Para onde quer que se
olhe fica claro que o desempenho econômico do Brasil nos últimos quatro anos tem
piorado consistentemente, deterioração que dá sinais de ter se agravado a
partir do ano passado.
O crescimento médio do
país de 2011 a 2014, por exemplo, deve ficar ao redor de 1,6% ao ano, mas
cadente, reduzido para quase zero este ano. Já a inflação média superará 6%,
acelerando para 6,5% em 2014, o pior resultado desde 2011.
O déficit externo
provavelmente atingirá o equivalente a 3,0% do PIB no período, e também
crescente, devendo chegar a 3,7% do PIB no final deste ano.
A dívida bruta do
governo, que havia sido reduzida para pouco mais de 50% do PIB em 2010, já se
encontra em 60% do PIB, refletindo o descaso com as contas públicas. O
superávit primário (livre da contabilidade criativa), que ficara em 2% do PIB
entre 2007 e 2010, caiu para menos 1% do PIB ao longo deste mandato
presidencial e deve registrar em 2014 o primeiro resultado negativo desde 1997.
Por fim, mesmo quando
se trata do emprego, cantado em prosa e verso como o grande mérito do atual
governo, a degradação é visível: a criação de vagas formais na economia caiu de
130 mil/mês no mandato anterior para 86 mil/mês no atual. Da mesma forma, a
Pesquisa Mensal do Emprego, que captura também o emprego informal, aponta crescimento
médio da ocupação de 0,8% ao ano entre dezembro de 2010 e setembro de 2014 (e
ao redor de zero este ano) contra mais de 2,5% ao ano nos quatro anos
anteriores.
Fica destes números a
imagem de quatro anos tristes, culminando com um desempenho lamentável em 2014.
Ainda assim não há a menor indicação de que o governo pretenda alterar os rumos
da política econômica. Pelo contrário, a mensagem é que esta sempre esteve
certa; se alguém errou foi a realidade.
Por mais que a
anunciada demissão do atual ministro da Fazenda (contra minha vontade, quero
deixar claro) possa criar esperanças de uma gestão mais racional da economia, a
verdade é que sinaliza muito pouco no sentido de correção de rota.
Mesmo que seja trocado
por alguém com mais compostura, o ministro da Fazenda foi pouco menos que a
rainha da Inglaterra; nunca houve (nem deve haver) dúvida que o comando da
política econômica se encontra nas mãos da presidente, cujo apreço pela
centralização de decisões só é superado por seus persistentes atentados ao
vernáculo.
Não chega a ser
surpreendente, portanto, que o secretário-executivo do ministério da Fazenda já
tenha acenado com mais um pacote de estímulo à
indústria, afirmando ser possível “esperar por uma economia cada dia melhor”. Na mesma toada, a
presidente fala em “ajustes pontuais”, como se o problema fosse localizado e
pudesse ser resolvido por mais uma rodada de microgerenciamento.
O que se espera, pois,
é “mais do mesmo” na forma de tratar a economia. Do lado macro o mesmo descaso
com as contas públicas e a inflação. Mais importante, na perspectiva
microeconômica antecipa-se a persistência de um processo de intervenção
governamental sem paralelos desde o governo Geisel.
À luz disto, a promessa
de uma “economia cada dia melhor” soa improvável. Pelo contrário, se fizermos
as mesmas coisas que fizemos nos últimos quatro anos, há escassas razões para
imaginar que o desempenho econômico possa ser muito distinto do observado neste
período.
É atribuída a Einstein
a definição de insanidade como fazer as coisas do mesmo modo e esperar que os
resultados sejam diferentes. Há sérias dúvidas sobre a autoria da frase, mas
não tanto no que tange à sua aplicação para as perspectivas da economia brasileira.
Sem uma mudança de
rumos que contemple por um lado a recuperação da estabilidade macroeconômica e,
por outro, a busca obsessiva pela produtividade, estaremos condenados à
repetição da mediocridade que caracterizou este mandato presidencial e mais uma
vez a realidade levará a culpa.
(Publicado 29/Out/2014)
16 comentários:
A religião não é conto de fadas. Olhe ao seu redor e veja o que o cristianismo construiu. Leia a Carta de Independência da maior nação do mundo e veja a posição de Deus nela.
Você é especialista em teologia para chamar a doutrinas teológicas de conto de fadas?
A Ciência Econômica sim pode ser um péssimo fairy tale. Você leu o que disse Paul Singer ontem?
http://bloco11cela18.blogspot.com.br/2014/11/o-mundo-economico-de-mentira-falso.html
Seja menos imbecil em se tratando de religião.
Estude teologia!!
A partir de hoje eu deixo de seguir seu blog.
Pior do que acreditar em religiões é acreditar no Paul Singer.
Não fará falta alguma...
Mande o menino contar para a mamãe!
Chora Thinker bell!
Amigo,
Não havia necessidade da imagem.
