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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Para celebrar, sim

Em comentário no Twitter, Marcelo Rubens Paiva compara festejar o crescimento de 0,1% no terceiro trimestre a “comemorar um jogo que termina 0x0, mas teve uma bola na trave”. Esperaria de um escritor algo mais original que outra metáfora futebolística, mas acredito que há bons motivos para, sim, celebrar o número divulgado semana passada pelo IBGE.

A começar porque não veio sozinho. O IBGE revisou as estimativas do desempenho da economia no primeiro trimestre (de 1,0% para 1,3%) e no segundo (de 0,3% para 0,8%), revelando uma economia bem mais dinâmica do que se imaginava. Ao longo dos 3 trimestres a economia cresceu a uma velocidade média próxima a 3% ao ano.

Com isto, o crescimento em 2017 deve atingir pouco mais do que 1%, desempenho que ainda deixa a desejar, mas muito melhor do que se esperava no começo do ano e o mais vigoroso desde 2013.

Noto ainda que o desempenho do terceiro trimestre foi negativamente afetado pela agropecuária, que registrou queda de 3% no período. Já a indústria cresceu 0,8% no trimestre, enquanto o setor de serviços, de longe o maior, registrou a terceira marca consecutiva de expansão, 0,6%, sinal inequívoco de recuperação. Em particular, dentro do setor industrial, a indústria de transformação também se expandiu por três trimestres consecutivos, algo que não se observava desde meados de 2011, desmentindo a historinha de “câmbio fora do equilíbrio” a impedir a recuperação do setor.

No conjunto da obra, 8 dos 12 setores seguidos pelo IBGE registraram crescimento, ou seja, a recuperação não decorre de uns poucos segmentos, mas da maioria deles.

Analisando o resultado pelo prisma da demanda, há pelo menos outras duas boas notícias. Em primeiro lugar o consumo voltou a subir e, como nos dois exemplos acima, pelo terceiro trimestre em seguida, o que não se via desde 2013, tendo aumentado 1,2% no período de julho a setembro comparado ao trimestre imediatamente anterior.

Havia quem defendesse que a elevação do consumo no segundo trimestre só fora possível por conta da liberação das contas inativas do FGTS e que, portanto, passado este efeito, o consumo desaceleraria. Pelo contrário, o ritmo se manteve forte, sugerindo que a expansão tem bases mais permanentes, a saber, o aumento da renda do trabalho (pouco mais de 4% no ano) e a queda da taxa real de juros.

Ainda pela ótica da demanda, registrou-se também a primeira variação positiva do investimento (1,6%) depois de nada menos do que 30% de queda e 15 trimestres consecutivos de contração, iniciados no quarto trimestre de 2013. Ainda se trata, é claro, de um nível reduzido (15,5% do PIB nos últimos 12 meses), mas a inflexão é mais do que bem-vinda.

Com base nestes resultados, se não fizermos nenhum grande bobagem em 2018, poderemos ver a economia crescendo ao redor de 3%, ainda não o desempenho dos sonhos, mas bastante decente à luz da crise pela qual o país passou com o fracasso da Nova Matriz.

Se é para manter a desgastada metáfora, o time está invicto há 3 jogos, depois de ter apanhado por 8 em seguida e ido parar na zona de rebaixamento.


Mais interessante, voltou a ganhar apesar de os técnicos demitidos (por incompetência) jurarem que o esquema atual jamais funcionaria. Só isto já é motivo de sobra para muita comemoração.



(Publicado 6/Dez/2017)

18 comentários:

Eu acho engraçado é que quando a agropecuária puxava o PIB para cima ninguém "descontava" sua participação. Agora que ela está jogando pra baixo, todo mundo quer tirar ela da conta.

Mais patético ainda é que ele quer proclamar a pujança do nosso PIB industrial desqualificando a importância do câmbio para a mesma.
Se o espamo do moribundo (+0,36% de crescimento da indústria) se repetir nos próximos trimestres, levaremos 36 anos (!!!!!) para voltar ao patamar industrial de 2014!

