de
estrangulamento externo.



Folha - A política econômica do ministro Palocci está correta? (21 de abril
de 2003)

Maria da Conceição - Até aqui, sim. Agora vai complicar por causa do
câmbio.

sábado, 24 de abril de 2010

Onde vivem os monstros


Graças à indicação de um bom amigo, descobri este fantástico ponto de encontro da turma do realismo mágico:

Link aqui

Vale a pena visitar, mas tenha medo... muito medo...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O ataque dos sraffianos




De todos os comunicadores, o humorista é geralmente um dos mais desvalorizados. Comédias raramente são premiadas pelo Oscar, comediantes são vistos como atores de menor valor que atores dramáticos, e dentro da academia de Economia, existe um monopólio de facto das páginas das melhores publicações por economistas enfadonhos, obcecados com restrições orçamentárias e incapazes de sorrir.

Por isso, agora que comento seu último trabalho, sinto-me na obrigação de dar crédito à obra do Professor Franklin Serrano. Ser humorista é difícil. Manter as piadas em dia é tarefa que requer um olho atento ao mundo e grande bagagem cultural. Então, quando critico sua última produção por reciclar velhos risos enlatados, tento fazê-lo com respeito. Afinal, não é todo dia que tenho a oportunidade de resenhar o artista que criou o supermultiplicador sraffiano (na foto acima, um sraffiano ameaçador empunha seu supermultiplicador).

Pois bem, o experiente histrião trouxe seu espetáculo “Juros, câmbio e o sistema de metas de inflação no Brasil” ao palco da última Revista de Economia Política (janeiro-março/2010).

No primeiro segmento de sua apresentação, Serrano tenta demolir a visão consensual sobre a macroeconomia, esgrimindo contra os quatro “pressupostos fundamentais” do “novo consenso”. Assim argumenta que:

• Ao contrário do que não-humoristas argumentam, o hiato de produto não afetaria a inflação de forma sistemática (a despeito da evidência retratada no gráfico abaixo)

• Os choques de inflação não tem persistência total sobre a inflação, portanto o modelo dos macambúzios não corresponde à realidade (a despeito que a ausência de persistência é conseqüência óbvia e necessária da credibilidade do regime de metas de inflação – É logicamente impossível que um quadro de política monetária seja crível e tenha persistência total da inflação)

• O produto tem raiz unitária, portanto “a tendência do produto é totalmente correlacionada com a evolução do produto corrente” (!). Este é um não-argumento absurdo, a existência de raiz unitária diz absolutamente nada sobre a validade do consenso dos sem-graça. Diga-se de passagem, qualquer bom aluno de graduação sabe que os modelos do consenso apresentam raízes unitárias no produto.

• Os choques de oferta não são aleatórios (!). Outro não-argumento, afinal não há nada no consenso macroeconômico que dependa desse suposto ‘pressuposto’.

Mas tendo o cabotino 'acabado' com o consenso cabisbaixo, cabe a ele agora lidar com os fatos – o modelo de metas de inflação no Brasil tem conseguido consistentemente manter a inflação perto da meta, apesar da preocupação de Serrano com a falta de relação entre a demanda agregada e a inflação. Deve-se então explicar como isso ocorre.

Segundo o burlesco, isso se dá pelo efeito das taxas de juros sobre o taxa de câmbio. Um elevado diferencial de juros resultaria na valorização do câmbio e a neutralização de choques de oferta em dólares. Para os risos da platéia, o cômico, pimpão em seu melhor momento, apresenta um gráfico (Gráfico I no texto) que mostra uma visível correlação positiva entre o preço do dólar em reais e o diferencial de juros - repito: o gráfico mostra uma correlação positiva entre o Real desvalorizado em termos nominais e o diferencial de juros, contradizendo assim a fala de Serrano, e criando um efeito similar ao velho e sempre cômico truque do palhaço que perde as calças no picadeiro.