Percebo que para me tornar um gênio no mundo atual não preciso mais me debruçar sobre livros e estudar, estudar e estudar...
Hoje é muito mais simples:
-"Sou ateu".
Pronto! Agora sou um gênio da humanidade e posso dar meus pitacos sobre qualquer objeto sem a ciência necessária, pois recitei as palavras mágicas.
Esta é a fórmula mágica.
Este é o conto de fadas: acreditar que a pronúncia destas duas palavras fazem de um tolo um grande sábio.
Usas a Razão para analisar a economia. Isto é bom...
Talvez seja bom utilizá-la, também, na análise do restante da realidade.
E assim, quem sabe, evitar novos achismos e besteiras.
Abraço,
Jonas
Amigo,
Não havia necessidade da imagem.
Percebo que para me tornar um gênio no mundo atual não preciso mais me debruçar sobre livros e estudar, estudar e estudar...
Hoje é muito mais simples:
-"Sou ateu".
Pronto! Agora sou um gênio da humanidade e posso dar meus pitacos sobre qualquer objeto sem a ciência necessária, pois recitei as palavras mágicas.
Esta é a fórmula mágica.
Este é o conto de fadas: acreditar que a pronúncia destas duas palavras fazem de um tolo um grande sábio.
Usas a Razão para analisar a economia. Isto é bom...
Talvez seja bom utilizá-la, também, na análise do restante da realidade.
E assim, quem sabe, evitar novos achismos e besteiras.
Caso contrário, entre na escola do professor Luís Inácio. Serás um bom aluno :D
Abraço,
Jonas
"A religião não é conto de fadas. Olhe ao seu redor e veja o que o cristianismo construiu."
É sim, especialmente quando arroga conhecer qual versão do(s) dito(s) deus(es?) que vale mais que o do vizinho. E, ainda por cima, condena quem não o segue ou segue outros deuses...
"Leia a Carta de Independência da maior nação do mundo e veja a posição de Deus nela." Os founding fathers eram muito mais deístas que teístas. Tanto é assim que não há menção alguma a trindade, jahweh ou allah ou algum deus teísta (pessoa) nela. E eram eles que normalmente usavam a famosa expressão "wall of separation between church and state" para mostrar a intenção da primeira emenda da constituição dos eua.
Só para constar, no primeiro comentário, o camarada se refere a Paul Elliott Singer (americano) e não a Paul Israel Singer (brasileiro).
Me parece que um dos anônimos anteriores, no alto de sua soberba, fez confusão.
Jonas
O que é pior?
Religiosos ou socialistas ?
Durante as eleições pensei que eram os socialistas, mas agora voltei a achar que são os religiosos.
Popper neles!
Este eu ainda não tinha lido...
Você é discípulo de Richard Dawkins?
"Olhe ao seu redor e veja o que o cristianismo construiu".
Guerras, ódio ao diferente, pedofilia e etc .
Realmente você está certo, religião não é um conto de fadas e sim um filme de terror.
Nunca ouvi e vi tanto economista PERDIDO ! Beluzzo, S. Pessoa ... só o outro comvidado consegue enxergar a realidade, e portanto, fazer um prognóstico mais preciso. Os outros dois ... principalmente o 1o, peloamordedeus! (O 2o. disse que nunca foi contra aumento da arrecadação via impostos - que TRISTEZA!) Ambos.. são incapazes de dizer que a constituição de 88 está QUEBRANDO o Brasil; qq constituição SOCIALISTA mata a galinha dos ovos de outro!!!
LAMENTável ! É EXATAMENTE POR ISSO que nada muda no BRasil !! (Até Roberto Campos, o semi-Deus liberal brasileiro, foi capaz de criar um banco de desenvolvimento estatal...)
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Domingo, 09/11/2014, 06:21
Para onde está indo a economia brasileira?
William Waack recebeu o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, o pesquisador associado do Ibre, da FGV, Samuel Pessoa, e o professor da FEA Simão Davi Silber.
Ouça mais: http://cbn.globoradio.globo.com/programas/globo-news-painel/GLOBO-NEWS-PAINEL.htm#ixzz3IcOVNQ8d
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Ódio ao diferente?
Tipo o que vocês ateus antirreligiosos (imbecis) nutrem por religiosos (DIFERENTES de vocês?)
A pedofilia foi um problema que se constatou em menos de UM por cento do clero católico, e isso num espectro de cerca de um século. Afirmar que foi "a religião" que "construiu" isso é de uma estupidez ápenas digna de uma ateu imbecil.
Quanto a guerras: é verdade que houve guerras motivadas por religião. Mas nem de longe corresponde à quase totalidade de conflitos bélicos em toda a história, motivada pelo binômio propriedade-poder. Exacerbar a "contribuição" religiosa em tal panorama é outra estupidez de ateus idiotas, que, aliás, se esquecem de atrocidades feitas CONTRA a religião, como as perseguições dos jacobinos na Rev. Francesa, a Cristiada mexicana, as perseguições dos regimes comunistas. O interessante é que ao se mencionar isso, os "bonzinhos" alegam que o verdadeiro motivo foi político, quando a conjuntura política tão somente ofereceu suporte para ateus imbecis e sanguinários realizarem seu sonho de exterminar os DIFERENTES.
