teste

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A dolorosa

Há algumas semanas Alexandre Marinis me chamou a atenção para um assunto até então pouco notado: o peso crescente das receitas extra-fiscais (dividendos de empresas estatais e receitas de concessões) na constituição dos superávits primários do governo federal. Mesmo relevando o caso mais patológico nesta área (os R$ 32 bilhões associados à “venda” de direitos de exploração de petróleo), tais receitas, que representavam algo como 14% do superávit médio no período 2003-2008, saltaram para 46% do saldo entre 2008 e 2010. Medidas a preços constantes de setembro deste ano cresceram de cerca R$ 10 bilhões em meados de 2008 para R$ 28 bilhões nos últimos 12 meses.

Esta evolução revela um segredo de Polichinelo: o esforço fiscal, em particular do governo federal, vem caindo consistentemente. Retirando as receitas extra-fiscais do cálculo do saldo primário, assim como despesas extra-fiscais (o depósito no Fundo Soberano em 2008, por exemplo), estimamos que o superávit federal tenha se reduzido de uma média equivalente a 2% do PIB entre 2002 e 2008 para pouco menos de 0,5% do PIB nos últimos dois anos. Se, com algum esforço de imaginação e muita boa-vontade, era possível fingir que a piora de 2009 devia-se à atuação contracíclica do governo, o desempenho de 2010 não deixa dúvidas que enfrentamos uma expansão fiscal persistente e considerável, da ordem de 1,5% do PIB.

Obviamente não faltará quem justifique que receitas são receitas, não interessa se sua origem seja tributária ou proveniente de fontes extra-fiscais, mas há problemas nada triviais com este argumento. É verdade que, no sentido de controlar a expansão da dívida relativamente ao PIB, qualquer trocado ajuda, mas a discussão de política fiscal no Brasil já passou deste estágio; debatemos hoje se a política fiscal auxilia o controle da demanda, reduzindo a pressão sobre a taxa de juros, ou se, pelo contrário, é fator adicional sobre esta variável.

Neste aspecto, não deveria restar dúvida que a natureza destas receitas é distinta da tributação. A começar porque receitas de concessões são eventos não-recorrentes, mais semelhantes à venda das joias da família do que uma fonte de rendimento constante. Assim como não é difícil concluir que uma família que venda seus bens para financiar seu consumo corrente irá inevitavelmente passar por dificuldades, também um governo que financie gastos adicionais pela venda de seus ativos irá, cedo ou tarde, enfrentar o momento da verdade.

Já no caso de dividendos, é bom lembrar que ao aumento do caixa do Tesouro corresponde uma redução do caixa das empresas públicas, ou seja, no setor público como um todo o efeito é nulo (ou negativo, pois há acionistas minoritários). Adicionalmente, parcela considerável do aumento dos dividendos recebidos pelo Tesouro resulta de operações cujo efeito fiscal é, na verdade, negativo.

Imagine, por exemplo, que eu compre uma mercadoria por R$ 10 e a venda a meu filho por R$ 6, que, por sua vez, a revende por R$ 7, me pagando R$ 1 como dividendo. No final das contas, mesmo com o dividendo, o prejuízo é de R$ 3. Esta operação pode parecer estranha, mas trata-se de descrição estilizada da origem dos dividendos pagos pelo BNDES ao Tesouro, financiados, em última análise por subsídios do próprio Tesouro. A diferença é que estes últimos não aparecem nas contas primárias, enquanto os dividendos sim, isto é, temos uma piora fiscal (R$ 3, no meu exemplo), disfarçada como melhora do saldo primário (R$ 1).

Resumindo, por trás das pirotecnias contábeis há uma piora apreciável das contas públicas, equivalente a 1,5% do PIB, cujo impacto esperado, segundo estimativas recentemente compiladas pelo Banco Central, seria de 0,5% sobre a inflação e 1,5% ao ano sobre a Selic.

Podemos fingir o quanto quisermos, mas, cedo ou tarde, a conta sempre chega.

(Publicado 24/Nov/2010)

Valores em muitos bilhões

72 comentários:

Bom dia Alex, trabalhou com o Tombini? Tem opinião sobre ele no cargo?

Abs,

Nós já vimos esse filme antes, só está faltando a frase maldita" é louvável um pouco a mais de inflação em troca de mais crescimento". Desse jeito não descarto já em 2011 chegarmos à inflação de dois dígitos, aí já era. Eu digo a bastante tempo que o sonho desse governo que acaba e do que se inicia era reproduzir o governo Geisel, em todos os aspectos, políticos e econômicos. Políticos podem ser verificados por uma série de tentativas autoritáris e economicas pelo descontrole dos gastos e projetos "grandiosos" TAV, Angra 3, Copa, Olimpíada, é a volta do Brasil grande. A minha geração amargou 2 décadas pagando a conta desse Brasil grande.

