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quinta-feira, 1 de maio de 2008

Ainda o fardo do economista neolássico

O Gustaf mandou o seguinte comentário. Acho que ele ainda precisa de ajuda. Colaborem com o rapaz.

Bem, eu já anotei as respostas que eu queria lê. Mas estou surpreso que desconhecessem tanto o pensamento dos heterodoxos tupiniquins, já que falam tanto deles. Vamos lá:

1-Sobre não haver “qualquer menção a custos marginais crescentes”. Não acho que isso seja tão problemático. Com bases em estudos empíricos é adotada a hipótese simplificadora de que nem as margens de lucro dos setores flexprice, nem a produtividade média do trabalho são sensíveis, “no médio prazo” (termo usado por Olivier Blanchard para descrever o que acontece numa economia em dez anos ou mais), a variações em Q/Qp (produção efetiva/ produção potencial). Isso é visto até na 3ª edição do “Macroeconomia” de Blanchard, quem dirá em livros de heterodoxos. Apesar disso, acredito que admitir uma “inflação temporária” já seria um grande perigo.

Gustaf: de novo você vai me desculpar, mas 10 anos é um bocado de tempo para chamar inflação de temporária (algo assim: não se preocupe com o hiato do produto porque em 10 anos [ou mais] a oferta vai crescer o suficiente para acomodar a demanda que está crescendo hoje. Desconfio que o Blanchard não recomenda esta estratégia para lidar com crescimento da demanda acima do PIB potencial). A tal hipótese simplificadora que você usou supôs que não há inflação para concluir que não há inflação, o que desde já garante o primeiro lugar no concurso Raciocínio Circular de 2008.

2- Sobre a alegação de que “os recursos não caem do céu”. Para o Princípio da Demanda Efetiva, a poupança é um fluxo simultâneo ao investimento e por ele determinado. Quem financia o investimento é o crédito, que por sua vez é um estoque criado ex nihilo pelo sistema bancário. Para Serrano (que é um sraffiano e não um pós-keynesiano), a flexibilidade do banco para criação de moeda é plenamente elástica. Na visão dele, o poder dos bancos em responder ao aumento da demanda por moeda pode ser aumentado mediante os empréstimos em moeda estrangeira, gerenciamento de ativos e passivos, empréstimo de redesconto, etc. Outros, como o Cardim de Carvalho e o Sicsú, são mais cautelosos e vêem que a proteção às reservas bancárias pode ser uma restrição séria, daí eles admitem que haverá crowding out parcial no caso de uma política fiscal expansionista no contexto de uma economia operando a plena capacidade. De qualquer forma, para Serrano, se vivêssemos numa economia fechada, bastaria uma política expansionista para termos o “supermultiplicador sraffiano” (que foi tema de sua tese de doutorado em Cambridge). Independentemente de a economia está ou não em plena capacidade, ele no máximo só geraria uma inflação (temporária) de demanda. Para os outros, talvez eles vissem a necessidade de combinar política monetária e fiscal.

Crédito não financia investimento em lugar qualquer do planeta. A única coisa que crédito faz é dar poder de compra para quem quer investir, mas os recursos para o investimento têm que existir, em particular se a economia opera próxima ao potencial. Bancos podem criar quanta moeda quiserem e isto não vai adicionar uma unidade de recurso real à economia (eu me lembro de economistas heterdoxos dizendo que não havia falta de poupança do país porque o BNDES tinha "recursos"). Em outras palavras, você e seus professores heterodoxos continuam acreditando que recursos reais caem magicamente dos céus, o que não vai te levar muito longe como economista.

3- Sobre a questão dos retornos decrescentes levarem a taxa de crescimento à taxa de aumento da produtividade, “tornando irrelevante a expansão da demanda agregada”. Esse argumento é irrelevante para quem leva em consideração a crítica teórica de Sraffa de que o mecanismo neoclássico de substituição entre capital e trabalho não funciona. “Retornos marginais decrescentes para os fatores só poderiam ser confirmados se alguém conseguisse mostrar evidência de que existem no mundo real funções de produções com uma imensa quantidade de técnicas alternativas ordenáveis em termos das proporções estritamente físicas em que os diversos fatores são utilizados.
Sraffa 1960 mostrou que isto é impossível teoricamente fora do mundo onde o capital é homogêneo com o produto. Empiricamente então nem se fala”, disse uma vez Serrano numa de suas comunidades no orkut. Os pós-keynesianos também apóiam Sraffa.

