Acordamos um dia e descobrimos que durante um período de crédito fácil, baixo desemprego, e crescimento puxado pela demanda doméstica, a importação de carros da Coréia do Sul e da China aumentou vertiginosamente. Em 2009, 36 mil carros foram importados da Coréia do Sul e menos que 500 vieram da China; em 2010, 87 mil carros vieram da Coréia do Sul e 11 mil vieram da China; os números ainda não estão disponíveis para 2011, mas a tendência aparentemente continuou.
Cria-se um dilema então para o formulador de políticas: o que fazer?
Bem, a primeira pergunta é qual deve ser a função-objetivo do formulador de políticas. Afinal, se o objetivo é maximizar a renda do sindicato de metalúrgicos ou os lucros das multinacionais, as políticas desejáveis tenderão a ser diferentes daquelas que maximizam a produção doméstica ou as receitas para o erário. Minha premissa é que o objetivo é tornar o Brasil um país desenvolvido, isto é, reduzir o abismo de renda, condições de vida, expectativa de vida, mortalidade infantil, educação, segurança pública, acesso a oportunidades e outras benesses e benfeitorias que separam o típico brasileiro do típico cidadão de um país desenvolvido, digamos, os Estados Unidos, o Japão ou a França.
E agora, companheiro?
Minha primeira reação é que a entrada de mais importados é salutar e esperada, dado o aquecimento da economia. Sem as importações certamente a demanda em excesso da produção doméstica causaria uma combinação de aumento de preços domésticos e redução de nossas exportações de carros. Diga-se de passagem, tanto o aumento dos preços domésticos e a redução das exportações de carros são fenômenos que devem ocorrer como conseqüência do IPI seletivo que aumenta o poder de monopólio das montadoras no mercado brasileiro.
Tendo dito isso, vale a pena discutir alguns casos:
1) E se os preços baixos cobrados pelos chineses são um fenômeno permanente, gerado por um aumento sustentado da produtividade chinesa?
Um gajo me diz que as importações asiáticas (chinesas em particular) são predatórias porque o governo chinês subsidia suas montadoras. Este é um argumento que tem alguma tração. A idéia é que um país estrangeiro teria interesse em vender abaixo do custo com o objetivo de aumentar sua participação no mercado, presumivelmente porque depois da competição doméstica ser aniquilada, poderia aumentar seus preços e recuperar as perdas acumuladas durante os anos de preço abaixo do custo.
De fato, sabemos de histórias onde a concorrência asiática aniquilou firmas incumbentes. Basta lembrar o exemplo da indústria fotográfica, outrora dominada por firmas alemãs, mas hoje dominada pelos japoneses. Entretanto, a segunda etapa da narrativa do gajo não guarda muita relação com a realidade: depois que a indústria fotográfica alemã foi aniquilada, os preços das câmaras fotográficas continuaram a cair, o efeito no bem-estar alemão em geral foi nulo, e a indústria alemã, sem o peso morto de um setor que havia perdido sua competitividade, continuou a ser líder mundial em vários setores.
2) Mas e se os preços baixos dos chineses são um fenômeno temporário e insustentável?
Pode muito bem ser o caso que os carros chineses são baratos agora, mas porque os salários chineses são comprimidos devido ao caráter autoritário daquele país. Tal premissa é possivelmente falsa - os salários nas áreas costeiras da China têm subido rapidamente – mas vale a pena elaborar o raciocínio sob a premissa que existe algum tipo de dumping salarial temporário nas exportações chinesas, que geraria algum excesso de competitividade artificial, injusto e insustentável.
Neste caso, é claro que estamos tratando de uma situação em que o trabalhador chinês (sujeito a salários artificialmente baixos) está subsidiando o consumidor brasileiro (o argumento tambem vale para o caso do governo chinês subsidiando insumos industriais). Do ponto de vista chinês, isso pode ser justificado pela possibilidade teórica de externalidades de aprendizado nas exportações (quanto mais os chineses exportam carros, melhor produtores de carros eles se tornam).
A resposta para este problema não é a proteção à indústria, mas sim o incentivo à nossa exportação, via políticas macroeconômicas favoráveis, melhoria no ambiente de negócios ou subsidios a exportacao (na medida que dentro da legalidade).