Mas depois desse grande momento, o satírico se perdeu. Um gracejo genial em que argumenta que a economia brasileira seria bastante aberta, tornando o preço de muitos bens transacionáveis insensíveis a mudanças na demanda doméstica, foi relegado a uma nota de rodapé.

Na tentativa de fechar a apresentação com um último chiste, apelou para aquela mesma velha pilhéria já interpretada com perfeição pelo duo bufo da Avenida Nove de Julho: cantou um tango sobre o deleite da desvalorização cambial aliada a quebra de contratos, taxação das exportações de produtos básicos e controle de capitais.

E pôs a platéia – muitos tiraram do fundo do armário suas velhas fantasias de sraffianos na esperança de ver o supermultiplicador em ação – para dormir.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Uma medida; dois pesos

Imaginem que alguém tenha escrito o seguinte:


“(...) Basta ver os últimos números das contas externas correntes chinesas. O processo de deterioração vem ocorrendo de forma praticamente contínua, mês após mês. O superavit comercial sofreu um verdadeiro colapso. No acumulado do ano, o saldo da balança comercial (exportações menos importações de mercadorias) diminuiu 77% em relação a igual período de 2009.

O crescimento das importações vem superando o das exportações por larga margem.

(...)

Com a moeda chinesa valorizada, fica barato importar e viajar ao exterior. Por outro lado, as exportações se tornam menos competitivas, e o país fica mais caro para turistas do exterior.”

Quem quer que possa ter escrito isto seria tachado de insano, certo? Onde já se viu, dizer que o yuan está valorizado a ponto de levar a um colapso do superávit comercial chinês? A discussão não é sobre a subvalorização da moeda chinesa?

Confesso, porém, que ninguém escreveu exatamente isto. Se substituirmos, contudo, os adjetivos correspondentes à China por suas contrapartes no que se refere ao Brasil, o texto original é de Paulo Nogueira Batista Jr., na sua coluna da Folha de S. Paulo semana passada.

E também é verdade que teríamos que adaptar mais algumas coisas. O saldo brasileiro entre janeiro e março deste ano caiu um pouco menos do que o chinês (70% contra 77%) medido contra o mesmo período do ano passado. E o ritmo de crescimento das importações é muito maior na China (65% no primeiro trimestre) do que no Brasil (36%). O gráfico abaixo mostra a evolução das importações dessazonalizadas em ambos países, sugerindo que não se trata apenas de base deprimida de comparação, mas de forte aceleração na margem.



Medido em 12 meses, então, o superávit chinês caiu de um pico de US$ 317 bilhões em março do ano passado para US$ 150 bilhões nos 12 meses até março de 2010. No mesmo período o saldo brasileiro em 12 meses caiu de US$ 25 bilhões para US$ 23 bilhões. Curiosamente no Brasil o aumento das importações e conseqüente redução do saldo comercial resulta da moeda apreciada, mas, no caso da China... resulta do que mesmo?

A questão é que a mesma informação (a queda do saldo comercial) é vista como resultado da apreciação cambial, ainda que a taxa de câmbio real esteja hoje mais depreciada do que estava em meados de 2008. No caso da China, em que há modesta apreciação real no período (a inflação foi mais alta na China que nos EUA), a hipótese sequer é cogitada.

Não se dá a menor atenção à diferença entre o crescimento da demanda doméstica (acima de 10% ao ano na segunda metade de 2009) relativamente ao PIB (7.7%). Uma conta simples mostra que, como as exportações (contas nacionais) cresceram a 8% ao ano no período, as importações teriam que crescer quase 33% ao ano para fechar a conta (cresceram 31% porque a variação de estoques colaborou).

Em outras palavras, o pessoal quer mais consumo, quer investimento crescendo, defende o gasto público, mas redução da balança comercial, só na China.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Como colegas de banco se vêem

Que gracinha!

