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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Pusilânime

Há alguns anos, 2008 ou 2009, não me lembro bem, estive na Argentina com um amigo para visitar autoridades e economistas locais. Na ocasião, no jantar com um destes economistas, meu amigo perguntou sua opinião sobre o então presidente do BCRA, Martin Redrado. Ele suspirou, olhou para nós e, caprichando no insuperável sotaque portenho, confidenciou: “Martiiiin... ¡Martin es un pusilánime!”.

Não pude deixar de me lembrar disto ao ler a Carta Aberta do presidente do nosso BC ao ministro da Fazenda, explicando as razões pelo estouro espetacular da meta de inflação (10,7% contra 4,5%, muito além dos dois pontos percentuais de tolerância). Aqueles com paciência para encarar 5 páginas e 38 parágrafos do que, em meu tempo de escola, era conhecido como “encher linguiça” podem até ficar com pena da atual diretoria do BC, que se coloca como impotente e surpresa face ao choque inflacionário, mas, se for o caso, terão sido devidamente enrolados.

A narrativa do BC é a mesma desde 2014: a inflação refletiria dois processos de mudança de preços relativos, isto é, o ajuste dos preços administrados (como energia ou combustíveis) vis-à-vis preços livres, assim como a elevação dos preços de bens afetados pelo dólar (normalmente exportados e importados) em comparação àqueles cujo preço depende essencialmente das condições domésticas (tipicamente, mas não apenas, serviços).

Em face destes choques, caberia ao BC apenas evitar sua propagação aos demais preços, por exemplo, reduzindo a demanda para que empresas não repassassem integralmente o aumento das tarifas de energia sobre o preço dos seus produtos, ou o custo das matérias-primas importadas.

Ao atribuir a culpa pela inflação de 2015 aos preços administrados, porém, o BC deixa de lado algumas informações importantes. Em primeiro lugar deveria reconhecer que tanto em 2013 como em 2014 a inflação só se manteve dentro dos limites de tolerância graças à prática (irresponsável) de contenção artificial dos preços públicos. Sua negligência inicial no trato com a inflação se encontra, portanto, na raiz da política de controle de preços entre 2012 e 2014 e, por consequência, da necessidade do ajuste em 2015.

Já no que se refere ao efeito do dólar, vale praticamente o mesmo ponto. O BC, por meio de suas intervenções, represou o ajuste da moeda e é, ao menos em parte, responsável pelo forte desvalorização do real no ano passado.

É verdade, reconheço, que o dólar saltou de patamar após o infeliz anúncio do orçamento para 2016 e dos sinais cada vez mais claros da incapacidade do governo no que se refere ao controle de seus gastos.

No entanto, enquanto agora o BC culpa o desempenho fiscal, em todas suas manifestações oficiais anteriores afirmara que “no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público tende a se deslocar para a zona de neutralidade e não [se] descarta a hipótese de migração para a zona de contenção”, ou seja, sem maiores críticas à política fiscal, muito ao contrário. Hipocrisia pode ser a homenagem que o vício presta à virtude, mas um pouco mais de sutileza não faria falta.


Trata-se, enfim, de um documento pusilânime, em que o BC foge da responsabilidade pelo problema que criou. Que use de mais coragem na Carta do ano que vem.

No horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público tende a se deslocar para a zona de neutralidade e não [se] descarta a hipótese de migração para a zona de contenção


(Publicado 13/Jan/2016)

51 comentários:

Acabou, Alexandre.

http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,batalha-perdida-contra-a-inflacao,10000011701

“Em face destes choques, caberia ao BC apenas evitar sua propagação aos demais preços, por exemplo, reduzindo a demanda para que empresas não repassassem integralmente ...”.

“Caberia” ou coube?

Não entendi o parágrafo acima. Uma crise e uma retração do PIB de 3,5% em 2015 e o senhor critica o BC por não reduzir a demanda para conter a inflação?

A demanda não diminuiu o suficiente, é isso?

"A demanda não diminuiu o suficiente, é isso?"

Não é a demanda; é o hiato, mas, respondendo à sua pergunta: não. Se tivesse, conteria a inflação; como não a contém, não caiu o suficiente.

Próxima pergunta óbvia, por favor.

