teste

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Agora eu entendi...

Vejam este trecho da entrevista do Grande Inquisidor do Ipea

Como se pisa no freio, já sabemos. Como se pisa no acelerador?

Estamos vivendo um ciclo de expansão da economia fundado nos investimentos. Temos hoje uma poupança enorme. A dívida pública no Brasil é de 43%, 44% do PIB (Produto Interno Bruto). É dívida, mas é crédito. Esse dinheiro está circulando. O desafio nosso para sustentar o crescimento é fazer o deslocamento, com cuidado, do que está hoje na ciranda financeira para o investimento produtivo. Isso não se faz, necessariamente, somente reduzindo os juros. Se reduzirmos os juros, mas não tivermos uma agenda de investimentos em que o setor privado possa ter o retorno adequado, esse dinheiro vai embora.

Agora eu finalmente entendi. Dívida é dívida, mas dívida também é crédito. Logo, quanto mais dívida, mais crédito. Quanto mais crédito, mais crescimento. Então o negócio é o governo se endividar bastante para gerar muito crédito e acelerar o crescimento econômico. E, como para se endividar, o governo precisa gastar, o negócio é gastar muito...

É interessante notar que, para o Pochmann e seus asseclas, a conclusão é sempre que o governo deve gastar mais. Só a justificativa se torna anti-cíclica: se na recessão, é para aumentar a demanda; se na prosperidade, é porque a arrecadação mais alta o permite.

Fato é que o Pókemon não passaria no curso de Contabilidade Nacional em qualquer escola séria de Economia. Começa confundindo poupança (um fluxo) com dívida governamental (um estoque). É mais ou menos como afirmar que o fluxo de caixa de uma empresa é bom porque sua dívida é alta, i.e., uma afirmação que não faz qualquer sentido (algo como 2+2=amarelo).

O endividamento resulta do déficit público (a dívida nada mais é que a acumulação de déficits). Só que o financiamento do déficit público compete pela poupança nacional (e poupança externa) com o financiamento do investimento privado. Isto não é uma especulação; é uma identidade contábil. Podemos até dizer que numa identidade não há relação de causa e efeito, mas isto não é desculpa para ignorar a restrição contábil da forma como o Torquemada de Campinas o faz.

Gastos maiores do governo reduzem a disponibilidade de bens e serviços para o setor privado. Olhando este fenômeno pela ótica financeira, uma parcela a mais da poupança tem que ser direcionada para a aquisição de títulos da dívida pública (portanto não para aquisição de títulos provados). É óbvio, mas, por incrível que pareça, nem as obviedades são respeitadas.

E crédito é associado à demanda. Não há qualquer menção a como a oferta vai acomodar a expansão de demanda. É a velha Lei de Yas (o contrário da Lei de Say): a demanda, na visão dos “keynesianos de quermesse”, sempre gera sua própria oferta. Deve ser por este motivo que nunca houve inflação no mundo.

31 comentários:

Caro Alexandre.. é preciso "bombardear" cada vez mais esse tipo de raciocínio torto que só atrapalha o que e como dever ser feito.. Abracos, Rico

Não dá para deixar passar em branco. Sempre que alguém esbarrar num amontoado de cretinices como o cometido pelo Torquemada de Campinas, por favor me avise. É trabalho de saneamento.

Abs

Alex

O próprio. Em carne, osso e ausência de massa cinzenta.

O que precisamos nesse país é que os economistas que tomam as decisões no governo, tenham um mínino de equilíbrio e de conhecimento daquilo que está fazendo, pelo menos como o "JOSÉ".

Alexandre,
Eu não tinha lido essa entrevista. Dívida é crédito é coisa de gênio. E desde quando a poupança brasileira é enorme? Como é que o sujeito diz essas coisas e é presidente do Ipea?
Um abraço,
Marcos

Matamoros:

Só gênio mesmo para vir com esta. O bacana é que não preciso dizer o que ele disse; basta reproduzir e o comentário já vem junto.

Eu me lembro de um destes gênios que anos atrás (pode ser o próprio Torquemada de Campinas, mas não garanto) dizia haver muita poupança no Brasil: era só ver o volume de crédito que o BNDES poderia prover...

