Sempre gostei de filmes que envolvam viagem no tempo, quase tanto quanto de qualquer um que mostre uma nave espacial. Resquício do “Túnel do Tempo”, série que acompanhava dois cientistas perdidos no tempo. Hoje, porém, para acompanhar economistas presos nesse labirinto não preciso sequer ligar a TV.
A começar pela abordagem à Economia. Ao contrário dos economistas mais caretas, muito presos a convenções como lógica, modelagem de suas teses, e teste delas contra a evidência empírica, os aventureiros do tempo preferem um abordagem mais aberta, mais solta, assim, um lance de pele... Afinal de contas, o domínio econômico é, tipo, um ente orgânico, vivo, em constante evolução, porque as pessoas são, assim, complexas e multifacetadas, que às vezes fazem coisas de um jeito, às vezes de outro, às vezes não fazem, e chegam mesmo a fazer demais. E aí, cara, pode acontecer de tudo... Ou não.
Para usar um exemplo à mão, qual seria o efeito de um aperto (verdadeiro) da política fiscal sobre a taxa de câmbio? Segundo os perdidos no tempo, qualquer coisa. Afinal de contas, argumentam, uma política fiscal mais apertada poderia reduzir a percepção de risco do país, elevando o influxo de capitais, o que faria a taxa de câmbio se desviar ainda mais de seu valor de equilíbrio.
Como este pessoal acredita na doença holandesa não é possível descartar, a priori, o uso de substâncias liberadas naquele país para se chegar a uma conclusão tão orgânica, viva, e em constante evolução. Em primeiro lugar pela insistência na suposição que a taxa de equilíbrio seja uma grandeza fixa (cujo valor exato, não duvidem, os aventureiros conhecem até a quinta casa). Não me escapa a ironia dos perdidos no tempo, tão ciosos dos seus lances de pele, não considerarem a possibilidade da taxa de câmbio de equilíbrio se alterar em resposta a variáveis como termos de troca, ou a própria avaliação de risco de solvência.
Vale dizer, caso a melhora de política fiscal reduza a percepção de risco e, por meio desta, leve à apreciação de câmbio, não se trata mais de desvio com relação ao câmbio de equilíbrio, mas alteração deste último como resposta à melhora dos fundamentos da economia. Aliás, é bom que assim o seja. De outra forma, o corolário do “argumento” acima, é que – para desvalorizar o câmbio – o país deveria promover uma deterioração significativa de sua política econômica (que tal uma guerra civil? Com certeza implicaria câmbio mais depreciado).
Falhas lógicas à parte (que lance mais careta), resta a questão empírica. Parece razoável imaginar que uma política fiscal mais apertada diminua a percepção de risco, mas sem que se meça (mais careta ainda) este impacto, a afirmação não tem grande conteúdo para fins de análise econômica.
Considere, contudo, o seguinte. Hoje o risco-Brasil para um período de 12 meses equivale a uma acréscimo de cerca de 0,65% ao ano sobre a taxa de juros americana para o mesmo horizonte. O Chile, paradigma de caretice econômica no continente, apresenta risco-país da ordem de 0,17% ao ano. Se, num laivo de imaginação, a política fiscal brasileira se igualasse à chilena poderíamos reduzir nosso risco em... 0,48% ao ano! Mesmo no caso mais otimista o efeito seria, grosso modo, equivalente a uma queda de 50 pontos da taxa de juros. Enorme, não?
Curiosamente, tal efeito seria relevante quando o risco de insolvência era alto, mas, caso alguns não tenham percebido, já superamos esta fase. O tempo passou na janela, e só Carolina (que se considera tão atenta à história) não viu.
(Publicado 28/Out/2009)
A começar pela abordagem à Economia. Ao contrário dos economistas mais caretas, muito presos a convenções como lógica, modelagem de suas teses, e teste delas contra a evidência empírica, os aventureiros do tempo preferem um abordagem mais aberta, mais solta, assim, um lance de pele... Afinal de contas, o domínio econômico é, tipo, um ente orgânico, vivo, em constante evolução, porque as pessoas são, assim, complexas e multifacetadas, que às vezes fazem coisas de um jeito, às vezes de outro, às vezes não fazem, e chegam mesmo a fazer demais. E aí, cara, pode acontecer de tudo... Ou não.
