Uma Nota Sobre Desvalorização, Crescimento e a Relação entre Poupança Doméstica e Câmbio
Pedro Cavalcanti Ferreira
Renato Fragelli Cardoso
Introdução
O argumento de Bresser-Pereira sobre desenvolvimento econômico e política cambial, exposto no artigo “A Tendência à Sobrevalorização da Taxa de Câmbio,” reflete uma linha de pensamento que vem defendendo há tempos controle de câmbio como política de crescimento. Neste caso específico, segue a seguinte lógica: 1) A política cambial é a mais estratégica entre as políticas macroeconômicas destinadas a estimular o desenvolvimento; a taxa de câmbio “competitiva” e as exportações têm papel central no desenvolvimento. O câmbio desvalorizado seria importante para “tornar competitivas as empresas comerciais que usam a melhor tecnologia disponível no mundo.” Cita Dollar (92), entre outros, para defender a relação empírica “evidente” de uma relação entre câmbio competitivo e desenvolvimento econômico. Esta parte do raciocínio, segundo o autor, estaria estabelecida e incontroversa. 2) Haveria uma tendência à sobrevalorização da taxa de câmbio nos países em desenvolvimento devido à Doença Holandesa (entrada de divisas devido às exportações de commodities) e às altas taxas de lucro e juros que tendem a prevalecer no país, o que atrairia capitais externos, valorizando o câmbio; 3) Logo, para se desenvolverem, os países necessitam neutralizar a tendência à sobrevalorização da taxa de câmbio. Segundo o autor, países emergentes que assim o fizeram cresceram bem mais.
Esta nota irá discutir o artigo de Bresser-Pereira focando nos pontos acima. Pretendemos mostrar que a evidência sobre o que o autor considera estabelecido é fraca e que, ao ignorar a relação entre poupança doméstica e regime de câmbio, super-estima a capacidade de os países controlarem a taxa real de câmbio.
Pedro Cavalcanti Ferreira
Renato Fragelli Cardoso
Introdução
O argumento de Bresser-Pereira sobre desenvolvimento econômico e política cambial, exposto no artigo “A Tendência à Sobrevalorização da Taxa de Câmbio,” reflete uma linha de pensamento que vem defendendo há tempos controle de câmbio como política de crescimento. Neste caso específico, segue a seguinte lógica: 1) A política cambial é a mais estratégica entre as políticas macroeconômicas destinadas a estimular o desenvolvimento; a taxa de câmbio “competitiva” e as exportações têm papel central no desenvolvimento. O câmbio desvalorizado seria importante para “tornar competitivas as empresas comerciais que usam a melhor tecnologia disponível no mundo.” Cita Dollar (92), entre outros, para defender a relação empírica “evidente” de uma relação entre câmbio competitivo e desenvolvimento econômico. Esta parte do raciocínio, segundo o autor, estaria estabelecida e incontroversa. 2) Haveria uma tendência à sobrevalorização da taxa de câmbio nos países em desenvolvimento devido à Doença Holandesa (entrada de divisas devido às exportações de commodities) e às altas taxas de lucro e juros que tendem a prevalecer no país, o que atrairia capitais externos, valorizando o câmbio; 3) Logo, para se desenvolverem, os países necessitam neutralizar a tendência à sobrevalorização da taxa de câmbio. Segundo o autor, países emergentes que assim o fizeram cresceram bem mais.
Esta nota irá discutir o artigo de Bresser-Pereira focando nos pontos acima. Pretendemos mostrar que a evidência sobre o que o autor considera estabelecido é fraca e que, ao ignorar a relação entre poupança doméstica e regime de câmbio, super-estima a capacidade de os países controlarem a taxa real de câmbio.
(O restante do artigo pode ser lido aqui)
5 comentários:
O pedro eh careca. O fragelli eh magro. eu nao tenho argumento, mas meu nome eh uma estacao de metro. como eu sou engracado, eu mesmo nao consigo parar de rir de mim mesmo. Apesar de minha preocupacao com a doenca dos holandeses
Excelente artigo para discussão Alex! Faltou, entretanto, mencionar a variável controle de capitais na equação cambio, poupança e crescimento. Estou falando é lógico sobre o triangulo impossível (taxa de cambio fixa, controle de capitais e BC independente) que na definição do Paul Krugman :
"The point is that you can't have it all: A country must pick two out of three. It can fix its exchange rate without emasculating its central bank, but only by maintaining controls on capital flows (like China today); it can leave capital movement free but retain monetary autonomy, but only by letting the exchange rate fluctuate (like Britain--or Canada); or it can choose to leave capital free and stabilize the currency, but only by abandoning any ability to adjust interest rates to fight inflation or recession (like Argentina today, or for that matter most of Europe)."
Ou seja é possível sim fixar a taxa de cambio sem podar o BC (ou seja sem risco de descontrole inflacionário), mas neste caso é preciso adotar controle de capitais. A questão então é se isso seria politicamente possível no Brasil de hoje, dado o estágio de democratização em que o país se encontra. A resposta parece ser não na minha opinião, mas esta importante questão os autores não abordam no texto.
Sds,
Ed
Pra quem não viu:
http://www.youtube.com/user/bresserpereira
http://www.youtube.com/watch?v=N7eCSbJZtI4
abs.
Essa aqui é engraçada :
http://www.youtube.com/watch?v=7Qau5ImEg_U
ja que abriu-se a sessão de videos, vamos a um que presta :)
http://www.bcb.gov.br/?APRES200953
haja paciência, cada vez que passa por uma dessas, o MM se pisca cada vez mais
Doutrinador
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