O ex-secretário de Política Econômica de Guido Mantega tenta
se justiçar do fracasso associado à Nova Matriz Macroeconômica, mas sem jamais
admitir que estivesse errado. Para refrescar sua memória, certamente combalida
pelo fiasco retumbante de sua política, segue uma comparação com melhores
momentos de sua entrevista ao Pravda, perdão, Valor Econômico no final
de 2012 (17 /12/2012).
Mais um exemplo gritante de honestidade intelectual nas
hostes quermesseiras.
2016
Broadcast: O senhor está para publicar o livro “Economia do
Ajuste Fiscal - Porque o Brasil quebrou”. E por que o Brasil quebrou?
Márcio Holland: Porque o País
vive uma incapacidade de fazer resultados fiscais que reduzam a relação dívida
bruta/PIB ao nível de 2014, por exemplo, em torno de 53%, 55% do PIB. Há uma
incapacidade de geração de superávit não só hoje, mas no próximo ano e muito
provavelmente em 2018 e 2019. (...) Porque ocorreu um colapso nas despesas
públicas nos últimos anos. Mantidas as condições atuais de gastos e a estrutura
de benefícios não podemos mais apostar em uma recuperação da economia que leve
a um aumento de arrecadação que cubra os gastos.
2012
Valor: Quais são os outros aspectos da matriz
macroeconômica?
(...) O terceiro aspecto da
matriz é o que, internacionalmente, se chama de "consolidação fiscal
amigável ao investimento e ao crescimento".
(...)
Valor: Em 2012, o governo não cumpriu a meta de superávit
primário. Esse programa de investimento público não impedirá que a meta de 2013
também seja cumprida?
Holland : Em hipótese alguma. A
política fiscal tem sido anticíclica. Há um efeito adicional: a cada ano, a
base de arrecadação tem crescido por causa do aumento considerável da
formalização do mercado de trabalho. A desoneração da folha favorece esse processo
porque, agora, o custo do trabalho é menor. A inclusão social também ajuda. No
ano que vem, voltamos à meta de superávit cheia, sem desconto [3,1% do PIB]. [Comentário: em 2013 o número oficial (“pedalado”,
portanto), foi 1,7% do PIB]
2016
Broadcast: O governo fez escolhas equivocadas de políticas
econômicas?
Holland: Algumas medidas
anticíclicas que adotamos e que acabaram contribuindo para o agravamento da
crise não precisariam ter sido tomadas se tivéssemos estatísticas de qualidade.
Passamos quatro anos no
escuro, achando que os investimentos no País estavam caindo porque as
estatísticas do IBGE apontavam para taxas inferiores a 20% do PIB para todo o
período que estivemos no governo. Só depois que descobrimos que os
investimentos superavam os 20% do PIB. Mas já tínhamos adotado medidas
anticíclicas fortes que não precisariam ser feitas. A culpa não são dos
técnicos do IBGE, que aliás são de uma extrema competência. O problema é que no
Brasil o governo vê as estatísticas como se fosse uma coisa secundária e não
libera os recursos necessários para o IBGE fazer bem o seu trabalho.
2012
Holland : (...) Estamos numa fase de expansão muito forte do investimento.
Valor: Mas como, se a Formação Bruta de Capital Fixo cai
desde o primeiro trimestre de 2011?
Holland : O Brasil é um dos poucos países
do mundo que têm uma expansão acumulada de investimento acima de 60% nos
últimos oito anos. De 2004 até 2011, o país está entre os cinco com
maior acúmulo de crescimento do investimento. Em relação ao PIB, a FBCF
cresceu, nesse período, quase três pontos percentuais. A média anual de avanço
no mesmo período foi superior a 6%, enquanto em muitos países houve recuo.
2016
Broadcast:
Há muitas críticas às interferências do governo e do Ministério da Fazenda na
economia.
Holland: Claro, mas o que inicia uma queda do humor são as intervenções em taxas. Tanto que quando foram feitas as concessões, discutimos por mais de um ano se tabelaríamos ou não a TIR (Taxa de Retorno Interno). Depois que o assunto foi para a Fazenda houve efetivamente a ruptura desse paradigma e nós até fizemos bons leilões. Mas discussão de taxas nesse nível gera desconforto do setor privado.