A crítica teórica de Sraffa que você menciona ganhou o Concurso de Raciocínio Circular de 1960, uma vez que o modelo sraffiano parte do pressuposto de coeficientes fixos (ou seja, não há substituiçao por hipótese), o que, diga-se de passagem, é a única justificativa do valor trabalho. Quanto à questão do "switching "de técnicas (a controvérsia do capital), ela não se aplica em modelos de equilíbrio geral no qual você não precise agregar capital, i.e., num mundo Arrow-Debreu este ponto também já foi mostrado irrelevante, um assunto sobre o qual você e o tal Serrano precisam se informar melhor. Sobre os pós-keyensianos apoiarem Sraffa, a informação é bonitinha, mas de uma inutilidade atroz.

4- Eu só tomei conhecimento da versão de economia fechada da teoria de crescimento de Serrano, então vou falar de outro modelo. No modelo de Thirlwall, a taxa de crescimento do produto compatível com o equilíbrio no balanço de pagamentos de um país será tão maior quanto: (i) maior a taxa de crescimento do resto do mundo; (ii) maior a elasticidade-renda das exportações; (iii) menor a elasticidade-renda das importações. Esses seriam os fatores de não-convergência de crescimento. De resto, sei que as teorias de natureza demand driven postulam que a taxa de crescimento da força de trabalho e da produtividade tendem a subir quando o crescimento econômico se acelera, devido ao aproveitamento de mão-de-obra que estava subempregada (desemprego oculto), ganhos estáticos e dinâmicos de escala associados ao volume de produção e ao progresso tecnológico incorporado no capital acumulado, learning by doing e learning by using, etc. Alguns admitem que a taxa de crescimento do estoque de capital pode ser um limitante do crescimento, na medida em que se supõe que o investimento possui outros determinantes que podem impedir que ele se dê sempre na medida necessária para acomodar todo o crescimento da demanda.

Acho interessante um modelo de crescimento no qual não há menção à oferta agregada. Sobre a taxa de crescimento da força de trabalho e da produtividade tenderem a subir quando o crescimento econômico se acelera, não fico surpreso, dada a hipótese básica destes modelos, qual seja a inexistência de restrições de recursos (até a demografia e a tecnologia respondem à demanda; o que dirá do investimento. Eu bem que gostaria de morar neste lugar, se o custo para chegar lá não envolvesse ter que deixar meu corpo aqui na Terra). Num mundo como este, realmente é só escolher o quanto se quer crescer e mandar bala, o que necessariamente leva à conclusão que o mundo é povoado (ou governado) por masoquistas. Mesmo com ganhos de escala e "learning by doing" (veja o trabalho de Paul Romer, Aghion & Howitt, Helpman & Grossman e toda nova teoria do crescimento do final dos anos 80 e começo dos 90) as restrições orçamentárias continuam valendo. Meu conselho: sai dessa e começa a estudar economia séria.

18 comentários:

Alex, não se pode ajudar quem não quer ser ajudado.

Claudio:

É o fardo de economista neoclássico.

Abs

Alex

Eu não tinha intenção de fazer o papel de advogado da heterodoxia (ainda não pertenço a nenhuma escola de pensamento, pelo menos por enquanto), mas é que o Alex andou perguntando tanta coisa sobre ela que achei que ele se interessaria em saber alguns dos detalhes dos contra-argumentos heterodoxos.

Na alegação 1 eu me expressei mal, porque eu até quis dizer que desconfiava do tal argumento da “inflação temporária”, tanto é que coloquei esta expressão entre aspas. Eu acho que essa questão da inflação realmente é o calcanhar de aquiles dessas teorias de crescimento liderados pela demanda. Mas ainda assim, se você considerar a existência de recursos ociosos em muitas situações (visão de Blanchard, Stiglitz, etc.) e outros pressupostos teóricos, acho que a trajetória de crescimento da economia no longo prazo não deveria ser descrita como totalmente insensível à taxa de crescimento da demanda agregada.

Quanto a resposta 2, acho que ela foi respondida superficialmente.

