Na última ata do Copom, de
resto praticamente idêntica à sua versão anterior, os diretores do BC apresentaram
uma escassa novidade. No lugar de sua crença anterior acerca do “balanço
expansionista do setor público”, agora acreditam que “criam-se condições para que, no horizonte relevante para a política
monetária, o balanço do setor público se desloque para a zona de neutralidade”.
Independente do portugûes particularíssimo
que ilumina os documentos do BC, o significado desta expressão é simplemente
“acreditamos que o governo vai controlar seus gastos nos próximos dois anos, o
que terá implicações para nossas próximas decisões acerca da taxa de juros”.
Trata-se de afirmação
curiosa. O superávit primário do governo como um todo, devidamente expurgado da
criatividade contábil que assola o Tesouro Nacional, encolheu para menos de 1%
do PIB no período de 12 meses encerrado em julho deste ano. É um valor ainda menor
do que o registrado no fim de 2009, quando a economia ainda se recuperava da
crise internacional.
Para fins de comparação,
entre 2003 e 2008 esta mesma medida registrou um superávit médio equivalente a
3,2% do PIB, reduzindo-se à metade no período 2009-2012. Por qualquer ótica que
se adote, a política fiscal nunca foi tão frouxa, pelo menos desde 1998, ainda
antes da adoção do regime de metas para a inflação e do câmbio flutuante.
Sim, o orçamento federal
enviado recentemente ao Congresso promete um superávit superior a 2% do PIB em
2014, mas o orçamento para 2013 igualmente assegurava um saldo bastante
superior ao que deverá ser observado no final deste ano. É também impossível
ignorar tanto as eleições do ano que vem, como a atitude desta mesma equipe
econômica no último pleito. Em 2010, apesar dos sinais mais que claros de
recuperação da economia (quando o PIB cresceu 7,5%), não houve o menor esforço
para tirar o pé do acelerador fiscal, pelo contrário.
À luz do estado atual das
finanças públicas, assim como do histórico deplorável da atual equipe no que
tange ao desempenho fiscal em anos eleitorais, nenhum economista minimamente
atento estaria disposto a comprar, a valor de face, a noção que “o balanço do
setor público se deslocará para a zona de neutralidade”, ou, na língua de
Camões, que o governo esteja disposto a fazer um ajuste digno deste nome no ano
que vem.
No entanto, foi exatamente
isto que o BC não apenas comprou, mas fez questão de deixar (literalmente)
registrado em ata.
É bem verdade que o comportamento
recente da inflação não qualifica os membros do Copom para a categoria dos
“economistas minimamente atentos”, mas nem mesmo eles poderiam ter caído tão
ingenuamente no conto da “austeridade fiscal no ano que vem”. Neste caso, por
que teriam deixado de lado a postura (moderadamente) crítica com relação à
política fiscal e expressado publicamente sua fé nas promessas governamentais?
A resposta pertence ao
Copom, mas posso arriscar uma hipótese: porque o BC sabe que enfrenta limites
políticos à elevação da Selic e terá que encerrar o processo de aperto
monetário nos próximos meses, com a taxa de juros ainda abaixo de 10% ao ano.
As próprias projeções do
BC sugerem que isto não será suficiente (a inflação permaneceria bem acima da
meta até meados de 2015, pelo menos), mas neste caso o BC teria a desculpa de
“ter sido traído” (a mesma que tentou emplacar, injustificadamente, nos últimos
meses), com a vantagem de ter, desta vez, registrado por escrito sua crença inabalável
nas juras do governo.
A valer esta conjectura,
nada mais há na mudança de postura do BC que o reconhecimento de sua submissão
ao governo, apenas levemente disfarçada pela aparente ingenuidade acerca dos
compromissos fiscais. São oito personagens em busca de uma desculpa, evitando
cuidadosamente cumprir as funções que a sociedade delegou ao Banco Central.
Uma desculpinha pelo amor de Deus
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(Publicado 11/Set/2013)
55 comentários:
Gostei desse uso da teoria da conspiração: é falsificável.Como ensina Popper: não são boas teorias,mas que existem conspirações existem.
Gostei desse uso da teoria da conspiração: é falsificável.Como ensina Popper: não são boas teorias,mas que existem conspirações existem.
Seria comico, se nao fosse tragico. Ano de eleicao com politica fiscal neutra.
Very good! Quando pago a conta?
Alexandre,
Qual a dificuldade de aceitar que o BCB não é independente?
Se você acha que deveria ser, trave um debate em relação a este aspecto. Existem prós e contras e a sociedade brasileira optou pela visão oposta à sua.
Abração
"Qual a dificuldade de aceitar que o BCB não é independente?"
Nenhuma.
Só não gosto que fiquem posando de independentes quando são um bando de capachos...
Quem fez o comentario das vantagens de um BC submisso poderia listar quais seriam elas?
E como chegou a conclusao que a sociedade brasileira optou por isso? Perdi algum plebiscito?!
o Delfim deveria criticar a introdução do superavit primário estrutural por parte do BC. o seu cálculo envolve bruxarias do tipo produto potencial, ciclo econômicos etc
A crítica é sempre focada no resultado, portanto o BC merece ser criticado pois seu resultado tem sido ruim.
E a sociedade também não "escolheu" a meta de 4,5%?
Dantas
"Só não gosto que fiquem posando de independentes quando são um bando de capachos..."
Chora não! Engole o choro!
"Quem fez o comentario das vantagens de um BC submisso poderia listar quais seriam elas?"
Política econômica integrada.
"E como chegou a conclusao que a sociedade brasileira optou por isso? Perdi algum plebiscito?"
Você deve ter perdido as eleições. Sugiro ir ao Tribunal Superior Eleitoral averiguar seu certificado de quitação eleitoral.
Dói-me admitir, mas a sociedade brasileira votou mesmo por um banco central frouxo, uma prática política corrupta, uma liderança idiocrata, um Estado que não faz nada para coibir a violência, um poder judiciário brocha, nepotista e conivente com a corrupção etc.
Mesmo em São Paulo, os eleitores decidiram que a cidade deve ser cuidada pelo partido que o Estado não deve interferir no direito de fumar crack em praça pública.
"Engole o choro!"
Ih, tem um que gosta de engolir...
"O" Anônimo falou tudo.
Desde 2002 - há mais de 10 anos, portanto - a escolha majoritária da sociedade brasileira é pelo que há de pior em termos de política, economia, instituições, etc (e a oposição tucana é alinhada o suficiente com todo esse lixo para simplesmente inexistir).
A cada dia destruímos mais um pouco de nosso crescimento potencial, a cada dia pioramos mais um pouco as perspectivas do nosso país.
Ao meu filho de 4 anos e a todos de sua geração, meu pedido de desculpas pelo país que esta geração deixará para eles.
