teste

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O retorno do filho pródigo

Era uma vez um mercador que, para sua surpresa e desgosto, descobriu que seu filho mais velho devia uma enorme quantia, sobre a qual pagava juros elevadíssimos. Bom pai, e preocupado com a reputação, o mercador decidiu que deveria ajudá-lo. Já que seu crédito era melhor que o do rapaz, tomou emprestado a juros menores o montante que o filho devia e pagou os credores. Porém, para que o rapaz aprendesse a lição, obrigou-o a pagar-lhe de volta a dívida, mas com juros literalmente de pai para filho, isto é, inferiores àqueles que pagara para obter os recursos com que quitara a dívida.

Para a família como um todo não foi um mau negócio. A taxa de juros que incidia sobre a dívida ficou menor, reduzido o montante que pagaria caso o velho não tivesse interferido. Olhando, no entanto, cada membro da família, a distribuição do ganho foi bastante desigual.

O filho pródigo foi o grande ganhador. Ao invés de pagar a taxa de juros cobrada de quem tinha crédito ruim na praça, acabara pagando uma taxa ainda menor que a cobrada do pai.

Já o resto da família não achava a situação tão positiva. Por um lado tivera que assumir a dívida do filho, o que piorou o crédito do patriarca. Caso quisesse tomar mais dinheiro emprestado o velho teria que pagar uma taxa de juros mais elevada. Não bastasse isto, ainda tinha que assumir o subsídio ao filho estróina, isto é, a diferença entre os juros que a família pagava aos seus credores e o juro que o filho pagava ao pai. Os demais irmãos tiveram que trabalhar mais (ou, de forma equivalente, receber menos do pai) para cobrir a quantia, na prática pagando pelo destempero do mais velho.

Com o passar dos anos, porém, o patriarca se recuperou. Conseguiu pagar a dívida e seu crédito voltou a melhorar. A evolução foi tanta que o mercador conseguiu tomar dinheiro a taxas menores do que aquelas que cobrara inicialmente do filho. No entanto, ao anunciar, orgulhoso, que conseguira refinanciar a dívida a juros inferiores aos cobrados do filho o velho deflagrou uma crise familiar.

O rapaz, agora um homem, exigiu do pai que lhe repassasse os ganhos, reduzindo também os juros sobre sua dívida para com o mercador, “senão passaria a subsidiar o resto da família”. Se dependesse do velho, isto teria ocorrido, mas uma das irmãs não permitiu. Por que, perguntou, quando era ele o subsidiado, onerando os demais membros da família, o irmão não se oferecera para pagar uma taxa de juros igual à cobrada do pai? Além disto, se no futuro a situação da família voltasse a exigir taxas de juros mais altas, o irmão estaria disposto a continuar pagando a taxa que seria cobrada da família, ou exigiria a volta à situação anterior?

O conto se encerra aqui, sem conclusão, porque não conhecemos ainda o seu final. Sabemos que o custo do financiamento da dívida federal ameaça – passados mais de 10 anos da assunção pela União da dívida dos estados e municípios – atingir patamar inferior à taxa de juros cobrada na reestruturação de suas dívidas. Sabemos também que estados e municípios já se mobilizam para tentar novamente renegociar suas dívidas com o governo federal, convenientemente esquecendo o enorme subsídio que obtiveram da União (ou seja, dos habitantes dos estados e municípios não beneficiados pelos acordos de reestruturação de dívidas) ao longo dos últimos anos. Só não sabemos se o governo federal irá se curvar à demanda do filho mais velho, ou se apontará sua iniqüidade gritante e dará aos demais brasileiros a parte que lhes cabe dos negócios da família.

(Publicado 01/Abr/2009)

204 comentários:

«Mais antigas   ‹Antigas   201 – 204 de 204   Recentes›   Mais recentes»

Eu realmente nao entendi ateh agora qual o seu ponto. Seja mais preciso, por favor.

Primeiro, voce veio com esse blablabla sobre o coeficiente autoregressivo da inflacao, e eu refutei o argumento como um erro primario de entendimento de macroeconomia, pois tal coeficiente eh um termo de forma reduzida e passivel de tomar qualquer valor dependendo da politica monetaria.


Esse é apenas um argumento empírico. O coeficiente autorregressivo da inflação não foi 1 nem nos anos 70. Aliás, não sei se foi nem no Brasil. É um argumento puramente empírico, é tão difícil assim entender?

Lucrécio.

E eu não vim com blablabla nenhum, se você se der ao trabalho de ler o que eu escrevi, vai perceber isso.

Alan Blinder diz blablabla?

Pensei que em Priceton as pessoas fossem mais sérias. E depois não tem nada fora de contexto ali não, ok?

Lucrécio.

Everyone who is into style depends on a great stylist to look good and help with hair issues and problems.
My hair doesn't always look good when I'm going to attend openings and red
carpet events. It is designed for professionals so you know you're getting top performance.

Feel free to visit my homepage: hair products

«Mais antigas ‹Antigas   201 – 204 de 204   Recentes› Mais recentes»