Por força do desempenho
acima do esperado no segundo trimestre, as projeções de crescimento do PIB,
tanto para 2017 como para 2018, vêm sendo revistas: de 0,4% para 0,7% e de 2,0%
para 2,3% respectivamente, processo que deve continuar, embora a ritmo mais
lento, nas próximas semanas.
É uma boa notícia, sem
dúvida, mas resta traduzir este desempenho em algo que pareça menos distante da
experiência das pessoas do que uma grandeza abstrata como o PIB. Em particular,
o que significa isto em termos do desemprego, possivelmente a faceta mais
nítida da recessão iniciada em meados de 2014?
A este respeito também
se observa uma melhora. A taxa de desemprego, que atingiu 13,7% no primeiro
trimestre deste ano (14,2 milhões de desempregados), recuou para 12,8% nos três
meses encerrados em julho (13,3 milhões de pessoas).
É verdade que parte
disto se deve puramente à sazonalidade, já que tipicamente o desemprego sobe no
começo do ano para atingir seu valor mais elevado em março/abril e aí recua até
dezembro. “Limpando”, porém, o dado das flutuações sazonais estimamos que a
taxa de desemprego tenha caído do pico de 13,1% em fevereiro para 12,6% em
julho.
Isso dito, o que
esperar daqui para frente, à luz de um crescimento mais rápido?
Para responder esta
pergunta estimamos a relação entre a taxa de crescimento e a variação do
desemprego no Brasil (a “lei do Okun”, no jargão da
profissão), ou seja, como se comporta a taxa de desemprego para diferentes
ritmos de expansão do PIB. No caso, comparamos a evolução do desemprego em um
dado trimestre sobre o mesmo trimestre do ano anterior em resposta à variação
do PIB, também calculada desta forma.
Nossos resultados foram
supreendentemente robustos, considerando a qualidade dos dados, especialmente
no que se refere às estatísticas de desemprego antes de 2012. Para o período
mais recente (do segundo trimestre de 2008 ao segundo trimestre de 2017), em
que mais da metade da amostra se concentra em dados de melhor qualidade,
obtivemos os seguintes resultados.
Em primeiro lugar, a
taxa de desemprego só cai (sempre na comparação com o mesmo trimestre do ano
anterior) quando a variação do PIB ultrapassa 2,2% (isto, a propósito, se
tomado ao pé da letra, sugeriria que nossa capacidade de crescimento potencial
seria ao redor deste valor). Em particular, quando o PIB fica estagnado, a taxa
de desemprego aumenta em torno de 1%. Em segundo lugar, cada ponto percentual
de crescimento que supere o patamar de 2,2% implica redução da taxa de
desemprego entre 0,4% e 0,5%.
Tais resultados sugerem
que o desemprego em 2017 ainda será maior que o de 2016, apesar da queda
recente, e que somente em 2018 devemos observar queda, embora modesta.
Por outro lado, a
persistência de taxas elevadas de desemprego – acoplada à promessa de ajuste
fiscal – deve manter a inflação baixa, como sugerido pelas projeções do BC,
recentemente divulgadas em seu Relatório Trimestral de Inflação.
Assim, taxas de juros
devem também cair para menos de 7,0% ao ano e lá permanecer durante muito
tempo, sobretudo se o país avançar nas reformas fiscais.
Só falta mesmo explicar
porque o impedimento da presidente teria como objetivo manter os juros altos, mas –
vamos falar a verdade – não sou eu quem deve esta explicação.
(Publicado 27/Set/2018)
5 comentários:
Alex,
o que acha desse artigo:
http://www.valor.com.br/opiniao/5144032/reformas-e-privatizacao
Abs,
Julia Cabral
Alexandre,
Está otimista com a possibilidade de aprovação da reforma da previdência? Acha que o Meirelles está falando a verdade sobre a aprovação em novembro?
Não sei não...
2018 eu vou com Bolsonaro e o senhor?
O Brasil tem o seu Ronald Reagan:http://m.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925458-bolsonaro-diz-que-e-liberal-e-adota-discurso-que-agrada-investidores.shtml?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=fbfolha
Bolsonaro é limpo,defende a bandeira da segurança pública,é contra do desarmamento do cidadão de bem,além de ser liberal no campo economico.
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