O impressionante é o autismo deste povo. Deu tudo errado. O Brasil não cresce, a inflação só aumenta, nossas contas externas são um filme de terror e nossa taxa de investimento é um arraso. Nossa dívida pública está explodindo. O mesmo acontece com a dívida das famílias. Nossa equipe econômica é piada para o resto do mundo. Nossas instituições perdem credibilidade a cada dia. Ninguém mais acredita na nossa contabilidade pública ou no nosso BACEN. Apesar de tudo isto, vem gente aqui falar bobagem, como se este modelo (que não existe, é só o bom e velho populismo besta que nossos governantes sempre fizeram e que sempre dá errado) fosse extremamente exitoso!!!! Como não temos oposição, não existe alternativa política a isto que está aí. Mas deveríamos chorar - e não ficar contando vantagem sobre uma suposta reeleição da Dilma. O autismo deste povo surpreende!!!
Saudações
PS: E esta mesma história terrível pode ser contada em qualquer um destes países bolivarianos picaretas desta nossa tão sofrida América Latrina. Mas mesmo assim, os palhaços não ganham vergonha na cara!!!
Alex você já foi diretor do BC. Na sua época eram independentes ou capachos?
"Na sua época eram independentes ou capachos?"
Certamente não capachos
BC precisa de credibilidade para passar previsibilidade e conseguir influenciar as expectativas (reduzir volatilidades). Este BC no seu início deixou transparecer que era subalterno ao MF ou à presidANTA (na verdade até o MF parecia inseguro e subalterno). O BC de um desgoverno, desgovernou junto. O desgoverno vendo que estava tudo errado (aquilo em que acreditava) pediu à turma do BC para tentar corrigir (até quando?). Tentar defender este desgoverno é o fim (e o BC era parte deste desgoverno. Ainda é).
Existe algum índice de capachismo na praça? Acho que a Monica de Bolle tem um de credibility.
Já está disponível o livro do Végh:
https://mitpress.mit.edu/books/open-economy-macroeconomics-developing-countries
Acho que o debate sobre a independência do Banco Central deve ser baseado no conhecimento da literatura dos últimos 20 anos sobre o tema, ao invés de ficarmos no papo de bar superficial. Hoje já há um razoável consenso de que o trade-off é totalmente favorável a um Banco Central com independência de instrumento (mas que seja dependente em termos de objetivos como é atestado pela adoção do regime de metas de inflação por um grande contingente de países). Existe amplo apoio teórico e empírico para a independência de instrumento. Por exemplo, ver Alesina e Summers (1993) e Cuckierman e outros (1992) para as evidências empíricas e Blinder (1998, cap. 3), Fischer (1995), Meyer (2000), Bernanke (2003a,b) para a discussão teórica. Além disso, ver Roger (2009) para uma discussão sobre o desempenho empírico de ITs versus outros regimes monetários, que não deixa de ser uma evidência indireta dos ganhos da independência de instrumento. Se quiser um embasamento teórico de porque a dependência política em relação ao instrumento é ruim pode começar olhando os papers inciais de inconsistência dinâmica aplicada a política monetária (Kydland e Prescott (1977), Barro e Gordon (1983) e Rogoff(1985)). Fazendo análise de custo e benefício é bem simples: o custo de ter um Banco Central dependente dos políticos é alto como mostra a literatura empírica e teórica, enquanto o benefício da coordenação é baixo (se é que existe algum) quando comparado a esse custo. Abraços
Prezados ... REcordar é viver !!
Assistam: Programa Roda-Viva de 1997, com Roberto Campos - então com 80 anos e (muito) lúcido !
http://www.youtube.com/watch?v=OSL-POF4lIE
Aos 50min:50seg... comenta ele sobre a Petrossauro, etc e tal... conta-petroleo.. importação de 600 mil barris/Dia, etc e tal...
Quer dizer ... passados 15 anos... nada mudou ! Sim, há a perspectiva do aumento da produção pelo pré-sal, mas... a frota consumidora aumentou tbém, quer dizer, o deficit continuaria.
Em tmepo: notem a perda de tempo em relação à discussão da privatização (exitosa) da VALE...
Alex,
Qual a diferenca entre a Selic e o CDI?
O que consegui entender: a Selic eh a taxa das operacoes de emprestimos de um dia entre os bancos, lastreadas em titulos publicos, e o CDI eh a taxa das operacoes de emprestimos dos bancos, mas que nao estao lastreadas em titulos publicos (sao titulos privados e tem taxa superior a Selic, pois o risco das instituicoes finaceiras eh superior ao risco do Tesouro).
Na essencia, me parecem taxas muito parecidas. Mas a diferenca eh que o BCB atua sobre a Selic. E se houver descolamentos? Faz sentido o BCB continuar mirando somente na Selic via open market?
Pode haver deslocamentos brutais entre a Selic e o CDI? Se houver, isso nao eh um problema para a politica monetaria?
Abracao e agradeco se puder responder. Voce eh meu professor de Economia e nao sabe.
Joao Mario
João:
Na prática é (quase) a mesma taxa. Ocorre que bancos trocam relativamente poucos recursos via CDI na comparação com a Selic.
Até onde sei (e não é muito), nenhum banco gosta de tomar recursos no CDI, por receio de imagem. Como há pouco tomador, a taxa tende a ficar abaixo da Selic, muito embora seja risco privado. A diferença costuma ser da ordem de alguns pontos base.
Se descolar muito, por exemplo, caindo substancialmente abaixo da Selic, alguns bancos vão arbitrar, mesmo sofrendo algum risco de imagem (nada que, sei lá, meio ponto a mais de juro não compense).
Isto sugere que não há grande problema de usar uma meta para a Selic como principal instrumento de política monetária em condições normais de pressão e temperatura.
Abs
Como assim receio de imagem?
Abs
Julio
Mas como assim receio de imagem, também não entendi...
João Mario
PS: obrigado pela resposta, professor!
Porque tomar dinheiro no interbancário pode ser visto como sinal que a instituição tem problemas de caixa.
Pelo pouco que sei, o CDI funciona mais para bancos pequenos do que para bancos grandes.
Quando os bancos pequenos necessitam de caixa, eles emitem um CDI para se financiar. Os bancos grandes compram tais títulos, mas apenas aceitam a transação à uma taxa inferior à taxa Selic.
Os grandes não recorrem muito ao CDI, pois têm receio de imagem para não sinalizar possíveis problemas de caixa
Todavia, esta explicação traz consigo uma outra dúvida: fazer uma operação tanto via selic, quanto via CDI, já não sinalizam demandas por liquidez? Por que apenas fazendo via CDI traria perdas de imagem? Seria um caso clássico de path-dependence (como ninguém nunca recorre ao CDI, recorrer pode ser uma sinalização estranha)?
O que acha Alex,
Abraço
Alexandre,
a respeito da tal conversa de serem capachos ou nao: Isso nao importa tanto, mas o fato de quem sao capachos me preocupa mais.
Se eu fosse capacho de Krugman eu engoliria o orgulho. Se fosse capacho de um Burro (como se diz em italiano), ai sim o problema toma outras dimensoes.
Dito isto...
"Todavia, esta explicação traz consigo uma outra dúvida: fazer uma operação tanto via selic, quanto via CDI, já não sinalizam demandas por liquidez? Por que apenas fazendo via CDI traria perdas de imagem?"
Acredito que não. No Selic você entrega um título público como garantia, que pode ser descontado no BC (quase caixa); o CDI é só um IOU.
