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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Barbooosa e a recuperação proibida

O ex-ministro da Fazenda, nelson barbosa, lamenta em coluna publicada aqui na Folha a baixa velocidade de recuperação do país na saída da crise, aquela mesma recuperação que afirmava não ser possível sob a política econômica adotada depois de sua saída do ministério, e aquela mesma crise que resultou das escolhas de política econômica que subscreveu durante sua longa estadia como secretário também na Fazenda.

Considerando que em janeiro de 2015 ele previa uma saída rápida da recessão, projeção que voltou a repetir em setembro daquele ano, ecoando, aliás, promessa de 2013, deve estar mais do que claro que não levo a sério qualquer pronunciamento seu. De qualquer forma, sua conhecida honestidade intelectual serve de mote para entender o que vem acontecendo com o país.

Por exemplo, dentre os lamentos de barbosa destaca-se sua “surpresa” com a lentidão, dado que “o cenário internacional se tornou bem mais favorável ao Brasil desde 2016”. De fato, o FMI estima crescimento global no biênio 2016-2017 de 3,2% e 3,6%, respectivamente, que se compara a crescimento de 3,4% em 2015 e o supracitado 3,2% em 2016. Já preços de commodities, em que pese melhora recente, são ainda 5% inferiores àqueles que barbosa encontrou quando se tornou ministro do Planejamento em 2015, enquanto as taxas de juros mundiais são hoje um pouco mais elevadas do que eram naquele momento.

A verdade é que o cenário global, de maneira geral positivo, não é tão distinto daquele vigente durante a recessão.

Por outro lado, atribui a recuperação proibida à reversão do contingenciamento, adotada em agosto deste ano, muito embora a inflexão da economia tenha ocorrido já no último trimestre do ano passado. Como sempre, para barbosa, é o gasto público que impulsiona a economia, mesmo quando os dados da execução fiscal do governo apontem exatamente o contrário.

Por fim, muito embora tenha de mostrado cético quanto à capacidade das menores taxas de juros estimularem a retomada, afirma que “o BC demorou em reduzir a Selic diante da queda abrupta da inflação, e isso elevou excessivamente nossa taxa real de juro no início de 2017”. Já os dados mostram a taxa real de juros caindo de pouco menos de 7% aa no último trimestre de 2016 para 5,5% no primeiro trimestre deste ano, 4,5% no segundo, pouco menos de 3,5% no terceiro e cerca de 3% no quarto, feito que ajuda a explicar o crescimento do consumo, apesar do ceticismo de barbosa.

Isto dito, é óbvio que a retomada da economia tem sido lenta, ponto que tenho feito repetidas vezes aqui neste espaço, bem como em outros. Em boa parte isto de seve à própria profundidade da crise, que criou imensa capacidade ociosa, fenômeno que deve manter o investimento baixo ainda por alguns anos.

A outra questão é a incerteza fiscal. Ao contrário, porém do que barbosa argumenta (o medo da austeridade renovada seguraria o investimento), é  o receio do abandono prematuro do ajuste fiscal à luz do quadro eleitoral para 2018 que leva investidores a evitarem se comprometer em prazos mais longos.


Se gasto público gerasse crescimento o Brasil seria uma nação próspera e barbosa o ministro da Fazenda. Tolerar barbosa como ministro seria preço baixo a pagar pela prosperidade, mas a realidade costuma prevenir este tipo de absurdo.

I wish...


(Publicado 13/Dez/2017)

1 comentários:

Existem no mundo Economistas e economistas, por isso leio a coluna deste Economista, que mistura conhecimento com sabedoria e coragem! Feliz Ano Novo e um 2018 melhor que 2017, mas não tão bom quanto 2019!