Alexandre,
teria um link para esse estudo do BC em que ele mensura o impacto da expansão fiscal na inflação e na Selic?
Abraços
Daniel

Para melhorar, o governo está querendo excluir os investimentos da Eletrobrás do cálculo do superávit primário. Pensam que manipular dados em papel não tem efeito real na economia.
Maravilha, hein?!
Como eu já havia dito antes, Brasil não aproveitou o bom momento de expansão econômica global, chance de ouro jogada pela janela, a ser cobrada rapidamente.
Outro alerta que fiz, a inflação; muito maior do que esta percentagem apresentada pelos institutos econômicas. Salto se deu a partir de junho, notei no 'front'. Outra assertiva: Euro vai sofrer uma desvalorização, e, tudo indica, um calote generalizado por alguns países europeus em suas dívidas soberanas.
Eu vejo perdas, eu vi, elas vem. Acredito num futuro sombrio nos próximos 18 meses.
Vamos ver se acerto novamente,... rs, rs

Olá Schwartsman!
Veja o que você acha deste ensaio sobre feitiçaria econômica:
http://www.valoronline.com.br/impresso/opiniao/98/335909/por-que-a-china-e-a-china

Abraço!

Só um comentário paralelo:

Enquanto nossos heterodoxos, tipo o Mantega, falam que misteriosamente política fiscal não interfere nos juros, olha o que o Krugman escreve no blog dele, sobre seu artigo mais recente:

The first question many readers might ask is, why do this? It’s actually a very simple model by the standards of modern macroeconomics, but it does have some formidable-looking equations, even as it rests on some patently untrue assumptions about reality.

The answer I’d give is that models are an enormously important tool for clarifying your thought. You don’t have to literally believe your model — in fact, you’re a fool if you do — to believe that putting together a simplified but complete account of how things work, with all the eyes crossed and teas dotted or something, helps you gain a much more sophisticated understanding of the real situation. People who don’t use models end up relying on slogans that are much more simplistic than the models — debt bad, inflation bad, savings good, all of which are just wrong some of the time.


Chega a dar uma emoção, vontade de mandar pra todos meus colegas de Unicamp (calma, calma, sou engenheiro).

"Enquanto nossos heterodoxos, tipo o Mantega, falam que misteriosamente política fiscal não interfere nos juros"

Só quando interessa. Veja o que o luminar afirmou há pouco:

"Na primeira entrevista, Mantega insistiu que agora é a hora de reduzir os gastos, o que permitirá uma queda mais rápida na taxa de juros. Ele também assegurou que o BNDES receberá menos recursos do Tesouro Nacional, abrindo espaço para o setor privado fazer empréstimos de longo prazo."

Alex

Esse Mantega é um pandego. Como já se disse, Brasil se cercar vira hospício, se cobrir vira circo.

Elaine Marie. The girl with 2 heads. ALIVE! (I)

Mantega insistiu que agora é a hora de reduzir os gastos, o que permitirá uma queda mais rápida na taxa de juros. Ele também assegurou que o BNDES receberá menos recursos do Tesouro Nacional, abrindo espaço para o setor privado fazer empréstimos de longo prazo."

Como abrir espaço para o setor privado? Responde o economista do BNDES:

Enquanto as aplicações em dívida pública com resgate diário rendem 10,75% ao ano (Selic), o juro para 2017 não chega a 12,5% na Bolsa.

"Por que alguém vai comprar um papel longo para ganhar um prêmio tão pequeno? É muito mais risco. Não tem solução mágica: tem que baixar o juro de curto prazo. Na hora que fizer isso, parte da riqueza que está no curto prazo vai para o longo. Chile, Peru e Colômbia fizeram isso, não tem motivo para o Brasil não fazer isso também", disse Ernani Torres Teixeira, economista do BNDES.

No jornal Valor, Cláudia Saflate (“Mantega fica para reduzir a dívida para 30% do PIB”) avisava que “Tão logo seja oficializado no posto, Mantega deverá encaminhar para decisão da presidente eleita [...] aporte de mais de R$ 200 bilhões do Tesouro Nacional nos últimos dois anos, o BNDES não pode diminuir de tamanho abruptamente e reivindica mais R$ 60 bilhões do Tesouro para o próximo ano.”