Agora, uma questao ainda mais cabeluda: por que o CDB roda ainda abaixo do CDI?
Abs
Alex,
Pq vc costuma dizer que bancos captam recursos tipicamente pagando o CDI, quando isso (conforme vimos) nao eh verdade.
Bancos captam majoritariamente uns com outros pagando a Selic. O CDI eh um tipo de recurso bem menos utilizado para captacao dos bancos (em geral, mais utilizado por bancos pequenos com necessidades de caixa).
Abracao
"Pq vc costuma dizer que bancos captam recursos tipicamente pagando o CDI, quando isso (conforme vimos) nao eh verdade.
Bancos captam majoritariamente uns com outros pagando a Selic. O CDI eh um tipo de recurso bem menos utilizado para captacao dos bancos (em geral, mais utilizado por bancos pequenos com necessidades de caixa). "
Porque você confunde interbancário com captação. A captação vem dos depósitos a prazo, tipicamente indexados ao CDI.
Aproveitando: para aplicações pequenas, o CDB paga, sei lá, 90-91% do CDI. Para aplicações maiores, fica perto do CDI. Houve momentos de maior expansão de crédito pelos bancos em que se pagou 102-103% do CDI.
A captação vem majoritariamente dos depósitos a vista, com custo zero.
"A captação vem majoritariamente dos depósitos a vista, com custo zero."
Adoro quando vem um cara chutar aqui...
Vamos lá. Nota para a imprensa Política Monetária e Operações de Crédito (http://www.bcb.gov.br/?ECOIMPOM).
Quadro 37
Depósitos à vista: R$ 161,9 bi
Quadro 38:
Títulos privados: R$ 977,2 bi
Isto sem contar que o compulsório sobre depósitos à vista é 44%, ou seja, dos R$ 162 bilhões captados, os bancos podem usar apenas R$ 90,6 bi.
Aguardo o arrependimento de falar sobre o que não entende.
depois de uma escovada destas o cara nunca mais passa por aqui
auhauhauhauhauhauha
Boa Alex!
Vlw, Joao Mario
Então, vou resumir de forma didática o que foi discutido aqui:
- Tanto a Selic quanto o CDI são taxas que remuneram empréstimos de um dia entre bancos.
- Mas existem diferenças importantes entre ambas.
- A Selic eh uma taxa utilizada para operações de interbancário.
- O CDI eh uma taxa mais utilizada para captação de recursos pelos bancos.
- Uma operação com Selic ocorre lastreada em titulos publicos registrados no sistema SELIC (eis o nome da taxa).
- Quando um tomador nao paga sua divida, o titulo fica sob posse do credor, dado que este eh o lastro da operação.
- No caso do CDI, nao existem títulos públicos lastreando os empréstimos.
- Os empréstimos decorrem da emissão de um titulo privado, o CDI.
- Como a Selic eh lastreada em titulos publicos, seria de se esperar uma taxa inferior para esta operacao em relacao ao CDI, pois este ultimo diz respeito a um titulo privado, portanto, mais arriscado, em reais, do que o Tesouro.
- Ocorre, no entanto, que a taxa do CDI costuma rodar abaixo da taxa Selic.
- A explicação para este fato eh a seguinte: como o volume de recursos demandados no CDI eh muito pequeno (muito mesmo) vis-a-vis o mercado de Selic, a taxa do primeiro eh menor.
- De fato, bancos menores utilizam mais o CDI do que os grandes, pois estes tem receio de imagem.
- O receio de imagem deriva do medo dos bancos grandes sinalizarem ao mercado que estão necessitando de caixa (problemas de caixa).
- Desse modo, evitam utilizar o CDI.
- Bancos pequenos quando precisam de caixa, emitem um CDI e os bancos apenas compram a uma taxa inferior a taxa Selic (como se trata de um banco menor, os grandes apenas aceitam pagar uma remuneração inferior ao do mercado).
Duvida: se bancos captam tipicamente via CDI, entao porque o volume de recursos do CDI eh tao inferior ao volume do interbancario? Qual a logica do interbancario para movimentar tanto recurso?
"- O CDI eh uma taxa mais utilizada para captação de recursos pelos bancos."
Não. Releia o que foi escrito acima.
"se bancos captam tipicamente via CDI, entao porque o volume de recursos do CDI eh tao inferior ao volume do interbancario? Qual a logica do interbancario para movimentar tanto recurso?"
Leia o que está escrito acima!
O CDI quase não é usado para captação por bancos grandes.
O que ocorre é que bancos captam à prazo com taxas indexadas ao CDI.
Houve uma confusão no resumo...
CDI = Certificado de Depósito Interbancário: como escrito é uma forma dos bancos financiarem-se entre si. Forma-se uma taxa mínima, média e máxima todos os dias. É financiamento com garantia apenas do título do creditado.
SELIC = Sistema Especial de Liquidação e Custódia de Títulos Públicos. Os bancos financiam-se oferecendo seus títulos em garantia.
Os bancos fazem captação no mercado (com clientes) pagando juros indexados à taxa dos CDI (um % da taxa).
O normal seria a taxa Selic ser menor do que a taxa CDI (por ser mais garantida). Como os negócios em CDI são apenas marginais, os bancos recorrem a ele apenas quando não têm mais títulos públicos depositados no SELIC, têm pouca representação no volume. Continuando: como o mercado gostou das aplicações com variações diárias (quase uma continuação do over-night antigo), a taxa CDI passou a ser utilizada em substituição.
QUAL O MOTIVO DA TAXA CDI SER MENOR DO QUE A TAXA SELIC? Aparentemente como grande parte das captações dos bancos são corrigidas pela taxa CDI (UM PERCENTUAL DELA), e têm um peso maior do que o volume dos negócios em CDI (entre os bancos, onde a taxa é formada), é mais vantajoso que a taxa CDI seja mais baixa (vantajoso para os bancos) do que a Selic. Cobram menos dos negócios entre eles (pequeno volume) e também pagam menos em suas captações. Mas a diferença é sempre pequena. Se a diferença passar a ser grande (CDI x SELIC) a taxa deixará de ser adotada pelo mercado. É interesse dos bancos que isto não aconteça.
Pq eh o DI de 12 meses a taxa relevante para fins de politica monetaria? Tem alguma coisa a ver com o horizonte de credito no pais?
Alexandre Schwartsman,
Você é um crítico da política econômica do governo e recorre muito ao passado recente para fazer a crítica ao futuro da política econômica. Discordo de sua análise porque considero que você não leva em conta as boas informações sobre um futuro mais promissor. E o critico ao ver você incluir a análise política no seu argumento impregnada pela sua contrariedade com as decisões econômicas do governo, não levndo em conta as mudanças do cenário político e dos atores políticos no país. Mudanças que são em muito decorrentes de mudanças econômicas.