Para usar um exemplo à mão, qual seria o efeito de um aperto (verdadeiro) da política fiscal sobre a taxa de câmbio? Segundo os perdidos no tempo, qualquer coisa. Afinal de contas, argumentam, uma política fiscal mais apertada poderia reduzir a percepção de risco do país, elevando o influxo de capitais, o que faria a taxa de câmbio se desviar ainda mais de seu valor de equilíbrio.
Como este pessoal acredita na doença holandesa não é possível descartar, a priori, o uso de substâncias liberadas naquele país para se chegar a uma conclusão tão orgânica, viva, e em constante evolução. Em primeiro lugar pela insistência na suposição que a taxa de equilíbrio seja uma grandeza fixa (cujo valor exato, não duvidem, os aventureiros conhecem até a quinta casa). Não me escapa a ironia dos perdidos no tempo, tão ciosos dos seus lances de pele, não considerarem a possibilidade da taxa de câmbio de equilíbrio se alterar em resposta a variáveis como termos de troca, ou a própria avaliação de risco de solvência.
Vale dizer, caso a melhora de política fiscal reduza a percepção de risco e, por meio desta, leve à apreciação de câmbio, não se trata mais de desvio com relação ao câmbio de equilíbrio, mas alteração deste último como resposta à melhora dos fundamentos da economia. Aliás, é bom que assim o seja. De outra forma, o corolário do “argumento” acima, é que – para desvalorizar o câmbio – o país deveria promover uma deterioração significativa de sua política econômica (que tal uma guerra civil? Com certeza implicaria câmbio mais depreciado).
Falhas lógicas à parte (que lance mais careta), resta a questão empírica. Parece razoável imaginar que uma política fiscal mais apertada diminua a percepção de risco, mas sem que se meça (mais careta ainda) este impacto, a afirmação não tem grande conteúdo para fins de análise econômica.
Considere, contudo, o seguinte. Hoje o risco-Brasil para um período de 12 meses equivale a uma acréscimo de cerca de 0,65% ao ano sobre a taxa de juros americana para o mesmo horizonte. O Chile, paradigma de caretice econômica no continente, apresenta risco-país da ordem de 0,17% ao ano. Se, num laivo de imaginação, a política fiscal brasileira se igualasse à chilena poderíamos reduzir nosso risco em... 0,48% ao ano! Mesmo no caso mais otimista o efeito seria, grosso modo, equivalente a uma queda de 50 pontos da taxa de juros. Enorme, não?
Curiosamente, tal efeito seria relevante quando o risco de insolvência era alto, mas, caso alguns não tenham percebido, já superamos esta fase. O tempo passou na janela, e só Carolina (que se considera tão atenta à história) não viu.
(Publicado 28/Out/2009)
43 comentários:
Como eu havia feito críticas ao aspecto literário dos seus artigos (queda brusca da qualidade), agora tenho de fazer o contrário (como o fiz no último artigo).
Excelente! Parabéns!
Fica a pergunta, pq Carolina?
Abraços
Alex,
muito bom. O desejo deles em controlar o câmbio é tão grande, que até a taxa de equilíbrio do cambio é fixa no modelo deles, como você disse. Achei muito interessante a observação.
O velho(?)e bom Alex. Conhecimento e acidez na medida certa. Agora vou esperar o Lucrécio para rir um pouquinho!
Abs
O post foi direto ao ponto. Os artigos de Oreiro só são superados em "infantilidade" pelos do (Sic)sú. É incrível como os "economistas alternativos" nunca conseguem dar aquele passinho q falta para ver q seus raciocínios estão errados.
O caso dos juros reais foi parecido: os alternativos ficavam reclamando dos juros enquanto eles caíam e o país bombava. Qdo viram, os juros estavam na taxa q eles pediam a vida inteira.
Por mais q eles reclamem não dá p ter paciência.
