Caso o BC tivesse feito
seu serviço quando podia e devia, a resposta seria “sim”; como não fez, é um
sonoro “não”.
Desde 2009, quando a
inflação atingiu 4,3%, o BC tem falhado continuamente em sua missão
institucional. Nestes anos a inflação média superou 6% ao ano e, se o consenso
de mercado estiver correto, chegará a mais de 7% em 2015, apesar da recessão.
No período que
antecedeu a crise de 2008-2009 houve um trabalho consistente no sentido de
manter a inflação na meta. Entre 2005 e 2008, por exemplo, a inflação média
ficou em 4,6% ao ano, ainda que, claro, não tenha ficado neste patamar em todos
os anos. Não importa: esta proximidade sugere que o Copom então calibrava a
política monetária para corrigir eventuais desvios.
Mais importante que
este fato, porém, era a percepção dos agentes econômicos acerca do compromisso
do BC com a meta. De 2005 a meados de 2010 as expectativas para a inflação 12
meses à frente ficaram ao redor de 4,5%, revelando a crença que o Copom
continuaria a determinar a taxa de juros de forma a fazer a inflação oscilar
próxima àquele nível.
Contra este pano de
fundo, quando a crise de 2008 jogou o país na recessão o BC pôde reduzir a taxa
de juros mantendo as expectativas de inflação devidamente ancoradas. O
resultado é que, mesmo sofrendo críticas, inclusive internas, o Copom entregou
a inflação na meta em 2009, com o PIB retomando a trajetória de crescimento já
no segundo trimestre daquele ano.
A atuação desastrosa no
período mais recente teve como consequência a perda de credibilidade do BC,
expressa em expectativas consistentemente superiores à meta. Neste contexto, manter
(ou mesmo reduzir) a taxa de juros não há de ter os mesmos resultados obtidos
em 2009. Pelo contrário, face ao enorme choque inflacionário decorrente da
necessidade de corrigir os preços administrados reprimidos nos últimos anos, a manutenção
dos juros agora perpetuaria a inflação acima de 7% e exigiria sacrifício ainda
maior à frente.
Postergamos demais o
ajuste e a conta chegou. Melhor pagar agora antes que fique ainda mais caro.
(Publicado 19/Fev/2015)
4 comentários:
Sobre as ações do engenehiro Levy, que ocupa o cargo de ministro da economia.
Propõe o fim da desoneração da folha de salários em período de desemprego crescente; propõe tarifaço com a economia já em recessão.
Eu... sinceramente, nào entendo. Melhor, entendo sim: no brasil, é tudo na contra-mào da razão economica.
O renato leu mas nao entendeu. Acho que a imagem em branco prejudicou...
Meu caro ... é claro que eu entendo a ortodoxia da economia, e nào só concordo com ela, como sou a favor.
A questão aqui é ressaltar que as regras economicas no brasil sempre funcionam ao contrário.
Por exmplo, se o preço interno dos combustiveis seguisse o preço internacional, não haveria necessidade de ficar discutindo o preço alto interno qdo o preço do insumo cai lá fora.
Outro exmeplo... taxa SELIC. EM qualquer país sério, eleva-se a taxa para esfriar a economia (com sorte, inflação cai), e baixa-se para... aquecê-la (com sorte, criando-se uma inflaçãozinha). Mas aqui, não - aumenta qdo a economia capenga, provocando ainda mais recessão, na esperança de baixar uma inflação que não está relacionada ao 'consumo'.
Do mesmo modo, quer desonerar?! os setores... ok... mas que o faça em época de vacas magras, em não gordas. O cara, em época de vacas magras, quer re-onerar.
É um contrasenso economico.
Percebe ?
já dizia Reagan, o ator: a melhor hora pra consertar o telhado é quando faz sol.
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