Nos comentários no seu post anterior “Sem Alívio” de quarta-feira, 05/09/2013, houve menção a crise dos Tigres Asiáticos no final da década de 90. Eu fiz um comentário lembrando a semelhança do que acontecera na década de 90 com o que eu imagino acontecerá na segunda década do século XXI. Dessa semelhança eu tiro como exemplo de mudança política profunda a que pode ser percebida se se compara a eleição para presidente da República no Brasil em 2014 com a eleição de 1994. Será que Dilma Rousseff em 2014 terá que utilizar o câmbio amarrado como teve que utilizar Itamar Franco em 1994. Ou será que ela precisou segurar o câmbio durante os quatro anos de governo como o fez Fernando Henrique Cardoso no período de 1995 a 1998?
No mundo talvez o cenário econômico em 2014 e o cenário econômico em 1994 se assemelham. No Brasil, entretanto, pode-se dizer que são diferentes tanto o cenário econômico e como o cenário político.
E aqui neste post “Oito personagens em busca de uma desculpa” de terça-feira, 10/09/2013, eu dou como exemplo de situações distintas, mas que são avaliadas como semelhantes por você, o que você diz no seguinte parágrafo:
“Sim, o orçamento federal enviado recentemente ao Congresso promete um superávit superior a 2% do PIB em 2014, mas o orçamento para 2013 igualmente assegurava um saldo bastante superior ao que deverá ser observado no final deste ano. É também impossível ignorar tanto as eleições do ano que vem, como a atitude desta mesma equipe econômica no último pleito. Em 2010, apesar dos sinais mais que claros de recuperação da economia (quando o PIB cresceu 7,5%), não houve o menor esforço para tirar o pé do acelerador fiscal, pelo contrário”.
Evidentemente, ainda que Dilma Rousseff não tenha nenhum carisma, o esforço realizado para que ela se elegesse em 2010 é de monta superior ao esforço para que ela possa se reeleger em 2014. Antes, é preciso reconhecer que o esforço para eleger Dilma Rousseff em 2010 não foi tão alto como alguns apregoam. E segundo, o custo de uma reeleição, a menos de catástrofes econômicas, é mais baixo.
Com muito mais fluência retórica e de oratória do que a Dilma Rousseff, com experiência política privilegiada e, ainda que eu não seja admirador dele, com muito mais bagagem intelectual do que Dilma Rousseff, Fernando Henrique Cardoso em 1994 precisou que Itamar Franco autorizasse o plano Real que trouxe como consequência o aumento da dívida pública para se eleger presidente da República. Se para eleger Fernando Henrique Cardoso foi necessário o Plano Real, o esforço para eleger Dilma Rousseff deveria ter sido de monta ainda maior. As circunstâncias auxiliaram o governo de Lula a poder gastar dinheiro para recuperar a economia e ao mesmo tempo inflar a candidatura de Dilma Rousseff.
Por circunstâncias, a reeleição de Fernando Henrique Cardoso talvez tenha ficado mais cara do que a eleição dele. O custo da reeleição de Fernando Henrique Cardoso remonta à aprovação da emenda da reeleição e remonta também à manutenção do câmbio para garantir a popularidade de Fernando Henrique Cardoso em alta.
Em princípio, as circunstâncias que encareceram a reeleição de Fernando Henrique Cardoso em 1998 não estarão presentes na reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Assim, é de se esperar que em 2014 o custo para reeleger Dilma Rousseff será muito mais baixo do que o custo necessário para a eleger em 2010.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 18/09/2013 (Em Pedra Azul)
Alexandre Schwartsman,
Falei da minha discordância com sua análise econômica e com sua análise política. É claro que é mais provável que eu esteja errado na minha discordância da sua análise econômica, mas o tempo é quem é o senhor da razão.
E também não sou pretensioso em achar que alguém com doutorado em Berkeley não possa ter mais conhecimento político do que a mim. Avalio, entretanto, que o conhecimento teórico muitas vezes nos aproxima mais de um modelo ideal que dificilmente ocorre na realidade. Uma evidência desta dificuldade para o conhecimento teórico compreender a realidade política pode ser vista no post seguinte aqui no seu blog intitulado “Ah, “mardita”!” de terça-feira, 17/09/2013.
No post “Ah, “mardita”!”, você recomenda o livro “Why Nations Fail: The Origins of Power, Prosperity, and Poverty” de Kamer Daron Acemoglu e James A. Robinson. Você e a maioria dos comentaristas elogiam o livro, salvo na parte sobre o Brasil. Para vocês, o livro é bom quando discorre sobre realidades que vocês desconhecem, mas fraco quando discorre sobre a realidade brasileira que vocês conhecem bem. Avaliação que vocês fazem evidentemente com viés, que, afinal, todos nós temos.
Curiosamente esta forma de ver as eleições presidenciais com o mesmo padrão e para fazer a crítica com viés semelhante eu pude observar mais de uma semana após este seu post “Oito personagens em busca de uma desculpa”. Trata-se do artigo “Metas de inflação: miramos o que?”, publicado no jornal Valor Econômico de quarta-feira, 18/09/2013 e de autoria de Solange Srour Chachamovitz, economista-chefe da ARX Investimentos. O artigo “Metas de inflação: miramos o que?” pode ser visto no seguinte endereço, ainda que na íntegra apenas para assinantes do Valor Econômico:
http://www.valor.com.br/opiniao/3273406/meta-de-inflacao-miramos-o-que
Lá a Solange Srour Chachamovitz diz no trecho que me chamou atenção:
“Estamos entrando em um ano eleitoral e a experiência de vários países, inclusive a nossa, revela uma baixa probabilidade de o governo não afrouxar mais o fiscal nesses períodos. Talvez seja esse o motivo das taxas de juros de mercado incorporarem o chamado "prêmio excessivo". Estaria esse prêmio relacionado também à falta de compromisso com o valor de 4,5% e com o prazo de convergência?”
Se bem que seja verdade que o Valor Econômico esteja se tornando mais pró-governo, foi bom constatar que não há censura à opinião contrária como foi imaginado nas discussões realizadas junto ao post anterior “Sem Alívio” de quinta-feira, 05/09/2013, e não de quarta-feira como eu dissera antes, quando se aventou a razão para não mais ter sido publicado o seu artigo mensal da primeira quinta-feira do mês no jornal Valor Econômico. A maior possibilidade, como sugeriu MAGEECONOMIA, em comentário de segunda-feira, 09/09/2013 às 09:35, foi o Valor Econômico não querer a concorrência do seu blog que postava o artigo no mesmo dia aqui no seu blog.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 22/09/2013 (Em Pedra Azul – MG)
Alexandre Schwartsman,
Além das divergências entre meu entendimento da economia e da política com suas manifestações aqui no blog, acrescento uma terceira divergência que mais se aproxima de incompreensão do que você escreveu. A incompreensão ocorre tanto em comentários como no texto dos posts. Nos comentários a incompreensão é mais de falta de conhecimento técnico em economia, mas quando se trata de textos que são publicados em jornais para leitores leigos - imagino que a dificuldade para o entendimento não decorra de falta de conhecimento técnico, dado o público a que o artigo alcança - eu fico bastante curioso para saber o que você pretendia dizer.
A falta de entendimento já ocorreu muitas vezes, mas trago apenas duas mais recentes. Um exemplo da incompreensão mais de natureza técnica foi a que ocorreu junto ao post “A quermesse comparada, dados do CitEc (revisado)” de quinta-feira, 22/09/2013 (http://maovisivel.blogspot.com.br/2013/08/a-quermesse-comparada-dados-do-citec.html), originado de contribuição, a meu ver não muito feliz, de "O" Anonimo.
