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domingo, 11 de novembro de 2012

Momento pedagógico II

Stefan Alvino: 

“A existência do BNDES é sim fundamental, mas para financiar e tornar mais competitivo e baratos as produtividades que internalizam os custos "socioambientais". Exemplos são as energias limpas como a solar e eolicas, e os transportes de massa com poluição baixa como metro e VLTs. O que está faltando no BNDES é a adoção de criterios mais tecnicos na concessão de emprestimos e menos politicagem, mas isso logo logo acho que vai se resolver.” 

Mais um momento pedagógico! 

Eu diria que a existência do BNDES se deve à sua utilidade para os governantes de plantão. O BNDES é um instrumento que os governantes do dia usam para transferir recursos para seus plutocratas de confiança. Também é um instrumento de chantagem contra o empresariado. Esta é a razão de sua existência. Esta é a natureza da besta. 

Tal finalidade hedionda deve ser disfarçada da população, daí a necessidade de desculpas como custos ‘socioambientais’, política industrial etc. Às vezes ouvimos que o papel do BNDES seria crucial para financiar o investimento no Brasil, o que é grotescamente curioso, pois a vasta maioria dos países de desenvolvimento similar ao Brasil consegue investir mais que o Brasil sem depender de um banco estatal de desenvolvimento de tal dimensão. 

Agora, ouvimos dos custos “socio-ambientais”. Mas por que o BNDES seria necessário para financiar o transporte em massa? Não podem os governos de São Paulo ou do Rio, ou concessionarias do setor privado, emitir dívida? Não pode a União garantir tal dívida se existe algum motivo de bem-estar social ou externaliade justificando isso? 

Cínico que sou, desconfio que a raison d’être do financiamento por um banco estatal é evitar-se a disciplina do mercado e garantir que as obras possam ser superfaturadas. Como disse, esta é a natureza da besta. 

39 comentários:

Este comentário foi removido pelo autor.

Desde a segunda metade dos 90 nem Rio nem SP ,ou qualquer outro estado, pode emitir títulos de dívida.

O BNDES não é uma fonte de recursos apenas para os poucos 'eleitos', basta olhar o seu grande programa, o PSI. Linhas com 2,5% de juros até o final do ano para quaisquer empresas, especialmente as pequenas. Subsídio generalizado do Tesouro ao setor produtivo, basta ter capacidade.

E a tal 'disciplina de mercado' está mais para um oligopólio que cobra um spread extraordinário, com o perdão do neologismo. Vejam o que houve com o spread da pessoa física desde que o BB e a CEF baixaram os juros por um ucasse governamental.

O Bndes eventualmente escolhe alguns 'campeões'? Sim. É bom? Discutível. O Bndes se resume a isso? Não! Simplificar o papel do Banco, ontem e hoje, faz bem para a guerrilha ideológica, mas não ajuda no debate...

Até porque, se hoje a complexa realidade é essa, no passado o Bndes foi peça chave das privatizações. Onde quem mandava não era exatamente a mesma turma de agora e as críticas vinham dos dinossauros e/ou quermesseiros...

Uma análise clara da atuação do BNJBS que nunca tinha ouvido!

Faz todo o sentido!

Adicionalmente, o BNDES usa dinheiro do fundo de garantia, uma poupança da qual o dono não pode dispor. Me dei conta recentemente que a indisponibilidade do FGTS é inconstitucional, porque ao reduzir o rendimento de uma poupança se constitui em uma forma de imposto sobre o pequeno poupador, o que não é permitido à União.

O argumento, que é bastante transparente, está no blog da Heloisa Pait:

http://helopait.wordpress.com/2012/11/07/fgts-colombo-e-aloisio/

(no primeiro comentário).

Bah, o cara diz que a educação brasileira é "doutrinação" e chama essas conjecturas abstratas de "momento pedagógico".

É muita falta de noção!

Na mosca. Concordo 100%.
E a parte sobre o ":instrumento de chantagem" foi elevada a decima potencia no mandarinato do PT...

Na mosca. Concordo 100%. E a parte sobre o "instrumento de chantagem" foi elevado a decima potencia no mandarinato do PT.

As forças de mercado irão gerar fundos financiáveis de longo prazo com custos baixos? Os banqueiros brasileiros iriam disponibilizar recursos com este perfil ou as empresas se financiariam nas bolsas? Gostaria de ler uma análise sua sobre as alternativas de mercado ao BNDES.
Saudações.
M.

“As forças de mercado irão gerar fundos financiáveis de longo prazo com custos baixos?”