Holland: Claro, mas o que inicia uma queda do humor são as intervenções em taxas. Tanto que quando foram feitas as concessões, discutimos por mais de um ano se tabelaríamos ou não a TIR (Taxa de Retorno Interno). Depois que o assunto foi para a Fazenda houve efetivamente a ruptura desse paradigma e nós até fizemos bons leilões. Mas discussão de taxas nesse nível gera desconforto do setor privado.
2012
Valor:
Como o senhor reage à crítica de que o investimento ainda não se recuperou
porque os empresários estariam temerosos com o excesso de intervenção do
governo na economia?
Holland
: O empresário brasileiro
não está com medo. Quem está com medo são aqueles que faziam aplicações
financeiras de curtíssimo prazo no Brasil; aqueles que tinham concessões com
tarifas e margens muito altas; os especuladores em geral. Não temos
espaço para essa atividade daqui para frente. Temos conseguido feitos
históricos, como a redução dos juros e o desincentivo da atividade
especulativa. (...) Estamos
trocando esses investidores.
Valor:
De que forma?
Holland
: Trazendo investidores para grandes projetos no Brasil. Certamente, isso mexe
no status quo de alguns poucos, que fazem muito barulho. Montamos uma
estrutura, ao longo desse período de transição para a nova matriz
macroeconômica, de investimento público, novas concessões e estímulo ao
investimento do privado, com redução de custos em vários níveis. Isso nos faz
acreditar que a taxa de investimento crescerá daqui em diante, em média, duas
vezes a velocidade do PIB. E a estrutura do investimento público está pronta.
2012
Valor:
O senhor acredita ser possível sustentar a taxa de juros no patamar atual. Por
quê?
Holland
: Os investidores têm capacidade de calcular e fazer análise de retorno 12
meses à frente porque sabem muito bem que as taxas são altamente sustentáveis.
Os juros não voltam aos níveis anteriores. Esta é a expectativa de todos os
analistas. (...)
Valor:
Por que tanta certeza?
Holland
: Porque a inflação no Brasil se acomoda com capacidade impressionante. Há 13
meses, estava acumulada em 7,31%. Os analistas falam agora em 5,5% para este
ano, num cenário de choque de preços...[Comentário:
foi 5,84% naquele ano e 5,91% no ano seguinte].
Gastamos porque achávamos que o investimento estava caindo Mas pensávamos que estava subindo Aí os empresários ficaram com medo da gente Mas só queríamos assustar os especuladores |
26 comentários:
Só um toque: os textos realçados ficaram muito difíceis de serem lidos pelo telefone celular. Amarelo e branco os tornaram praticamente ilegíveis. No mais, excelente texto pegando as contradições e a "ensaboada" na hora de assumir responsabilidades.
Sobre seu artigo, hoje, na Folha, como sempre irretocável, eu tinha pra mim que o Governo Sir Ney(Millor) ganhava de todos. Funaro, Fiscais do Presidente, Cruzado I, Cruzado II, Moratória Dívida Externa (fev/87 - set/88), Plano Bresser, Plano Verão, Inflação de 80% ao mês, ao apagar das luzes...
Enfim, nesse campeonato, deve ser, mesmo, difícil escolher o campeão.
Vencer "os especuladores" era o problema! Muito voluntarismo e incompetência. Realmente temos que cobrar dos formuladores e apoiadores da NME. Esse caras não podem ficar tentando tirar o corpo fora do desastre que foi criado deliberadamente.
Pensando bem, o NME ajudará a limpar a política. Foi quase uma troca justa.
Alex, você acha que a estratégia de cuspir nesse tipo de gente é justa ou merecem coisa pior?
"você acha que a estratégia de cuspir nesse tipo de gente é justa ou merecem coisa pior?"
Acho que cuspir é coisa do Lhama de Abreu; eu prefiro expor as cretinices e deixar o leitor julgar.
"Foi quase uma troca justa."
Boa...
Alex,
João Sicsú, acho que professor da Federal do Rio de Janeiro, costuma argumentar que ajuste fiscal é aquele que se faz aumentando gasto, pois isso amplia a arrecadação. Não sei o que acha a respeito. Eu achei intuitivo, mas não sou economista. Abs, Cesar
"João Sicsú, acho que professor da Federal do Rio de Janeiro, costuma argumentar que ajuste fiscal é aquele que se faz aumentando gasto, pois isso amplia a arrecadação. "
E comer muita feijoada todo dia faz emagrecer, porque precisamos acelerar o metabolismo para digerir a gordura...