3) Mas e se a indústria automobilística brasileira se encontrar frente a frente a um dilúvio de importações?
Se os carros chineses estão entrando no mercado a um preço muito barato, isso representa um ganho de renda para as famílias brasileiras, que podem poupar (reduzindo taxas de juros domésticas, aumentando a riqueza nacional) ou consumir (na margem, aumentando o consumo de outros bens e serviços domésticos, assim como as importações). Como grande parte da cesta de consumo do brasileiro é doméstica (temos minúscula penetração de importados), a fração leonina dos ganhos devido à importação vai se tornar demanda por bens e serviços domésticos.
Mas note: a queda no preço dos carros no Brasil também aumentaria a atratividade das atividades exportadoras – portanto, um aumento das importações não necessariamente significa uma redução da produção doméstica na mesma proporção. Pode ser que essa ‘substituição de exportações’ signifique menores margens de lucro ou menores rendas a ser capturadas pelos sindicatos, mas parece-me bem improvável que os ganhos do consumidor não sejam significativamente maiores do que as perdas da indústria automobilística – ainda mais se considerarmos que estamos tratando de empresas multinacionais cujos acionistas em sua vasta maioria moram na Italia, Alemanha, EUA, Japão...
Resumindo:
Estranho e preocupante seria se importações não estivessem crescendo rapidamente, dado o cenário macroeconômico corrente.
Se há externalidades de aprendizado na exportação, deveríamos melhorar os incentivos para exportar, não proteger o mercado doméstico, porque proteger o mercado doméstico tem o efeito colateral de taxar a exportação.
Incentivos para exportar podem ser melhorados (e a lista não é exaustiva):
- abrindo a economia para importações;
- dizendo não aos pedidos de proteção;
- resistindo ao tesão enrustido da esquerda brasileira por taxar o consumidor brasileiro para redistribuir para os aposentados de Stuttgart;
- criando condições macroeconômicas benignas (no caso do Brasil, política fiscal conservadora é o exemplo mais óbvio);
- criando condições microeconômicas favoráveis (redução do custo de fazer negócios no Brasil);
- liberalizando o mercado cambial (reduzindo assim os custos de transação).
Do ponto de vista do bem-estar dos residentes no Brasil, a melhor resposta à entrada de um competidor estrangeiro de menor custo no mercado é aproveitar os preços baixos. Em geral, mas principalmente se os donos do capital dos produtores domésticos não são nacionais.
46 comentários:
Alex....mas vc acha que petista tem esse background intelectual ? o único know-how dos caras é roubar, roubar, roubar.....tiveram a sorte de pegar tudo arrumado pelo Fernando Henrique e surfar no crescimento economico mundial do periodo 2003-2008......depois do caos instaurado e quando tudo tiver desarrumado, vc já sabe quem a classe mé dia chamará....o PSDB, Arminio,Malan, Gustavo Franco....você....
Alex,
Gostei do texto e concordo com tudo o que você escreveu. Mas, como o próprio Mantega enfatizou no discurso a "exportação de empregos", gostaria que você refutasse esse argumento também.
Grande abraço,
Gustavo.
"O"
Três posts muito bons, dada a clareza com que você expôs as principais contradições da medida de elevação do IPI e as prováveis consequências que elas acarretarão para quem paga impostos e vive no Brasil.
Entendo que um blog de economia não deva se furtar de discutir questões que pressupõe um conhecimento teórico da economia. Gosto de citar como exemplo o post a respeito da TQM: “tem poder explicativo zero para a determinação da taxa de inflação no curto e no longo prazo nas últimas três décadas nos EUA (vide Sargent e Surico, AER 2011).”
Aproveitei muito, apesar das minhas limitações nesse campo.
Mas posts como estes não são menos importantes, sobretudo para os leitores do blog que não têm intimidade com os conceitos e com a linguagem técnica da economia.
Como esses dois trechos podem estar em sequência?
"Mas e se a indústria automobilística brasileira for aniquilada por um dilúvio de importações?
Mas note: a queda no preço dos carros no Brasil também aumentaria a atratividade das atividades exportadoras"
Ou seja, depois de dizimada, a indústria tornar-se-á exportadora. Mais estranho que a ficção.
