Já que a discussão está rolando, é melhor que eu avise. Cedo ou tarde (mais tarde do que cedo - já explico) haverá um post meu a respeito.
A demora vem em parte porque estou enrolado com muitas coisas. Isto não costuma ser um problema quando trato de um assunto que já estudei/pesquisei; no caso de um assunto novo, é.
Os números são muito piores do que esperava. Alhos e bugalhos estão misturados, mas não quero usar isso para dizer que não há conclusão; quero chegar a alguma conclusão, ainda que condicional aos problemas dos dados. E aí tarda, mas vai chegar.
Possíveis aperitivos: erros de medida nos spreads, seja pelo universo das operações cobertas, seja pela ponderação; o peso reduzido de hipotecas na comparação internacional. Há muita coisa a explorar, mas chego lá.
24 comentários:
Sinceramente, não haveria necessidade, não.
Dai, vão querer questionar que foi o liberalismo, o neo, "quem criou os bancos".
E depois, chegar até os spreads, foi um pulo...dado "a ganância neo-liberal" e por ai vai.
Mesmo que os bancos estatais estaduais tenham todos quebrados e os oficiais federais, praticando spreads assemelhados, pois, têm praticamente a mesma estrutura fixa dos privados.
Deveria deixar na saudade mesmo.
Alex, vc tem razão, tem de tudo, tem até paper do Márcio Nakane onde ele conclui que a industria bancária tem estrutura de concorrência perfeita. Fantástico!
Abs.
M.
Sendo do Márcio Nakane, um dos mehores economistas do país, vale a pena estudá-lo.
Estou curioso para saber do anônimo o que ele ira falar agora que o dólar subiu, se os nossos problemas acabaram. Adorei o PIOLHO do Didi do youtube
Então vc já tem ao seu dispor um farto material.
Abs.
M.
"tem até paper do Márcio Nakane onde ele conclui que a industria bancária tem estrutura de concorrência perfeita"
Que paper é esse?
O que eu conheço diz que não é nem mercado perfeito nem monopólio/cartel...
Eu só queria entender como uma a indústria bancária teria estrutura de concorrência perfeita e se vale de um sindicato para tratar dos seus interesses. Por falar nisso, este atual presidente da Febraban é do ramo? Por que o colocaram lá?
Afinal, o SBDC e o Bacen, ou o SBDC sozinho, deveriam atuar na questão da concorrência no sistema financeiro?
Isso sem colocar o Parlamento discutindo tal aspecto em sua Comissões Técnicas, realizando audiências públicas etc.?
Alex
Penso que esse estrondoso, coruscante e ensurdecedor mi mi mi governamental contra os bancos (produzido com o método do marketing político e os ares de grandiloquência econômica) é uma tentativa de ocultar a incompetência do próprio governo para entregar o que prometeu: crescimento de 5%. Para mim, o mi mi mi é o que costumeiramente se denomina "bode na sala". Minha percepção disso aumentou após o pronunciamento de Dilma na TV. Lembrei bastante dos famigerados fiscais do Sarney.
Não nego a importância do debate a respeito dos spreads. Seu artigo será bem-vindo. Não sei como você vai analisar a questão dos spreads. Dado o que tenho visto aqui desde que comecei a frequentar o blog, é plausível esperar que você nos entregue biscoito fino. No entanto, e no dizer dos pragmáticos anglo-saxões, "a prova do pudim e comer o pudim". Imagino que seja um baita desafio trazer para esse debate irracional (o grande satã) contribuição pautada por argumentos racionais. Odiar é mais fácil. E o fácil está sendo feito e, é preciso reconhecer, conta com ótima acolhida. Ou seja, a tática de apontar o grande satã mostra resultado político imediato nos altos índices de popularidade de Dilma. Ponto para João Santana, o marqueteiro.