Sim, e isso é óbvio.

“Os banqueiros brasileiros iriam disponibilizar recursos com este perfil ou as empresas se financiariam nas bolsas? Gostaria de ler uma análise sua sobre as alternativas de mercado ao BNDES.”

Existem dezenas de soluções diferentes. Basta olhar para qualquer um dos muitos países que não possuem bancos de desenvolvimento gigantescos e que têm taxas de investimento mais altas que o Brasil.

“Desde a segunda metade dos 90 nem Rio nem SP ,ou qualquer outro estado, pode emitir títulos de dívida.”

Irrelevante para meu argumento, porque as concessionárias de transporte público ou empresas de capital misto podem.

”O BNDES não é uma fonte de recursos apenas para os poucos 'eleitos', basta olhar o seu grande programa, o PSI. Linhas com 2,5% de juros até o final do ano para quaisquer empresas, especialmente as pequenas. Subsídio generalizado do Tesouro ao setor produtivo, basta ter capacidade.”

O BNDES também serve cafezinho para seus clientes (imagino).

”O Bndes eventualmente escolhe alguns 'campeões'? Sim. É bom? Discutível. O Bndes se resume a isso? Não! Simplificar o papel do Banco, ontem e hoje, faz bem para a guerrilha ideológica, mas não ajuda no debate...”

Como disse, o BNDES também serve biscoitinho acompanhando o cafezinho para seus clientes.

”Até porque, se hoje a complexa realidade é essa, no passado o Bndes foi peça chave das privatizações. Onde quem mandava não era exatamente a mesma turma de agora e as críticas vinham dos dinossauros e/ou quermesseiros...”

Sim, esta é a natureza da besta.

"O BNDES também serve cafezinho para seus clientes (imagino)"

O cafezinho (PSI) foi de R$ 42,5 bilhões em 2011.

"também serve biscoitinho acompanhando o cafezinho"

O cafezinho e o biscoitinho para as micro, pequenas e médias empresas foi de R$ 49,8 bilhões em 2011 (mais de 1/3 dos desembolsos totais).

"O BNDES também serve cafezinho para seus clientes (imagino)."

Imaginou corretamente, o cafezinho (PSI) foi de R$ 42,5 bilhões ano passado.

"também serve biscoitinho acompanhando o cafezinho para seus clientes."

O biscoitinho e o cafezinho foram de R$ 49,8 bilhões para micro, pequenas e médias empresas em 2011.

"esta é a natureza da besta."

Um instrumento de política pública. A palavra "política" causa arrepios, junto com "pública" então é o Horror. Mas isso é que os governos fazem...

O debate nem é sobre atuação boa ou ruim do BNDES (e eu acho muito ruim).

O problema é a ideia de que "os governantes do dia chantageiam os grandes empresários". Isso simplesmente contraria não apenas qualquer teoria política séria, mas até economia institucionalista à Acemoglu, por exemplo. Equivale mais ou menos a dizer que, recentemente no Brasil, o aumento da inflação levou à queda dos juros reais.

A causalidade é contrária ou, no mínimo, mútua.

Se um governo realmente chantageasse os empresários, isso seria ótimo, pois atestaria o isenção desse governo em relação a interesses de grupos privilegiados.

(Mas é claro, aqui é diferente, Lula, populismo, povo ignorante, mimimi - "O Anônimo" inventou a jabuticaba política!)

Vc diz que o mercado geraria os recursos e que isto seria óbvio, por que não gera? Uma vez que o BNDES não cobre toda a demanda do mercado deveria haver oferta.

Quais são as soluções existentes em outros países? Seu post deveria elencar as mesmas, desta forma sua crítica teria mais consistência.

Não sou favorável ao direcionamento político de recursos, mas o mercado brasileiro não ajuda muito por que é mais rentável descontar duplicata, conceder crédito rotativo e achacar os devedores do cheque especial.

M.

Mesmo que seja ou possa ser exagerado, ao BNDES poder-se-ia juntar os grandes bancos estatais, BB e Caixa Federal.

“O cafezinho e o biscoitinho para as micro, pequenas e médias empresas foi de R$ 49,8 bilhões em 2011 (mais de 1/3 dos desembolsos totais).”

Bem caro esse cafezinho, mas necessário. Afinal, como justificar o prato principal?

“Um instrumento de política pública. A palavra "política" causa arrepios, junto com "pública" então é o Horror. Mas isso é que os governos fazem...”