Vocês não vão acreditar o que eu encontrei na minha caixa de mensagens:

Caro O,

Fiquei curioso de saber sua identidade. Besteira, mesmo. É que sou aluno de mestrado da EPGE, começando agora nessa vida sofrida de futuro acadêmico, e queria saber quem é a personalidade fazendo tantos comentários pertinentes, e conseguindo mandar bem nas piadas (melhores que as do Alex, pelo menos).

Apesar de eu achar que você é o próprio Alex, mas enfim. Hehehe

Grande abraço!


Não é comovente? Não dá um arrepio saber que estou tocando o... intelecto da juventude brasileira? É por causa de comentários como esse que eu sinto que estou no caminho certo, que eu tenho mais é que continuar com meu serviço de utilidade pública, orgulhoso que estou construindo um mundo melhor.

Vamos guardar para a posteridade o nome desse jovem de muito futuro em nossa profissão: Johnny Beltrano -- Pois bem, Sr. Beltrano, não vou me esquecer de suas palavras de incentivo!

P.S. Isso me faz lembrar um estudo antropológico que li sobre os pigmeus das florestas africanas. Apesar de expostos a evidência contraditória, alguns aparentemente não processavam o conceito que eles têm estatura abaixo da média dos outros povos da floresta e usavam a premissa que todos os homens são pequeninos como eles em decisões cruciais para seu bem-estar.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ranking de economistas brasileiros

Eu gosto do ranking da REPEC, apesar de ser obviamente imperfeito (como qualquer outro ranking!), mas parece-me razoavelmente correlacionado com o meu entendimento pessoal de quem são os economistas acadêmicos brasileiros com mais publicações de qualidade.

http://ideas.repec.org/top/top.brazil.html

Um defeito é que para participar deste ranking, o economista tem que se registrar no REPEC e alguns economistas de primeira linha não são registrados, por exemplo, o Aloisio de Araujo.

A culpa dos outros

Quando a inflação se acelera, ocorre também uma inflação de desculpas: ou choveu demais (ou de menos), ou o preço do tomatinho subiu, ou ainda era o gramado que estava pesado. Em momento algum se admite que possa ocorrer algum processo sistemático que explique as variações da taxa de inflação. A impressão é que se trata de um conjunto de acidentes que guardam entre si pouca relação.


No entanto, caso a elevação de preços derivasse da combinação de vários choques aleatórios de preços, alguns subindo, outros caindo, o comportamento temporal da inflação deveria ser muito diferente daquilo que os dados mostram. Num caso extremo, a inflação oscilaria ao redor de zero. Em casos menos exagerados, poderíamos até registrar valores diferentes de zero, mas não elevação ou queda contínua da inflação.

Na prática não observamos nada que se assemelhe a isso. Há períodos de redução continuada da inflação, bem como momentos de aceleração duradoura. Concretamente é muito difícil conciliar a visão “acidental” do processo inflacionário, que atribui sua variação ao efeito de choques, com a observação de movimentos persistentes da taxa de inflação em ambas as direções. Pelo contrário, isto parece indicar que há causas mais profundas, sistemáticas, do comportamento da inflação, a menos que alguém decida acreditar que, de tempos em tempos, os acidentes resolvam ocorrer todos do mesmo lado.

Uma alternativa é a visão que atribui as variações da taxa de inflação ao nível de “folga” sob o qual a economia opera. Assim, em situações de elevada ociosidade de capital e trabalho a inflação tenderia a cair (sob certas condições, em particular expectativas estáveis de inflação). Simetricamente, quando o desemprego se reduz e a utilização da capacidade cresce, não apenas salários tendem a subir, mas os custos também são pressionados. Empresas podem, de fato, criar um terceiro turno, como muitos argumentam, para aumentar a produção; o difícil é convencê-las a não cobrar mais por isto.

Esta tese parece explicar muito bem o comportamento da inflação no país, em particular para o período pós-2005, quando as expectativas inflacionárias ficaram mais bem ancoradas ao redor da meta, como mostrado no gráfico. Definindo o grau de utilização de recursos como a média ponderada do nível de utilização de capacidade na indústria e a taxa de desemprego, observamos que as flutuações desta variável antecipam em cerca de seis meses as variações da inflação.


