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quarta-feira, 14 de maio de 2008

A inflação e o pé de feijão

É comum ouvir afirmações do tipo: "Se desconsiderarmos o aumento de preço do feijão (ou do leite, ou da manteiga), a inflação não seria 5% nos últimos 12 meses, mas apenas (escolha um número)%, logo" -prossegue o argumento- "o Banco Central não precisa aumentar os juros". Variações em torno do tema também incluem "logo não adianta subir os juros, pois eles não terão efeito sobre os preços do feijão (ou do leite, ou da manteiga), que estão aumentando a inflação". Essa é, porém, uma visão simplista e errônea do fenômeno inflacionário..

Para começar, se removemos do índice de inflação os preços que sobem mais rápido, o que sobra deve, por definição, mostrar uma taxa de inflação mais baixa, indicando que o argumento acima é muito menos inteligente do que se pretende. Afinal, se essa análise fosse válida, a inflação jamais seria um problema em nenhum lugar do mundo, pois sempre haveria um grupo de produtos que, devidamente expurgado do cálculo, mostraria uma taxa de inflação sob controle.

Uma análise mais isenta se concentra não apenas nos preços que mais crescem mas também naqueles que mais caem (ou que crescem à menor velocidade), de forma a isolar da medida de inflação movimentos acidentais, isto é, fruto de choques setoriais que não estão necessariamente associados à dinâmica de demanda da economia. Tais medidas ("núcleos" de inflação), supõe-se, capturam melhor a tendência subjacente da inflação e seus movimentos ao longo do tempo e deveriam, portanto, sinalizar se o comportamento da inflação decorre mesmo de fatores acidentais ou de um fenômeno mais profundo. Aqui analisamos a evolução de duas dessas medidas.

A primeira (núcleo por exclusão) retira do IPCA o efeito do preço dos alimentos consumidos no domicílio, bem como dos preços administrados (tarifas de energia, telefone, etc.). A segunda (o núcleo de "médias aparadas") remove do IPCA os maiores e menores aumentos de preços, sob a suposição de que tais movimentos mais exagerados estariam provavelmente associados a fenômenos acidentais.

Isso dito, convido o leitor a uma breve inspeção do gráfico aqui exibido. Nele medimos a aceleração da inflação "cheia" -isto é, o quanto subiu (ou desceu) a inflação- contra a aceleração das medidas de núcleo da inflação. Se a aceleração da inflação for muito diferente da aceleração dos núcleos, seria correta a afirmação acerca de a inflação em alta resultar de choques específicos, contra os quais pouco pode a política monetária. Em contraste, caso a aceleração da inflação e dos núcleos seja parecida, é claro que a alta da inflação resulta de uma tendência subjacente a ser devidamente combatida.

Os dados são eloqüentes: a aceleração recente da inflação coincide pontualmente com a das medidas de núcleo, mostrando que a inflação mais alta não vem do preço do feijãozinho (ou do leitinho, ou da manteiguinha), mas de uma piora da tendência de inflação. Não é difícil sair da análise superficial, mas certa integridade intelectual é condição absolutamente necessária.

(Publicado 14/Mai/2008)

33 comentários:

Alex,

A capacidade do Mantega não é nem superficial, e além disso ele tem demonstrado ser cínico. O que me tranquiliza é ver o Delfim exaltar a "Proposta Belluzo". Os demônios travestidos de anjos. O Brasil não consegue se livrar destes caras...
Abç.
M.

M:

Curiosamente, tinha acabado de ler o Delfim elogiando o Beluzzo. Quem sabe agora a proposta de "déficit nominal zero" ganhe uma cara mais decente, via aumento do primário por meio do corte de despesas.

Abs

Alex

Tem outra: o argumento da mantega ignora a diferença entre choques primários e secundários sobre a inflação. O fato de que UM preço subiu muito, possivelmente por um problema pontual, e não pode ser combatido com eficácia pela política monetária, não significa que os impactos desse aumento sobre o restante da economia devam ser ignorados. Já pensou em ignorar a alta do petróleo, ou de qualquer preço de energia?

Inicialmente parabenizo (generalizo os parabéns)o comentário pé no chão (bom senso).
Gostaria de ver um comentário versando sobre os efeitos na curva de juro de mercado de lp:
a) uma economia com gastos públicos de 41%, dos quais 4% com investimentos;
b) uma economia com 28% de gastos públicos dos quais 4% com investimentos;
c) uma ecomonia com 41% de gastos públicos dos quais 15% com investimentos.