Elaine Marie. The girl with 2 heads. ALIVE! (II)

MP 511 (Trem-Bala). Alerta Mansueto Almeida (08/11/2010, no blog): “O Art. 4o da MP é mais um absurdo. O empréstimo já começa sendo considerado de elevado risco e, por uma canetada, a medida provisória deixa claro que se o financiamento ao TAV não for pago, o governo vai dispensar o crédito concedido ao BNDES e assumir a perda. Alguém tem alguma dúvida de que a conta sempre é paga pela viúva?”

Elaine Marie. The girl with 2 heads. ALIVE! (III)

Por que a será que a França já avisou que pulou fora da licitação do próximo dia 29 e outros relutam? Talvez por que saibam que o estudo governamental sobre o TAV brasileiro, pago ao peso de US$ 5,5 milhões às consultorias, não vale un dollaro bucato em termos de confiabilidade dos dados. E também por que estimam, com base em experiência própria, que os quase R$ 35 bilhões prometidos praticamente a fundo perdido pelo constructo desenvolvimentista Tesouro → BNDES representam algo em torno de 50% do valor total da obra.

Relatório do U.S. Government Accountability Office (GAO), em busca de subsídios para a discussão a respeito da implantação do High Speed Passenger Rail nos EUA, mostra o que viu de fato nos países visitados (França, Espanha e Japão):

Sobre o retorno do investimento, o relatório do GAO afirma que:

In the countries we visited, the central government generally funds the majority of up-front costs of their country’s respective high speed rail projects, and they do so without the expectation that their investment will be recouped through ticket revenues. The public sector’s ability to recover its financial investment has varied on the basis of how revenues have grown, but transportation officials in Japan and Spain told us that a public subsidy was generally necessary because ticket revenues are insufficient to fully recoup the initial investment. In Japan, while two early lines developed in the 1960s and 1970s may have fully repaid the initial investment and debt related to their construction, three of the high speed rail lines built since the 1987 privatization have been able to recover 10 percent, 52 percent, and 63 percent of their construction costs through ticket revenues. Spanish officials told us the original high speed line in Spain between Madrid and Seville has been profitable on an operating cost basis but has not covered all of its costs, including the original construction costs. A Spanish academic researcher told us that future lines might not cover even their operating costs.

http://www.gao.gov/search?search_type=Solr&o=0&facets=&q=%22Future+Development+Will+Depend+on+Addressing+Financial+and+Other+Challenges+and+Establishing+a+Clear+Federal+Role%22

A íntegra do relatório com 108 páginas está sob o título:

High Speed Passenger Rail: Future Development Will Depend on Addressing Financial and Other Challenges and Establishing a Clear Federal Role

Elaine Marie. The girl with 2 heads. ALIVE! (IV)

E finalmente, o que disse a então candidata do PT, deixando escapar recentemente o que de fato pensa a respeito do imperioso ajuste fiscal em futuro governo, mostrando que não mudou nem uma vírgula do que dizia em 2005:

“O papo de ajuste fiscal é a coisa mais atrasada que tem. Não se faz ajuste fiscal
porque se acha bonito. Faz (sic) porque precisa. E eu quero saber: com inflação sob controle, com a dívida caindo e com a economia crescendo, vou fazer ajuste fiscal para contentar a quem? Quem ganha com isso. O povo não ganha.” (O Globo, 11/9/2010).

Parabéns Alexandre, excelente texto. Didático, ajuda a promover a "inclusão econômica" de leigos como eu. Li na Folha e reli aqui no blog, que passo a acompanhar diariamente (ainda mais porque você também é sãopaulino - bem, só podia... rs).
Valeu!

Quem leu as declarações do Serra feitas ontem? http://bit.ly/gy23PA pena que durante a campanha não tenha adotado esse tom ou mais elevado até. Quero ver o Guido cumprir isso, pois até agora fez o inverso do que falou, sem falar que isso demandaria um esforço fiscal monumental se partirmos dos números apresentados pelo Alex. Não creio.

O Sr não levou em conta que o crescimento do Brasil esse ano foi abaixo do potencial,isso afeta a arrecadação.

"Por que alguém vai comprar um papel longo para ganhar um prêmio tão pequeno? É muito mais risco. Não tem solução mágica: tem que baixar o juro de curto prazo. Na hora que fizer isso, parte da riqueza que está no curto prazo vai para o longo. Chile, Peru e Colômbia fizeram isso, não tem motivo para o Brasil não fazer isso também", disse Ernani Torres Teixeira, economista do BNDES."

Caralho, essa doeu.

"O Sr não levou em conta que o crescimento do Brasil esse ano foi abaixo do potencial,isso afeta a arrecadação."

