nelson barbosa segue em
retirada, tentando não ser tão rápido que pareça covardia, nem tão devagar que
soe como provocação.
Agora já reconhece
(depois de apenas 3 advertências!) que programas de ajuste fiscal ancorados em
corte de gastos têm efeitos contracionistas modestos e de curta duração, ao
contrário de ajustes baseados em aumentos de impostos. E aceita também a
necessidade de elevar o resultado primário em R$ 300 bilhões nos próximos anos,
fruto dos desarranjos de políticas econômicas que patrocinou enquanto ocupava
altos cargos na equipe da presidente Dilma Rousseff.
Como, porém, não
consegue deixar de ser barbosa, ainda insiste em aumentos de impostos, ignorando
a recuperação da economia que, por si só, deve elevar em R$ 100 bilhões a arrecadação no ano que vem.
Admite até a conveniência
da “redução de crescimento dos gastos”, progresso para quem defendeu o oposto
disto no seguinte artigo: https://nodocuments.files.wordpress.com/2010/03/barbosa-nelson-souza-jose-antonio-pereira-de-a-inflexao-do-governo-lula-politica-economica-crescimento-e-distribuicao-de-renda.pdf. Professa, afinal, a
necessidade de reforma da previdência, bem como adiamento do reajuste de
servidores, o mesmo acordado quando era ministro.
Tudo em teoria, claro,
porque na hora do “vamos ver”, reclama da contenção de gastos e não apoia a reforma
da previdência agora em pauta. Da mesma forma, em janeiro de 2016 defendia um teto de
gastos,
mas em setembro atacava medida similar. A diferença?
No primeiro caso era vidraça; no outro, estilingue.
Não tenho a menor
dúvida sobre a coerência de barbosa: é uma coerência de fins, nunca de ideias,
motivo pelo qual honestidade intelectual não é sua característica mais
marcante.
Ele se diz contrário ao
corte do investimento público (mesmo se vangloriando do “maior
contingenciamento de gastos discricionários da história”), mas não assume a
responsabilidade pelo aumento da rigidez orçamentária em seu longo período em
cargos-chave do ministério da Fazenda, fenômeno que limitou ao investimento
federal o raio de ação de qualquer governo empenhado em reduzir a despesa.
Caso, ao invés de
defender a “inflexão de política econômica” no final do governo Lula, tivesse proposto
medidas para conter gastos obrigatórios, talvez não houvesse a necessidade de cortar
investimentos, mas esta parte da história barbosa mantém cuidadosamente
escondida.
E, por fim, barbosa ainda
desconsidera que os movimentos no sentido da criação de um novo regime fiscal
abriram espaço para uma queda sem precedentes da taxa real de juros, desta vez
com a redução da inflação.
É esse fenômeno que se
encontra na raiz da recuperação da demanda doméstica, a mesma que ele garantia que não iria ocorrer (mas agora, claro,
sequer toca no assunto).
A verdade é que
economistas da linha de barbosa tiveram sua chance e nos conduziram à pior
recessão da história recente do país, o que barbosa tenta a todo custo ocultar.
Há, porém, quem lembre;
assim como há os que jamais os deixarão esquecer.
3 comentários:
Olha aí a ideia dos seus amigos,e o senhor continua criticando o Nelson.
http://m.folha.uol.com.br/mercado/2018/01/1948020-governo-enviara-pec-para-amenizar-regra-de-ouro.shtml?utm_content=geral&utm_campaign=twt-uol&utm_source=t.com&utm_medium=social
"Olha aí a ideia dos seus amigos,e o senhor continua criticando o Nelson."
Aposto que ele é a favor; ou melhor, seria a favor se fosse com ele. Sendo dos outros, seria má ideia.
Já eu acho que é má ideia sempre...
Obra do João Pinho,Mansueto e Cia:http://www.valor.com.br/brasil/5246563/governo-planeja-emenda-para-descumprir-regra-de-ouro
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