Pedro:

É isso mesmo. A aceleração dos núcleos mostra os efeitos secundários a toda.

Anônimo:

Boa pergunta. Nas duas alternativas o PIB potencial seria mais alto. Em ambos casos - na situação de hoje, não em steady state - a curva de juros seria menos inclinada, mas a alternativa (2), com gasto mais baixo, implicaria redução maior.

Abs

Alex
Abs

O mais bizarro eh que aqueles que reclamam que a inflacao de alimentos nao deve ser combatidas sao os mesmos que estariam prontos para assinar os reajustes do salario minimo e funcionalismo repassando essa inflacao.

Das duas uma, se voce acha que a politica monetaria nao deve combater a inflacao de alimentos, entao voce deveria ser consistente e aceitar o reajuste de seu salario por um indice de precos que exclua alimentos.

Ou alternativamente, voce pode ser um energumeno como o nassiph ou um quermesseiro como o mantega, e fazer que nao entendeu ou nao entender a contradicao.

Exemplo de honestidade intelectual é o de uma consultoria ligada ao governo que, para minimizar o problema da inflação, falou em "bom omportamento dos bens não tradables".
Ao mesmo tempo, a quermesse continua receitando câmbio desvalorizado e incentivos à demanda como forma de combater a inflação. O bacana é que continuamos a não ouvir um pio em relação à Argentina (que teve mais uma onda de deterioração).

É Marcelo. Tem gente que não consegue ver a realidade nem se for colocada debaixo dos olhos. Ou vê, mas finge que não é com ela (você viu algum quermesseiro comentando os bons resultados da economia argentina ultimamente?)

Abs

Alex

Sobre a inflação do "feijãozinho", já dizia o filósofo do óbvio ululante: tirando o que está ruim, a situação é boa! ehehehe
O gráfico com os índices expurgados e o IPCA cheio diz tudo: uma imagem vale mais do que mil palavras.

Abraços!

O gráfico ficou uma beleza mesmo, não Ângelo? Para mim matou a discussão, mas a quermesse, quando não quer ver...

Alex,

No Brasil a inflação é medida incluindo itens que são desconsiderados nos EUA.
Salvo engano, no Brasil o preço da gasolina é incluído, nos EUA não.
Em que pese a idoneidade dos órgãos de estatística - FGV, IBGE, FIPE, etc. - o modelo brasileiro seria melhor, pior ou apenas opta por outra abordagem?
Saudações,

Anônimo:

Na verdade, nos EUA o índice de preços ao consumidor também considera o preços dos combustíveis (veja aqui http://www.bls.gov/news.release/cpi.nr0.htm). Na divulgação do índice de preços, porém, é comum divulgar-se também a medida de inflação excluindo preços de energia (portanto combustíveis) e alimentos, o chamado "núcleo" de inflação. Mas, para que não haja dúvida, o índice de inflação inclui, sim, combustíveis.

Obviamente, a composição do CPI, seja de produtos, seja de pesos, deve ser muito diferente do IPCA, mesmo porque trata-se de país bem mais rico e culturalmente distinto, o que implica um padrão de consumo bastante diverso do brasileiro.

Isso dito, a medida de núcleo por exclusão no Brasil também estima como se comporta a inflação sem alimentos e sem preços administrados (portanto sem o efeito de gasolina, entre outros).

A idéia de núcleo é evitar contaminar a leitura de inflação por preços voláteis, que sobem e descem a cada mês em movimentos relativamente grandes. Uma boa medida de núcleo, acredito, deverá mostrar a tendência da inflação, com a inflação "cheia" flutuando a seu redor.

Neste post eu mostro o comportamento da aceleração da inflação cheia contra os núcleos. Como ambos coincidem, minha conclusão é que o aumento da inflação não resulta de efeitos acidentais, por volatilidade de preços, mas sim das medidas de tendência subjacente da inflação.

Abs

Alex

Alex,

1 - Falando em inflação...vc não acha que as atas do COPOM poderiam ser mais explícitas quanto aos efeitos negativos do tamanho dos gastos públicos. Sinto que há uma timidez neste sentido. UM BC independente resolveria este tipo de situação?