Visto desta forma, não há nada de acidental na aceleração recente dos preços. A rápida superação da crise praticamente eliminou a folga criada no fim de 2008 e já estamos próximos de níveis de utilização de recursos que pressionam a inflação. Fosse, como já se afirmou, a política fiscal genuinamente anticíclica, veríamos agora um forte esforço de redução de gasto, o que certamente não ocorrerá. O BC pagará a conta e sofrerá as críticas, enquanto os responsáveis seguirão culpando as intempéries e o estado do gramado, mas jamais seu próprio comportamento.

(Publicado 14/Abr/2010)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Defasagens de publicação

Um dos problemas de revistas acadêmicas que publicam artigos sobre temas contemporâneos são as defasagens de publicação. Na última Revista de Economia Política (primeiro trimestre de 2010) que acabei de receber, um artigo do competente Lauro Ramos analisa o mercado de trabalho brasileiro até 2005 e escreve na conclusão:

A despeito da série de evidências em favor de uma melhora de desempenho, [a taxa de desemprego] manteve-se estável para todos os fins práticos, oscilando timidamente em torno da marca de 10%.

Este artigo foi submetido em maio de 2007 e aprovado em junho de 2008, portanto esta sentença não está tão errada quanto parece à primeira vista. Mas vale a pena comparar com o Journal of Economic Perspectives que em sua edição do primeiro trimestre de 2009 já tinha artigos sobre a crise econômica que começara no terceiro trimestre do ano anterior.

Pergunto-me então: por que o editor associado encarregado deste artigo não mandou parar o prelo e requisitar uma revisão? Se os gringos-que-não-sabem-nem-batucar-direito conseguem responder rapidamente a eventos, por que nós não podemos também?

Mais Dave Matthews Band

Para arejar um pouco o ambiente...

Where are you going?



E Crush, a melhor canção romantica dos anos 90:

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Melhor peça de humor em português de 2010

Assim escreveu um anônimo em 9 de abril de 2010:

Enquanto o "O" ficava escrevendo essas e outras baboseiras no blog, o Oreiro teve 5 artigos aceitos na última Anpec.

Chamem de caça-paper ou como quiserem, mas trata-se de feito invejável entre os pares da academia.

Será inveja?

O que é o pós-keynesianismo?

Um dos leitores desse blog pediu-me para definir pós-keynesianismo.


Vou explicar como nenhum pós-keynesiano poderia.


Em sua essência, pós-keynesiano é um economista que não desenvolveu as capacidades cognitivas ou analíticas para raciocinar em equilíbrio geral.


Por exemplo, escreve o Professor Marco Resende da UFMG:

“Embora esteja disseminada na literatura econômica do maistream e nos meios de
comunicação a idéia de que a poupança é um pré-requisito para o
investimento, este argumento não é consensual na literatura.”


Somente um pós-keynesiano engajaria nessa discussão sobre quem vem primeiro, o investimento ou a poupança. Este diálogo não passa de uma manifestação de um vazio cognitivo onde deveria haver um feixe de neurônios gritando: “Tal pergunta não faz sentido, afinal investimento e poupança são determinados simultaneamente!”


O investimento e a poupança, assim como o desemprego, a taxa de câmbio real, o nível de preços, o nível de atividade econômica, o balanço em conta corrente, entre outras, são variáveis endógenas, isto é, são determinadas simultaneamente dentro do sistema econômico (em equilíbrio geral). Quem é incapaz de entender este conceito, não é um economista de verdade e tem mais que tirar carteirinha da AKB...


Em um sistema macroeconômico, além dessas variáveis endógenas, existem também variáveis de política, como a taxa nominal de juros (SELIC), as alíquotas dos impostos, as reservas compulsórias dos bancos, a estratégia financeira do setor público, o salário mínimo nominal, a taxa de câmbio em que o governo compra ou vende moeda estrangeira quando o câmbio é fixo, a alíquota do IOF etc; e variáveis exógenas, como o preço do frete marinho, a política fiscal chinesa, os choques climáticos como o El Niño e todas as ações que podemos acreditar que não sejam influenciadas pelo que ocorre no Brasil (o que vai fazer o Bank of England amanhã?).