Mas o que assusta mesmo é não saber responder sua pergunta.

Abs

Alex

Essa malta tem que ser ridicularizada, exposta ao escarnio como os jecas ignorantes que eles sao.

O ridículo pode ser muito eficiente. Infelizmente os que cometem este tipo de bobagem parecem imunes ao ridículo, já que não têm sequer a inteligência de reconhecê-lo.

Abs

Alex

Eles sao imunes ao ridiculo porque nao entendem que estao fazendo um papel ridiculo ou porque sao cinicos?

Eu tenho uma suspeita bem forte que tem um bocado de cinismo... Eles devem saber que estao falando besteira, mas nao tem vergonha na cara e mentem mesmo.

(Poxa vida, ninguem pode ser tao burro como o Porcman finge ser!)

Esta é uma questão bem difícil de resolver: será que são burros, ou só se fazem de burros?

Eu não sei a resposta. Provisoriamente eu fico com a primeira alternativa (são mesmo uns cretinos). Vamos pensar num teste empírico que possa distinguir entre a imbecilidade real e a estupidez fingida (soou meio Noel Rosa, não?). Aí voltamos ao assunto.

Abs

Alex

Caro Alexandre,

É a teoria do queijo suíço ganhando sua versão dívida pública="crédito"...

Já dá até pra pensar em um livro: "Freakonomics Brasiliensis" uma edição especial dedicada febeapá econômico e seus ilustres embaixadores: (sic)sú, g.manteiga engarrafada e ao nebuloso (pra não dizer outra coisa) pokemon campineiro.

Idéia promissora Aurélio.
Abs
Alex

“[...] Quando a gente não tem que botar a mão no bolso para gastar dinheiro, a gente vai gastando mais do que se tivesse que tirar uma notinha do bolso”

Adivinhem de quem é a autoria desta frase?

Legal tambem foi a mencao 'a "ciranda finaceira" e a "competicao capitalista" como fontes dos problemas brasileiros....1980 redux!

Imagine todos os banqueiros deste país dando as mãos para dançar uma "ciranda financeira"... Só mesmo na quermesse...

Está aqui a explicação para o padrão de gastos públicos que petistas e alcoólitos consideram "produtivo" para o país... Luís 14 não explicaria melhor tal padrão: "O reitor da Universidade de Brasília (UnB) contestou os gastos de quase meio milhão de reais apresentados pelo Ministério Público sobre a decoração do apartamento dele. Ele afirmou que não vê problema legal, nem ético na despesa paga pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec).



Veja o site do Jornal Nacional

Estudantes fizeram um protesto em frente ao prédio onde mora o reitor. Longe dali, no gabinete, na universidade, Timothy Mulholland deu a primeira entrevista depois que a imprensa divulgou detalhes sobre a decoração do apartamento dele paga pela Finatec. Alguns ítens chamaram a atenção, como um abridor de latas de R$ 190, um saca-rolhas de R$ 859, e três lixeiras com preços de quase mil reais.

O reitor Timothy Mulholland se defendeu. “A determinação que demos e que foi seguida até onde foi possível averiguar é que fosse comprado material durável e é claro que havia uma linha estética. Não se mobília uma casa de qualquer maneira. Tem linhas de estética para poder ter um conjunto harmonioso", disse.", segundo o G1.

É por isso, para que essa gente more em um "conjunto harmonioso", que os juros do país têm que ser mantidos com rédea curta, de forma que "elles" possam aquecer a demanda... e pensar que quem pagou a "despesa" foi uma fundação para empreendimentos tecnológicos que recebeu repasses de R$23 milhões...

Para ler a íntegra: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL293063-5598,00-REITOR+DA+UNB+DIZ+QUE+NAO+HA+PROBLEMA+LEGAL+NA+DECORACAO+DE+APARTAMENTO.html

Boa tarde, mantenho um blogue chamado O desafio de pé de porco e gostaria de utilizar um texto seu - A inteligência nanica" - nele. A idéia contida em tal escrito é algo interessante para o conceito de tal blogue.