2 - O Delfim tem defendido que os votos do COPOM sejam abertos. O que acha desta proposta?

Abç.

M.

Teu gráfico mostra um período em que houve deflação de mais de 10% pelo IPCA, ou o estou lendo errado? Outra coisa: não seria mais adequado fecharmos a análise aos últimos 12 meses, ainda que os últimos valores próximos de 3 ou 4% dessem alguma força aos quermessianos?

Abraço, Luiz.

M:

Você foi no ponto. Se o BC fosse independente, sim, diretores poderiam abrir seus votos. Na conjuntura atual, abrir os votos só serviria para colocar diretores na linha de fogo.

Quanto às atas, a política do BC tem sido crítica com relação à falta de unidade do governo. É absurdo que membros do governo critiquem a política monetária do mesmo govreno (e nada ocorra). Por conta desta filosofia, a visão é que não se deve praticar aquilo que não se prega.

No caso de um BC independente, ele passa a ser órgão de Estado, e não mais órgão de governo. Passa a ser legítimo receber críticas e criticar.

Abs

Alex

Luiz:

O gráfico não mostra deflação (queda de preços), mas desinflação (queda das taxas de inflação, no caso medidas em 12 meses).

Nos últimos meses (desde 3T07) ele mostra a inflação e os núcleos se acelerando. A rigor mostra que, desde meados de 2005, a inflação cheia se acelerou e desacelerou em linha com os movimentos da inflação subjacente, o que eu vejo como reflexo da política monetária.

Abs

Alex

Olá caros,

Acho que pode enriquecer um pouco a discussão:

http://www.project-syndicate.org/commentary/stiglitz99

É uma coluna do Stiglitz sobre metas de inflação. Tirado do blog do Mankiw.

Sds.

Alex,

Não estou conseguindo entender como você elaborou esse gráfico do IPCA. Quais são os números utilizados? Tentei fazer um igual para o IPCA cheio, mas os números não bateram.

O que indica o eixo vertical do gráfico?

Espero que você possa me esclarecer essas dúvidas.

Abraços
Caio

Aqui vai um argumento contra o sistema de metas de inflacao usado pelo BC, que deve ser abandonado.

http://www.project-syndicate.org/commentary/stiglitz99

Sera que ele tambem sera um Keynesiano de quermesse?? Eu acho que nao.

anonimo Palmeirense

economia pros keynesianos de quermesse http://www.youtube.com/watch?v=VVp8UGjECt4&feature=related

Durante a graduação me ensinaram que existiam várias "fontes" de inflação: custos, demanda, excesso de moeda.

Na época eu até achei que fizesse sentido, mas hoje tenho a impressão de que não faz sentido essa "taxonomia" da inflação.

Eu estou certo? Ou o meu professor estava certo?

Caio:

O gráfico mede a aceleração da inflação, i.e., a inflação medida em 12 meses (digamos, abril de 2008) contra a observada um ano antes (12 meses até abril de 2007), tanto para a inflação cheia como para os núcleos.

Rafael:

Inflação propriamente dita (i.e., aumento PERSISTENTE do nível GERAL de preços) só existe uma: excesso de demanda relativamente ao produto potencial. As palavras "persistente" e "geral" são importantes.

Para ver isto, suponha que uma seca aumente o preço dos alimentos pela redução de oferta. Os índices de inflação obviamente capturam este aumento e alguém menos informado vai dizer que a inflação subiu por conta da seca. Mas (1) o aumento de preços foi localizado (alimentos) e, provavelmente, temporário, pois passada a seca, o preço dos alimentos volta ao normal.

Isto é, mesmo que os índices de preços mostrem isto como "inflação", isto não corresponde ao conceito teórico de inflação.

Um aumento PERSISTENTE do nível GERAL de preços tem que estar ligado a excesso de demanda relativamente à capacidade produtiva da economia.

A respeito, o gráfico deste post é revelador: ele mostra que a aceleração da inflação não está ligada a um fenômeno TEMPORÁRIO e LOCALIZADO, mas PERSISTENTE e GERAL, caracterizando, além de qualquer dúvida, o fenômeno inflacionário.