O elixir da indústria foi descoberto por Temer!!!! Pode confiar

O resultado do PIB nada mais do que a bem elaborada política fiscal de Temer baseada em grandes déficits e expansão do gasto público.

Contra fatos não há argumento: recuperação veio pelo efeito do multiplicador fiscal

“Eu acho engraçado é que quando a agropecuária puxava o PIB para cima ninguém "descontava" sua participação. Agora que ela está jogando pra baixo, todo mundo quer tirar ela da conta.”

Ninguém quem cara-pálida? Todo mundo falou isto, eu inclusive. Você anda lendo os blogs errados.

Este crescimento do PIB pode desviar a atenção dos desafios que o país deve vencer para crescer de forma sustentável por muitos anos.
A posição do Alexandre é a de um torcedor,para manter a metáfora.

Alex,

TCU está questionando o déficit previdenciário "marretado" das estimativas do governo
http://www.valor.com.br/politica/5226027/tcu-questiona-calculo-do-governo-para-deficit

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/nelson-barbosa/2017/12/1943501-educando-schwartsman-ate-onde-for-possivel.shtml?loggedpaywall

O time mudou de técnico, tem um novo comandante que está comprando os árbitros e os dirigentes da federação e já está a três jogos sem perder.

Viva!

"http://www1.folha.uol.com.br/colunas/nelson-barbosa/2017/12/1943501-educando-schwartsman-ate-onde-for-possivel.shtml?loggedpaywall"

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandreschwartsman/2017/12/1944160-barbosa-e-incapaz-de-aprender-com-seus-erros.shtml

"e já está a três jogos sem perder"

Eu comentaria, se a gramática não fosse tão sofrível...

Olha o Nelson não tem nada a ver com a nova matriz,o pai dela é o Mantega que se encontra preso.Nelson saiu do governo, porque não concordava com a politica que estava sendo empregada.

Alex, bom dia! Por que os spreads bancários estão caindo tão lentamente diante da queda da Selic?

"Nelson saiu do governo, porque não concordava com a politica que estava sendo empregada."

https://nodocuments.files.wordpress.com/2010/03/barbosa-nelson-souza-jose-antonio-pereira-de-a-inflexao-do-governo-lula-politica-economica-crescimento-e-distribuicao-de-renda.pdf

Foi ele que iniciou no segundo governo Dilma a tomar as medidas para desfazer os efeitos da Nova Matriz.

Foi ele que iniciou no segundo governo Dilma a tomar as medidas para desfazer os efeitos da Nova Matriz."

Quem?

Prezado Alexandre, não lembro de você mas vários economistas opositores a Dilma diziam que a economia reagiria três meses após sua queda (ou saída). São mais ou menos os mesmos que pregam que a economia crescerá com a entrada em vigor da nova lei trabalhista e da reforma da Previdência.
Não quero dizer que reformas não são necessárias, mas que desconfio muito de previsões desses que erraram feio.
Começo a suspeitar que não fosse Eduardo Cunha impulsionando pautas bombas e por fim acatando o pedido de impeachment e com Dilma tomando medidas de correção dos erros cometidos no primeiro mandato e talvez já tivéssemos um pouco a frente na recuperação.
Abs

"Nelson Barbosa"

Não, otário, quem te perguntou...

"Prezado Alexandre, não lembro de você mas vários economistas opositores a Dilma diziam que a economia reagiria três meses após sua queda (ou saída)."

Eu não disse isto, mas que foram 6 meses, foram...

"Começo a suspeitar que não fosse Eduardo Cunha impulsionando pautas bombas e por fim acatando o pedido de impeachment e com Dilma tomando medidas de correção dos erros cometidos no primeiro mandato e talvez já tivéssemos um pouco a frente na recuperação."

Que medidas de correção o PT estava disposto a subscrever?