De tempos em tempos, eu recebo pedidos neste blog ou via e-mail (mailto:oanonimo2009@live.com) para comentar artigos de alguns expoentes e sumidades da inteligêntchia econômica quermesseira.
Desta vez, eu reverto o fluxo e convido os leitores deste blog a comentar.
O primeiro leitor que apresentar uma resenha de qualidade será publicado e, caso queira, seu nome será mencionado no Quadro de Honra deste blog.
O artigo tem o título “Exchange Rate Policies, Patterns of Specialization and Economic Development: Theory and Evidence in Developing Countries,” e é uma co-autoria dos professores Paulo Gala e Gilberto Libanio.
Para os jovens: Sem exagero algum, não existe habilidade mais importante para um economista que saber escrever celeremente uma dissertação. Infelizmente, em nosso país, pouquíssimos economistas são capazes de dissertar com elegância, coerência e sem palavrório em excesso (note que apesar do conteúdo de sua pesquisa provavelmente ter valor social negativo, o Professor Gala escreve decentemente). Felizmente, esta é uma habilidade que qualquer um de nós pode adquirir -- ninguém precisa de um QI de 140 para escrever um bom texto profissional. Basta ter paciência, e gostar de ler e escrever e re-ler e re-escrever e...
9 comentários:
Dr Archbald, bait?
Abstract
The objectives of this paper are twofold. First, it intends to provide theoretical elements toanalyze the relation between real exchange rates and economic development. Our mainhypothesis is very much in line with the Dutch disease literature, and states that competitivecurrencies contribute to the existence and maintenance of the manufacturing sector in theeconomy. This, in turn, brings about higher growth rates in the long run, given the existenceof increasing returns in the industrial sector, and its importance in generating technologicalchange and increasing productivity in the overall economy. The second objective of this paperis empirical. It intends to analyze examples of successful exchange rate policies, such as Chileand Indonesia in the eighties, as a benchmark for comparison with countries where currencyovervaluation has taken place, such as Brazil. In the latter case, the local currency is beinginflated by large capital inflows, due to high domestic interest rates and to a boom in demandand prices of commodities in the international markets. It will be argued that the industrialsector bears most of the burden when the currency appreciates, and that Brazil risks at deindustrializationif there are no changes in the exchange rate regime.
Não consegui passar do abstract que reproduzi acima. Primeiro, associar um preço ao desenvolvimento econômico é, para mim, non-sense total. Se fosse possível gerar desenvolvimenteo com câmbio, já estaria decretado o fim da pobreza. Como sabemos, câmbio manipulado geralmente significa que uma turma rouba da outra, como foi exatamente o caso do Brasil. Desenvolvimento econômico, todos têm que ganhar. Depois ainda tenta buscar o caminho: mudança tecnológica e amento da produtividade que se espalha na economia. Outra coisa que não concordo. O mecanismo é o de pilhagem. Como sei, produtividade e inovação só poderiam frutificar se houvesse competição e incentivo ao capital humano. No final das contas, você simplesmente olharia para as estatísticas e a realidade circundante. As estatísticas como a das patentes indicaria o óbvio: Coréia da Sul está lá no topo e o Brasil na rabeira (ambos usaram e abusaram do cambio fixo?), isso sem falar que estas estatísticas por si só não dizem muito sobre aspectos como qualidade e eficiência o que nos levaria a identificar de alguma forma um deslocamento na fronteira de produção. Quanto ao influxo de capitais externos, ainda gostaria de ver uma boa analise (desconheço o assunto e confesso minha ignorância) associando este capital às multinacionais e a reserva de mercado tão comum por aqui. Enfim, obrigado pela dica, mas fico por aqui.
Dr. Archibald?!
Vale resenha em forma de Haikai?
Texto prolixo
que nada acrescenta
eu mando pro lixo
"O", vou escrever o que acho sem pretensão de nada, pois eu preciso escrever um texto REALMENTE profissional e, por isso, não posso gastar muito tempo com "galanteios".