Bom post. Mas suas observações sem querer emprestam uma "rationale" econômica pra esse medida que ela não tem. O negócio é uma violação tão cretina de princípios básicos de economia que fica difícil ver essa medida como algo além de puro lobby do mais rasteiro. Esses caras são astutos o suficiente pra entender que, mesmo com custos difusos, o número de insatisfeitos é bem maior do que o número de beneficiados. Eu me aventuraria a dizer que há uma outra função objetivo sendo maximizada aí...
"O", parabéns. A escolha é entre os interesses dos consumidores (todos os brasileiros), das empresas (na verdade dos acionistas, a maioria estrangeiros) que defendem a reserva de mercado (privilégio colonialista) e dos trabalhadores das atividades protegidas. Um segmento industrial com quase 60 anos de existência ainda precisa de proteção? Os carros importados pagam muito mais tributos do que os nacionais. Esta proteção não basta? A indústria automobilística brasileira não sofreu a concorrência de suas matrizes e filiais (é um oligopólio internacional) e não evoluiu em competitividade (parou no tempo). Toda a população terá que sujeitar-se a comprar veículos mais caros e piores por mais 60 anos?
A RESPEITO DO CONSENSO DE WASHINGTON
AS DEZ REGRAS BÁSICAS DO CONSENSO:
1 - DISCIPLINA FISCAL. O bom senso faz com que todos concordem com o princípio.
2 - REDUÇÃO DOS GASTOS PÚBLICOS. O mais correto seria apelar para a MELHORIA DA QUALIDADE DOS GASTOS PÚBLICOS (úteis, necessários, produtivos, transparentes, honestos, razoável relação investimentos / custeio e eliminação dos improdutivos e dos privilégios).
3 - REFORMA TRIBUTÁRIA. O correto seria a simplificação e a modernização do sistema tributário facilitando a rotina (reduzindo burocracia desnecessária) e a vida dos cidadãos e das empresas.
4 - JUROS DE MERCADO. Parece que já é consenso.
5 - CÂMBIO DE MERCADO. O sistema de câmbio flutuante tem se mostrado o mais eficiente, passando mais segurança e evitando crises de balanço de pagamento, embora a volatilidade seja ainda um problema a ser melhor resolvido.
6 - ABERTURA COMERCIAL. Apesar de todos saberem ser o melhor para a humanidade, na prática protecionismos (que protegem interesses de minorias) acontecem.
7 - INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS DIRETOS (ELIMINAÇÃO DE RESTRIÇÕES). As nações mais esclarecidas e democráticas batalham para conseguir os investimentos. As mais atrasadas ainda os repelem.
8 - PRIVATIZAÇÕES (ESTATAIS). As nações mais modernas privatizaram suas empresa que não tinham nada a ver com as funções do estado. Apenas as de segurança nacional e as que exercem funções de estado estão sobrevivendo. As sociedades público-privado parecem que serão parte importante da economia.
9 - DESREGULAMENTAÇÃO (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas). As regulamentações devem estabelecer as regras do jogo, defender os interesses dos consumidores e dos mais fracos, estabelecer limites prudenciais, punições. Enfim defender os interesses dos consumidores e o livre mercado (a concorrência justa e honesta). A relação capital x trabalho deveria ser mais flexível validando acordos entre sindicatos dos trabalhadores e de empresas e também entre sindicato e empresa (individualmente).
10 - DIREITO À PROPRIEDADE INTELECTUAL. É o maior incentivador de conquistas e invenções.
Pelo descrito acima o consenso continua válido.
Marco Aurélio Garcia, 07/2009.
Com bom senso continua válido.
Não tenho muita certeza que a indústria fotográfica seja um bom exemplo de concorrência predatória. A indústria alemã seguiu um caminho de alta qualidade, baixa inovação, produção pequena, e preços altíssimos. A indústria japonesa inovou, criou mercados, baixou os preços, e ocupou todas as faixas de qualidade.
Me parece que os japoneses estavam muito mais interessados em fotografia e as indústrias de lá investiram muito mais que as alemãs, que se acomodaram no prestígio das marcas. Ou seja, não discordo de seu argumento, mas acho que a tal concorrência predatória é ainda mais rara do que dizem por aí.
"Como esses dois trechos podem estar em sequência?"