Abs

Alex

Anônimo suíno (sem ofensa):

O problema do Stiglitz não é ser keynesiano de quermesse. É ter errado feio o diagnóstico da crise asiática em 1997 e, a partir daí, ter entrado em guerra santa contra o mainstream.

A respeito ver a carta aberta que o Rogoff mandou para ele (http://www.imf.org/external/np/vc/2002/070202.htm). Só para atiçar a curiosidade, o fim da carte é o seguinte:

"Joe, as an academic, you are a towering genius. Like your fellow Nobel Prize winner, John Nash, you have a "beautiful mind." As a policymaker, however, you were just a bit less impressive."

Sugiro uma lida. O Rogoff é um economista brilhante, sério, e, ao contrário do Stiglitz, sem problemas de ego. Ajuda a desmascarar boa parte do que o Stiglitz disse a partir de 1998.

Abs

Alex

Nao sei se o Stiglitz eh quermesseiro ou nao, apenas acho que ele nao eh um bom macroeconomista.

Aquele que vos fala, "O", eh um melhor macroeconomista que o Joe Stiglitz, ainda que o o Joe Stiglitz seja um melhor economista que "O".

Para aquelas mentes mais frágeis, a leitura da Carta Aberta de Rogoff ajuda muito a tomar cuidado com certas teses do companheiro Stiglitz, além de ser uma resposta necessária à sua metralhadora de ofensas inconsequentes.
Esse texto dele nem de longe parece o de um prêmio Nobel....
O interessante é q a quermesse usa o cara como advogado pra tudo. Em breve vão invocá-lo até p salvar a Gradiente. "A Nossa Gradiente".

No mesmo lugar tem um contraponto muito bem escrito pelo Rogoff http://www.project-syndicate.org/commentary/rogoff40/English
A diferença de postura é gritante. Pobre quermesse......

Acabei de ler o artigo do Stiglitz... A retorica eh um tanto desonesta.

Ele vende a ideia que o indice de precos em paises pobres como Vietnam ou China eh carregado de alimentos para argumentar que outros paises pobres como Suecia, Canada e o Reino Unido vao passar por um sufoco para combater a inflacao importada...

Na realidade, nao sei de nenhum pais dentre os 20 ou tantos com inflacao de meta cujo indice de precos eh carregado de alimentos & o banco central estah pronto para gerar uma recessao significativa para trazer a inflacao para o centro da meta.

Em outras palavras, o argumento do Stiglitz eh um espantalho.

"O"

Stiglitz é um idiota. Não sabe o mal que faz a paises de terceiro mundo, onde comentários imbecis com a chancela do prêmio Nobel se tornam a bíblia para um bando de incompetentes e irresponsáveis. Esse texto dele referido acima é ridículo – ao invés de uma discussão séria sobre custos e benefícios do sistema de metas, ele simplesmente trata seus defensores como uns bocós ingênuos que não foram iluminados como ele, Stiglitz. O argumento de que não devemos, como economia pequena, combater inflação global, é quase pueril. Nem menciona a importância de um BC crível...

Para quem quiser ver (http://nobelprize.org/nobel_prizes/economics/laureates/2001/stiglitz-lecture.pdf), a Nobel Lecture dele é uma afronta. Ele praticamente se apresenta como o cara que inventou a roda, em contraposição aos demais economistas da sua época de estudante, que acreditavam (!) nos teoremas do bem-estar. E ainda escreve algo como “a realidade que eu via era diferente dos modelos”, para explicar como seus professores não entendiam nada do mundo real... espero que ele viva 200 anos, veja seus modelos serem superados por outros mais simples e/ou com maior poder explicativo (curso natural de qualquer ciência), e veja algum pateta orgulhoso com problemas de auto-estima dizendo: “os economistas do tempo do Stiglitz acreditavam em modelinhos que não explicavam metade da realidade... o meu explica muito melhor... daí esses idiotas terem sido incapazes de compreender o mundo, terem prejudicado tanto”.

Em tempo: sou microeconomista e trabalho exatamente com informação assimétrica – a contribuição do Stiglitz para a ciência econômica é inegável e o Nobel foi mais do que merecido. Mas é ridículo esse hábito de estereotipar todos que discordam dele como uns retardados (que não conhecem falhas de mercado) e/ou mal-intencionados.