Alex, nao acha que se trata menos do hiato cair e mais da elasticidade da inflacao ao hiato (ou da inclinacao da Curva de Philips)? O hiato ja caiu muito sim. Nao sei com que medida voce trabalha, mas desde o simples filtro HP, passando por funcao de producao e chegando num filtro de kalman, eu só vejo o hiato mais negativo dos ultimos 20 anos.

Abs
Marcos Junior

Por que o senhor desrespeita o LCMB e respeita o seu irmão?

Por que Deus elevou Jacob sobre Esaú?

"Não é a demanda; é o hiato, mas, respondendo à sua pergunta: não. Se tivesse, conteria a inflação; como não a contém, não caiu o suficiente."

Em outras palavras, a desarticulação do setor produtivo brasileiro tem reduzido de forma sistemática o PIB potencial, o que explica, ainda que parcialmente, a persistência da inflação em um ambiente de retração da demanda (estagflação).

Interessante é que a inflação é ao mesmo tempo causa e efeito dessa desarticulação.Entender isso é fundamental.

Didaticamente, a curva vertical de oferta ou, a depender do gosto do freguês, bastante inclinada, desloca-se para a esquerda numa magnitude tal que, mesmo com a retração da demanda, chega-se a um equilíbrio instável em que os preços aumentam e o PIB diminui.

Como no curto prazo a oferta está dada, o remédio é comprimir a demanda na magnitude adequada para reduzir de fato a inflação, o que vai ocorrer entre 1 e 2 anos e com um custo maior ou menor em termos de desemprego, dinâmica que depende da credibilidade da autoridade monetária e da sua política.

E isso não tem sido feito, certo? Em muitos momentos o BACEN dá sinais de perseguir outros objetivos que não aquele que lhe é institucionalmente atribuído. Parece, portanto, desdenhar daquilo que há de mais relevante nos RI´s:

"O Copom ressalta que a evidência internacional, no que é
ratificada pela experiência brasileira, indica que taxas de
inflação elevadas geram distorções que levam a aumento
dos riscos e deprimem os investimentos."

E é por aí, não, Alex?




A questão dos núcleos do IPCA... O BC ignorou os aumentos dos núcleos de maneira irresponsável desde 2013! A carta é uma piada, so poderia ser coisa de colorado eheh


Alexandre,
Gostaria de sua manifestação acerca da seguinte questão:
O Código de Conduta da Alta Administração Federal (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/codigos/codi_conduta/cod_conduta.htm)
no art. 12 estabelece que
Art. 12. É vedado à autoridade pública opinar publicamente a respeito:(...)
II - do mérito de questão que lhe será submetida, para decisão individual ou em órgão colegiado.

Como então pode o Presidente do Bacen escrever e divulgar essa carta?

Alexandre, onde vejo esse dado de que o hiato não se reduziu o suficiente?

Otimo texto!


Na verdade ao vivo o Alexandre afina. Não ouviram o comentário dele "Muitos economistas sérios defendem a não elevação dos juros". Aqui no blog ele não os considera tão sérios assim. Afinal aqui ele não enfrenta réplicas.
De sério de verdade o Alex não tem nada.

Alex,

Sou um leitor e espectador assíduo do seu blog, artigos, entrevistas etc.

Hoje por acaso assisti sua participação na Globonews com o irmão do LC, JRMB. Foi muito boa, como sempre.

Não sabia que ele tinha sido seu professor. Fiquei (positivamente) surpreso que você não “amacia” com quem quer que seja. De todo o mal que esse governo tem nos causado, vejo surgir lideranças importantes para um novo ciclo que, certamente, virá. “Não há mal que sempre dure” e “é do esterco que nascem as mais belas rosas”.

Se há algo pra se comemorar nesse (des)governo é que a destruição de valores morais, instituições, empresas e da nossa economia, deve convencer nossa sociedade que não existe almoço grátis, permitindo reformas profundas a partir de 2018 (quem sabe antes disso...).

Parabéns pela coragem e obrigado por compartilhar conosco (de forma coerente, sempre) seu conhecimento, perspectivas, cenários etc.

Abs,
Bruno
PS: Vinha desejando um 2016 de, pelo menos, erros diferentes na condução da nossa economia. Nem terminamos janeiro e creio que meus votos não serão atendidos.

"Na verdade ao vivo o Alexandre afina. Não ouviram o comentário dele "Muitos economistas sérios defendem a não elevação dos juros". Aqui no blog ele não os considera tão sérios assim. Afinal aqui ele não enfrenta réplicas.
De sério de verdade o Alex não tem nada."