Gostaria de saber o que NÃO é um ‘instrumento de política pública’. Pelo seu argumento qualquer ato feito por um governo deve ser elogiado?

"Se um governo realmente chantageasse os empresários, isso seria ótimo, pois atestaria o isenção desse governo em relação a interesses de grupos privilegiados."

Ótimo para quem, cara pálida?

O principal grupo de interesse que o governo quer privilegiar é aquele constituído pelos seus próprios integrantes, e daqueles que o apóiam. A partir do momento que o mesmo disponibiliza de instrumentos que o permitam amplificar seu poder de cooptação e assim angariar mais apoio, certamente é o que será(e É) feito, aqui e em qualquer canto deste sistema solar. O objetivo, mais do que evidente, é a manutenção do poder e, obviamente, não é a sociedade como um todo a maior beneficiária.

;^/

Bueno, cada um com sua noção de preço para o coffee-break...

"Pelo seu argumento qualquer ato feito por um governo deve ser elogiado?"

Evidentemente que não. O papel do BNDES nas privatizações é um exemplo. Diferente é reconhecer que o Banco é um baita instrumento de política pública que foi, é e será usado por qualquer governo.

Economistas sérios vem repetindo que já passou da hora de reduzir o fluxo de leite que passa pelas tetas do BNDES. Quem lembra dos Banespa e Banerj? Tá com saudade?
Maradona

Economistas sérios que adoravam as tetas quando o leite ia para onde queriam?

“Diferente é reconhecer que o Banco é um baita instrumento de política pública que foi, é e será usado por qualquer governo.”

Prezado Jorge Browne, sua visão de mundo, que é bem representativa do zeitgeist, é exatamente um dos grilhões que seguram o Brasil na mediocridade. No dia que houver um governo que se propuser a fazer o BNDES desaparecer, daí eu acredito que abandonaremos a mediocridade tão característica de nosso país. Enquanto isso, seu conforto na defesa do status quo certamente não vai ser empecilho para que tenha uma bem sucedida carreira no estado brasileiro - aposto que você vai longe.

“Vc diz que o mercado geraria os recursos e que isto seria óbvio, por que não gera? Uma vez que o BNDES não cobre toda a demanda do mercado deveria haver oferta.”

Como não gera? Em que planeta você vive?

“Quais são as soluções existentes em outros países? Seu post deveria elencar as mesmas, desta forma sua crítica teria mais consistência.”

Mercado.

“Não sou favorável ao direcionamento político de recursos, mas o mercado brasileiro não ajuda muito por que é mais rentável descontar duplicata, conceder crédito rotativo e achacar os devedores do cheque especial.”

E por que teríamos que nos restringir ao mercado brasileiro, ó Jeremias?

“Se um governo realmente chantageasse os empresários, isso seria ótimo, pois atestaria o isenção desse governo em relação a interesses de grupos privilegiados.”

Prêmio Asno do Ano para o Delfim Bisnetto, não?

"aposto que você vai longe"

Deus te ouça "O"...

O mais engraçado de quem critica o BNDES é que sem ele as privatizações NÃO TERIAM ACONTECIDO....

Tai um bom exemplo do que o Alex chalou de "evitar a disciplina do mercado"


"Anônimo Anônimo disse...

O mais engraçado de quem critica o BNDES é que sem ele as privatizações NÃO TERIAM ACONTECIDO....

Tai um bom exemplo do que o Alex chalou de "evitar a disciplina do mercado"

12 de novembro de 2012 16:29"

Se não houvessem empresas estatais também não...

Krai, abriram a porteira, tá do kct isso aqui, hoje.

“O mais engraçado de quem critica o BNDES é que sem ele as privatizações NÃO TERIAM ACONTECIDO....”

Por quê? Que idéia mais doida!

“Deus te ouça "O"...”

Jorge,

Digo que com seu senso crítico, capacidade analítica e honestidade intelectual, não tenho dúvida alguma que você se adaptaria perfeitamente à vida de gestor público na Brasilia de hoje.

“O”

"“Se um governo realmente chantageasse os empresários, isso seria ótimo, pois atestaria o isenção desse governo em relação a interesses de grupos privilegiados.”

Prêmio Asno do Ano para o Delfim Bisnetto, não?" (O)

Pode ser, mas é uma discussão inútil, pois a questão fundamental não é essa. Meu ponto é que a premissa da frase condicional simplesmente não acontece. As pessoas no governo estão no governo essencialmente porque têm apoio; o contrário pode acontecer, mas não é a regra e tomá-lo como tal é isso que você fez aí no post: especulação. Se quer me chamar de burro, rebata esse argumento.

