É certamente questionável o julgamento de qualquer economista que se disponha a dar uma entrevista ao Monitor Mercantil, uma publicação cuja existência fascina paleontólogos amadores como um sinal de que o elo perdido pode ainda andar entre nós.
Ainda mais se tal economista já passou pelo contratempo de ter sido citado –segundo ele, erroneamente – por aquele jornal como dizendo que Chávez é “o cara” e que "a Revolução Bolivariana encontrou o caminho para obter câmbio depreciado e competitivo no longo prazo".
Mas este é só o exterior da cebola. Quando a descascamos, a barbaridade é de assustar. Leia, segurando-se na cadeira, o trecho abaixo (em azul as passagens mais boçais):
Juro que vou tentar entender.EM VEZ DE CAPITALIZAR CAIXA VIA TESOURO, GOVERNO OPTA POR PAPÉIS TÓXICOS
"Há risco de formação de uma bolha. Não se pode esquecer que a crise começou com a securitização." O alerta é do economista José Luiz Oreiro, da Universidade de Brasília (UnB), ao comentar a possibilidade de, nas próximas semanas, a Caixa Econômica Federal captar R$ 500 milhões via securitização (títulos que repassam a dívida dos mutuários via papéis a serem comercializados livremente no mercado financeiro) de sua carteira de empréstimos, conforme disse a presidente do banco, Maria Fernanda Ramos Coelho, reafirmando anúncio feito esta semana pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Para Oreiro, o melhor é capitalizar a Caixa (e também o Banco do Brasil) pelo próprio governo, via aportes do Tesouro, a exemplo do que já ocorre no BNDES.
"Cheguei a propor isso ano passado. Afinal, os financiamentos da Caixa geram muitos empregos. Mas sou contra produtos financeiros exóticos", criticou, advertindo que, a longo prazo, a Caixa se tornaria um banco de investimento, "o que é ruim".
De acordo com o economista da UnB, o risco da securitização é a perda de controle sobre as emissões seguintes. "Uma obrigação lastreada em ativos, quando vendida no mercado secundário, para um banco de investimento, pode criar outro instrumento exótico que será empacotado e repassado. Aí, pode perder o controle, já que reduz a transparência."
Quanto à elevação do risco, Oreiro ponderou que se, por exemplo, algum fundo de pensão resolver vender ativos secundários, é provável haver queda acentuada no preço dos papéis, causando apreensão no mercado financeiro.
A presidente da Caixa disse que deverão ser lançadas também letras financeiras, espécie de debêntures criadas pelo governo no fim de 2009, para os bancos captarem recursos de longo prazo. A Caixa já lançou R$ 1 bilhão em letras financeiras e pode lançar mais R$ 2 bilhões.
O professor acha que securitizações geram bolhas, portanto a Caixa deve se capitalizar via endividamento do Tesouro. Mas como securitizações geram bolhas segundo o mestre? Elas geram porque securitizações porque "há uma perda de controle sobre as emissões seguintes (...) Uma obrigação lastreada em ativos, quando vendida no mercado secundário, para um banco de investimento, pode criar outro instrumento exótico que será empacotado e repassado. Aí, pode perder o controle, já que reduz a transparência." Interessantemente, o mesmo pode ser dito de qualquer ativo financeiro. Dívida pública pode ser empacotada no mercado secundário, assim como recebíveis das Casas Bahia ou do crédito consignado. Mas aparentemente o doutor Costa Oreiro não parece saber disso...
Além disso, o professor Costa Oreiro também se preocupou com a possibilidade que a venda por algum fundo de pensão de posse de papéis secundários lastreados por crédito imobiliário da Caixa possa causar apreensão no mercado financeiro. Alguém pode explicar para o professor que fundos de pensão compram e vendem todo tipo de ativo financeiro todos os dias?
“a longo prazo, a Caixa se tornaria um banco de investimento” Er... Alguém pode explicar para o professor o que é um banco de investimento?
Este engolidor de espadas não é o Professor Costa Oreiro.
Pois é... Tio “O” escreveu mais um texto enfadonho. Quem poderia imaginar que o professor de macroeconomia da UNB e diretor da AKB não tem idéia alguma sobre mercados financeiros? Qual vai ser a próxima? Anunciar ao mundo que o Internacional de Porto Alegre joga com uma camisa vermelha?
Pelo menos sinto um conforto em saber que este é o calibre intelectual dos nossos Luditas do século 21.