Pedro:

De que planeta você está chamando?

Alex, aguardamos algum comentário seu sobre Tombini.

Elaine Marie. The girl with 2 heads. ALIVE! (V)

Japoneses pulam fora

O consórcio se preparou para apresentar uma proposta para o projeto do TAV (Trem de Alta Velocidade) desde o início deste ano, mas chegou à conclusão de que não há um mecanismo adequado para reduzir riscos como atrasos na construção e POTENCIAIS PREJUÍZOS com a operação da linha de trem.

Entre os Coreanos

Considerado favorito na disputa pelo trem-bala brasileiro, o consórcio coreano poderá sofrer baixas. Segundo fontes ligadas ao processo, algumas empresas ainda não conseguiram entrar em acordo com os líderes do grupo e estariam prestes a desistir do negócio. Entre elas, estão as construtoras Contern (do Grupo Bertin, o açougueiro que vai construir Belo Monte), Galvão Engenharia e Carioca.

Um dos principais pontos de discórdia é a exigência dos coreanos de que as companhias brasileiras assumam mais responsabilidades no consórcio e aumentem a participação em dinheiro.

O grupo Bertim, do blog do Mansueto (25/11/2010)

Em 2008, o JBS pegou R$1,1 bilhão de empréstimos com o BNDES, em 2009, mais R$ 3,5 bilhões, e mais R$ 200 milhões em 2010. Como JBS comprou o grupo Bertin, que tinha recebido R$ 2,5 bilhões de empréstimos diretos do BNDES, em 2008, e mais R$ 200 milhões em 2009, todos esses empréstimos totalizam R$ 7,5 bilhões em um prazo de três anos.

Além desses empréstimos diretos, O BNDESpar comprou participação no JBS e no grupo Bertin que hoje são a mesma empresa.

O projeto do trem-bala está no PAC, que era comandado pela Miriam Belchior.

A futura ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse que o maior desafio do próximo governo é racionalizar o uso dos recursos públicos para atender AS PRIORIDADES já definidas pela presidente eleita, Dilma Rousseff.

- Seremos parceiros do ministro Guido Mantega na busca da contenção fiscal para garantir o desenvolvimento sustentável do país- disse Miram Belchior.

O crescimento desse ano deve ficar entre 7,5% e 8%,comparando com o ano anterior daria um crescimento de 4%.


O PIB potencial do Brasil é de 5%,para recuperar o crescimento do ano de 2009 teríamos que crescer 10% esse ano.

E os anos anteriores não existem, ou o desemprego no menor nível da série não te dá nenhuma pista?

Cuidado com esse "desemprego" tem muita gente deixando de trabalhar e vivendo por outros meios, se você me entende. Na construção civil o grande competidor por mão de obra é a bolsa família.

Jayme:

Não acho que seja verdade; afinal de contas a taxa de participação tem aumentado (i.e., cresceu a proporção da população economicamente ativa, PEA, relativamente à população em idade ativa, PIA). Era 56,7% há um ano e é 57,4% hoje, o que significa que, sem este aumento, o desemprego seria cerca de 1,1% menor do que os 6,1% observados em outubro.

Mas se fosse verdade, isto signficaria redução da taxa de crescimento potencial,isto é, se as pessoas estivessem saindo voluntariamente da força de trabalho, seria necessário elevar os salários mais fortemente para restabelecer o incentivo (deslocamento ao longo da oferta de trabalho) e o impacto na inflação apareceria para níveis de crescimento mais baixos.

Abs

A

"Mantega propõe índice de inflação que exclua alimentos e combustíveis"

Claro que eles não vão acabar com o IPCA, mas tenho a impressão que será o primeiro passo para acabar com "inflation target", não?

Abs



Abs

Elaine Marie. The girl with 2 heads. ALIVE! (VI)


“Garantia para trem-bala é "feita para não ser usada", diz Coutinho”

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse que a Medida Provisória 511 [...] é "o tipo de coisa feita para não ser usada".

"Quando o BNDES contrata um projeto muito grande, como Belo Monte ou o TAV, EM HIPÓTESE IMPROVÁVEL do projeto apresentar dificuldade, serão acionadas todas as garantias. NUMA HIPÓTESE ALTAMENTE IMPROVÁVEL de o projeto enfrentar um problema e as redes de segurança não funcionarem bem, isso poderia provocar um impacto negativo sobre o patrimônio de referência do banco, reduziria a capacidade do banco de emprestar e teria impacto sobre investimentos do país", explicou Coutinho. Por isso, a MP editada pela União é uma "garantia em última instância". "É apenas uma rede de segurança. É o tipo de coisa feita para não ser usada".

http://economia.ig.com.br/empresas/infraestrutura/garantia+para+trembala+e+feita+para+nao+ser+usada+diz+coutinho/n1237823578617.html

O princípio da infalibilidade do poder executivo é a principal marca das ditaduras, dos regimes totalitários e, no campo espiritual católico, do Vaticano.