Mas exagerei mesmo no meu comentário. Não acho que sua crítica ao BNDES seja absolutamente equivocada; nos aspectos das consequências econômicas dos privilegiamentos, ela me parece bastante precisa. Só acho muita petulância chamar essas conjecturas quase arbitrárias de "momento pedagógico".

"O principal grupo de interesse que o governo quer privilegiar é aquele constituído pelos seus próprios integrantes, e daqueles que o apóiam." (iconoclasta)

Claro que o governo quer privilegiar principalmente seus próprios integrantes. Daí a fazer uma formulação precisa e complexa de que um governo específico toma a iniciativa de chantagear os empresários por meio do BNDES para que estes o apoiem em seu projeto de perpetuaão no poder vai uma distância muito grande, não?

Por que não o contrário: empresários suportam o governo e por isso se beneficiam? Como o governo atual chegou ao poder, de para-quedas? Qual a evidência desse apoio dos empresários ao governo? Qual a evidência da chatagem? Se perpetuar no poder todo grupo político quer; em que o projeto do governo atual fere a lei ou a ética?

Não tem como fazer uma afirmação daquelas sem responder essas perguntas. E o "O" não pode responder porque teria de abrir mão de bobagens abstratas como "natureza da besta" e discutir problemas polêmicos de verdade.

Não apenas qualquer governo Estadual não podem emitir títulos da dívida, imposição que, em minha concepção, não me mais necessária e danosa à economia Brasileira, como também o Brasil possui uma ""federação"" que concentra recursos exorbitantes no Governo Central draconiano, que faz tudo errado, e os governos subnacionais pouca capacidade tem de investirem; apesar disso, segundo dados do tesouro nacional, os Estados investem, em proporção ao orçamento da administração direta, muitíssimo mais que o Governo Federal. Mas, infelizmente, essa centralização terrível do Brasil do Governo Federal não entra na agenda dos críticos do governo com sequer um mínimo de intensidade, e isso é algo que, no meu entender, prejudica demais o crescimento do país.

"(...)você se adaptaria perfeitamente à vida de gestor público na Brasilia de hoje."

Agradeço novamente "O", em muitos círculos uma observação sarcástica dessas é bem favorável e conta para o currículo :)


Delfim Bisnetto says:
13 de novembro de 2012 00:04

Ok, então você reconhece que a chantagem não seria ótima, afinal?

"Por que não o contrário: empresários suportam o governo e por isso se beneficiam? Como o governo atual chegou ao poder, de para-quedas? Qual a evidência desse apoio dos empresários ao governo? Qual a evidência da chatagem? Se perpetuar no poder todo grupo político quer; em que o projeto do governo atual fere a lei ou a ética?"

Bem, a começar pelo final, com relação à lei, o STF já mostrou o que acha do projeto de poder da facção do momento...

Mas isso é apenas provocação, eu não acho que este seja o fórum mais adequado para debate político. Aqui, eu prefiro o foco econômico, que trata do custo de um mastodonte que concentra centenas de bilhões de reais, e que, fatalmente, serve de instrumento político, seja para este, ou qualquer que seja o governo e, como eu disse, em qualquer lugar. A intensidade no uso pode variar, e varia, assim como o impacto, mas o resultado histórico, nesse caso, é péssimo.




Tudo bem, até concordo, mas nada impede que exista um banco de desenvolvimento no país.
Se ele é mal gerido ou funciona de forma não adequada esse é outro problema.
Acho que o BNDES tem sim um papel importante mas também concordo que está muito grande e isso no longo prazo pode trazer problemas.

"Ok, então você reconhece que a chantagem não seria ótima, afinal?" (iconoclasta)

Vocês levaram o "ótimo" muito mais a sério do que eu imaginei.

Não acho que seja ótimo o governo chantagear empresários.

Acho que seria ótimo que um governo tivesse interesses diferentes dos da maioria dos empresários que recebem grana do BNDES (ainda que esses interesses fossem puramente partidários e de manutenção do poder).

Mas eu não acho que isso acontece, por dois motivos:

(1) A turma do governo acredita mesmo que as políticas do BNDES são boas. Basta frequentar qualquer escola de economia onde seus membros se formaram ou atuaram.

(2) Os empresários que recebem privilégios do BNDES têm tanto ou mais interesse em perpetuar o governo que os privilegia.