Acertou na mosca carequinha,uma política fiscal mais apertada reduziria a demanda domestica,valorizando o câmbio,reduzindo o crescimento.
Lucrécio
Alex,
suponhamos um mega ajuste fiscal que permita uma boa queda nos juros. Vc talvez diminua a entrada por uma porta, porém certamente aumentará pelas demais. Desconfio que entraria mais $$ aqui.
Sendo assim, a tx de "equilibrio" do cambio mudaria ...
o que seria melhor, comprar os dolares com esse $$ e assim tentar manter o cambio mais elevado ou dixar ele mudar de patamar ??
abraço
Quero só ver agora a resposta do Oreiro... Dr. Einstein x Dr. Geninho... Carolina x ???? hahahaha
Parabéns pelo artigo. O estilo lembra um que o Simonsen escreveu sobre as propostas heterodoxas de combate a inflação (leia-se UNICAMP/Beluzzo). O artigo, parece, começava assim: Os heterodoxos querem inventar a contra-indução matemática onde uma experiência econômica da errada no país A, da Errada no país B, da Errada no país n-1, mas dará certa no país n. O n, no caso, era o Brasil.
Comento no meu blog o mais novo ataque de Lula a Gilmar Mendes.
Aguardo sua visita
Abraços
Patrick Gleber
www.blogdopatrick.blogspot.com
"Acertou na mosca carequinha"
Bom. Agora sua alimentação vai ficar menos incômoda. Uma mosca a menos no pasto ajuda.
Alex, pq Carolina?
Caramba Alexandre,
O que vc fez para aquele pilantra do Nassif para ele pegar pesado com vc ?
"Alex, pq Carolina?"
A música do Chico Buarque. Alguém parado na janela, sem noção do mundo evoluindo ao seu redor. Casa bem com o "perdidos no tempo".
"O que vc fez para aquele pilantra do Nassif para ele pegar pesado com vc ?"
Uai, ele precisa de justificativa?
Essas abordagens muito "abertas", muito "soltas" costumam "revogar" fundamentos de economia, inclusive a chamada restrição orçamentária. Os resultados são erros de projeção de receita, atrasos na devolução do IR, aumento de impostos, compulsórios exorbitantes e coisas piores.
Acertou o alvo. Os "alvos" já começaram a se manifestar, nos mesmos lugares de sempre.
É mais engraçado dar uma olhada nos comentários do blog do peludão...um mais retardado que o outro...o rancor com a Folha de SP também é notório...É, depois que a "Agência Dinheiro (muito)Vivo" deu com os burros n'água (apesar da ajudinha de um conhecido banco estatal) só restou ao Pattif ficar falando mal do Banco Central, do "Prof. de Deus" , da Veja....e tudo mais...Enfim, chega uma hora que até a "mídia" nacional cai na real....
abs
Rogério Ceni
(com tudo pra cima do Inter hoje...)
Que pecado teria você cometido, Alexandre, para ser condenado (ou se auto-condenar) a rebater os argumentos energúmenos desta gente.
Não creio que exista nada nesta vida que me causasse maior desgosto do que ver o inominável se arrogando de um meu crítico. Se você está hoje nesta posição, a culpa é só sua. (Mais poderia escrever sobre seu suposto antagonista, mas não gosto nem de escrever o nome e é melhor não dar pano para manga, que ele adora se meter com a justiça e depois choramingar.)
Tome jeito nesta sua careca brilhosa e vá usar seus talentos (econômicos e literários) com coisa que preste e seja merecedora.
"O que vc fez para aquele pilantra do Nassif para ele pegar pesado com vc ?"
Deve ser o Ph.D. em economia. O Nassif eh um anti-intelectual, ele acha que o Belluzzo eh um economista respeitavel e odeia economistas com doutorado no exterior, enquanto adora gente que mente que tem um doutorado na piada da Unicamp.
Alex,
Dois pensamentos:
(1) Eu acho que nao vai demorar muito para o companheiro Lula mandar reverter o IOF :)
(2) O choque de credibilidade do IOF pode acabar nos custando alguns pontos do PIB em 2010. Ateh agora, o investimento nao chegou nem perto de ensaiar uma volta aos niveis pre-crise e se continuar andando de lado, dah para ver 2010 com crescimento mediocre e deficit nominal de 5% do PIB.