Parabéns ao consultor legislativo do Senado Marcos José Mendes pelo seu excelente trabalho de alerta que serviu ao embasamento técnico da recomendação de suspensão do MP.

“TREM DE ALTA VELOCIDADE: caso típico de problema de gestão de investimentos”

http://www.senado.gov.br/senado/conleg/textos_discussao/NOVOS%20TEXTOS/Texto%2077%20-%20Marcos%20Mendes%20-%20TAV.pdf

MPF/DF recomenda suspensão imediata da licitação para o trem-bala Rio-Campinas

Um dos problemas apontados pelo Ministério Público é a imprecisão da estimativa de custos da implantação do trem de alta velocidade, atualmente orçada em R$ 34 bilhões. Segundo a procuradora da República Raquel Branquinho, a inexistência de projetos de engenharia detalhados, com um cenário realístico da quantidade de serviços de terraplanagem, estruturas portantes e área atingida, por exemplo, impede uma avaliação confiável do impacto sócio, econômico e ambiental causado pela obra. [...]

O MPF também sustenta que a fragilidade dos dados atualmente disponíveis compromete a estimativa das receitas a serem geradas pelo empreendimento, causando dúvidas, inclusive, sobre a própria viabilidade do empreendimento. De acordo com as apurações, não há estudos aprofundados acerca da demanda pelo novo serviço, tampouco uma avaliação criteriosa dos eventuais riscos, feita por instâncias independentes.

Segundo a recomendação, o Tribunal de Contas da União não analisou questões essenciais da obra, como custo e demanda. O projeto do trem bala também não passou pelo Comitê Técnico para Projetos de Grande Vulto do Ministério do Planejamento - responsável por analisar projetos de infraestrutura acima de R$ 50 milhões – por estar incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Veja aqui a íntegra. Procedimento Preparatório 1.16.000.003765/2010-66

Integra da notícia

http://www.pgr.mpf.gov.br/conheca-o-mpf/sobre-a-instituicao

Ainda vai ter o post do todo-poderoso presidente da AKB?

Não é pouca coisa não! O sujeito é importante.

Li hoje que o Mantega que expurgar os indíces de preços de alimentos e combustíveis, isso me deixou intrigado, a previsão do BC é de estabilidade dos preços dos combustíveis para 2011, salvo se o governo fizesse alguma "mágica" com a taxa de câmbio, a conferir, mas que fiquei preocupado fiquei.

Meus caros,
Temos que tomar cuidado com estes supostos efeitos do bolsa-família sobre a oferta de mão-de-obra. É só pensar em uma estrutura simples de menu de contratos reveladores de tipos. Na boa, alguém deixará de trabalhar para ganhar 150 pratas por mês? Não vale a pena trabalhar (e ficar com sua desutilidade) de forma a receber bem mais (e ficar com a utilidade do consumo adicional)? Qual será o salário necessário para que valha a pena não trabalhar? Muito pequeno, na verdade. Uma vez que somos, infelizmente, um país de miseráveis, este com certeza é um problema em amplas áreas do país (interior nordestino, etc), mas não nos grandes centros. Quem está enfrentando propblemas é o setor agrícola nas áreas mais atrasadas (e o aumento da fiscalização do Ministério do Trabalho está fazendo os fazendeiros não contratarem informalmente de jeito nenhum). Agoera, construção civil nos grandes centros? Sem chance.
Saudações.

Acho que no último comentário mandei o link errado para a notícia da recomendação da suspenção da licitação no site do MP.

O link é este

http://noticias.pgr.mpf.gov.br/noticias/noticias-do-site/copy_of_patrimonio-publico-e-social/mpf-df-recomenda-suspensao-imediata-da-licitacao-para-o-trem-bala-rio-campinas

"Cuidado com esse "desemprego" tem muita gente deixando de trabalhar e vivendo por outros meios, se você me entende. Na construção civil o grande competidor por mão de obra é a bolsa família."

Jaime,
Preciso fazer uma obra aqui em casa, vc poderia me passar o contato desses pedreiros que trabalham por uma bolsa família ao mês? Os outros, em geral, cobram uma bolsa família por dia.
Grato,

""Mantega propõe índice de inflação que exclua alimentos e combustíveis"

Claro que eles não vão acabar com o IPCA, mas tenho a impressão que será o primeiro passo para acabar com "inflation target", não?