Lá um comentarista anônimo em comentário enviado quinta-feira, 12/09/2013 às 11:26, fez três perguntas para você:
“Quem foi o seu orientador de Phd?
Qual foi sua tese? VC pode disponibiliza-la?”
A sua resposta, em comentário também de terça-feira, 12/09/2013 às 12:26, mesmo com a reprodução do questionamento, é bastante rica para ficar somente naquele post e assim a transcrevo aqui também. Diz lá você:
“"Quem foi o seu orientador de Phd?"
David Romer
"Qual foi sua tese?"
Foram 3 ensaios.
1)Um modelo de economia política e crescimento, em que o ritmo de crescimento de longo prazo depende da acumulação de capital humano por meio de um sistema de educação pública financiado por tributação. Há conflito sobre tributação: a taxa preferida por um grupo maximiza seu bem-estar e crescimento; a taxa preferida por outro grupo maximiza seu bem-estar, mas inequivocamente reduz o crescimento. Caso a distribuição seja concentrada haverá mais pessoas no segundo grupo, o que leva a crescimento mais baixo;
2) Um teste de convergência do PIB per capita dos estados brasileiros;
3) Estimativa da taxa de câmbio de equilíbrio a partir da sustentabilidade do balanço de pagamento
"VC pode disponibiliza-la?"
Não tenho em meio eletrônico. Quem eventualmente quiser (eu duvido!) terá que pegar uma cópia física e xerocá-la”.
Transcrevi o comentário porque sem o conhecimento técnico venho argumentando muito sobre os tópicos dos seus ensaios. Deixo para falar sobre isso em outro comentário, e volto para a questão que eu não entendi. De que distribuição você fala na frase:
“Caso a distribuição seja concentrada haverá mais pessoas no segundo grupo, o que leva a crescimento mais baixo”
Pensei que a distribuição se referia à renda, mas ai a frase que voltei a reproduzir pareceu-me um ensaio ou tese à parte. Deixo, entretanto, para desenvolver esta minha dúvida em outro comentário.
Aponto agora uma segunda falta de entendimento de afirmação sua e que consta no final do seu post anterior “Sem Alívio” de quarta-feira, 05/09/2013. Na parte que interessa você diz:
“Em outras palavras, se alguém contava com a mudança setorial, agora no sentido de um desempenho relativamente mais forte da indústria, para moderar as pressões no mercado de trabalho e, consequentemente, a inflação, é melhor repensar o problema”.
Não entendi como um “desempenho relativamente mais forte da indústria” possa “moderar as pressões no mercado de trabalho”
Se o relativamente se refere ao setor de serviços, não seria mais correto dizer
“desempenho relativamente mais fraco do setor de serviços” possa “moderar as pressões no mercado de trabalho”
As duas frases têm sentido semelhante, mas eu penso que a redação que eu proponho é mais de acordo com as expectativas das pessoas que no seu entendimento estão analisando o problema da inflação de modo equivocado.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 22/09/2013 (Em Pedra Azul – MG)
Alexandre Schwartsman,
Além das divergências entre meu entendimento da economia e da política com suas manifestações aqui no blog, acrescento uma terceira divergência que mais se aproxima de incompreensão do que você escreveu. A incompreensão ocorre tanto em comentários como no texto dos posts. Nos comentários a incompreensão é mais de falta de conhecimento técnico em economia, mas quando se trata de textos que são publicados em jornais para leitores leigos - imagino que a dificuldade para o entendimento não decorra de falta de conhecimento técnico, dado o público a que o artigo alcança - eu fico bastante curioso para saber o que você pretendia dizer.
A falta de entendimento já ocorreu muitas vezes, mas trago apenas duas mais recentes. Um exemplo da incompreensão mais de natureza técnica foi a que ocorreu junto ao post “A quermesse comparada, dados do CitEc (revisado)” de quinta-feira, 22/09/2013 (http://maovisivel.blogspot.com.br/2013/08/a-quermesse-comparada-dados-do-citec.html), originado de contribuição, a meu ver não muito feliz, de "O" Anonimo.
Lá um comentarista anônimo em comentário enviado quinta-feira, 12/09/2013 às 11:26, fez três perguntas para você:
“Quem foi o seu orientador de Phd?
Qual foi sua tese? VC pode disponibiliza-la?”
A sua resposta, em comentário também de terça-feira, 12/09/2013 às 12:26, mesmo com a reprodução do questionamento, é bastante rica para ficar somente naquele post e assim a transcrevo aqui também. Diz lá você:
“"Quem foi o seu orientador de Phd?"
David Romer
"Qual foi sua tese?"
Foram 3 ensaios.
1)Um modelo de economia política e crescimento, em que o ritmo de crescimento de longo prazo depende da acumulação de capital humano por meio de um sistema de educação pública financiado por tributação. Há conflito sobre tributação: a taxa preferida por um grupo maximiza seu bem-estar e crescimento; a taxa preferida por outro grupo maximiza seu bem-estar, mas inequivocamente reduz o crescimento. Caso a distribuição seja concentrada haverá mais pessoas no segundo grupo, o que leva a crescimento mais baixo;
2) Um teste de convergência do PIB per capita dos estados brasileiros;
3) Estimativa da taxa de câmbio de equilíbrio a partir da sustentabilidade do balanço de pagamento
"VC pode disponibiliza-la?"
Não tenho em meio eletrônico. Quem eventualmente quiser (eu duvido!) terá que pegar uma cópia física e xerocá-la”.
Transcrevi o comentário porque sem o conhecimento técnico venho argumentando muito sobre os tópicos dos seus ensaios. Deixo para falar sobre isso em outro comentário, e volto para a questão que eu não entendi. De que distribuição você fala na frase:
“Caso a distribuição seja concentrada haverá mais pessoas no segundo grupo, o que leva a crescimento mais baixo”
Pensei que a distribuição se referia à renda, mas ai a frase que voltei a reproduzir pareceu-me um ensaio ou tese à parte. Deixo, entretanto, para desenvolver esta minha dúvida em outro comentário.
Aponto agora uma segunda falta de entendimento de afirmação sua e que consta no final do seu post anterior “Sem Alívio” de quarta-feira, 05/09/2013. Na parte que interessa você diz:
“Em outras palavras, se alguém contava com a mudança setorial, agora no sentido de um desempenho relativamente mais forte da indústria, para moderar as pressões no mercado de trabalho e, consequentemente, a inflação, é melhor repensar o problema”.
Não entendi como um “desempenho relativamente mais forte da indústria” possa “moderar as pressões no mercado de trabalho”
Se o relativamente se refere ao setor de serviços, não seria mais correto dizer
“desempenho relativamente mais fraco do setor de serviços” possa “moderar as pressões no mercado de trabalho”
As duas frases têm sentido semelhante, mas eu penso que a redação que eu proponho é mais de acordo com as expectativas das pessoas que no seu entendimento estão analisando o problema da inflação de modo equivocado.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 22/09/2013 (Em Pedra Azul – MG)
Alexandre Schwartsman,
As suas observações sobre sua tese interessaram-me muito porque eu considero a carga tributária o dado mais importante de um país. E por pensar assim, eu tenho o maior interesse por qualquer informação ou análise correlacionada com a carga tributária. Depois da carga tributária o segundo dado mais relevante para mim é a distribuição da renda. E o terceiro dado é o nível de escolaridade. Enfim seus ensaios trazem tudo que eu considero relevante.