Obrigado por apontar, a resposta nao corresponde aa pergunta, ja corrigi.
A propósito dos últimos posts do "O", sugiro a leitura de "The Choice: A Fable of Free Trade and Protectionism", do Russell Roberts.
Na história, David Ricardo tem a chance de voltar à terra para provar ao magistrado celeste que sua teoria de vantagens comparativas foi uma contribuição importante para a humanidade e ganhar um lugar no céu.
Ao longo da fábula, é narrada uma conversa entre Ricardo e um empresário fabricante de televisores nos EUA, convencendo-o dos benefícios do livre comércio e rebatendo cada argumento pelo protecionismo.
Mesmo para quem já acredita em livre comércio, é uma história interessante, bem escrita e com sacadas geniais.
W.
Caro "O", de um leigo para um especialista,
você saberia dizer com alguma precisão (se for possível fazer isso agora, claro) quanto dessa alta do dólar pode ser colocada na conta das medidas do governo brasileiro?
nad adisso, o chines subsidia na medida que deixa o yuan desvalorizado, atrelado ao dolar.
acontece que assim eles importam inflação e o pobre lá continua pobre, mas dane-se a pobreza, lá não tem eleição e ponto final.
é duro pra uma economia de mercado competir com uma economia de semi escravos
Alex
Eu não acho justo enfiar no mesmo saco a BMW, Mercedes, Volvo e Audi, por exemplo, com porcarias tipo JAC, Cherry e similares.
Competir com as quatro primeiras obriga a indústria nacional correr atrás.
Já as outras...
A verdade é que os empresários brasileiros são eficientes até a porta da fábrica ou das porteiras da fazenda, aí quando se olha o que o governo cobra e o que dá em troca é que nos arrebenta. Ou o estado brasileiro ganha o mínimo de eficiência ou não haverá medida protecionista que dê jeito.
Caro "O",
Se admitir que o imposto é permanente, suas colocações estão 100% corretas, mas admitindo que ele é temporário e os agentes sabem disto, em um setor onde o planejamento é de longo prazo e o cambio estava ajudando e muito os carros importados, não faz sentido um pequeno pedágio para alongar o prazo de ajuste entre a industria nacional e os carros Importados? Claro que aumentar o custo dos carros importados em 30% não é pequeno.
Está faltando uma variável nessa análise: a taxa de câmbio. Se a taxa de câmbio por volta de R$ 1,60, como estava até a época em que esta medida foi decidida, for considerada permanente, o resto da análise pode fazer sentido. Mas e se ela não for sustentável (dado o crescente déficit em conta corrente)? Faz sentido liquidarmos a indústria nacional por conta de uma taxa de câmbio insustentável, que inevitavelmente será revertida a médio prazo?
Mas quem disse que a indústria nacional está sendo liquidada?!? Vai na página da Anfavea e checa os números de produção e exportação de automóveis.
Ou será que tu não conseguiste entender depois de tudo que eu escrevi que a medida do IPI foi tomada para evitar que novas firmas se instalassem no Brasil? Isto é o que significa as tais "barreiras de entrada" que eu mencionei.
Com esse sistema educacional que nós temos...
O Megainvestidor Jim Rogers, na CNBC, disse que o Brasil iniciou uma "trade war".
Nao sei se eh correto o titulo. O aumento das tarifas foram um erro como demonstrado no excelente post do Alexandre, mas os EUA desvalorizaram o dolar com medidas governamentais tal como o quantitative easing. E a China, sabemos, define a taxa de cambio pela burocracia. China e os EUA correspondem por cerca de 30% do comercio mundial.
O real estah supervalorizado, talvez tao preocupante como impor tarifas seja controlar a alta do dolar p/ mascarar a inflacao contida pelas gastos publicos e custo Brasil.
[]s!
P.S.: link p/ video do Jim Rogers:
http://video.cnbc.com/gallery/?video=3000047123
"...tu não conseguiste entender..."
De fato, "Com esse sistema educacional que nós temos..."
as "montadoras" realmente não estão sendo liquidadas - ainda, pois a concorrência chinesa estava só começando - mas outras indústrias já foram para o vinagre. Quer exemplos? A indústria de ar condicionado. É um setor sem muita sofisticação, que poderíamos perfeitamente atender com produção local. Antigamente não importávamos nada. Hoje importamos tudo! No setor de autopeças tem inúmeros exemplos....estamos importando até pneus.