Eu poderia até ficar ofendido se não tivesse sido um anônimo o autor do corajoso comentário...

Só uma dúvida, a foto do post é do Trombini ou Dilmanta, pois o personagem esta "Perdidinho no Espaço"?

Ambos são economistas gabaritados,além do mais os dois pensam de maneira parecida.

"Eu poderia até ficar ofendido se não tivesse sido um anônimo o autor do corajoso comentário..."

Realmente é patético. Se deseja criticar o autor, exponha-se!

"Nao sei com que medida voce trabalha, mas desde o simples filtro HP, passando por funcao de producao e chegando num filtro de kalman, eu só vejo o hiato mais negativo dos ultimos 20 anos."

Sim, mas (em 3T15) apenas um pouco mais negativo que o observado em 1T09 (-5,2% vs -4,9%, usando o HP). O problema é que em 2009 a expectativas de inflação estava praticamente na meta; hoje longe dela, o que sugere um efeito desinflacionário muito menor. Não necessariamente porque a Curva de Phillips ficou menos inclinada, mas porque ela se deslocou para cima.

À parte expectativas, se o parâmetro associado à inflação passada aumentou (às expensas do associado à inflação esperada), como parece ser o caso, trata-se de mais um deslocamento para cima da CP.

E em 2009, com expectativas na meta, a desinflação foi da ordem de 1,5-2,0%, bastante, mas hoje ainda ainda insuficiente.

Resumindo, muita coisa aponta para a necessidade de um hiato bem maior que o observado em 2009. Quão maior?

Tombini esta disposto a jogar o pais na lama para manter esse grupo politico?

Curva de swap dixpré na sua parte media/longa só abriu...se não foi hoje o aumento da selic será "amanhã", Alexandre.

O PSDB trata o desemprego como "Reserva de Mão de Obra" daí se vê porque perderam a 4° eleição seguida...

Agora, eu estou lendo todos os jornais e claramente está todo mundo dividido sobre a decisão de manter a selic. O grande problema foi mesmo o Tombini que fez M.

Dizer que só aumentando os juros "estaremos salvos" é muito fácil. Como disse o outro cara, "É fácil comentar quando não tem réplica"...

A verdade é que a inflação vem de 3 vertentes distintas: 1º) o desajuste das contas públicas e o consequente déficit fiscal; 2º) o descongelamento dos preços administrados e; 3º) a expansão do crédito pelos bancos públicos.

E o Banco Central não tem nenhuma influência em qualquer desses 3 pontos, por isso aumentar os juros no final não vai fazer lá muita diferença. Eu particularmente acho que somente seria interessante o BC aumentar os juros se fosse para dar um choque, e com o principal objetivo de melhorar as expectativas, porém isso é completamente fora da realidade pois qualquer um que defendesse isso seria totalmente escorraçado pelo Governo.

Porém o minimo que o BC precisa é de firmeza nas suas decisões, não dá para ter um presidente que numa semana acha uma coisa e na outra semana já começa a achar outra.

No filme Sessão Especial de Justiça, Costa-Gavras conta uma história real ocorrida na França ocupada pelos Nazistas. Membros da resistência mataram soldados alemães e foram capturados pelas autoridade francesas. O comando militar alemão exigiu que os presos fossem condenados à morte, mas a legislação francesa não continha pena capital. O parlamento, então, aprovou de afogadilho uma alteração ma lei penal, mas restava em aberto a questão de achar um juiz que aceitasse aplicá-la retroativamente em clara afronta a um clássico princípio de Justiça.
Nenhum juiz de Paris aceitou a tarefa, nem mesmo um reacionário que era simpático à ocupação. Restou então ao governo colaboracionista, trazer um juiz do interior que, encantado, com a distinção, encarregou-se de punir os revoltosos.
A equipe econômica do governo Dilma parece que foi composta apenas com capiaus como o juiz do filme. Estão todos deslumbrados por estarem ocupando os cargos para os quais foram nomeados. Acham que chegaram lá, quando, na verdade, os cargos é que foram rebaixado à insignificância de Barbosas e Tombinis.

Haja hiato! 20 milhões de desempregados? É a única âncora quando o BC se ancora na desancorada Dilma?

"É fácil comentar quando não tem réplica"..."

