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quinta-feira, 29 de março de 2007

Quem está errado?

"Novo PIB prova que BC errou, diz DelfimA revisão do PIB promovida pelo IBGE desmonta uma das principais teses defendidas pelo Banco Central, a de que o país não poderia crescer mais de 3%, senão haveria o risco da volta da inflação. O país não só cresceu a um ritmo mais acelerado, de 3,4% nos últimos quatro anos, como a ameaça da inflação não se confirmou. A análise é de Delfim Netto, um dos maiores críticos da política monetária do Banco Central e também da tese de que o país tinha um limite para o crescimento, o chamado PIB potencial. Delfim...

quarta-feira, 21 de março de 2007

Fora do lugar

É praticamente impossível ler certos textos sem se deparar com a expressão “câmbio fora do lugar” ou algo equivalente, usualmente acompanhada por uma historinha sobre a taxa de juros levar à apreciação “xxx” do câmbio (o leitor fica livre para preencher o “xxx” com “criminosa”, “irresponsável”, “leviana”, ou qualquer outro adjetivo habitualmente utilizado). Já tive oportunidade de examinar as dificuldades que membros desta escola enfrentam em explicar porque o câmbio seguiu se apreciando com a diferença entre os juros domésticos e externos se estreitando...

sábado, 10 de março de 2007

Volta às aulas

Um sintoma da importância adquirida pelos economistas no Brasil de uns tempos para cá é a quantidade de colegas de profissão desempenhando cargos políticos, tanto no Executivo quanto no Legislativo. Meu lado corporativista poderia até celebrar, não fossem estes economistas-políticos (não todos, mas a maioria) capazes de abandonar tão prontamente os fundamentos da nossa ciência, se é que algum dia chegaram a dominá-los. Na verdade, manifestações recentes de figurões da categoria sugerem que os mesmos teriam certa dificuldade para serem aprovados...

O eterno retorno

Foi com satisfação que li o editorial da Folha no último dia 13 comentando a questão das importações e do PIB, assunto da minha última coluna. O texto reconhece o equívoco de partir de uma identidade contábil para concluir que o aumento das importações teria reduzido o crescimento do PIB em 1,7 pontos percentuais, exatamente o ponto central do meu artigo. Quase comemorei (são poucas as vezes que a racionalidade econômica prevalece), mas a continuação da leitura revelou que falta ainda um tanto para que o jornal compreenda realmente a questão.De...

Cui bono?

No domingo (4/Fev/07) a Folha publicou um artigo sugerindo que as importações teriam reduzido o crescimento do PIB em 1,7 pontos percentuais no ano passado, pois parcela da crescente demanda doméstica teria sido atendida pelo aumento das importações em detrimento da produção nacional. Desta forma, argumenta o artigo, não fosse a expansão das importações, o crescimento do produto em 2006 poderia chegar a 4,5%, contra os 2,8% que se espera. Acredito, porém, que o argumento seja falho: confunde contabilidade nacional com análise econômica e, levado...

Pacman

Segundo meu filho (15 anos, já metido a crítico literário) o título deste artigo é óbvio, tendendo talvez para o apelativo, mas não pude evitar. Comparar o devorador de fantasmas do videogame ao setor público brasileiro, devorador de recursos, pode ser precisamente a metáfora necessária para entender os limites do recém anunciado Programa de Aceleração de Crescimento (PAC).Curiosamente, a discussão que resultou no PAC teve início nas propostas que, com o objetivo de acelerar o crescimento, pretendiam reduzir o gasto corrente do governo. Naquele...

Pingos nos is

O debate econômico brasileiro é, com raras exceções, de baixa qualidade. Duas características negativas permeiam quase toda discussão: falta de quantificação e a virtual ausência de qualquer consideração acerca do uso alternativo de recursos, ou seja, do custo de oportunidade das políticas públicas. A discussão recente acerca do papel do setor público num programa de aceleração do crescimento não foge à regra: há os que defendem um aumento (adicional) do gasto público como forma de acelerar o crescimento sem atentar para os custos desta estratégia...

Resposta a Almotásim

Recebo muitas mensagens no meu e-mail de contato. Afora insultos ocasionais, a interação com os leitores enriquece meu trabalho e sugere novos tópicos para os artigos. Um tema, que tem aparecido com certa freqüência – de onde imagino que há uma fonte, o Almotásim, disseminando esta idéia equivocada – diz respeito à relação da taxa de juros a que o Brasil pode tomar recursos no mercado externo e a taxa de juros que prevalece no país. Por que, perguntam, se o Brasil pode emitir títulos de 10 anos no exterior com rendimentos em torno de 6% a.a., a...