Faz sentido se perguntar o que acontece com a poupança se “o câmbio” se depreciar? Não! É uma pergunta mal colocada, pois não tem resposta independente do contexto.

Vejamos... Quando acontece um aumento no preço de nossas exportações, vários mecanismos tendem a causar uma apreciação da taxa real de câmbio, e no caso dos agentes econômicos considerarem a melhoria nos termos de troca como temporária, também um aumento em nossa poupança. Por outro lado, se o nosso governo aumentar suas compras de bens não-negociáveis, uma apreciação da taxa real de câmbio seria esperada (segundo ampla literatura empírica), assim como uma deterioração da poupança nacional (porque equivalência ricardiana é um conto de carochinha). Resumindo, a correlação diferente entre a poupança e a taxa real de câmbio é dependente do contexto.


Esta falta de noção dos pós-keynesianos tem conseqüências para o mundo real. Do vácuo cognitivo na cabecinha dos membros da AKB, idéias equivocadas brotam como fungos no pasto depois da chuva. Afinal se nós podemos afirmar que variável endógena ‘bolinha’ não é realmente endógena, então nosso horizonte para alterar a realidade se torna mais amplo.

Por exemplo, a questão do câmbio. É comum que nossos pós-keynesianos enunciem que um câmbio mais depreciado faria maravilhas para a economia (aumentaria o investimento, a poupança, o crescimento etc). Mas de onde vem o câmbio depreciado? Daí temos que discutir política econômica. Existem várias alavancas que podem ser puxadas para atingir o objetivo do câmbio depreciado. Algumas são altamente malignas para o bem-estar da população. Outras podem depreciar o câmbio real, ao mesmo tempo que destroem o incentivo para investir.


Como o Keynes de bobo não tinha nada, ele criou o conceito de animal spirits para amparar a idéia de investimento autônomo (isto é, os capitalistas investem quando lhes dá na telha) e assim justificar que o sistema não tenha feedback loops ou determinação simultânea. Nossos pós-keynesianos tomam literalmente um truque de retorica de Keynes e tornam-no uma licença para não processar feedback loops.

Assim, na desvirtuação tupiniquim, eles organizam na cabecinha um sistema recursivo em que o investimento vem antes e determina a poupança. É mais fácil de explicar e provavelmente é tudo que eles conseguem entender mesmo. Mais ainda, eles querem argumentar que podem determinar a taxa de câmbio real e assim afetar a decisão de investimento (que afinal não é determinado apenas por animal spirits!), mas para isso faz-se necessário que a taxa de câmbio não seja afetada pela taxa de poupança, pois do contrário haveria um feedback loop e as cabecinhas não seriam capazes de processar ou poderiam chegar a conclusoes não do gosto deles... Então faz-se necessario argumentar ad nauseam sobre a irrelevância da decisão de poupança, chegando alguns ao extremo da boçalidade de escrever que a poupança é um resíduo da decisão de consumo, portanto irrelevante (a decisão de consumo e poupança são a mesma decisão).


Voltando ao ponto principal e resumindo:


  • Pós-keynesianismo é uma escola de pensamento única, pois pode ser definida por uma deficiência cognitiva compartilhada por seus adeptos.

  • À medida que economistas estudam mais e aprendem a pensar em termos de equilíbrio geral, eles abandonam o pós-keynesianismo. Eu mesmo passei por isso – quando tinha 19 anos, eu era fascinado pelos escritos do Cardim de Carvalho ou do Bresser Pereira, afinal pós-keynesianismo é fácil, deixa estudantes que ainda não criaram o hábito de pensar mais profundamente se sentirem inteligentes, qualquer aluno medíocre de graduação pode ler qualquer artigo do Journal of Post-Keynesian Economics.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os espantalhos do Professor Oreiro, o economista pós-keynesiano

Poucas coisas me irritam mais do que argumentos desonestos, como o uso de espantalhos.