E você está fazendo o que mesmo?

Para a turma do "mas tentar conter a inflacao agora traria mais danos a economia": muito cuidado com esse argumento - ate que ponto vamos tolerar uma inflacao alta sob o pretexto de ajudar a economia? Acho que tem muito "comentarista" aqui que nao viveu ou se esqueceu dos anos 80 e inicio dos 90. A meta de inflacao, com suas bandas, existe exatamente para isso... se for para acomodar, entao que o governo nao minta mais ao povo e jogue a meta nos 10% para podermos negociar nossos salarios ano que vem.

E outra, o debate sobre a economia se apequena ao ficarem atacando a pessoa e nao as ideias - parem de mimimi e vao ler um pouco.

Alex, posso afirmar que, quando em processo inflacionario, sempre tenho uma demanda exagerada para o nivel de oferta ?


Entendo que um processo de quebradeira e deterioração da atividade destroi oferta, deslocando a curva para a esquerda. Nao foi um inicial excesso de demanda que deu inicio ao processo inflacionario, mas para o atual nivel de oferta a demanda (mesmo que seja exatamente a mesma) é exagerada e pressiona preços.


Falar em inflação de custos faz algum sentido hj em dia no Brasil? Tudo que é custo (commodities) ta caindo

Alexandre, superestimam o efeito de uma elevação da selic sobre o emprego e subestimam a elevação da selic sobre os preços?

Li no Mises que o câmbio fixo acabaria com a inflação.

" Anônimo disse...
Acabou, Alexandre.

http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,batalha-perdida-contra-a-inflacao,10000011701

20 de janeiro de 2016 09:58"

Não vai só acabar, vai destruir

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/01/1731257-lula-se-reune-com-belluzzo-e-delfim-netto-para-discutir-crise-economica.shtml


Não precisa ficar ofendido com a minha critica. O anonimato é um recurso permitido pelo blog, para proteger certos comentaristas desde que não desrespeitosos.
Estiveram dois economistas que se respeitam com opiniões diferentes sobre se o BC deveria ou não aumentar os juros e preferiram ficar criticando o BC ao invés de aprofundaram a sua divergência.
Aumentar os juros é uma ferramenta de politica econômica, mas não pode ser a única, conversem com qualquer pessoa, esta recessão esta se aprofundando, o que seria inevitável, e qualquer aumento do juros ´vai agrava-la sem que a inflação abaixe. Ou será que alguém vai ter expectativas de queda da inflação quando o governo quer liberar indiretamente o FGTS para estimular a economia.
A base dos problemas está em uma observação sua na celebre discussão com o LCMB, a sociedade brasileira não tem a austeridade como principio. Por isso é injusto atribuir ao governo toda a culpa pela crise. Quando a indústria automobilística "bombava" ninguém foi para o jornal chamar a presidente de anta. Por isso que o anonimato é válido, é chato lembrar que os primeiros heróis dos protestos foram os caminhoneiros que pediam subsídios e isenções.
E para terminar o anonimato também a valido porque talvez você só aprove seus alunos que concordem com você.

"Li no Mises que o câmbio fixo acabaria com a inflação".

Desculpe a intromissão, mas especificaram qual a taxa (R$/US$) que nos proporcionaria essa maravilhosa benesse? Fiquei bastante curioso, muito mesmo. Será que é a mesma taxa que nos modelos desenvolvimentistas nos alça ao posto de potência industrial exportadora assim num piscar de olhos?

Precisamos por essa gente em contato para virarmos de vez um nação rica e próspera, com todo o respeito aos seguidores da escola austríaca.

"Quando a indústria automobilística "bombava" ninguém foi para o jornal chamar a presidente de anta."

Eu nao sei em que mundo voce vive mas a critica ao abandono do tripe e ao estimulo do consumo tem sido bem constante desde o principio da Nova Matriz Economica.

Os caminhoneiros reclamaram por estarem espremidos entre custos adjustados e tarifas fixas. caminhoneiro nao estava pedindo esmola - e se o aumento das tarifas fossem condizentes com o aumento dos custos, caminhoneiro e ninguem racional reclamaria.

os juros altos se fazem necessarios dada a falta de capacidade de se ajustar o fiscal. Ou seja, voce prega ser frouxo no fiscal e nos juros. So falta falar em segurar o dolar agora.

O anonimato no seu caso so serve para esconder sua ignorancia.

um forte abraco.