Quanto a resposta 3, confesso que ela trata de um assunto que ainda não domino o suficiente para tomar uma posição sobre ele (comecei a ler sobre isso só muito recentemente), tanto é que só fiz colocar uma citação. Mas eu fiquei sabendo que o contra-argumento heterodoxo ao argumento do Alex é que o uso deste tipo de função apenas evita tratar os fatores de produção como passíveis de substituição perfeita, que é criticável pela possibilidade de reversão da intensidade das técnicas. Os heterodoxos afirmam que o fato da relação capital/produto ser aproximadamente constante é um fato empírico, não um pressuposto teórico e que, em princípio, o uso da função de produção do tipo de Leontief não impede que mudanças tecnológicas causem variações na relação capital/produto.

Quanto a alegação 4, dizer que num mundo onde a descrição heterodoxa da economia está próxima da verdade é um local onde “é só escolher o quanto se quer crescer e mandar bala” é um espantalho. Acho que existem sim restrições para o crescimento mesmo considerando o argumento que a demanda é o seu principal determinante. Vários modelos consideram a influência dos fatores institucionais, volatilidade nas expectativas empresariais, restrição no balanço de pagamentos, etc. Da maneira que o Alex fala, parece que todo teórico da demanda efetiva que já existiu é um oba-obista irresponsável.

P.S.: Não precisa criar outro tópico para responder esse comentário, tá?

é a beleza da pluralidade do pensamento

O Gustaf cita o Franklin Serrano...

Eu gostaria de dizer que esse FS eh como um astrologo, mas astrologos pelo menos agregam algum valor, por gerar algum significado para a vida daqueles que acreditam que as estrelas determinam nossa sorte.

Um economista neo-sraffiano eh menos que um astrologo, faz-me lembrar de aquelas fabricas gigantescas, hoje desativadas, do outro lado da cortina de ferro... Aquelas cujo produto tinha valor inferior aos insumos que consumiam.

Maquinas de destruir valor.

Meu deus, alguem paga para esses heterodochos pararem de contaminar nossa juventude!

"O"

"Retornos marginais decrescentes para os fatores só poderiam ser confirmados se alguém conseguisse mostrar evidência de que existem no mundo real funções de produções com uma imensa quantidade de técnicas alternativas ordenáveis em termos das proporções estritamente físicas em que os diversos fatores são utilizados."

Existe um exemplo bem obvio e didatico, que eh ensinado em qualquer curso introdutorio de economia: a agricultura.

Pode-se produzir uma tonelada de milho a partir de combinacoes bem diferentes de terra, capital e trabalho.

"O"

Agora o negócio ficou interessante.

O Gustaf pode até não saber do que tá falando, mas acho que desqualificar simplesmente o que ele diz é injusto. Sou aluna do Serrano na UFRJ (aliás tenho prova dele em breve; sim ele é um heterodocho). A controvérsia do capital foi uma briga feia publicada nos maiores journals de economia. E cabe lembrar que os autores da nova teoria do crescimento usam os modelos numa aboradagem metodológica intrumentalista, mas que nem por isso resolveram a questão das Cambridge(s). Como referência, podem ser procurados os textos do Garegnani, Blaug, Samuelson, Robinson, Stiglitz (não, esses não são heterodochos).

Carina:

A pobre Joan Robinson deve estar se revirando no túmulo, agora que você a tirou do time.

Sério agora, a controvérsia de Cambridge foi importante, mas terminou com uma vitória de Pirro da Cambridge inglesa além de gerar a apresentação mais esquisita que vi na minha vida no Encontro da Latin American Econometric Society de 1987(8?), feito pelo Mas Collel), pois a principal conclusão é que, se não podemos agregar capital, o que sobrevive são os modelos de equilíbrio geral em que cada insumo (máquina A, máquina B, caminhão X, insumo Z, etc) é tratado separadamente, ou modelos de um único bem de capital na linha de Solow.

Vale dizer, do ponto de vista da evolução da disciplina, foi como se toda controvérsia jamais tivesse ocorrido. No meu curso de doutorado talvez três pessoas soubessem do assunto.