***

E digo mais, esses ignóbeis que criticam o BNDES querem é desestabilizar a base de apoio do governo para viabilizar seus projeto golpista. [/"O"style]

"O BNDES não é uma fonte de recursos apenas para os poucos 'eleitos', basta olhar o seu grande programa, o PSI. Linhas com 2,5% de juros até o final do ano para quaisquer empresas, especialmente as pequenas. Subsídio generalizado do Tesouro ao setor produtivo, basta ter capacidade."

Errado: o setor produtivo é quem paga a conta.

a

Ok. Já esperava uma observação à minha observação neste sentido. Vou procurar não escrever muito senão ninguém vai ler.

"O" sua visão é a mesma dos meus amigos que trabalham no setor financeiro. Não sou economista, mas um estudioso das normas, das regras e do espirito que as formulam.

Acredito na necessidade sim de unir os conhecimentos e experiências dos economistas (ou engenheiros que se fazem as vezes) com juristas. Ainda mais quando a questão versa sofre engenharia institucional.

Como advogado digo que na pratica a coisa não é como você afirma. Basta sentar algumas vezes em uma mesa de negociação de financiamento de projetos. Nela é possível observar o quão "selfish motherfucka" o ser humano é, não importa a nobreza do empreendimento.

Você afirmou na possibilidade do setor privado financiar projetos que incorporam que geram externalidades positivas (ex. metro por toda cidade, geração de energia limpa, saneamento básico, etc.). Neste momento isso é impossível, pois, primeiramente, o sistema de preço está colocando diversos bens no mercado com preços artificiais e sem internalizar seus custos ambientais; e, secundariamente, além de nenhum político querer modificar esse quadro, para não perder votos nem subir ainda mais com a inflação, nenhum banco observa projetos necessários com bons olhos por causa do "risco legal - político".

Para absorver o risco "legal - político" é que o BNDES se faz imprescindível. O Governo toma o risco para si e permite financiamento a longo prazo de projetos em que somente será sentido seu benefício daqui a 15-20-30 anos. Falta muito essa visão de longo prazo também no setor de financiamento privado. Felizmente, em alguns encontros com representantes de fundos de previdência privados muito se tem evoluído.

Concordo plenamente com a visão de que o BNDES está super inflado e sua atuação está politizada. Mas não é por isso que "vamos acabar com a polícia porque há delegados corruptos". O BNDES convergirá para o seu papel tradicional que é suplementar o que o setor privado é incapaz, no momento, de atuar. Acredito que em 5-10 anos teremos um BNDES bem diferente do que é hoje. A tendência é essa, aina mais depois da polêmica da Usina Belo monte.

Quanto a sua afirmação de em outros paises parecidos com o Brasil não precisam de um banco estatal: não é verdade. Há o BIRD que financia diversos empreendimentos ao longo do globo. Dentro da união europeia há European Bank for Reconstruction and Development e o Council os European Development Bank. Na Asia tem versões no Japão, na China e India. Há agencias de fomento na Australia.

"O", veja, não vou me estender, mas muita gente ignora as regras institucionais e as experiências negociais. Está faltando muito um dialogo sobre isso no Brasil.

Querendo, estou sempre aberto ao diálogo. Existe um mundo fora da econometria, acredite. E o peso dele é forte. Abraços.

Ah, so um ponto que acho que deveria ter sido levantado e esqueci. E aderindo mais para a sua personalidade no debate.

Sobre empresas públicas, empresas de economia mista, ou qualquer outra pessoa juridica de direito privado poderem emitir titulos de dívida para se financiarem e implementarem projetos nobres.

Vamos pensar no exemplo de uma empresa "dessas" que venha a emitir, por exemplo, ações ou debentures para se financiar.

"O", você realmente acredita na demanda do mercado para comprar tais titulos com retorno em longo prazo a "spread" razoáveis??

Nem eu compraria! Ainda mais com opções mais rentáveis.

Mas que mundo é esse que você vive? Vamos manter um debate isento de interesses defendidos.

Alguém já pode ter escrito isso. Porém, o BNDES antes era BNDE.
Nunca deu para entender direito o porquê de colocarem o "S", no final, para dar uma ideia de "social, talvez.
Do mesmo modo que agora tudo tem uma função "sócio/al"...ambiental, estrutural, habitacional...É uma profusão de termos politicamente corretos com o tal do "S".
Mas, por que colocaram o "S" no BNDE, que era conhecido também como hospital de empresas ineficazes, atrasadas tecnologicamente, inchadas em atividades meio?
Parece que não mudou muito.