Alguns dias atrás, o deputado Raul Jungmann, que me pareceu admirável em outras ocasiões, formou um time com o Professor Oreiro, o economista pós-keynesiano, e um outro professor e juntos produziram uma das argumentações mais vergonhosas que li nos últimos tempos (*).

Escrevem Jungmann, Oreiro e o outro:

O discurso neo-liberal [...], ainda defendido por economistas ligados ao setor financeiro, se baseia nas seguintes proposições: (a) o maior problema do Brasil é a falta de reformas microeconômicas que permitam o livre-funcionamento do mercado,

Começam bem, admito... Caracterização correta! A falta de reformas microeconômicas é certamente um importante empecilho para o desenvolvimento econômico do Brasil. Segundo, o Doing Business do Banco Mundial, o Brasil é o 129° país em termos de facilidades para se fazer negócios, atrás até da China Comunista (89°). Segundo o índice de liberdade econômica do Heritage Foundation, existem 112 paises (entre eles, o Cambodia e a Nicaragua!) na frente do Brasil. As reformas microeconômicas para um melhor livre-funcionamento do mercado, não tenho dúvidas, são fundamentais se e quando o Brasil quiser se juntar ao grupo das economias desenvolvidas.

(b) o controle da inflação é o principal objetivo da política econômica,

Espantalho! Não conheço um único economista que concorde com essa sentença. Na realidade, é provável que nem o professor Oreiro acredite em seu espantalho, afinal ele mesmo caracterizou a visão neo-liberal como acreditando que “o maior problema do Brasil é a falta de reformas microeconômicas”.

(c) para controlar a inflação, os juros serão inevitavelmente altos devido ao “risco-país” e aos problemas fiscais,

Espantalho! Não conheço um único economista que concorde com essa sentença. Primeiro, o risco-país é um problema do passado, já que nosso spread já se reduziu consideravelmente.

Segundo, não são apenas problemas fiscais (que existem!) que impediram uma queda maior da SELIC ano passado, mas sim a ausência de liderança política em Brasília capaz de desmontar tanto o sistema de crédito dirigido que alimenta os bolsos de nossa plutocracia quanto as garantias de retorno mínimo para a caderneta de poupança.

(d) o “desenvolvimento econômico” é uma competição entre os países para obter “poupança externa”;

Espantalho sem-vergonha! Somente alguém completamente incapaz de sentir vergonha para escrever uma estultice dessas. Não conheço um único economista que acredite em uma asneira dessas. Qualquer economista que não come feno no café da manhã sabe que o processo de desenvolvimento econômico é primeira e ultimamente governado pela evolução do nível de produtividade na economia.

“logo, os déficits em conta-corrente e a apreciação da taxa real de câmbio não são problemáticos, mas são necessários para o “desenvolvimento” do Brasil devido a nossa dependência externa.”

?!? Uh-huh... Mein gott...

(*) Efeito de más companhias?

Minha vez

Eu, mais velho que o "O", ainda que tenha gostado da Dave Matthews Band", fico com o de baixo.




Quem não conseguir abrir acha o link aqui.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Cortez the Killer

Para os conhecedores apreciarem - e para quem não conhece aprender...

Dave Matthews Band com Warren Haynes, no Central Park da cidade mais fantastica do mundo:

http://www.youtube.com/watch?v=aCiLCo-LoUg

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Keynes aparentemente era um pós-keynesiano...

Mas nunca dormiu no xilindró por causa disso.

Veja no link abaixo:

http://www.moreintelligentlife.com/node/824

domingo, 4 de abril de 2010

Parece trote de primeiro de abril, mas não é

TEMPESTADE EM COPO D’ÁGUA
Autor(es): Agência O Globo/PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
O Globo – 03/04/2010

Estou passando, neste momento, por uma experiência considerável.