Termino o comentário citando Christopher Bliss:

"...what one might call the existential aspect of capital theory has not attracted much interest in the past 25 years. A small band of ‘true believers’ has kept up the assault on capital theory orthodoxy until today, and from their company comes at least one of my co-editers. I shall call that loosely connected school the Anglo-Italian theorists. No simple name is ideal, but the one I have chosen indicates at least that the influences of Piero Sraffa and Joan Robinson, in particular, are of central importance. Even in that case, there is a flavour of necrophilia in the air. If one asks the question: what new idea has come out of Anglo-Italian thinking in the past 20 years?, one creates an embarrassing social situation. This is because it is not clear that anything new has come out of the old, bitter debates.

Meanwhile mainstream theorizing has taken different directions. Interest has shifted from general equilibrium style (high-dimension) models to simple, mainly one-good models. Ramsey-style dynamic-optimization models have largely displaced the fixed-saving coefficient approach. The many consumers that Stiglitz implanted into neoclassical growth modelling did not flourish there. Instead the representative agent is usually now the model's driver. Finally, the exogenous technical progress of Harrod, and most writers on growth from whatever school in the 1960s and later, has been joined by numerous models which make technical progress endogenous in one of the several possible ways...

...Can the old concerns about capital be taken out, dusted down and addressed to contemporary models? If that could be done, one would hope that its contribution could be more constructive than the mutually assured destruction approach that marred some of the 1960s debates. It is evident that richer models yield richer possibilities. They do not do that in proportion when optimization drives model solutions. However, we know that many-agent models can have multiple equilibria when all agents optimize. There may be fruitful paths forward in that direction.

Old contributions should best be left buried when they involve using capital as a stick to beat marginal theory. All optima imply marginal conditions in some form. These conditions are part of an overall solution. Neither they nor the quantities involved in them are prior to the overall solution. It reflects badly on economists and their keenness of intellect that this was not always obvious to everyone."

Christopher Bliss, "Introduction, The Theory of Capital: A Personal Overview", in C. Bliss, A. Cohen and G.C. Harcourt (eds.) Capital Theory, (Cheltenham, UK: Edward Elgar, 2005). Vol. I, pp. xxvii-lx)

Alex, o que disse o Mas Collel de tão esquisito ?

Quisera eu ter condições de entender. Em um dos gráficos a curva escrevia "Piero" e boa parte da discussão era sobre se o ponto acimda do "i" pertencia à função.

Quase desisti do mestrado aquele dia...

"Crédito não financia investimento em lugar qualquer do planeta. A única coisa que crédito faz é dar poder de compra para quem quer investir, mas os recursos para o investimento têm que existir, em particular se a economia opera próxima ao potencial. Bancos podem criar quanta moeda quiserem e isto não vai adicionar uma unidade de recurso real à economia (eu me lembro de economistas heterdoxos dizendo que não havia falta de poupança do país porque o BNDES tinha "recursos"). Em outras palavras, você e seus professores heterodoxos continuam acreditando que recursos reais caem magicamente dos céus, o que não vai te levar muito longe como economista."

Então quer dizer que o impacto real da concessão de crédito por parte de bancos privados é zero? Se a moeda é realmente neutra, o banco é um mero intermediador de recursos, só isto?
Em uma visão pós-keynesiana, crédito também é poder de compra, mas este pode ser criado (não ao infinito) por vários mecanismos...novamente oferta vs demanda...ai ai ai
Mas gostaria mesmo é de saber a sua visão sobre o papel dos bancos no financiamento do investimento.

Obrigado

Frederico

Fred:

O que financia investimento é poupança. Claro que intermediação financeira tem um papel real neste processo (só pensar em termos dos modelos em que há discrepância nos prazos de investimento e prazos de poupança: aparece um agente que toma recursos a prazos inferiores ao que empresta - o intermediador financeiro, i.e., banco), mas da forma como o Gustaf colocou fica parecendo que é só dar crédito que os recursos aparecem.

Não é. Crédito transfere poder de compra, mas os recursos têm que existir.

Por fim, não vamos confundir ciclo econônomico - um problema no qual não acho que nem moeda, nem crédito sejam neutros - com o problema do crescimento, para o qual nem moeda, nem crédito (à parte o papel que mencionei acima, um serviço real) parecem desempenhar qualquer papel de relevo.

Abs

Alex

Alex,

Pela sua descrição, me parece que a apresentação do Mas Colell é análoga ao argumento dele no artigo "Capital Theory Paradoxes: Anything Goes" (que ele fez em homenagem à Joan Robinson).