Uma verdadeira proposta rudimentar

Parece haver uma crença generalizada acerca da existência de um almoço gratuito no atual arranjo de política monetária e fiscal no Brasil: bastaria cortar a taxa de juros para que o problema fiscal brasileiro fosse automaticamente resolvido. Como o custo da dívida pública gira em torno de 7,5% do PIB ao ano, sua redução para, digamos, 4% do PIB, “geraria” recursos de sobra para os investimentos urgentes em infra-estrutura, educação, saúde e, já que tocamos no assunto, um pouco mais de gasto corrente, que, afinal de contas, no entender de gente...

Selic a 10% não é inflacionária?

Meu amigo Paulo Tenani escreveu recentemente um artigo em que defendia a tese que a Selic a 10% não seria inflacionária. A tese pode até ser verdadeira (torço para que sim; acho que não, pelo menos nas atuais circunstâncias), mas não pelos motivos que o Paulo apontou no seu artigo.São dois os argumentos. O primeiro parte de uma noção de arbitragem entre custos de captação do Brasil no exterior e a taxa Selic, que o Paulo chama de “aritmética de convergência dos juros”. Como o custo de captação caiu para algo em torno de 6,7% a Selic poderia cair...

Privatização “marvada”

Dizia Otto von Bismarck que nunca se mente tanto quanto antes das eleições, durante a guerra, e depois da pesca. Mas a verdade não foi a única a sofrer na guerra eleitoral: dentre suas vítimas destaca-se o processo de privatização, atingido por uma das muitas balas sem rumo disparadas nos últimos meses, ainda que, talvez, esta não tenha sido a rigor uma bala perdida. A desconfiança que cerca a privatização pode ter sido uma arma efetiva para a campanha; a despeito da visível melhora de desempenho das empresas privatizadas, persiste a suspeita acerca...

O câmbio e a navalha de Ockham

Os que acreditam que a apreciação do real nos últimos tempos resultou da diferença entre os juros domésticos e externos enfrentam agora um sério problema: desde meados do ano passado o diferencial de juros caiu à metade e, a despeito disto, a moeda não se desvalorizou. Será que estamos num mundo bizarro, onde certas leis econômicas valem num sentido e não em outro, ou, de forma mais simples, trata-se apenas da habitual mistura de desprezo pela teoria combinado à ausência de investigação empírica? Seguindo o venerável princípio da navalha de Ockham,...

Phelps e a política monetária (ou: não adianta aumentar a meta)

Edmund Phelps, ganhador do Nobel de Economia de 2006, conseguiu algo que raros economistas alcançaram: em sua contribuição teórica, publicada em 1968, antecipou problemas que só viriam a se materializar nos anos 70. Só isto já valeria o prêmio, pois, em geral, mesmo grandes economistas só resolvem os problemas depois que eles apareceram. Mas a relevância da contribuição de Phelps vai além desta peculiaridade: criou, junto com Milton Friedman, as fundações da moderna política monetária e lançou as bases do pensamento neokeynesiano na macroeconomia.Esta...

O paradoxo dos juros

Para um país que chegou a ser visto como paradigma de crescimento rápido, o desempenho brasileiro é, sem dúvida, frustrante. Há anos o Brasil cresce pouco, ainda que haja indicações de uma aceleração – modesta, é verdade – no período mais recente. Por conta disto virou lugar-comum atribuir aos juros altos as mazelas do baixo crescimento. Já eu creio que se trata justamente do oposto: o país não cresce pouco porque os juros são altos; os juros são altos pelo mesmo motivo porque o país cresce pouco.Se me sobrou algum leitor depois da frase acima,...

Pacote cambial: expectativas X realidade

Foi há pouco editada a Medida Provisória 315 alterando certas características da legislação brasileira de câmbio e capitais estrangeiros. Tendo trabalhado nestes temas no Banco Central me confesso desde já suspeito para avaliar os méritos das medidas ali propostas. No entanto, é precisamente o que vou fazer. Meu primeiro ponto: se alguém acha que estas medidas terão impactos dramáticos sobre a taxa de câmbio prepare-se para profunda decepção. Meu segundo ponto: independente de qualquer efeito sobre a taxa de câmbio as medidas são bem-vindas no...

Ajuste fiscal ou morte!

A carga tributária no Brasil em 2005 atingiu um novo recorde: os governos federal, estaduais e municipais arrecadaram o equivalente a 37,4% do PIB. O recorde não é só histórico: entre os países de renda per capita semelhante à brasileira não há quem se aproxime em termos de carga tributária; neste quesito somos mais parecidos com os países ricos do que com os assim chamados emergentes. Antes, porém, de subir ao pódio e cantar o hino vale a pena um pequeno esforço para entender o porquê de carga tão elevada, bem como suas prováveis conseqüências...