Alexandre
As vezes me sinto como um personagem naquele livro do Saramago... será q todos estão cegos?
O país tem hj todas as facas possíveis e não só o queijo. Tem tudo.
Sem a restrição externa (sem o pecado original da dívida em dólares e com 200 milhoes de dolares em reserva) e com um mundo com apetite por commodities, um ajuste fiscal no lado das despesas faria o q juro terá q fazer.
Fico impressionado com o diagnóstico multi-variáveis.
Como podem achar q se controla o câmbio, a inflação, a renda, tudo ao mesmo tempo?
Impressionante.

Só li agora o texto do Stiglitz. Muito (muito)ruim. Desonesto do princípio ao fim.

"The answer came in the form of `inflation targeting,´ which says that whenever price growth exceeds a target level, interest rates should be raised. This crude recipe is based on little economic theory or empirical evidence; there is no reason to expect that regardless of the source of inflation , the best response is to increase interest rates. "

IT é bem mais do que subir juro quando a inflação passa da meta. Quanto a "This crude recipe is based on little economic theory or empirical evidence", estamos falando desde a contribuição de Friedman e Phelps no final dos anos 60 (a curva de Phillips ampliada), até a moderna macro novo-keynesiana (de onde saem as versões mais novas da Curva de Phillips), passando pelas expectativas racionais, a questão da inconsistência temporal de Kydland & Prescott, sem contar toda a sistematização recente de caras como o Michael Woodford e o Lars Svenson.

Quanto à questão da inflação ser "importada" (as aspas explico abaixo), bem, eu mostrei neste post que não vale para o caso brasileiro e, em outros trabalhos, que não vale para os casos chileno e colombiano.

Aliás, diga-se, "inflação importada" ocorre em regimes de câmbio fixo, os quais, por definição não seguem IT.

Já no que se refere a "unless taken to an intolerable level, these measures by themselves cannot bring inflation down to the targeted levels", trata-se de chute. A Colômbia teve que subir juros, começou a reduzir a inflação e não está definhando. O Chile passará por isto, e o Brasil muito provavelmente também.

Fora isto, ele mal toca a necessidade do BC evitar os efeitos secundários da mudança de preços relativos, e, muito menos, da identificação do choque como de demanda ou oferta.

E o bom-mocismo do final é de uma hipocrisia ímpar, em particular para quem conhece o efeito de taxas de inflação mais elevadas sobre a distribuição de renda.

O "O" está coberto de razão. Todo mundo aqui é melhor macroeconomista que o Stiglitz e, principalmente, tem melhor caráter.

Abs

Alex

Rico:

Tudo para estes caras é questão de vontade política. O juro não cai para proteger os rentistas. O câmbio não deprecia para beneficiar os banqueiros e assim por diante.

Consistência econômica, a inter-relação entre as variáveis, teste empírico, nada disso vale.

Abs

Alex

Alex,

Deixa os quermesseiros se expressarem! Faz parte do regime democrático este debate. Muito pior seria viver em uma sociedade onde o debate nao ocorre, que foi o que passamos depois do golpe de 1964. Sociedades verdadeiramente democráticas e abertas, como me parece ser a brasileira atualmente, muito raramente cometem erros crassos de políticas públicas. Eu tenho comigo que não cometer erros crassos de políticas públicas é um grande passo na direção certa do desenvolvimento economico sustentável.

A nossa função (desculpe-me pela arrogância de me incluir no grupo) é, como vc vem insistindo a tempos, mostrar ao público a incosistência lógica do pensamento dos quermesseiros. O que me faz lembrar de uma passagem de um dos livros do grande Mancur "The Logic of Collective Action" Olson:

"The understandig of economics - and maybe the understanding of institutions and collective choices - seems to have improved a little in the last decade or two. If those of us who are professionally concerned with ideas about how society should be governed-and all of us who are intensely interested in the policies that largely determine how our economies and societies perform-work hard enough and well enough, there may be further understanding."

Keep up the good work.
Ed

Ed:

Primeiro, não é arrogância nenhuma você se incluir no grupo. Mesmo com discordâncias eventuais (e pontuais), seus argumentos são bem fundamentados e promovem o bom debate (acho que todos concordam).

Isso dito, vamos por a nu as inconsistências da quermesse mesmo. Não todas, porque não haveria espaço que chegasse, mesmo em meio eletrônico, mas no que der.

Abs

Alex