Se me lembro direito, e já faz um bom tempo que dei uma olhada nesse artigo, a idéia é estudar a relação entre o valor do capital e a taxa de juros numa economia de equilíbrio geral com vários tipos de capital. Nesse caso, a interação entre a taxa de juros e o valor de cada tipo de capital faz com que a relação inversa entre taxa de juros e valor total do capital não seja mais válida.

Novamente, pelo que eu me lembre, a única implicação deste modelo para a relação juros-capital é que a taxa de juros atingiria o seu máximo quando o valor do capital fosse zero.

Por isso, ele desenha um gráfico entre r e K escrevendo "Joan Robinson" com o início da letra "J" acima das outras e dizendo ser compatível com o equilíbrio geral numa economia onde capital não possa ser agregado.

Nunca vi essa apresentação a que você se refere mas suspeito ter sido esse o ponto. Você poderia ter um gráfico escrito "Pierro" na relação entre juros e valor do capital se e só se toda a palavra ficasse abaixo do início da letra "P". Daí a questão do pingo o "i" ter que ficar abaixo do "P".

Abs

Daniel:

Vi esta apresentação há 20 (talvez 21) anos, mas o título (uma das poucas coisas que me lembro) era mesmo "Capital Theory: Anything Goes". Deve ser este mesmo artigo. Valeu.

Abs

Alex

Para quem tem interesse, vale a pena ler o texto de Swan (1956) "ECONOMIC GROWTH AND CAPITAL ACCUMULATION". Os apêndices são dedicados a controvérsia com a JR. Apesar de antigo, nesse texto temos o cerne da controvérsia e seus precedentes na Escola Austríaca.

"Por fim, não vamos confundir ciclo econônomico - um problema no qual não acho que nem moeda, nem crédito sejam neutros - com o problema do crescimento, para o qual nem moeda, nem crédito (à parte o papel que mencionei acima, um serviço real) parecem desempenhar qualquer papel de relevo."

Alex, obrigado pela resposta acima. Ainda me resta uma dúvida: quando você fala em ciclo econômico está falando de crescimento de curto prazo com efeitos sobre o consumo e investimento e, crescimento para crescimento de longo prazo a la Solow?
E você (ou visitantes do blog) tem referências sobre o papel do crédito nos ciclos econômicos?
Obrigado novamente
Fred

Fred:

É isto mesmo. Vejo os modelos de de "sticy prices" como representações mais acuradas do que parece ser o ciclo econômico. Para o curto prazo, então, fenômenos monetários me parecem mais relevantes.

Já crescimento é entendido como fenômeno de longo prazo (10, 15, 20, 30 anos), no qual a suposição de preços rígidos parece fazer menos sentido e, portanto, não muito relevante para a dinâmica de crescimento. Aí, ao contrário do primeiro caso, o fator determinante é a evolução da oferta agregada, i.e., capacidade de crescimento, associada à acumulação de capital físico, demografia, acumulação de capital humano e, principalmente, progresso técnico (PTF).

Fico devendo, por enquanto, alguma literatura sobre o papel do crédito no ciclo (se bem que, nas atuais circunstâncias nos EUA, não tenho dúvida que a literatura irá florescer), exceto, é claro, a História Monetária dos EUA (Friedman & Schwartz). Deve ter coisa mais moderna, mas o pouco que conheço deste livro é excelente.

Abs

Alex

P.S. Aparentemente o livro do Bernanke sobre a Grande Depressão pode ter alguma referência a crédito.

Sei que é meio aleatorio postar em 2013 aqui, é que achei procurando coisas no google mas fiquei intrigado com esse comentario do Alex

"O que financia investimento é poupança. Claro que intermediação financeira tem um papel real neste processo (só pensar em termos dos modelos em que há discrepância nos prazos de investimento e prazos de poupança: aparece um agente que toma recursos a prazos inferiores ao que empresta - o intermediador financeiro, i.e., banco), mas da forma como o Gustaf colocou fica parecendo que é só dar crédito que os recursos aparecem."

isso seria verdade num mundo onde o credito que o banco concede foi poupado por pessoa X, sendo que os bancos operam com "double entry book keeping" ou seja, criam depositos no processo criando dinheiro "out of thin air"

voce podia explicar melhor a questao do credito, na forma de fractional reserve banking e investimento

tenha paciencia porque sou aluno de graduação no 4 periodo e da ufrj (atire em mim agora)
abração