E dei mais importância aos seus ensaios na sua tese de doutorado quando li o seu comentário no seu post “Ah, “mardita”!” de terça-feira, 17/09/2013. Lá em comentário enviado quarta-feira, 18/09/2013 às 20:21, você em tom exclamativo elogia o comentarista Maurício que em comentário enviado quarta-feira, 18/09/2013 às 19:59, diz o seguinte:
“pois eu também fiquei muito empolgado quando li, em algum jornaleco, que o pré-sal iria gerar 900 BILHÕES em 30 anos.
fiquei mais ainda empolgado quando lembrei que o governo arrecada 1 TRILHÃO em aproximadamente 8 meses”
No seu comentário curto e suficiente você diz: “Boa Maurício!”.
Concordo com você e com Maurício. Lembro que uma das minhas desesperanças com a primavera árabe decorria exatamente da falta de perspectiva de se cobrar tributos de muçulmanos. Sem tributação a não ser que se tenha uma fonte de renda extraordinária nenhum estado nacional consegue sobreviver.
Bem, quanto a sua tese de doutorado eu gostaria de saber primeiro é se ela foi custeada pelo governo brasileiro e, se sim, se uma cópia delas é fornecida para todas as universidades públicas do Brasil.
E lembro dois argumentos que eu tenho discutido em que penso que a sua tese serviria para uma avaliação de consistência deles. Para mim uma das grandes tarefas do governo é combater a desigualdade espacial e social da renda. A desigualdade espacial teria que ser combatida buscando uma convergência do PIB per capita dos estados brasileiros. Ora o segundo dos seus ensaios consistiu exatamente em, nas suas palavras, “Um teste de convergência do PIB per capita dos estados brasileiros”
A minha ideia de combater a desigualdade espacial e social da renda possuía apenas justificativa social. Ela, entretanto, foi até reforçada com a percepção que eu adquiri de que a crise de 2008 foi uma crise de superprodução. Superprodução que foi inflada pelas alavancagens dos superfinanciamentos. Alavancagens que seriam reduzidas se a renda fosse mais bem distribuída.
Por outro lado, eu sempre avaliei que as políticas econômicas capazes de produzir uma distribuição de renda mais equânime reduzem o ritmo do crescimento econômico. Então se se melhora a distribuição de renda o país vai crescer menos, mas ele pode crescer por mais tempo não só porque o ponto de máxima produção vai demorar mais para ser alcançado em razão do ritmo lento do crescimento como também porque a renda estará mais bem distribuída e o ponto de superprodução é maior.
Esta idéia de que realizar uma melhora na distribuição social da renda reduz a taxa de crescimento é válida também, em meu entendimento, para a distribuição espacial da renda. Então fazer os estados mais pobres crescerem a uma taxa mais elevada do que a taxa dos estados mais ricos reduz o ritmo de crescimento do Brasil, mas em compensação o país poderá crescer por mais tempo.
A partir do momento em que a maxidesvalorização de1983, que nos foi imposta pelo FMI e pelas condições externas desfavoráveis, trouxe mais crescimento ao país eu passei a defender um câmbio desvalorizado o suficiente para assegurar saldos na Balança Comercial em torno de 1 bilhão por mês. Depois que eu passei a pensar nos efeitos da distribuição espacial de renda na taxa de crescimento do país, eu passei a considerar, os efeitos da maxi se ela pudesse dar em ordem diferente nos vários estados da federação. Deixo para em um próximo comentário abordar sobre as consequências para os estados da federação submetidos a câmbio diferente.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 23/09/2013
Alexandre Schwartsman,
A minha percepção de que o esforço para distribuir renda tanto social como espacialmente reduz a taxa de crescimento levou-me a avaliar que os estados mais pobres no Brasil seguram o ritmo de crescimento dos estados mais ricos. Como eu considero o câmbio um dos fatores mais importantes para o crescimento econômico, eu imaginei o que ocorreria se a região metropolitana de São Paulo ficasse independente e para efeito comparativo Minas Gerais resolvesse copiar a região metropolitana de São Paulo e também decretasse a independência.
Escolhi São Paulo por ser a região mais rica do Brasil e na região metropolitana de São Paulo há cerca de vinte milhões de habitantes desfrutando de um PIB em torno de 20% do PIB brasileiro. E escolhi Minas Gerais porque, embora não seja a mais pobre, parece-me mais fácil de avaliar os efeitos de uma maxidesvalorização na economia e pela facilidade de comparação com a região metropolitana de São Paulo. A renda média de Minas, próxima da renda média nacional, já é bem menor do que a renda média de São Paulo. Para aproximadamente os vinte milhões de habitantes, Minas Gerais tem quase 10% do PIB nacional.
Com a independência dos dois estados e a introdução de uma moeda própria em cada estado independente, faço conjecturas com a economia dos dois novos países. Lembraria aqui que a área de Minas Gerais, 586 528,293 Km2, é mais do que o dobro da área de São Paulo, 248 209,426 Km2. E, no entanto, o valor da produção agrícola de São Paulo é cerca de 50% superior ao valor da produção agrícola de Minas Gerais.
Trouxe esses dados para também permitir fazer uma crítica a dois posts saídos em sequência aqui no seu blog e de autoria de “O” Anónimo. O primeiro intitulado “NPTO escorrega em uma banana histórica” foi publicado, sábado, 20/03/2010 e pode ser visto no seguinte endereço:
http://maovisivel.blogspot.com.br/2010/03/npto-escorrega-em-uma-banana-historica.html
O segundo intitulado “Uma pequena lição sobre ferrovias no Brasil” de
sexta-feira, 26/03/2010 pode ser visto no seguinte endereço:
http://maovisivel.blogspot.com.br/2010/03/uma-pequena-licao-sobre-ferrovias-no.html
Os dois posts foram uma tentativa de “O” Anônimo em convencer aos não convencidos da superioridade do investimento privado sobre o público. É claro que o investimento privado é superior, desde que ele ocorra. Em nenhum momento foi apontado para a superioridade de produção das terras paulistas, tanto em relevo quanto em qualidade do solo como também quanto à temperatura e principalmente quanto ao índice pluviométrico. São esses os fatores que justificam que mesmo com todos os avanços tecnológicos a produção de Minas Gerais ainda seja 50% inferior à produção de São Paulo. E foi o valor do produção paulista por unidade de área o atrativo para o investimento privado.
Bem, Com os dois estados, a região metropolitana de São Paulo e Minas Gerais, independentes e estabelecendo-se uma moeda própria para cada um, haveria, no momento inicial, em uma nova moeda, um PIB na região metropolitana de São Paulo igual a 20% do PIB brasileiro e um PIB igual a 10% em Minas Gerais.