"O"
o que acha dessa medida?
http://www.valor.com.br/internacional/1015380/filme-faz-academia-rever-lacos-com-wall-street
será que chegou a hora das faculdades no Brasil tomarem vergonha na cara e também exigirem que os professores divulguem quando estão fazendo trabalhos supostamente científicos e que na verdade são pagos?
Isso vale tanto para os que elaboram trabalhos para o mercado como para o governo!
Sim. E é exatamente porque não protegemos o setor de ar condicionado e outros, que nós hoje nos sentimos e somos mais ricos do que éramos no começo dos anos 80 quando éramos forçados a comprar nacional.
""...tu não conseguiste entender..."
De fato, "Com esse sistema educacional que nós temos...""
S.B.D, eu acho que tu não conseguiste entender, ou conjugar... De fato, com esse sistema educacional que nós temos...
Pior do que dar aula de conjugação é ser chamado de Alex. Pô não é possível que tem gente que ainda acha que o "O" é o Alex. Por falar em Alex, Where's he?
Caro ‘O’, perfeitos seus argumentos. A medida protecionista, quanto muito, poderia se justificar para proteger alguns empregos no curto prazo, mas esse discurso possivelmente não é usado porque o volume do emprego, como um todo, vai muito bem. Todas as vezes que o governo formula uma política industrial lembra-se da indústria automobilística, como se ainda a estivéssemos implantando, nos anos 50 do século passado. Claro, é a ideologia desenvolvimentista de braços dados com o corporativismo de maior poder de fogo. Mas isso é o que somos. Não é apenas o caso da indústria automobilística, nem apenas da indústria, é nossa natureza mais íntima. Se lembrarmos agora da discussão sobre o elevado “juros de equilíbrio”, que rendeu o bom artigo do Alex neste mesmo blog em 7 julho, “Sobre Jabutis e Jabuticbas”, não parece haver muito mistério ali: os juros elevados são essenciais para compatibilizar a iniciativa do Estado, em termos de alocação de recursos, e a inflação baixa. O outro lado da moeda é o crescimento fraco e a baixa produtividade. Aliás, mesmo esse compromisso, o atual governo está se descartando dele. Não é necessário sequer levantar o “véu” da ideologia, é o que fazemos e o que o governo diz fazer: o Estado no comando do processo de desenvolvimento. O problema mais sério é que, politicamente, não estão colocadas alternativas, o PSDB não é diferente.
Enquanto isso, no mundo real...
http://exame.abril.com.br/negocios/empresas/noticias/jac-interrompe-abertura-de-fabrica-brasileira-e-critica-aumento-do-ipi
"Por falar em Alex, Where's he?"
Envolvido na burocra e demais coisas operacionais de abrir uma empresa (comprar móveis, instalar telefones, montar rede, definir o projeto gráfico dos relatórios, ver como se monta um sítio na internet, etc, etc, etc, etc e muitos outros etc - para falar a verdade, bem mais etc que eu um dia sonhei).
Por outro lado, o "O" mandou bem.
Enquanto isso, no mundo real...
http://exame.abril.com.br/negocios/empresas/noticias/jac-interrompe-abertura-de-fabrica-brasileira-e-critica-aumento-do-ipi
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Nenhuma surpresa aqui. O principal motivo da medida provavelmente era evitar que os chineses instalassem a fábrica aqui. Eles conseguiram.
o que acha dessa medida?
http://www.valor.com.br/internacional/1015380/filme-faz-academia-rever-lacos-com-wall-street
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Melhor tarde do que nunca, mas acho que tinham que dar um pé na bunda do pilantra do Mishkin também.
”Se admitir que o imposto é permanente, suas colocações estão 100% corretas, mas admitindo que ele é temporário e os agentes sabem disto, em um setor onde o planejamento é de longo prazo e o cambio estava ajudando e muito os carros importados, não faz sentido um pequeno pedágio para alongar o prazo de ajuste entre a industria nacional e os carros Importados? Claro que aumentar o custo dos carros importados em 30% não é pequeno.”
Mas não foi isso apenas a medida!