"O"
Alex,
E o relatorio sobre politica fiscal do Bacen que deveria ter saido hoje (quarta, 28 de outubro) e nao saiu?
Deficit primario!?
"O"
"Que tal uma guerra civil? Com certeza implicaria câmbio mais depreciado"
Rs, muito boa!
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16123
Alex, vc viu o "estudo" do link acima? Qual eh a picaretagem?
Sem dúvida um tanto desproporcional...
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/10/28/o-professor-de-deus-e-o-fundo-madoff/
O que ele parece não entender é que (i) atrás de um modelo econométrico existe uma contextualização natural, afinal de contas, ninguém sai escolhendo variáveis de um modelo sem ter um bom motivo para incluí-la. E que (ii) se debruçar sobre os dados não é algo que deva ser atribuído aos economistas "vilões"...
Prezados,
não consigo esconder minha tristeza com o razo nível no qual chegou o debate sobre economia neste país (e talvez no mundo, não sei).
Só temos a lamentar o fato de as principais chicotadas heterodoxas virem, atualmente, de economistas anões como os Oreiros e Sicsús da vida.
Infelizmente, esta é a externalidade negativa que temos de enfrentar devido à avassaladora vitória ortodoxa que se consolidou no Brasil, nas últimas duas década.
Espero voltar a ler artigos científicos e de opinião de respeitáveis economistas marxistas, pós-keynesianos, neo-ricardianos e dos diversos tipos hibridos a que estas espécies dão origem.
Abraço do Pai Alex
Alex,
o que é câmbio de equilíbrio para você? Acredita nisso?
Abraços
O que é câmbio de equilíbrio? É uma questão deveras interessante.
No diagrama de Meade-Swan ele se dá no cruzamento de duas curvas: a EI de equlíbrio interno com a EE de equlíbrio externo. A curva EI delimita duas áreas: uma onde ocorre inflação (super-aquecimento da economia) e outra onde a economia tem um desemprego maior que o NAIRU, ou seja, a economia está abaixo do seu PIB potencial.
A curva EE delimita duas áreas: uma onde há deficit em conta corrente e outra onde há superávit.
Na economia real este ponto de equilíbrio nunca vi ocorrer. Em suma, o desequilíbrio é a norma, como diria Minsky e, acho, o Soros também.
Mas confesso que estou ávido para ler o comentário do Alex sobre esta questão.
Prezado Alex,
caso o IOF chegasse aos 10%, como proposto por alguns, uma simples Holding tupiniquim não passaria a ser viável para evitar parte do custo do novo imposto?
abs
José Carneiro
Pai Alex
Não fique triste. Como disseram acima, em outras épocas era o MH Simonsen contra os heréticos de plantão. Tb tinha o P. Guedes com uma excelente coluna em revista nacional.
Os toupeiras inerciais e trupe de planejadores heréticos com suas médias móveis e dia "D" para congelamento eram prato cheio para debates (massacres) naquele tempo.
Uma dádiva poder ouvir /ler F Holanda Barbosa, por exemplo.
O tempo tratou de colocar os heréticos em rota de fuga.
Portanto, deixem que eles botem a cabeça para fora do buraco para aprender um pouco mais. Devemos nos compadecer com os menos incapacitados.
Eu acho engraçado que esses tipos heterodoxos adoram glorificar a China e outros países asiáticos pela política cambial, mas detestam falar da política fiscal nem da taxa de poupança nesses países "modelo".
PS: Tem um vídeo muito legal do gameshow jeopardy com o tema de economia:
http://www.youtube.com/watch?v=rRAcwcrQdi4
Bom artigo Alex!
Ficaria ainda melhor se no próximo vc espinafrasse o nassif.
Forte abraço!
Fabuloso
"E o relatorio sobre politica fiscal do Bacen que deveria ter saido hoje (quarta, 28 de outubro) e nao saiu?"