" O anonimato é um recurso permitido pelo blog, para proteger certos comentaristas desde que não desrespeitosos."

Na verdade é apenas prova de covardia, só reforçada pela "afinada" do comentário ("não era o que eu queria dizer"). Francamente...

Alex, o que acha da leitura da Mônica de Bolle sobre a siutação econômica do país? Vai bem na linha do que tem escrito o Berriel, da PUC-Rio, certo?

Alex,

http://www.brookings.edu/~/media/Projects/BPEA/Fall-2015_embargoed/ConferenceDraft_Kumar-et-al_InflationTargeting.pdf

To esperando ainda seus comentarios sobre esse paper do Gorodnichenko. Quero ver se sua fé na meta de inflacao como guia para as expectativas e essas para os preços se suatenta.

Abs

Marcos

A Mônica é uma bela economista, mas não entende nada de economia.

"Desculpe a intromissão, mas especificaram qual a taxa (R$/US$) que nos proporcionaria essa maravilhosa benesse? Fiquei bastante curioso, muito mesmo. Será que é a mesma taxa que nos modelos desenvolvimentistas nos alça ao posto de potência industrial exportadora assim num piscar de olhos?

Precisamos por essa gente em contato para virarmos de vez um nação rica e próspera, com todo o respeito aos seguidores da escola austríaca."

Primeiramente seria necessário ter reservas internacionais (baseadas na moeda âncora) superiores à base monetária, depois se liberaria o mercado de câmbio para se chegar à taxa de câmbio "justa".

Após isso, o câmbio seria travado nesta taxa e instituído um sistema de currency board para fazer a conversão de reais para dólares e vice-versa. E pronto, basicamente é isso.

Porém para que esse sistema funcione existem 2 pontos que são extremamente importantes e que se não seguidos irá leva-lo a ruina, o que na verdade é algo bom mas em se tratando de brasil é um complicador.

1º ponto, nesse sistema o Banco Central não pode fazer politica monetária, não vamos ter nenhum ser iluminado decidindo se a base monetária deve ser expandida, mantida estável, ou retraída. A base monetária vai variar conforme a entrada e saída de dólares, pois entrando dólares se cria mais reais e saindo dólares se "destroem" mais reais (em consequência a taxa de juros segue este fluxo).

2º ponto, como o Governo não vai ter o Banco Central lhe dando cobertura nas suas aventuras populistas ele terá de manter uma politica fiscal extremamente responsável, pois se gastar mais que arrecada as taxas de juros irão disparar (porque o BC não vai estar dando aquela cobertura ao Governo).

Portanto esse sistema de currency board com câmbio fixo pressupõe dois pontos que se não respeitados o levarão à ruína, que é uma politica fiscal responsável e o BC não podendo fazer politica monetária.

Muitos criticam esse sistema dando como exemplo a Argentina, porém a argentina não respeitou nenhum desses 2 pontos que são fundamentais, ela continuou com o BC fazendo política monetária e também continuou com uma politica fiscal irresponsável.

Porém Hong Kong, que manteve um currency board ortodoxo, foi o único pais que conseguiu resistir imune ao ataque especulativo que começou após a crise nos tigres asiáticos e a moratória russa.

Por isso que eu digo, o principal problema do currency board não é propriamente econômico, mas sim politico.

É muito difícil um Governo desistir da politica monetária e também manter uma politica fiscal responsável, políticos tem pavor dessas duas palavras, até porque uma está relacionada com a outra.

E ao meu ver muitos economistas também parecem ter medo de não terem mais o poder de influenciar e dar os seus palpites sobre quais devem ser as medidas na área da politica monetária.

E quanto a critica feita, sou seguidor da escola austríaca mas sempre estou aberto a criticas, agora o minimo que eu exijo para leva-las a sério é que seja uma critica bem fundamentada, e não simplesmente aqueles velhos discursos retóricos utilizados pelos "economistas do bem" como o Dr. Bellezza.

"A Mônica é uma bela economista, mas não entende nada de economia."

Putz! Ela tem um doutorado em economia pela LSE, trabalhou longos anos no FMI e não entende porra nenhuma de economia?

"Quem só tem um martelo, pensa que tudo é prego" (Mark Twain).

Posso estar enganado, mas a selic ficou "congelada" mais pelo credo da nova matrix econômica que a ideia que estamos em dominância fiscal.

