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quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Na balança


Não tenho dúvida que, do ponto de vista econômico, o breve governo de Michel Temer será dos mais estudados nos próximos anos, independentemente da trajetória a ser seguida pela economia brasileira no futuro imediato (tema para a semana que vem). Apesar de legar muitas tarefas a cargo do seu sucessor, houve avanços importantes no período, seja do ponto de vista conjuntural, seja pelas transformações institucionais que tentou promover.

No que respeita à conjuntura, foi um governo que assumiu com a economia em queda livre. Naquele momento o país chegava ao nono trimestre de recessão, acumulando queda de 7% do PIB. Assim, o desemprego (sazonalmente ajustado), que chegara a 6,6% no primeiro trimestre de 2014 (o pico da expansão anterior), superava 11% no segundo trimestre de 2016, correspondendo a cerca de 11,6 milhões de pessoas, refletindo, entre outras coisas, a perda de 2,4 milhões de postos de trabalho formal.

A inflação marcava 9,3% (mais que o dobro da meta, ecoando as promessas da ex-presidente), enquanto o déficit primário do setor público (já limpo de “pedaladas” e afins) naquele ano atingia incríveis R$ 252 bilhões (a preços de outubro de 2018), ou seja, 3,7% do PIB.

Em contraste, este ano o PIB deve crescer 1,3%, enquanto o desemprego segue alto, 12%, embora em leve queda, decorrente da criação de 1,4 milhões de postos de trabalho nos últimos 12 meses. Segundo o CAGED, nos 12 meses até novembro o país gerou 427 mil empregos formais, melhor marca desde setembro de 2014. Por fim, a inflação (também nos 12 meses até novembro) se encontrava na casa de 4%, abrindo a possibilidade de manutenção da Selic no nível mais baixo de sua história por um longo período.

Isto dito, a recuperação tem sido muito mais lenta do que esperava, mesmo na comparação com outros episódios recessivos de grande porte (no começo dos anos 80 e no início dos anos 90), acumulando expansão de pouco mais de 3% desde o fim de 2016, insuficiente para repor a queda de 8% registrada durante a recessão.

Se o legado conjuntural é positivo, mas frustrante pela perspectiva do crescimento, o legado institucional é mais sólido. Apesar da coluna patética de nelson barbooosa, que ainda não superou o desastre produzido por sua política econômica, houve reformas relevantes a partir de 2016.

A reforma trabalhista trouxe ao abrigo da CLT um conjunto de práticas, reduzindo a incerteza nas relações de trabalho, fenômeno que deve facilitar a expansão do emprego formal quando a economia acelerar de fato. As alterações na governança das estatais, ainda que sob ataque no Congresso, também representaram mudança importante, diminuindo o espaço para indicações políticas. A criação da TLP deve corrigir parte das distorções oriundas do crédito direcionado, com consequências positivas para o desempenho fiscal, bem como para a orientação correta do investimento.

Por fim, a criação do teto de gastos, embora não seja a palavra final do ajuste, explicitou o dilema fiscal no país: se queremos controlar a despesa, há que se reformar o dispêndio obrigatório, que hoje supera 90% do gasto federal.

Foi aí, porém, que o governo Temer chegou aos seus limites. Entre seus legados sobressai a tarefa inconclusa da reforma previdenciária, deixada para a nova administração. Seu sucesso depende de sua capacidade de prosseguir na senda aberta pelo governo que se encerra.




(Publicado 26/Dez/2018)

21 comentários:

O discurso do Paulo mostra que teremos um governo muito parecido com o de Ronald Reagan e Margareth Thatcher.

"O discurso do Paulo mostra que teremos um governo muito parecido com o de Ronald Reagan e Margareth Thatcher."

Por que? O "Paulo" foi eleito presidente?

"Ele fala pelo governo."

E vai privatizar a Petrobras?

As privatizações serão anunciadas.Em linhas gerais falou de fazer uma nova CLT,reformar a previdência,abrir a economia.o Brasil vai estar alinhado estrategicamente com os EUA e Israel,algo diferente do PT.

"As privatizações serão anunciadas.Em linhas gerais falou de fazer uma nova CLT,reformar a previdência,abrir a economia.o Brasil vai estar alinhado estrategicamente com os EUA e Israel,algo diferente do PT."

A Petrobras será privatizada?

"A Petrobras será privatizada?"
"Não!!"

QED

"A reforma da Previdência foi motivo de embate entre Jair Bolsonaro e Paulo Guedes já na primeira reunião ministerial do governo, ocorrida ontem.

Bolsonaro disse que espera uma proposta “mais realista”, com chances de aprovação na Câmara. Guedes rebateu e defendeu uma “reforma de verdade ou reforma nenhuma”.

O ministro explicou que faria na próxima semana uma apresentação detalhada com a exposição de motivos.

Mas Bolsonaro optou por fazer sua própria exposição ao SBT, tirando da cartola números que não fazem sentido para a equipe econômica.

A declaração do presidente em rede nacional provocou fortes discussões entre ministros e secretários ao longo da madrugada.

Hoje pela manhã, o time se reuniu novamente. A orientação é não expor a divergência para evitar que Bolsonaro se torne inflexível."

Some Margareth Thatcher...

Ele está aprendendo,importante que tem bons economistas e um congresso e governadores de centro direita.

O Bolsonaro presenciou o derretimento popular da Dilma há 4 anos e sabe dos perigos de um estelionato eleitoral. Como diz o ditado turco: quem se queimou (ou no caso viu alguém se queimar) com leite quente, sopra até iogurte.

“Ele está aprendendo“

Verdade? O quê?

Ele mesmo disse que não entende de economia.Esta aprendendo ainda!!

Bolsonaro deu uma declaração que confia em Guedes.Antes de jogar pedra em Bolsonaro,é preciso dar um voto de confiança em seu governo.Os governos que o senhor e GF participaram quebraram o país,não conseguiram conter o crescimento do setor público e deixaram de herança uma alta taxa de juros.

https://www.oantagonista.com/economia/bolsonaro-agradece-confianca-de-guedes/

"Ele mesmo disse que não entende de economia.Esta aprendendo ainda!!"

Será que já conseguiu aprender se assinou (ou não) um decreto para aumento do IOF?

"Bolsonaro deu uma declaração que confia em Guedes."

Antes ou depois da declaração que pretende fazer uma reforma previdenciária mais frouxa que a do Temer?

"Os governos que o senhor e GF participaram quebraram o país,não conseguiram conter o crescimento do setor público "

Dívida bruta nov-03: 72,0% do PIB
Dívida bruta abr-06: 64,7% do PIB

Acho que não...

Depois.E fácil fazer ajuste fiscal,com crescimento de arrecadação e sem controle das despesas da máquina.

"Depois"

Depois eu não estava no governo...

Mas ainda espero as respostas para:

Será que já conseguiu aprender se assinou (ou não) um decreto para aumento do IOF?
Antes ou depois da declaração que pretende fazer uma reforma previdenciária mais frouxa que a do Temer?

Aprendeu e recuou.Ele fará a reforma do Temer,isso é consenso na equipe econômica.

"Aprendeu e recuou."

Que bonitinho nosso menino, hein. Aprende tudo tão rápido...

"Ele fará a reforma do Temer,isso é consenso na equipe econômica."]

Ué, não era uma porcaria?

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/ninguem-quer-nada-de-reforma-da-previdencia-em-2018-diz-coordenador-politico-de-bolsonaro.shtml

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,bolsonaro-rejeita-reforma-da-previdencia-de-temer,70002540974