Foi muito pior que isso, a medida foi desenhada para evitar que as montadoras chinesas e coreanas instalassem fábricas no Brasil.
Como que a “indústria brasileira” vai ser ajudada com isso?
Na realidade, as consequências podem ser ainda piores que eu retratei se isso significar que os coreanos e chineses vão instalar suas plataformas de exportação para a América Latina em algum país vizinho.
"...para falar a verdade, bem mais etc que eu um dia sonhei)". Acho que dá para colaborar com a "The Economist", sobre como fazer negócios na selva, não?
abs
Posso estar enganado, mas o Alberto099 me pareceu o típico liberalóide que coloca no mesmo saco PT e PSDB. Se os governos FHC e Lula não foram suficientes para perceber as diferenças entre os dois partidos, sugiro que assista aos vídeos disponíveis no IFHC:
http://ifhc.org.br/index.php?module=galeria&class=video&event=ver&id_galeria=246
São verdadeiras aulas de economia brasileira.
E o pior disso td e que o governo nao admite que essa politica de barreiras a entrada no mercado brasileiro foi protecionista. Em discurso na ONU, a nossa presidente teve o sinismo de dizer que o Brasil esta comprometido em combater qualquer tipo de PROTECIONISMO!!!
Sera que ela acha que ninguem no mundo acompanha os jornais brasileiros? Ou ela acha mesmo que nos somos tds ignorantes?
Não se trata de botar PT e PSDB no mesmo saco, trata-se de reconhecer que ambos são de esquerda e que falta no Brasil um discurso alternativo ao discurso de esquerda, por exemplo, falta um partido que questione o SUS ou a gratuidade das Universidades Federais. Dito isto é impossível confundir PT com o PSDB, o segundo é um partido e o primeiro é uma gangue.
A conclusão imediata é que as medidas visaram "impedir que chineses e coreanos instalassem montadoras no Brasil", como fundamenta o post. Se a qualidade dos carros chineses e coreanos não é boa, o que dirá dos "nacionais", mais caros, cheios de acessórios, prestações que pagam mais de um carro? Os carros "nacionais" entram na curva de manutenção e as prestações ainda não acabaram. ai, o consumidor passa pagar duas coisas caras: a manutenção e a prestação. Valeria a pena comprar um "nacional", mais caro, só por ser "nacional"? Outra questão, intrigante do post, é a possibilidade das montadoras chinesas e/ou coreanas, colocarem suas plataformas em algum país vizinho. E se for num dos vizinhos do Mercosul? Outro aspecto. No "nacional", é "dado como brinde", um jogo de tapetes de borracha. Enquanto nos outros, já há "air bag" duplo instalado.
Quando vejo estes artigos do "O", lembro sempre do Bastiat, que também combatia discursos econômicos falaciosos.
A primeira vez que eu li, fiquei pensando que já naquela época, década de 40 do século XIX, se discutia sobre o intervencionismo e protecionismo na economia. Mas depois pensei que, mesmo depois de tantos textos escritos e experiências, ainda se insiste em medidas protecionistas.
Lembro sempre desta passagem que está no conhecido texto sobre a vidraça quebrada:
"... não é menos absurdo procurar o lucro numa restrição, que não passa afinal de uma destruição parcial."
Estas medidas são apenas forma de destruição de riqueza e apropriação da renda alheia, ou seja, um ataque ao direito de escolha e direito de propriedade.
Eu não sei como fazer isto, mas medidas protecionistas deveriam ser acompanhadas por regras que emulassem um sistema de concorrência. Mas ninguém se preocupa com isto, quando é fácil ver os empregos salvos no ABC paulista, mas quase impossível ver os empregos perdidos ou não gerados em outras regiões.
A lógica é absurda mesmo.
Uma indústria se aproveita do protecionismo e não se torna nem eficiente e nem competitiva, pois este é o incentivo do protecionismo.
Aí, quando está sujeita a uma concorrência que pode abalar o seu mercado cativo, advoga mais protecionismo para poder sobreviver.
A solução da situação criada pelo protecionismo acaba sendo mais dose de protecionismo. Qual é o limite disto?