Abs"

Não creio. Seria o primeiro passo para manter o regime de metas de inflaçao, mas perseguindo o núcleo (core inflation).

Não tenho certeza, mas creio que os países que usam metas de core inflation, nao usam bandas para a inflaçao.

Nao sei se daria certo para o Basil. Por conta principalmente dos administrados, a inflaçao de alimentos e combustíveis acabaria impactando o núcleo da inflaçao, com alguma defasagem.

O Zé vai esperando sentado esse tal pedreiro, a não ser que você queira acabar com a sua casa. Agora eu ecomendo que deixem seus escritórios refrigerados e conversem com profissionais da área sobre mão de obra, a não ser que voces acreditem em pleno emprego.

Alguém leu o artigo do Lessa no Valor de hoje?

Alex, Teremos inflação de "primeiro mundo" com o novo índice de inflação que o governo pretende adotar?

O que o autor do blog acha dessa última do Mantega para criar mais um índice de inflação? Será a jabuticaba tupiniquim? Um milagre da heterodoxia que ninguem tinha pensado antes?

Zizzi de Earl's Court Road?! É do lado da minha casa... Que coincidência.

No blog, Mansueto comenta a nova mandrakaria contábil (Decreto 7.365/2010 - 25/11/10) no constructo desenvolvimentista Tesouro → BNDES → Tesouro.

"Nada mais a comentar, a não ser que estou cada dia mais impressionado com essa contabilidade criativa e tem gente muito esperta, funcionário de carreira, por trás disso."

Se Mansueto concluiu assim o post "Mais um truque no Resultado Primário", isso me leva a crer que a coisa tá feia (o "gerenciamento de resultados" em busca desesperada no final do ano de receita primária maior para o Tesouro).

Como assim vou esperar sentado? O pedreiro q vc havia mencionado não existe? Era só uma figura retórica?

Isso aqui na Folha me encheu de esperanças:

Mantega procura formulador de política econômica para Fazenda

SHEILA D'AMORIM
DE BRASÍLIA

Além de um novo secretário da Receita Federal, o ministro Guido Mantega (Fazenda) está à procura de um nome para a Secretaria de Política Econômica (SPE).
O cargo, que nos últimos anos ganhou destaque na administração da pasta e dividiu com o ministro a formulação da política econômica, é ocupado por Nelson Barbosa, que deixará o ministério.

Inicialmente, especulou-se que Nelson Barbosa poderia ir para a presidência do BB, mas, na semana passada, a presidente eleita, Dilma Rousseff, disse a ele que tem outros planos.
A intenção é que Barbosa ocupe uma função mais próxima da presidente, como uma assessoria econômica dentro do Planalto ou uma vice-presidência no BNDES, onde atuaria com Coutinho.

um pós-keynesiano a menos para atrapalhar. será substítuído por outro pior?

O pedreiro existe sim, só não é trouxa ou tão óbvio analisar o que ocorre no mercado de trabalho hoje. A não ser que voce acredite que estamos em pleno emprego, estamos? Mas veja que muitos setores sofrem com falta de mão de obra, seja porque não é qualificada, seja porque não está disposta a trabalhar mesmo, e eu vejo a bolsa família com uma causa de distorção no mercado de trabalho. Apenas isso.

“eu vejo a bolsa família com uma causa de distorção no mercado de trabalho.”

Você vê isso, talvez com o seu terceiro olho (na testa), mas os especialistas discordam, nunca vi estudo algum demonstrando que o Bolsa Família causasse distorções no mercado de trabalho.

“Isso aqui na Folha me encheu de esperanças: Mantega procura formulador de política econômica para Fazenda”

Acho isso assustador. O Nelsão talvez seja o melhor da turma (ele passa com C), sem ele, o risco é que entre alguém pior ou muito pior.

"Acho isso assustador. O Nelsão talvez seja o melhor da turma (ele passa com C), sem ele, o risco é que entre alguém pior ou muito pior."

Nossa, O,

Você aprovaria um sujeito que escreve isto:

A política fiscal é um dos determinantes da demanda
agregada e, desta forma, ela influencia a taxa de juro
e a taxa de câmbio.
• Nos últimos anos a política fiscal foi um instrumento
importante para a aceleração do crescimento
econômico com melhora na distribuição de renda,
sem criação de pressões inflacionárias excessivas.
• As metas de inflação foram cumpridas e a taxa real
de juro caiu.
• A tendência de apreciação na taxa de câmbio real
está mais relacionada a fatores internacionais.