Tanto que na mesma semana do não aumento da Selic, a Dilma conversou com o presidente do Banco Central e a ex-presidente da Petrobrás e fala-se em usar o FGTS e reservas cambiais para alavancar o crescimento.

Logo saíram notícias sobre o retorno do Arno, diferente de muitos eu tenho que 2014 não acabou.

Abraço,

Marcelo

Chegar um fedelho qualquer aqui e dizer que a Monica nao entende nada de Economia é realmente patético.

As pessoas deveriam se envergonhar da própria arrogância. Pelo amor de Deus...

A Monica é excelente economista, muito bem formada, muito estudiosa, extremamente competente e interessada em economia brasileira... Sem dúvida, uma das melhores cabeças que já passaram pela PUC-Rio e pela Casa das Garças.

Att,
Edmar

"To esperando ainda seus comentarios sobre esse paper do Gorodnichenko"

Sério? Survey?

Podia aproveitar e perguntar aos consumidores se suas preferências são convexas...

Volto ao exemplo clássico: caso suponhamos que o jogador de sinuca é um autômato capaz de certeiros cálculos físicos, certamente um psicólogo riria. Quanto à capacidade deste modelo de prever as ações do jogador de sinuca, bom, aí desconfio que não riria muito...

E daí que os gerentes não conhecem o nome do presidente do RBNZ? Se pensarmos em termos de um modelo de contágio (http://www10.iadb.org/intal/intalcdi/PE/2008/01129.pdf), podemos modelá-los como agentes que racionalmente não incorrem em custos para se informar, extraindo informações dos que decidem incorrer nestes custos (mercado financeiro). (Aliás, uma das previsões de um modelo nestas linhas seria que, em países de inflação baixa, a maior parte dos gerentes iria ignorar racionalmente o nome do presidente do BC)

Posto de outra forma, testa-se empiricamente se a ancoragem funciona ou não. A imensa maioria dos resultados sugere que sim, por exemplo:

http://people.ucsc.edu/~walshc/MyPapers/INFI_1236.pdf
http://www.iie.com/publications/wp/03-6.pdf
Há os trabalhos do Douglas Laxton com a Nicoletta Batini (p.ex http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2005/02/index.htm) também e, entre os brazucas, o Carlos Eduardo Gonçalves https://sites.google.com/site/carloseduardogoncalveshomepage/

Já este paper me deixa absolutamente indiferente...

A Monica é excelente economista, muito bem formada, muito estudiosa, extremamente competente e interessada em economia brasileira... Sem dúvida, uma das melhores cabeças que já passaram pela PUC-Rio e pela Casa das Garças.

Assino embaixo.

Eu também assino embaixo, Alex.

Ale

Aproveitando a sua resposta ao Marcos:

“Já este paper me deixa absolutamente indiferente...”

Ou seja, o senhor vai continuar afirmando que a variação do centro da meta é uma informação “muito valiosa” para as pessoas, mesmo que, quando perguntadas em uma pesquisa, as pessoas afirmem o contrário ....


"Ou seja, o senhor vai continuar afirmando que a variação do centro da meta é uma informação “muito valiosa” para as pessoas, mesmo que, quando perguntadas em uma pesquisa, as pessoas afirmem o contrário ...."

Você sabe ler? (A propósito, o que "variação do centro da meta" quer dizer?)

Alex,

Vc disse uma vez que rodava um modelo de pequeno porte estilo do bCB.

Sabe dizer o que usa como controle em cada equacao? Ou quantas defasagens de cada variavel?

Tentar responder so para me ajudar, por favor. Meu chefe me pediu isso, mas nao sei mesmo.

Desde ja, te agradeco.

Bjo
Maria Cruz

Se o anonimato é prova de covardia, o Irineu é um baita de um covardão, hein? O cara é "O" Anônimo, afinal de contas. E meter pau nos outros é uma das coisas que mais fez na história deste blog...

"Se o anonimato é prova de covardia,"

Não disse?O cara escreve sob pseudônimo e ainda quer cantar de galo...

"Sabe dizer o que usa como controle em cada equacao? Ou quantas defasagens de cada variavel?"

Ma mande um e-mail. Aqui não há como responder...

Alexandre

Teria como me passar tbm esse modelo que você usa?

Meu email é: laurasimoes1993@gmail.com

bjo

Laura