Estou fora do país e não sei se deveria ter saído ontem. Pelo menos não estava no meu calendário. Mas hoje o número do GF saiu bem pior que as expectativas. Se não fosse tão tarde e eu não tivesse passado a noite num avião até iria buscar, mas não dá.
Aliás, moçada, continuem com os comentários. Acho que consigo liberá-los amanhã à noite, mas respostas só no sábado.
Agora vou capotar...
Abs a todos
Alex
Agora vi o link do estudo do IPEA. Parece piada mas é um comunicado da presidência do ipea (estou sendo redundante?).
O truque é o que eles usam como produto do setor público. Usam o argumento de autoridade para dizer que usam os dados das contas nacionais, que seguem as diretrizes da ONU. Mas se vc olha no site do IBGE:
"A produção não-mercantil da administração pública é, por convenção, medida pelos seus
custos por não ser objeto de transação no mercado. Estes custos envolvem as remunerações
pagas aos assalariados, o consumo corrente de bens e serviços, o consumo de capital fixo e o
pagamento de impostos incidentes sobre a sua produção."
Ou seja, se a carga tributária sobe e o déficit/superávit e o número de servidores ficam contantes, todo o aumento de carga tributária sendo repassada a salários, a produtividade do setor público sobe!
Eu li no Estadao que o futuro do IOF e de um aperto fiscal (em potencial) vao ser decididos por uma "cage fight" entre o Nassif e o Alexandre.
Ingressos serao vendidos em dolares, com entrada gratuita pra quem explicar como calcular a taxa de cambio de equilibrio em 20 palavras ou menos...
Ciao
PIG, ainda em primeiro lugar
No VALOR coluna Claudia Safatle: Banco Central estuda medidas para a liberalização do mercado de câmbio.
Traduzindo: facilitar saída de capital pois como disse o Meirelles, as normas foram feitas no passado para facilitar a entrada e dificultar a saída. Hoje a situação é oposta ...
O estudo do IPEA comprova que como os roubos aumentaram e, como consequência, aumentaram os presos e as despesas com presídios com novas contratações, o PIB aumentou e a produtividade do setor público aumentou.
Alguem se habilita a comentar a sandice abaixo?
"Vamos dividir a poupança privada em duas partes: poupança das famílias e poupança das firmas. A poupança das famílias é nagativamente afetada pelo aumento do salário real pelo fato de que um aumento do salário real atua no sentido de reduzir a assim chamada “razão de sacrífício”, ou seja, o percentual da renda das famílias que é comprometido com os encargos financeiros relativos ao seu endividamento. Nesse contexto, haverá um incentivo para o aumento do endividamento das famílias e, por conseguinte, uma redução da sua taxa de poupança. No que se refere a poupança das firmas, um aumento do salário real irá reduzir o fluxo de caixa das empresas, fazendo com que, dada a sua política de distribuição de dividendos, ocorra uma redução dos lucros retidos e, portanto, da sua taxa de poupança. "
Extraído o Blog do JL Oreiro.
Achei que uma pitada de humor negor em um fim de tarde pré-feriado seria bom!
Martins
Realmente esse comentário do Oreiro é de difícil compreensão. Seria legal se me iluminassem um pouco sobre o pq do aumento do salário real reduzir a tx de poupança.
Abs
Esse Oreiro eh um retardado.
Completando o post acima sobre os debates na década de 1980-90, não eram ortodoxos vs heterodoxos e sim monetarias vs estruturalistas.
o F de H Barbosa tem um livro sobre o tópico. Bom livro.
Martins
Alex,
O mais triste no caso do Tunel do Tempo é que o Tony Newman e o Doug Phillips nunca conseguiram voltar ao seu tempo original, acabou o dinheiro e a série doi descontinuada após a primeira temporada, pensando bem até que não seria mal se o Lula, o Mantega, o Paulo Bernardo, o Pokemon, o Ki-siksu, C-oreiro e outros pudessem ser enviados no tempo para um futuro não muito distante para ver que os métodos deles não funcionam.
Claro esse futuro deveria ser um universo paralelo, onde a Dilminha seria eleita em um país com a economia em crise com o aumento da divida publica e redução do superavit primário por gastos correntes excessivos.