Claramente ele é o cara que legitima essa visão cretina da Fazenda (e do Mantega) sobre política fiscal.

Quem sabe não volta alguém como Marcos Lisboa pra Secretaria de Política Econômica?

Sério,

Leia esta apresentação inteira (é curta):

Duas Não Linearidades e Uma
Assimetria: Taxa de Câmbio,
Crescimento e Inflação no Brasil

Nelson Barbosa

Secretário de Política Econômica
Ministério da Fazenda

http://www.fazenda.gov.br/spe/publicacoes/conjuntura/bancodeslides/Nelson%20FGV%202010%2008%2030%20-%20final.pdf

Acho que merece um lugar nos anais da idiocracia.

A presidenta já deixou bem claro que ajuste fiscal é coisa para babaca.

Para provar seu ponto para qualquer bom (ou mau entendedor também), nomeou Mantega para a Fazenda, um ministro fraco.

Os prospectos para algum nome forte ocupar a posição do Nersão são perto de zero. Qualquer economista que entende que o Brasil precisa de um ajuste fiscal sabe que não vai ter poder para fazê-lo. A posição de secretário de política econômica traz bastante prestígio, mas não paga tão bem, requer mudança para Brasília (uma cidade horrível, inóspita), e a qualidade de vida deve ser bem ruim se todas as outras forças de Brasília acham que você é um babaca (e a presidenta disse que ajuste fiscal é coisa de babaca). Os únicos que aceitariam o cargo são aqueles que acham que a descrição do cargo requer criar novas formas de contabilidade criativa para esconder a deterioração fiscal.

Chega até a ser o caso que aceitar o cargo que é hoje do Nelson Barbosa é equivalente a passar atestado de picareta (se esperto) ou trouxa.

“Quem sabe não volta alguém como Marcos Lisboa pra Secretaria de Política Econômica?”

E por que você acha que existe algum economista brasileiro sério que aceitaria ser subordinado do Mantega?

"E por que você acha que existe algum economista brasileiro sério que aceitaria ser subordinado do Mantega?"

Fama e poder, e dinheiro (não pelo salário, mas as consultorias depois). Deve tá assim de gente ambiciosa que toparia, mesmo egressos das melhores universidades.

Vocês sabem que colocar um cargo desses no currículo faz maravilhas com a sua expectativa de ganhos futuros, mesmo que seja um cara medíocre. Maílson da Nóbrega vem à mente...

Enfim, sonhar não custa nada... Mas valeu pelo choque de realidade.

Eu ouvi dizer que o Professor Oreiro seria um dos mais fortes candidatos para a posição do Nelson Barbosa.

Parece-me que a questao fundamental e a seguinte: o Mantega e burro, ignorante, ou mal intencionado?

PIG

Menos, menos... Dinheiro pode vir se você participa de um time vencedor. Se o seu papel for visto pelo resto do mundo como garoto de recados do Guido, não vai ter hedge fund fazendo fila para lhe contratar. Para complicar, tendo chegado a uma posição sênior, muitas posições interessantes com menos senioridade que pagam bem são vistas pelo resto do mundo como demoções.

" E por que você acha que existe algum economista brasileiro sério que aceitaria ser subordinado do Mantega? "

logo, nao temos no ministério da fazenda nenhum economista sério, O?

"Eu ouvi dizer que o Professor Oreiro seria um dos mais fortes candidatos para a posição do Nelson Barbosa."

Professor Orelho declarou voto ao Serra. Não creio o Mantega botaria um serrista na secretaria de Pol. ec.

"logo, nao temos no ministério da fazenda nenhum economista sério, O?"

Existe uma diferença entre a turma que está lá de carreira (que não escolheu trabalhar sob o Mantega) e os nomeados.

Dificil inferir as intenções, mas a burrice e ignorancias são de conhecimento comum e auto-evidentes. O homem e' ridículo.

Resumindo, a lei de responsabilidade fiscal serve para Municípios e Estados e não para o Governo Federal. Este faz o que quer, se endivida o quanto quiser e pagamos todos via impostos ou inflação.
Até hoje não entendi porque a LRF não se estendeu à União que sempre foi o gastador-mor.

Alguém sabe explicar????

“Professor Orelho declarou voto ao Serra. Não creio o Mantega botaria um serrista na secretaria de Pol. ec.”

Vai ser um sicsu qualquer da vida então.

