Não posso ainda afirmar
que Marcio Pochmann seja o pior economista do Brasil, mais por excesso de
competição do que por falta de esforço, mas garanto que ganha fácil o título de
mais desonesto.
Não me entendam mal.
Não se trata aqui de usar a velha falácia “ad
hominem”, qual seja, tentar desmerecer o argumento pelas falhas de seu
autor, mas sim apontar as falhas do autor pelas carências, no caso gritantes,
de seus argumentos.
A questão no fundo é
simples. Pochmann afirmou que um imposto de 1% sobre grandes fortunas
eliminaria o déficit previsto para 2019, R$ 139 bilhões, conforme o orçamento
para o ano que vem. Isto requereria que grandes fortunas montassem a R$ 13,9
trilhões; todavia, segundo os dados da Receita Federal, o conjunto total de
bens e direitos declarados pelos pouco mais 27 milhões de contribuintes que
preencheram o formulário do imposto de renda atingia R$ 8 trilhões.
Posto de outra forma,
nem tributando todos os declarantes de imposto de renda a proposta de Pochmann
chegaria perto de resolver o enorme desequilíbrio fiscal do país.
Confrontado à simples
aritmética, Pochmann pôs em prática um enorme arsenal de desonestidade, sem
jamais enfrentar a questão.
Começa atribuindo a
desordem fiscal ao atual governo. Em que pesem decisões equivocadas, como levar
adiante a proposta de reajuste do funcionalismo gestada no governo Rousseff,
não é preciso mais do que saber contar para perceber a falsidade do argumento.
Quando Dilma assumiu o superávit
do governo federal era (a preços de hoje) R$ 126 bilhões; quando saiu o déficit
superava R$ 170 bilhões, deterioração da ordem de R$ 300 bilhões. Primeira
mentira.
A segunda é mais sutil,
mas não menos desonesta. Pochmann faz malabarismos para mostrar que a dívida do
governo não subiu no período Dilma, utilizando-se para tanto do conceito de
dívida líquida, que deduz da dívida total as reservas internacionais de posse
do BC.
Ocorre que, quando o
dólar se encarece as reservas se apreciam, fenômeno que reduz a dívida líquida.
Todavia, isto não reflete de forma alguma o desempenho fiscal do país, apenas a
valorização do dólar. A medida correta de endividamento fiscal é a dívida bruta,
que saltou de 52% para 67% do PIB no período Dilma (e, em julho deste ano,
atingiu 77% do PIB). Em outras palavras, o avanço do endividamento do governo
foi muito maior no governo Dilma, fato escamoteado por Pochmann. Segunda
mentira.
De passagem Pochmann
menciona que o desemprego subiu de 8,4% para 11,7%, sem se dignar a esclarecer
a qual período se refere. Já eu noto que o desemprego (ajustado à sazonalidade)
era pouco inferior a 8% quando Dilma assumiu, 11% quando foi impedida e hoje se
encontra na casa de 12% (depois de bater em 13% no início de 2017), ou seja, o
grande salto ocorreu precisamente no governo Rousseff. Terceira mentira.
Pochmann conclui seu
artigo agora afirmando que, além da taxação de grandes fortunas, seriam
necessárias também a reformulação do imposto sobre heranças e taxação de
dividendos para fechar as contas. Não admite que errou e também não mostra de
onde tirou a estimativa do “potencial arrecadatório” equivalente a 1,5% do PIB.
Quarta mentira (e um tanto a mais de mistificação).
Quando afirmarem que o
pragmatismo há de prevalecer caso Fernando Haddad se eleja presidente,
lembrem-se que Pinochmann, o economista mais desonesto do país, é também o
coordenador de seu programa econômico.
1 comentários:
Com esse conhecimento de aritmética, como o economista petista conseguir aprovação nas séries iniciais do antigo 1°grau, hoje ensino fundamental 1?
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