"Lógica" ateísta:
O ateu diz que religião é conto de fadas porque "arroga conhecer qual versão do(s) dito(s) deus(es?) que vale mais que o do vizinho. E, ainda por cima, condena quem não o segue ou segue outros deuses".
Vamos aplicar o "raciocínio" incrível do antirreligioso:
O ateísmo é um conto de fadas, especialmente quando se arroga conhecer que nenhum deus vale e, ainda por cima, condena quem não é ateu imbecil igual a ele.
Surpreendente como o caráter passional toma conta da "argumentação" teísta! Parece que se está tentando tirar o osso de um cachorro...
Chamar um ateu de imbecil quando não há absolutamente nada conhecido no Universo inteiro que sustente a ideia da existência de algum deus (exceto, claro, para quem transforma hipótese irracional em explicação conclusiva para algo cuja causa ainda se desconhece) é uma atitude digna da mais singela comiseração. Sério.
Comove o fato de que ainda haja tantas pessoas com a cabeça impregnada por crendices primitivas, sobretudo os cristãos de toda espécie, “iluminados” por um “Livro Sagrado” repleto de fábulas plagiadas e de contradições, sem se darem conta de que hoje acreditam neste Deus bíblico apenas porque Roma substituiu por ele o politeísmo. Não fosse isso, Jesus Cristo seria apenas mais uma entre as tantas antigas divindades milagreiras nascidas de uma virgem e ressuscitadas em 3 dias.
O que faz uma pessoa optar pelo ateísmo não é apenas a falta de evidências objetivas para a existência de algum deus: isso faria dela apenas uma descrente teimosa. Uma pessoa se designa como ateia porque foi capaz de instruir-se com base nas evidências históricas de que deuses são uma criação humana – e não o contrário – , bem como nas evidências científicas de que todos os fenômenos já atribuídos a deuses tem causa natural – e não sobrenatural.
Mas a esperança teísta sempre procura resistir inventando brechas nestas evidências:
“Certo, a Terra pode não ser o centro de tudo e apenas um ponto insignificante no Universo, mas foi Deus quem projetou o Universo!”. Ainda mais patética foi a atitude do Papa recentemente: “Ok, existe esta tal coisa de evolução natural. Mas ela existe como um projeto direcionado por Deus!”. Constantemente, durante séculos, voltar atrás em suas certezas imutáveis parece um esforço tolerável pela Igreja para continuar sendo um negócio ainda aceitável para multidões de pobres ignaros.
Eu acredito que não deveria haver qualquer necessidade de se rotular alguém como "ateu", da mesma maneira que não se discrimina uma criança que descobriu que Papai Noel não existe como "a-pater natalis". Mas, claro, teríamos um grave problema social se as crianças ainda apegadas à fé em Papai Noel assumissem o controle sobre a vida daquelas emancipadas de tal crença, e começassem a persegui-las, torturá-las e matá-las por questionarem (simplesmente questionarem) tal crença.
Ao anônimo de 11 de novembro de 2014 13:36
Meu caro,
Discordo de diversos pontos do teu escrito, porém compreendo que aqui não é um local para debates e respeito o espaço fornecido pelo autor do Blog.
Apenas gostaria de deixar claro, para o pessoal que lê os comentários e não o percebeu, que o primeiro comentador não chama os ateus de imbecis, mas, sim, a quem acusa a religião de conto de fadas sem conhecimento; a quem declara o religioso como um irracional; a quem afirma que a religião é algo nocivo para as pessoas.
Para se perceber o estúpido desta afirmação, basta lembrar que a lógica Aristotélica foi desenvolvida por Aristóteles. E - pasmem! - Aristóteles era religioso. E defendia a religião.
De resto, como católico, posso dizer-te que o que escreves demonstra o quase total desconhecimento que tens do catolicismo. Como disse o nosso amigo Pedro Erik: conheça o objeto de que falas, depois profira suas críticas. Alguém que não foi capaz de ler nenhum escrito dos grandes mestres, como atestam teus apontamentos, não pode ser capaz de afirmar o que estes mestres diziam. Enfim: refutas o que não conheces, argumentando contra o que a ti aparenta ser.
Abraço,
Jonas
Aposto que esses religiosos furiosos nem são frequentadores assíduos deste blog. Só vieram aqui para patrulhar, como é bem típico desse pessoal. Outra coisa, rejeitar a ESTUPIDEZ das religiões não significa que alguém seja ateu. Olha só: foi só alguém colocar uma imagem como essas e eles já começaram a bater em um espantalho. Quer coisa mais estúpida? Estão apenas confirmando que a piadinha é mesmo baseada em fatos reais.
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