Pense 10 segundos: se isto fosse verdade, haveria problema de dívida pública no mundo?
Regra: toda afirmação do Sicsú é uma cretinice; se ele,disser que está com fome, cortem a comida dele...
Boa tarde,
Nos idos de 2001, cursando mestrado à época, tive o desprazer de presenciar uma apresentação desse picareta, Márcio Holland, no encontro da Anpec. Quando vi que essa figura fazia parte do governo e com um cargo importante, fiquei boquiaberto. Foi difícil de acreditar. Naquela época ele era um puxa-saco dos economistas mais conhecidos, e competentes, naquele encontro.
"João Sicsú, acho que professor da Federal do Rio de Janeiro, costuma argumentar que ajuste fiscal é aquele que se faz aumentando gasto, pois isso amplia a arrecadação."
Curva de Sicsú.
E o PRAVDA? não vai fazer uma limpeza ,aproveitando o pais pós Dilma e(com muita sorte) pós PT?
http://www.valor.com.br/opiniao/4551661/temer-e-os-servicos-publicos
O que achou desse artigo, Alex?
Na PUC-SP houve um curso de verão sobre economia austriaca,inclusive com um debate entre André Perfeito e Helio Beltrão.É possível organizar esse evento no Insper,o senhor toparia participar de algum debate?
"É possível organizar esse evento no Insper,o senhor toparia participar de algum debate?"
1) Não sei, precisa ver com quem cuida destas coisas lá, mas acredito que deve haver interesse;
2) Eu não conheço o suficiente para participar de um debate
A sua vida é atacar a honra de economistas sérios:Oreiro,João Sicsu,Nassif,Mantega,Holland,Nelson Barbosa,Tombini.Seus colegas de profissão todos tem culpa no cartório e o senhor não critica nada deles.
O senhor ao invés de fazer analise econômica,faz juízo de valor.É preciso respeitar o contraditório,coisa que o senhor não faz.
"A sua vida é atacar a honra de economistas sérios:Oreiro,João Sicsu,Nassif,Mantega,Holland,Nelson Barbosa,Tombini."
Minha vida é andar por este país
Pra ver se um dia descanso feliz...
"O senhor ao invés de fazer analise econômica,faz juízo de valor.É preciso respeitar o contraditório,coisa que o senhor não faz."
Eu não respeito o cretinatório...
Eles são doutores e não se critica um doutor de maneira truculenta como o senhor faz.
Será que eu os machuquei com minha grossura?
Se eles são doutores, isso aí é só mais um ponto que demonstra o baixo nível de preparo deles. Se mesmo com doutorado eles vem querer repetir as experiências do Rui Barbosa e do Geisel, então isso mostra que ter doutorado não significa nada, já que eles sequer conhecem a história econômica do próprio país e os desastres que essas políticas causaram.
Os caras conseguem causar dois anos seguidos de recessão de quase 4%, fazer a renda voltar para o nível de 2006, sumir com milhões de empregos, violar a Lei de Responsabilidade Fiscal e vem o fulano aí reclamar que não se pode expor isso.
Enquanto isso, o Palocci, que nem economista é, e fez uma excelente política econômica na época do Lula. Um leigo na Fazenda fez muito melhor do que esse time de "doutores" e o anônimo aí diz que eles não podem ser chamados de incompetentes.
Alex, não sei como tu aguenta essa galera que não pensa.
A vida do Alex é criticar o Oreiro,João Sicsu,Nassif,Mantega,Holland,Nelson Barbosa,Tombini - e a vida dessa turma é afundar o país.
Prefiro ficar do lado do Alex do que do lado desses outros. Pelo menos, a linha de pensamento do Alex não faz o país ficar mais pobre.
Eles são doutores do engano e do tirar corpinho de fora quando o bicho(provocado por eles mesmos) pega.
As pessoas confundem duas coisas:
1- Ser doutor em Economia
2 - Ter doutorado em Economia.
Na situação 1 se encaixa Marcos Lisboa e Gustavo Franco
Na situação 2 se encaixa o Mercadante e o Sicfú.
Alex, pq compara o valor economico com o Pravda? Acha o VE chapa branca?
Não acho nada; tenho apenas certezas...
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