Trata-se de um texto onde é defendida a teoria de que o câmbio desvalorizado levaria a taxas de crescimento maiores.
O texto cita como exemplos o Chile e a Indonésia dos anos 80.
O grande problema do trabaho é a quase completa omissão da importância da poupança como geradora de desenvolvimento. Por exemplo, a reforma da previdência no Chile dos anos 80 criou uma fonte de poupança interna que possibilitou o desenvolvimento com menor necessidde de recursos externos (questão simples, se S>I, o país terá superávit em conta-corrente).
Como "evidência empírica", o autor utilizou gráficos comparando o câmbio real de diversos países. Porém, se fôssemos levar em conta os gráficos como fonte de explicação, chegaríamos à conclusão que a Argentina e a Venezuela tiveram um desempenho excepcional nos anos 80, pois tiveram um câmbio real, nesse período, similar aos casos estudos. Como, obviamente, isso não é verdade, estamos com variáveis omitidas. Isso é verdade tanto para modelos econométricos quanto para gráficos aparentemente explictivos.
Bem, e quais seriam essas variáveis? Uma óbvia é a poupança, pelo que ja foi dito. Outra é que alguns países, como a Nigéria, possuem elevado spread entre a taxa oficial e a taxa do "mercado paralelo". Assim, a taxa da Nigéria é mantida artificialmente elevada como forma de taxar as exportações.
Desta forma, o trabalho peca por nao controlar por essas variáveis omitidas, o que coloca em dúvida a validade de suas conclusões.
Arch bald ou archi bald, sei lá. Só participo de tiver prêmio de 5K.
"O",
acho que este seu comentário ainda está válido, certo?
"Mas, bizarramente, eles apresentaram um modelo em que: (1) a decisão de poupar não é modelada, mas sim gerada por uma premissa de que a poupança é uma proporção fixa da renda dos capitalistas; e (2) não existe um sistema de preços para bens ou fatores, portanto a renda dos capitalistas é determinada por um único fator (a taxa real de câmbio)."
Estou repetindo um comentário que fiz ao post do dia 22/06/2010. Contudo, como fiz tal comentário já bem tarde (26/06) e os participantes estavam mais interessados nas participações da moçoila que trazia graça ao blog, acho que ninguém viu. Aproveitando que o assunto retornou à pauta, segue o comentário:
"A propósito da discussão, vi a apresentação de um artigo muito interessante do Ruy Lama e Juan Pablo Medina: "Is Exchange Rate Stabilization an
Appropriate Cure for the Dutch Disease?" (recebi o artigo por email, mas não achei link para o texto completo no google, apenas para a apresentação: https://editorialexpress.com/cgi-bin/conference/download.cgi?db_name=CEF2009&paper_id=321&file_type=slides).
Em resumo, os autores estimam um modelo DSGE de pequena economia aberta razoavelmente completo para a economia Canadense, incluindo o efeito de "learn-by-doing" (empresas maiores aprendem mais e são mais eficientes, de modo que uma desaceleração do crescimento da indústria nacional teria efeitos persistentes), e avaliam a medida de bem estar de Lucas para diversas respostas à doença Holandesa. A conclusão é que instrumentos como política monetária e cambial são instrumentos muito rústicos e pouco efetivos para o problema, e acabam piorando o bem estar. Aliás, o bem estar é uma função decrescente da intervenção no câmbio."
[]s.
O pior e que esses caras devem se achar uns fodoes. Escrevem besteira, misturam opiniao e fato, agem como estrela, mas na verdade sao uns mediocres (meio no estilo de alguns que andavam comentando por aqui mas resolveram desaparecer).
Se por um lado e benefico que universidades e institutos de pesquisa abrigum um "fringe," isso nao justifica a presenca generalizada de charlataos. Como e que isso ocorre nas universidades que deveriam estar entre as melhores do pais?
PIG
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