Bom ponto Rogerio Ferreira, o brasil é o país da expropriação da renda alheia e, pasmem, com aval da justiça. Na realidade, burocratas dos três poderes, incluindo juízes, boa parte da classe política e empresários que detestam concorrência estão aí para se dar bem, o cidadão comum que se dane.
O 'senão' que coloco nesta discussão é a manipulação cambial usada, para o mesmo beneficiado país, como facilitador das exportações e dificultador das importações.
"O"
Quantas firmas voce acha que devem competir no mercado automobilistico brasileiro?
voce acha que um mercado com, digamos, 10 ou 15 competidores de porte similar e bom para o pais ao medio ou longo prazo?
Qual e o ROIC associado a estruturas diferentes: 3, 5, 10 ou 15 competidores? Ou sera que nao importa?
Caros anônimos que se referiram ao meu comentário anterior. Liberaloide eu aceito, com a conotação depreciativa e tudo. Mais do que PT e PSDB serem partidos de esquerda, acho difícil qualificar um partido para além de um amontoado de pessoas heterogêneas, graças à “indisciplina” partidária que nossa lei consagra. Mas nenhum dos dois assume abertamente bandeiras liberais, como as enunciadas por “O” como política econômica (industrial?) alternativa. Mas típico, acho que não. Como na falta de partidos que façam sentido somos obrigados a discutir nomes, sou muito mais os erros do metalúrgico que a farsa do sociólogo, os primeiros são mais transparentes e permitem verbalizar a correção com mais consistência. Mas a atual presidência é a pior das três últimas, regride em questões que estavam pacificadas. Recuso, assim, o título de liberaloide típico, porque esse acaba votando com os tucanos (no fundo por uma questão de grife, me parece), e meu voto é mais matizado.
"Quantas firmas voce acha que devem competir no mercado automobilistico brasileiro?
voce acha que um mercado com, digamos, 10 ou 15 competidores de porte similar e bom para o pais ao medio ou longo prazo?
Qual e o ROIC associado a estruturas diferentes: 3, 5, 10 ou 15 competidores? Ou sera que nao importa?"
Não sei a opinião do "O" sobre esse assunto. Mas a minha opinião é bem simples: não faço a menor idéia do número ótimo de firmas no médio e longo prazo no Brasil. E creio ser muito difícil alguém realizar esse cálculo. Por isso mesmo que acho uma temeridade fazer esse tipo de intervenção. Até porque há uma diferença entre ter, digamos, umas 6 montadoras que se revelaram as mais eficientes ao longo do tempo e ter 6 fábricas porque o Papai Estado ajudou a erguer barreiras de entrada aos potenciais competidores.
Anônimo 26 de setembro de 2011 23:13,
Acho que a pergunta não é bem formulada, porque parece assumir que o mercado consumidor brasileiro seria o mesmo que a estrutura produtiva brasileira.
Mas não é e nem deve ser. Em termos de mercado consumidor, o ideal seria que o consumidor brasileiro tivesse acesso ao máximo possível de competidores. Idealmente, o consumidor brasileiro poderia ir no Submarino e comprar o carro que ele quiser.
Já em termos de produtores, eu não ligo para o número de produtores, mas sim para a quantidade produzida. Se vamos consumir 3 milhões de carros por ano, eu gostaria que nós produzíssemos 6 ou 9 milhões, e não ligo se serão 5, 10 ou 15 montadoras.
Antes do assunto esfriar, via WSJ e o Tyler Cowen, três economistas americanos calcularam que de um a dois terços dos ganhos oriundos do comércio com a China são anulados pelos gastos do governo com seguro desemprego e "food stamps".
Isso porque as regiões mais expostas à competição chinesa não só perdem empregos industriais como também tem menores taxas de ocupação no mercado de trabalho.
Segue o link do texto:
http://econ-www.mit.edu/files/6613
Acrescento: os americanos que perdem seus empregos são eleitores...
Por motivo de justiça intelectual e complementando o post anterior, em inglês porque estou sem tempo de traduzir:
"There are, important benefits from trade that aren’t captured—because nobody has figured out how to measure them. For example, commodity-producing countries the U.S. exports to have been boosted by China’s growth, creating greater demand in those nations for U.S. goods."
A razão real dessa medida do aumento do IPI é para o PT fazer caixa para as eleições municipais do ano que vem.
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