Em meu entendimento em São Paulo ocorreria uma pressão para a valorização da moeda, enquanto em Minas Gerais a pressão seria no sentido de desvalorização da moeda. No primeiro momento o PIB de Minas Gerais em dólares vai encolher e o PIB de São Paulo vai aumentar. Desde o início, entretanto, em meu entendimento, a taxa de crescimento do PIB mineiro será superior à taxa de crescimento da região metropolitana de São Paulo.
Agora, mesmo que se comprove que a separação da região metropolitana de São Paulo e do estado de Minas Gerais mostrasse no longo prazo mais vantajosa em termos de PIB global, eu ainda defendo a moeda única para o Brasil ou para a Europa e a adoção de políticas distributivas para a convergência dos PIBs per capita dos estados ou dos países.
E deixo para um último comentário um detalhamento maior da minha dúvida sobre a sua tese de doutorado.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 23/09/2013
Alexandre Schwartsman,
Como eu disse, eu não entendi a que distribuição você se refere quando diz “Caso a distribuição seja concentrada”. Pensei que se tratava da distribuição de renda. Nesse caso o segundo grupo é constituído por pessoas com menor renda. Se for assim porque você não diz logo de início que o primeiro grupo é constituído de pessoas com maior renda e o segundo de pessoas de menor renda?
Outra distribuição possível seria de escolaridade, mas é terminologia não usual e não me fez sentido, donde a descartei, mantendo o sentido de distribuição de renda. Concluir-se-ia então que um IR com alíquotas progressivas é prejudicial ao crescimento.
Não nego que a progressividade dos impostos possa criar empecilhos ao capitalismo, mas sempre achei o capitalismo muito dinâmico para se prender aos nós da tributação. A minha crença no dinamismo do sistema levou-me ainda na época em que Jô Soares trabalhava para Sílvio Santos a dar um exemplo para mostrar que é um tanto indiferente para o sistema capitalista o caráter ou não de progressividade da tributação.
Exemplifico com dois países iguais adotando dois modelos extremos de tributação. Um com progressividade radical (Só se cobraria IR e com alíquota de 80% para renda acima de 50 salários mínimos) e outro com regressividade radical (Só se cobraria IR e com alíquota de 80% para a renda até um salário mínimo). Falei em Jô Soares porque em parte de minha alegoria aparecia Jô Soares reclamando do IR no salário dele e Sílvio Santos tendo que reduzir o salário de todos os auxiliares de Jô Soares. E sendo tributado a 80% o salário mínimo teria que subir para mais de R$3.000,00 para que ele mantivesse o mesmo poder de compra atual sem considerar as mudanças de preços relativos que o aumento assim do salário mínimo causaria. E quem pagaria o IR do salário mínimo seria o grupo que contratasse o assalariado.
Então, não dou importância ao fato do sistema tributário ser regressivo ou progressivo. Minha opção, entretanto, é pela progressividade. Não a defendo firmemente, mas a defendo. Lembro que eu comentei sem entusiasmo o post de Paul Robin Krugman intitulado “Ben Bernanke Endorses A 73 Percent Tax Rate” publicado sábado, 03/06/2013 às 02:12 pm. Sem entusiasmo porque nula a perspectiva de aprovação desta alíquota ainda mais nos Estados Unidos. E sem entusiasmo também porque eu levava em conta a dificuldade para o cálculo de um tributo com alíquota tão alta e da dificuldade de se obter o comprometimento do cidadão com o pagamento do tributo devido.
Agora, tanto é bonito o post “Ben Bernanke Endorses A 73 Percent Tax Rate” como o discurso de Benjamin Shalom Bernanke a que Paul Robin Krugman se refere e que me pareceu uma tentativa de conseguir nova nomeação para presidente do FED por Barack Hussein Obama II.
O endereço do post “Ben Bernanke Endorses A 73 Percent Tax Rate” é:
http://krugman.blogs.nytimes.com/2013/06/03/ben-bernanke-endorses-a-73-percent-tax-rate/?_r=0
E melhor, lá Paul Robin Krugman faz referência ao artigo “A review of the economic research on the effects of raising ordinary income tax rates: Higher revenue, unchanged growth, and uncertain but potentially large reductions in the growth of inequality” de autoria de Andrew Fieldhouse e publicado em 02/04/2013 pelo Economic Policy Institute e que pode ser visto no seguinte endereço:
http://www.epi.org/publication/raising-income-taxes/
E uma das citações do artigo de Andrew Fieldhouse é a seguinte:
“Romer, Christina, and David Romer. 2012. The Incentive Effects of Marginal Tax Rates: Evidence from the Interwar Era. NBER Working Paper No. 17860.”
Bem, na descrição do seu primeiro ensaio você usou três frases. Eu não entendi a terceira frase. A primeira frase pareceu-me clara e mais ou menos esperada o que ela supõe. E a segunda depende do entendimento da terceira e ao mesmo tempo se provada verdadeira forçaria os governos a primeiro distribuir a renda para depois realizar o crescimento.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 23/09/2013
Anônimo (16/09/2013 às 11:36),
Bom o seu apanhado histórico sobre os textos acadêmicos em defesa da independência do Banco Central.
Há que se observar, entretanto, que eles todos mostram apenas uma correlação entre Banco Central independente e uma inflação mais baixa.
Primeiro lembro que uma das alegações contra o regime de metas consisitiu em ver no regime de metas um instruento que ajudou no processo de redução da taxa de inflação no período. E há os que entendem que a inflação muito baixa constituiu em um dos fatores a favorecer o surgimento de bolhas e da crise.
E segundo, eu lembro que Alexandre Schwartsman publicou no jornal Folha de S. Paulo de quarta-feira, 29/02/2012, um artigo intitulado "Por que?" em defesa de inflação baixa. O artigo foi reproduzido aqui no blog no post com mesmo título e saído na mesma data e pode ser visto no seguinte endereço:
http://maovisivel.blogspot.com.br/2012/02/por-que.html
Não sei porque, mas eu esperava mais de Alexandre Schwartsman. Achei a defesa de inflação baixa apenas uma manifestação classista de professor com doutorado no exterior que não quer se misturar com manifestações grevistas por aumento de salário para recomposição das perdas salariais provocadas pela inflação.
Enfim, salvo por motivos políticos, uma vez que em uma democracia um governante não consegue bons índices de popularidade se a inflação for elevada, não vejo razão a se perseguir a ferro e fogo baixos índices de inflação em países como o Brasil.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 23/09/2013
Clever é doente mental. Por favor, pelo bem do blog, não aceitem os post dele.
Obrigado
Clever
vc jah percebeu que o Alex nunca respondeu um comentario seu, ou no seu mundo maravilhoso ele dah atencao ao que vc escreve?
Revelc, Quinto dos Infernos, 8:52
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Anônimo (16/09/2013 às 11:36),
Ao ler seu comentário pela primeira vez, pensei, caso comentasse suas citações, em fazer referência a artigo de Antonio Delfim Netto com critica a frase do artigo de Kenneth Saul Rogoff que você menciona. Minha memória recente já definha e ao elaborar meu comentário, esqueci o que pensara em fazer.