Enquanto isso na nossa realidade seria excelente ver um novo governo privatizando os portos, aeroportos, estradas, não fazendo o trem bala, reduzindo a carga tributária, não criando a Petrosal, encarcerando o MST, deixando o TCU trabalhar em paz, acabando com o imposto sindical, etc...
Espero não estar sonhando, apenas desejando um futuro melhor para nossos filhos, netos e concidadãos.
Luiz
"Realmente esse comentário do Oreiro é de difícil compreensão. Seria legal se me iluminassem um pouco sobre o pq do aumento do salário real reduzir a tx de poupança."
Na verdade, como teoria do consumo é de uma pobreza monástica. Além disto o resultado não generaliza.
Considere o seguinte exemplo. O trabalhador ganha inicialmente $100/mês e a taxa de juros é 10% ao mês. Ele recebe um aumento de 10% também, passando a ganhar $ 110/mês.
Vamos considerar 3 casos: (a) o trabalhador aceita comprometer 20% de sua renda; (b) 10% de sua renda; e (c) 5% de sua renda.
(a) 20%
Ganhando 100/mês e topando comprometer 20% de sua renda com o serviço da dívida (só juro, mas se preferirem podem tratar os 10% como taxa de juros e amortização),o trabalhador aceita uma dívida de $ 200. (O serviço é $ 20/mês, ou 20% da renda)
Se ganhar $ 110 mês, sob as mesmas condições acima, o trabalhador pode tomar uma dívida de $ 220 (o serviço é $22/mês e atende a "razão de sacrifício). Mas o aumento de salário foi $10/mês e o aumento da dívida foi $ 20. A poupança cai.
Há um problema aqui, para quem olhar com mais calma. Salário (renda) e poupança, são fluxos. Dívida é estoque. O aumento da dívida é um fluxo, portanto podemos afirmar que a poupança cairia nesta situação, mas o que ocorreria no período seguinte?
Aí o trabalhador continuaria ganhando $ 110/mês e gastando $ 22/mês com o serviço da dívida, ficando com renda líquida $ 88/mês. Antes da renda líquida era $ 80/mês. O que ele faz com os $8/mês adicionais? Gasta? Poupa? Gasta um pedaço e poupa outro? A "teoria" nada diz a respeito.
(b) 10%
Neste caso a dívida deveria ser $ 100. Quando o salário passa a $ 110/mês, a dívida passa a $ 110 também. Não há queda da poupança.
(c) 5%
Neste caso a dívida inicial é $50. Quando o salário aumenta para $ 110/mês, a dívida passa a $ 55, ou seja, a poupança AUMENTA $5/mês.
Ou seja, mesmo nos quadros desta "teoria" de consumo e poupança, dependendo do valor dos parâmetros a poupança pode cair, subir, ou permanecer constante. Não há resultado geral.
Fora isto, a "teoria" não permite discriminar casos de aumentos temporários de renda (que, imagina-se, devem ser majoritariamente poupados) dos permanentes (que devem ser predominantemente gastos).
Finalmente, a conclusão (errada, diga-se, pois vimos que em geral não se pode concluir se a poupança cai, sobe, ou permanece constante) da proposição é que não se deve aumentar o salário real porque o trabalhador vai gastar até mais do que ganhou (presumivelmente em cachaça, mas esta é outra história). Melhor seria deixar o dinheiro na mão de quem sabe trabalhar com ele... Progressista pra caramba...
A propensão ao consumo versus poupar, nas classes de rendas mais baixas é maior que 1.
Foi por isso que Roberto Campos e Gouveia de Bulhões, "desenharam" o FGTS. O erro foi ter deixado na mão do governo a gestão dos recursos. Seria muito melhor permitir que o trabalhador escolhesse um Fundo de Investimento para colocar seus recursos, com possibilidade de migrar com os mesmos caso o administrador fosse incompetente.
Mesmo na China onde as taxas de poupança são muito elevadas é comum o industrial pagar parte substancial do salário após dois anos de trabalho, como bonus. É uma forma de poupança compulsória e, também, serve como forma de retenção de mão de obra especializada.
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