Demiti a minha diretoraalterna, de nacionalidade colombiana, do nosso escritório no FMI. Foi um deus nos acuda. A demitida fez um verdadeiro escândalo. O governo colombiano reagiu mal. Entre várias providências, enviou carta ao FMI, vazada para a imprensa, avisando que o Brasil não fala mais pela Colômbia. Venho apanhando feito boi ladrão na imprensa colombiana e, o que é pior, também na imprensa brasileira.


Estou na China, para reuniões do G20. A cada dia, recebo notícias e boatos sobre o assunto. A última: segundo a Agência Estado, o governo colombiano exige a minha saída do FMI e estaria atuando para que a minha permanência no cargo se torne insustentável, numa espécie de tática de motim.


A desproporção entre o fato e as reações colombianas dá ao episódio um aspecto ao mesmo tempo burlesco e misterioso. A minha intenção era fazer tudo de maneira discreta, sem qualquer publicidade. Tomei os cuidados possíveis. Pedi à Colômbia que indicasse um substituto. Dentro do acordo que rege as relações dos nove países do nosso grupo no FMI, cabe à Colômbia indicar o diretor-alterno.


Hesitei em ocupar o espaço que este jornal me concede para tratar de assunto administrativo, de importância muito relativa. No entanto, o comportamento da Colômbia confere ao caso uma dimensão inusitada. Sinto-me obrigado a dar ao leitor brasileiro algumas explicações e retificar informações equivocadas publicadas nas semanas recentes.


Primeiro, não houve qualquer irregularidade.


A nomeação e demissão do diretoralterno é atribuição exclusiva do diretor-executivo, garantida pelos estatutos do FMI. Pelo acordo entre os nove países do grupo, a Colômbia indica o diretor-alterno. Não tem o direito, entretanto, de insistir que a posição seja ocupada por determinada pessoa.


Tomei a decisão por razões estritamente profissionais e técnicas. A funcionária demitida não possuía, no meu entender, as qualificações necessárias para o cargo. Alem disso, não se destacava pela lealdade nem pelo respeito à hierarquia. Trabalhava sistematicamente para obstruir a relação entre o diretor brasileiro e Bogotá. Depois de algum tempo, perdi a confiança na minha substituta eventual. A decisão não foi de natureza ideológica ou politica.


Não há divergências importantes, em temas substantivos, entre o Brasil e a Colômbia no FMI.


Antes de tomar a decisão, tive inúmeras conversas com a funcionária colombiana, tentando persuadi-la a melhorar seu desempenho e comportamento.


Não adiantou. O problema foi crescendo. A comunicação com Bogotá tornava-se cada vez mais difícil.


No final de 2009, enviei correspondências ao governo colombiano relatando os problemas com a diretora-alterna.


Não recebi resposta.


No início deste ano, tentei viajar a Bogotá para explicar o problema. A minha visita, por incrível que pareça, foi recusada. Diante disso, resolvi afastar a diretora-alterna. Ao mesmo tempo, enviei nova carta ao governo colombiano, explicando e documentando a insuficiência do seu trabalho.


A demissão teve que ser implementada em prazo curto. Não era saudável que continuasse no escritório, já demitida, mas na condição de minha substituta eventual e com plenos poderes para atuar na minha ausência, uma pessoa em que eu perdera completamente a confiança.


Diferentemente do que foi publicado, tudo foi feito com cortesia e respeito.
A Colômbia tem quadros qualificados, que poderiam exercer o cargo de diretor-alterno com proveito para os países do nosso grupo. Estava disposto a entrevistar candidato ou candidatos que Bogotá quisesse indicar.


Agora, tudo ficou mais difícil. A Colômbia se recusa, por enquanto, a indicar alguém para a posição. Faz grande barulho na imprensa. Desautorizou o diretor brasileiro em carta ao FMI. Segundo reportagem publicada por este jornal, a demitida ameaça o Brasil com a saída da Colômbia do nosso grupo e exige, também, um pedido de desculpas do governo brasileiro… Tempestade em copo d’água.


PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. é economista e diretor-executivo pelo Brasil e mais oito países no Fundo Monetário Internacional, mas expressa seus pontos de vista em caráter pessoal.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Estou perplexo

O mundo parece ter se virado de ponta a cabeça. Eu pensei em escrever algo comentando o artigo dos professores Oreiro e de Paula em que estes oferecem uma interpretação peculiar do debate macroeconômico atual, mas deixa para lá, depois das atrocidades que foram publicadas no Blomberg, tenho até vontade de jogar a toalha... Imagina só, e eu tenho cara de quem toma martini?!

A Silver Lining from the Crisis: Here Comes Heterodox Economics!

April 1 (Blomberg) – After the ripples and aftershocks of the deepest economic crisis since the Great Depression, there emerges from the rubble of the economic orthodoxy a new generation of thinkers with fresh ideas, sharp insights and the willpower to change the world, or at least the dismal science.

You would never guess where the new thinking is coming from. When Economics was revitalized in the 1930s in the aftermath of a catastrophic crisis, Lord Keynes used the vast power of his rhetoric to poke fun on an older colleague from the University of Cambridge, a scholar of representative of the mummified pre-1930 economics establishment, Professor Arthur Pigou.

But now the debate went global. Italian philosopher of science Aprile Uno, a catedratic of La Scuola Nuova de Torino, describes it bluntly: “The cheap access to communications created a new class of scholars that is globally connected, savvy, trend-setting, establishment-busting and with a hands-on approach. They are also globally rooted. In the old times, one could find all the top scholars in a handful of places in the Old First World: the two Cambridges, San Francisco, Princeton, Paris. Nowadays concept-changers may teach in Uberlândia in Brazil or Isfahan in Iran!”

But what a fall from grace for economists of the so-called mainstream! Professor Ken Rogoroff of Havard University is now concerned with unfair competition: “I spent several years compiling data about economic crisis in the last 3,000 years and now – I do not complain about my book sales – some economist in the third world, I mean an emerging country, may come with the same conclusions without bothering with looking at the facts. Intuition is essentially unfair.”

Indeed many of the leaders of the revival of Economics are in emerging countries. And among emerging countries, Brazil stands out. There is not a problem faced by policymakers in the United States or the European Union that was not mastered by some obscure Brazilian economist forty years ago.

“Mortgage crisis? We do not have any of it in Brazil. Finance is a sham and will destroy capitalism, we can do without it,” says proudly a young turk called Josias Rubião, a master student at the federal university of Rio de Janeiro. It sounds like chest thumping, but it is earned. When Olivier Blanchard of the IMF wrote a provocative piece steering central banks to choose higher targets for inflation, he was likely following on the footsteps of the so-called heterodox Brazilian economists who have understood the functionality of inflation since at least the early 1960s, through the teachings of the obscure Ignácio Rangel, perhaps as great an economist as any other twentieth century economist.

Economist Bruno Boratti of the New York based Carnegie Endowed for Peace explains: “Some policymakers spend half their lives in policy institutions or academia studying quote-and-quote serious subjects, they lose touch with reality. Others write books about sex and power. Can you guess who ends up on top?”

Naysayers are few and far between. Blogs are their meeting point. One anonymous blogger composes his irate posts in a martini bar in São Paulo and reminisces about the time when students would invert 5-by-5 matrices just to get the intuition behind matrix algebra and econometrics. His speech is blurred and I catch only tidbits of a rant about some fellow who ‘may have eaten children in public bathrooms’. With that it is clear who won the debate – certainly not the old guard losing face and brandishing that old blood libel used against communists!


AAAAAArgh!


quinta-feira, 1 de abril de 2010

Grande notícia

Meirelles diz que fica.

Grande notícia para nós, trocadores de dinheiro do templo :)

Melhor ainda para nossas instituições.