Eu gostaria de entender, nos termos da teoria economia, a relação (ela de fato existe? Se sim, como decompô-la analiticamente?) entre o "grande satã" do momento (bancos, spreads etc) e o não cumprimento da promessa de 5% de crescimento, “apesar do BC baixar a Selic”. Isto é, a relação dos spreads com o baixo crescimento (se comparado ao prometido 5%).
Atualmente, no que leio a favor dos ataques aos bancos subjaz a ideia, em forma de artigo de fé, de que aí (no grande satã) residiria a causa primeira do crescimento pífio.
Sendo um observador, e não um estudioso da economia, eu vejo nessa gritaria contra os spredas o desespero do governo: "não estamos crescendo a 5%. Então, vamos forçar o aumento do consumo via redução dos "entraves ao crédito" porque crescendo o consumo, crescem os indicadores do crescimento da economia. Quem não estiver conosco é o inimigo a eliminar, e vai levar porrada porque isso é bom para manter os índices de popularidade de Dilma nos atuais patamares”.
Claro que não descarto que esse ataque político busca a necessária munição ideológica fornecida por economistas.
Um sujeito que precisa provar que um oligopólio não é um mercado perfeito deve ser um "gênio".
"Um sujeito que precisa provar que um oligopólio não é um mercado perfeito deve ser um "gênio"."
Temos o ganhador do Jumento de Ouro, inclusive no quesito "interpretação cretina de um texto de duas linhas".
Parabéns ao vencedor!
Paulo,
como não temos as Ilhas Malvinas para tentar tomar da Inglaterra, temos de inventar um outro inimigo.
E aí hoje são os bancos, e amanhã será outro. Enquanto isto seguimos em frente.
1o)Cfme relátório , o BC entende que a queda dos spreads bancários deve, necessáriamente, estar relacionada a ações que visem, entre outros aspectos,aumentar a eficiência do sist.financeiro bem como reduzir a inadimplência.
2o)Eu encontrei este texto recente do professor Nakane a respeito desta matéria:
Existe alguma relação entre os movimentos de inadimplência e o spread bancário? A inadimplência aumentou porque o spread bancário se elevou? Ou a causalidade seria inversa: o spread bancário se elevou porque a inadimplência aumentou? Esta nota realiza um exercício simples de causalidade para tentar lançar alguma luz sobre a questão. (…) Em especial realiza-se o teste de causalidade de Granger entre as séries. A idéia deste teste é de precedência temporal, ou seja, se uma variável x causa (no sentido de Granger) uma variável y então valores passados daquela ajudam a prever o valor corrente desta (…) Os resultados do teste (…) indicam que tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica existe evidência de que o spread bancário causa inadimplência. Ou seja, aumentos na inadimplência podem ser atribuídos a elevações no spread bancário. Por outro lado, não existe evidência de causalidade no sentido reverso, ou seja, não há evidência de que a inadimplência cause o spread bancário. Ressalte-se que para pessoa jurídica o resultado do teste é mais duvidoso, uma vez que o p-valor do teste é de apenas 5,05%. (…) ressalva importante é que os resultados de não-causalidade da inadimplência para o spread não devem ser interpretados como uma desconsideração do risco de crédito na precificação de operações de empréstimo pelo setor bancário. A série utilizada de inadimplência diz respeito ao passado, ou seja, aos atrasos de empréstimos que foram concedidos no passado. Do ponto de vista do spread bancário, pode ser que o mais relevante seja um prêmio de risco associado à inadimplência esperada. Mais claro impossível. O professor chegou à conclusão técnica de que não há como justificar o spread pela inadimplência passada. E que o spread abusivo é sim causa de inadimplência. Ele adverte para senões metodológicos, mas sentiu-se seguro o suficiente para assinar um texto com essas conclusões. E a sua declaração diante das câmeras é de uma sutileza fantástica:“Como o risco é maior, ou seja, existe uma boa probabilidade de que, ao emprestar, o banco não receba de volta esses recursos, ele, de alguma forma, embute nesse risco o preço que ele cobra que é a taxa de juros”.