Sobre os textos contido por aqui, concordo e colocarei um link de sua coluna no outro que mantenho: CGDD

Obrigado pela atenção
Cristiano Gomes

Sem problema Cristiano.

Abs

Alex

Obrigado por deixar utilizar seu texto "Inteligência nanica". Existe uma introdução feita e caso discorde, favor manifestar.

Caros, devo lembrar o tipo de pessoa que vocês estão criticando.

Quando saiu o forte pib do segundo trimestre de 2007, que veio junto com o aumento da proporção de trabalhadores com carteira assinada, Pochmann soltou:

"Isso derruba a idéia de que a legislação trabalhista prejudica a formalidade no mercado de trabalho."

Algo análogo a:

"A morte de milhares de crianças em Hiroshima ao longo do ano de 1945 derruba a idéia de que campanhas de vacinação infantil, como a adotada na cidade no início daquele ano, afetem a mortalidade infantil."

A questão relevante não é ser ele um absoluto incompetente (quiçá desonesto). A questão é: como impedir que a espécie se dissemine? Como aumentar a qualidade do ensino de economia no Brasil?

Excelentes pontos Pedro, em particular a questão de como impedir que esta espécie se alastre ainda mais.

Para ser honesto, não tenho uma resposta. Parte da solução depende da melhora do ensino da disciplina no Brasil. Acho que vem acontencendo.

Mais brasileiros têm saído para estudar e vejo, com alegria, uma rapaziada excelente voltando do doutorado com uma formação impecável. Os centros brasileiros (PUC, EPGE e, agora, o Ibmec) têm melhorado também.

Outra parte, acredito, passa pela ocupação do espaço com análise séria que denuncie as picaretagens de Pochmanns e Sicsús e campineiros em geral. Não podemos dar trégua.

Sinceramente, não sei se resolve, mas ajuda a afastar as melhores mentes da influência perniciosa destes caras.

Abs,

Alex

Eu acho que expo-los ao ridiculo deve ajudar a influenciar os mais jovens...

Tambem devemos levar em conta que ha uma questao geracional. Muitos dos druidas nao vao deixar sucessores. E os mini-druidas, porcman e sicsu, sao muito menos talentosos que a geracao antiga (o primeiro, alias, eh assustadoramente burro, com o perdao da palavra).

Eu recentemente andei conversando com economistas de outros paises latino-americanos, e um colombiano me explicou que a mudanca geracional no debate em seu pais aconteceu anos atras... Hoje em dia, nao existe um unico druida que levanta-se contra a liberdade operacional do Banco de la Republica...

Ainda vamos chegar lah!!

Caso isto faça mesmo parte da solução (acredito que sim), este será um espaço destinado a "desencapetar" a profissão.

Abs

Alex

Não é só o sicsu e o porcman, também tem o Paulinho Bomba Atômica, que aceita o crédito pelo aumento no yield dos títulos brasileiros de longo prazo... digo aceita o crédito por descarrilhar a redução da meta de inflação em meados de 2007.

Fui injusto com o Bombinha. Ele é tão ruim (ou pior) que os supra referidos. Com a agravante de ter conseguido, em menos de um ano, ter destruído o trabalho do Kafka, do Murilo e do Loyo no Fundo.

É difícil imaginar que ele tenha alcançado as posições que ele alcançou por competência (não sabe nada...) e não por sobrenome.

Competência certamente não é o forte do rapaz...

Mas o mais bizarro é que ele abertamente gaba-se de sua ascendência na Folha de São Paulo: “meu avô foi um governador nacionalista...”, “meu papai foi um embaixador nacionalista...”

É de uma naniquice intelectual que me dá nojo.

Imagina só onde que o meninão devia estar morando durante a ditadura militar... papai era um dos grandões naquele aquário e foi mandado para a sinecura em Noviorque na ONU...

E semana sim, semana não, o Paulinho destila o discurso populista sobre a “turma da bufunfa”... Para mim, turma da bufunfa é quem avança na carreira apesar de não ter talento e ser preguiçoso, devido apenas ao sobrenome...

Por outro lado, isto também nos permite referirmo-nos ao rapaz como ele merece: "Bombinha".