Incrível como algumas pessoas ficam "inteligentes e valentes" atrás do anonimato, e melhor terceiro olho na testa do que em outra parte anatômica, que parece ser o seu caso, principalmente para falar, anonimo valentão e patrulheiro. Você tem mais o perfil de escrever no Nassif.

> Dificil inferir as intenções, mas a > burrice e ignorancias são de >conhecimento comum e auto-evidentes.

burro+ignorante+bem intencionado pode ser salvo se tiver um bom staff (e.g., um bom economista)

burro+ignorante+mal intencionado, pode ser influenciado por um bom staff (e.g., um bom economista)

inteligente+bem informado+mal intencionado, ai a coisa pega...

PIG

Olá, gostaria da opinião de pessoas que estudam economia sobre o seguinte vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=NoGZ3-CMzJg&feature=related

Após assisti-lo, fiquei em dúvida sobre o quão parcial ele é, pois no final ele apresenta uma solução "ambientalmente sustentavel", parece ser jogada de marketing de alguma ONG da natureza, pois ele é todo bem feitinho e ilustrado, enfim, gostaria da ajuda de vocês, obrigado.

"Em entrevista ao diário Buenos Aires Económico, o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira disse que a economia da Argentina é mais sólida do que a brasileira".

Um viajante estava perambulando por uma ilha habitada por canibais e parou em frente a um açougue. Logo percebeu que este açougue era especializado em cérebros humanos. O cartaz da vitrine dizia:

Cérebro de artista: $9/kg
Cérebro de cientista: $12/kg
Cérebro de professor de eletromagnetismo: $25/kg
Cérebro de economista FGV $49/kg

Lendo o sinal, o viajante falou para o açougueiro:
- Minha nossa! Esses cérebros de economista da FGV devem ser muito populares, para alcançarem estes preços!
- Você está brincando? Sabe quantos economistas da FGV eu preciso caçar para conseguir um quilo?!

Jayme,

Talvez te interesse:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0101-41612010000200001&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

Abs

Leo interessante o trabalho, não quero mais polêmicas.
E a propósito como prova de ajuste fiscal e austeridade governo pretende comprar um novo avião pela bagatela de R$500 milhões. Seria um A330 versão executiva, para verem o absurdo dá para comprar um A380 versão comercial, segundo um amigo meu comandante.

"Você está brincando? Sabe quantos economistas da FGV eu preciso caçar para conseguir um quilo?!"

esclarece ai, da GV de SP, né?!

;^?

Gente do céu, eh o reino do chapeleiro louco virando realidade. Eu diria que no Brasil, daqui a pouco, sempre será 5 horas. Tome chá ou evacue desse pais!

Sim! Querem evacuar na sua cabeça

“Quem sabe não volta alguém como Marcos Lisboa pra Secretaria de Política Econômica?”

"E por que você acha que existe algum economista brasileiro sério que aceitaria ser subordinado do Mantega?"

Marco Lisboa foi subordinado ao "capo" da república de ribeirão preto, vulgo violador de sigilos e frequentador de casas de saliencia, Antonio Palocci.

Marco Lisboa foi subordinado ao "capo" da república de ribeirão preto, vulgo violador de sigilos e frequentador de casas de saliencia, Antonio Palocci.

Mas ele fez ou não fez coisas boas?

“Marco Lisboa foi subordinado ao "capo" da república de ribeirão preto, vulgo violador de sigilos e frequentador de casas de saliencia, Antonio Palocci.”

Esse comentário é meio babaca. Quando Marcos Lisboa estava no ministério, Palocci não era um santo, mas ele dava todo o apoio para que sua equipe desenhasse e implementasse política econômica.

Hoje somente um bandido, um idiota ou um inocente útil aceitaria ser secretário de política econômica de Mantega. Pode até ser que Mantega seja honesto e não frequente casas de saliência, mas o pré-requisito para ser secretário de política econômica de seu ministério é deficiência no córtex cerebral ou excesso de flexibilidade na espinha dorsal.

Por isso mesmo, é bem difícil, quase impossível que um economista respeitável e respeitado aceite este emprego.

caro "O"
dois pesos e duas medidas, não seja igenuo.

O que o Marco Lisboa conseguiu implementar de prático ? O que saiu do papel e do discurso ?
Me aponte uma coisa !

O lisboa jamais desobedeceu o chefe palocci, e ele foi pro governo apenas para composição política de apoio dos academicos da GV-Rio e do Scheinkman, que foi quem indicou ele.

Não discuto se ele é competente ou não, mas na prática, o que ele fez politica com o mafioso saliente, nada além disso.

Não sejamos igênuos.

Agora, quanto ao mantega, te dou absoluta razão.