3o) A respeito da gritaria da Dilma na TV sobre o spreads para mim representa política POPULISMO, ganhar no grito, e podem me gozar,sou novato no assunto, mas acho que há poucos bancos,porisso não temos uma maior competividade, e por culpa do próprio governo que sempre permiti FUSÕES.
O problema do Nakane é que ele não é independente, aí não tem pesquisa que seja legítima.
"O problema do Nakane é que ele não é independente, aí não tem pesquisa que seja legítima."
Hã?
É assim que você acha que se argumenta?
Leu o artigo?
Viu falhas?
Não?
Então pare de escrever bobagem...
Legitimidade...
As pessoas têm a tendência a levar tudo ao extremismo. Se a pessoa critica alguma medida do governo do PT é um neoliberal privatista vendido ao sistema financeiro. Se a pessoa aprova alguma medida do governo do PT é populista, heterodoxo da unicamp que não entende nada de economia.
Será que a vida é assim mesmo? Será que um governo que realizou várias medidas controversas como desonerações a setores específicos, medidas cambiais a conta-gotas sem verificar as reais causas da apreciação não pode tomar uma medida positiva? Será que a utilização da CEF, para reduzir os spreads foi tão prejudicial ao país só porque veio do PT?
A internet às vezes tem uma tendencia de radicalizar o debate, o que não contribui para o conhecimento.
PS: sempre votei no psdb.
Na verdade li diversos artigos dele, vc que assumiu que não li, contudo falta independência a ele e o assunto nunca foi tratado seriamente pelo BC, e aí incluo vc. Mas não estressa...mas aguardo que no seu artigo vc fale em captura.
Abs.
paulo araujo, isso tudo poderia ser chamado de populismo.
Seria o equivalente no Brasil às recentes expropriações na Argentina e na Bolívia.
Anônimo-2 de maio de 2102 11:30, trata-se de partido político fazendo populismo maniqueísta. Isso em nada ajuda na resolução das grandes dificuldades do País.
Agora é CEF e BB. Antes foi a Petrobras. Depois foi a Vale, privatizada e na qual foi realizada um intervenção política.
Isso tudo para ter inflação acima do PIB, fato elogiado como "economia estável"?
"vc que assumiu que não li, contudo falta independência a ele"
1) Eu não "assumo" nada; no máximo presumo
2) O argumento "ad hominem" só me diz que você não conseguiu achar nenhuma falha no trabalho do Marcinho. Portanto, ou não leu, ou leu e não achou falhas. Se não for o caso, as aponte ou pare de falar bobagem.
Segue um texto interessante sobre o assunto:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,spread-bancario--diagnostico-e-remedio-,867099,0.htm?reload=y
Excelente tema de se abordar, principalmente pelo governo obrigar os bancos a baixar os spread "malvados", mas não reduzir o rombo que ele mesmo cria na precifição de tudo na economia, não adiantar baixar o juros para as pessoas se endividarem mais, se a inflação é crescente, fazendo com que os produtos fiquem mais caros (óbvio) e que os consumidores acabem se endividando mais para consumir a mesma coisa que meses atrás era x% mais barato! Enfim, no final das contas teremos um consumidor mais endividado que hoje a uma taxa de juros um pouco mais baixa. Parabéns por todos seus trabalhos. Sobre o tema indiquei a um amigo o tema de monografia 6 meses atrás, correlação do juros x spread, acho que poderia abordar um pouco disso. Abs.
Olá Alexandre,
O prof. Vladimir Safatle, insistiu que os "spreads" e os lucros dos bancos no Brasil são escandalosos em sua coluna na Folha do dia 08/05/2012 e desafia a ideologia conservadora de "certos" economistas que defendem os interesses do sistema financeiro privado. Você discordou dele no Jornal da Cultura no que tange aos "spreads" bancários. Você tem dados para rebater as críticas dele?
Alex, já chegou a alguma conclusão sobre os spreads?
Ia sair hoje, mas a Espanha entrou na frente... Deve ficar para o próximo artigo do Valor, começo de julho (dia 5).
Postar um comentário