O artigo de Antonio Delfim Netto intitulado “Metas inflacionárias” foi publicado no Valor Econômico de terça-feira, 04/10/2011, e pode ser visto no seguinte endereço (Na íntegra só para assinantes):
http://www.valor.com.br/brasil/1033724/metas-inflacionarias
Ou pode ser visto junto ao post “As metas inflacionárias, por Delfim Netto” de terça-feira, 04/10/2011 às 11:38, no blog de Luis Nassif, no seguinte endereço:
http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/as-metas-inflacionarias-por-delfim-netto
E o artigo de Kenneth Saul Rogoff mencionado por você e por Antonio Delfim Netto intitula-se “The optimal degree of commitment to an intermediate monetary target” e foi publicado em 1985, podendo ser visto no seguinte endereço:
http://scholar.harvard.edu/files/rogoff/files/51_qje85.pdf
E a frase transcrita por Antonio Delfim Netto é a seguinte:
"A sociedade pode, às vezes, melhorar seu bem-estar nomeando um banqueiro central que não compartilha (sic) seus objetivos sociais e que, em seu lugar, aumente o "peso" da estabilização monetária relativamente à estabilidade do emprego"
E para a frase acima Antonio Delfim Netto fez a seguinte dura introdução:
“Ninguém subscreveria hoje esta barbaridade autoritária que, até 2007, era o limite intransponível da "ciência" monetária”.
O artigo “Metas inflacionárias”, um dos melhores de Antonio Delfim Netto, vale bem a leitura. Do artigo, reproduzo um parágrafo que não creio que seja de Antonio Delfim Netto, mas, mesmo não o sendo, o redime dos vários pecados que ele infligiu ao povo brasileiro. Disse lá Antonio Delfim Netto:
“A igualdade de oportunidade é objetivo fácil de ser enunciado, mas esconde enormes problemas conceituais e práticos. De qualquer forma, deve começar com a chance de todo cidadão ganhar a vida com o seu esforço. De todos os desperdícios de recursos naturais de uma sociedade, nenhum é mais injusto, mais prejudicial à integração social e à autoestima do cidadão, do que negar-lhe a oportunidade de viver honestamente e sustentar a família com o resultado de seu trabalho”.
Belo parágrafo que eu não tenho poupado de o reproduzir.
E o artigo de Antônio Delfim Netto, publicado no Valor Econômico de ontem, terça-feira, 24/09/2013, e no qual ele faz menção a Kenneth Saul Rogoff intitula-se “Previsibilidade da taxa cambial”, podendo ser visto no seguinte endereço:
http://www.valor.com.br/brasil/3280476/previsibilidade-da-taxa-cambial
E o artigo que Antonio Delfim Netto menciona é “Empirical Exchange Rate Models of the Seventies: Do They Fit Out of Sample?” de autoria não só de Kenneth Saul Rogoff como também de Richard A. Meese e fora publicado em 1983 em Journal of International Economics, podendo ser visto no seguinte endereço:
http://scholar.harvard.edu/files/rogoff/files/51_jie1983.pdf
A observar que o artigo de Antonio Delfim Netto é elogioso a Kenneth Saul Rogoff (e a Richard A. Meese). Coincidentemente ele criticara Kenneth Saul Rogoff quando o prestígio de Kenneth Saul Rogoff estava alto e agora o elogia quando, após falha em uma planilha excel, Kenneth Saul Rogoff passa por maus bocados. Sem conhecimento econômico, tenho feito mais críticas do que elogio a Kenneth Saul Rogoff, em especial, em razão da carta (“An open letter”) dele para Joseph Eugene Stiglitz, datada de 02/07/2002 e que mencionei em comentários junto ao post “Sem alívio” de quinta-feira, 05/09/2013, aqui no blog Mão Visível, mas dá para sentir que Kenneth Saul Rogoff é um dos grandes economistas de nossa época e há 30 anos vem produzindo artigos seminais.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 24/09/2013
Renato (16/09/2013 às 12:42)
Quando a Folha de S. Paulo no Caderno MAIS, n° 6 de domingo, 11/04/1993, publicou uma ampla reportagem que deu título ao caderno com o nome de “OK, Bob, Você venceu!”, eu dizia que o título estava errado, pois quem vencera fora Roberto de Oliveira Campos.
Quem vencera fora o Roberto de Oliveira Campos servil do golpe militar que fora responsável pela modernização do Estado brasileiro, na lei de execução orçamentária, na introdução do ICMS, na valorização do planejamento. O Bob Fields que ficara a defender o liberalismo e chegara apoiar a idéia do imposto único fora um derrotado que não soubera dar valor à grande criação do ICMS, um imposto de valor agregado em modelo parecido com o que a Inglaterra só passara a adotar cinco anos depois do Brasil quando entrou no Mercado Comum Europeu. Quem vencera fora quem, conforme ele dissera depois no livro dele “Lanterna na Popa”, discutira com Carlos Lacerda na televisão e fora acusado por Carlos Lacerda de tudo querer planejar no Brasil a tal ponto que até as galinhas precisavam botar um número determinado de ovos.
Na época vi esta entrevista de Roberto de Oliveira Campos. Se tiver tempo novamente a verei. Só que depois da década de 80, Roberto de Oliveira Campos pareceu-me caricatural. Sobre os dois Robertos talvez valesse dar uma olhada junto ao artigo de Antonio Delfim Netto “Ok, Roberto Campos, você venceu!” publicado na Folha de S. Paulo de quarta-feira, 10/10/2001, e que pode ser visto no seguinte endereço:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1010200127.htm
E uma olhada junto ao artigo “Roberto Campos e o mito do “neoliberalismo”” de G. Henrique de Barroso F. e publicado no jornal O Estado de S. Paulo de 14/10/2001 e que pode ser visto no seguinte endereço:
http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/a126.htm
Sou um grande admirador de G. Henrique de Barroso F., mas é visível a superioridade do texto de Antonio Delfim Netto em homenagem a Roberto de Oliveira Campos com quem conviveu. O texto de Antonio Delfim Netto é um elogio ao Roberto de Oliveira Campos da época da ditadura militar e de períodos anteriores. O texto de G. Henrique de Barroso F. é de elogio ao Bob Fields que apareceu durante a década de 80. Em meu entendimento, G. Henrique de Barroso F. errou em forçar a presença de Bob Fields onde só havia Roberto de Oliveira Campos. Em algum momento no passado, G. Henrique de Barroso F. abraçou a causa do neoliberalismo não por ser um neoliberal, mas por acreditar que o polo oposto ao que ele se encontrava estava errado. O mundo girou e ele, G. Henrique de Barroso F., não percebendo a mudança, abraçou o Bob Fields que era mais um antípoda a ele e então tentou atribuir a Bob Fields os feitos de Roberto de Oliveira Campos. Não é porque Roberto de Oliveira Campos tenha sido servil à ditadura enquanto Bob Fields serviu à democracia que se deve ver alguma superioridade de Bob Fields a Roberto de Oliveira Campos. Os bons e maus serviços prestados por Roberto de Oliveira Campos como tal vão ficar indeléveis na cultura brasileira.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 26/09/2013
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