Há quem defenda que o Banco Central, ao invés de aumentar a taxa de juros, poderia simplesmente esperar que alguém fizesse o serviço por ele. Tal comportamento oportunista seria justificado pela crença de que a aceleração da inflação no Brasil resulta de forças externas, além do controle nacional. Segundo este raciocínio, assim que os demais BCs começassem a combater a inflação mundial, nosso BC poderia relaxar e colher os frutos do trabalho alheio.
A hipótese crucial desta recomendação de política econômica é a noção de que inflação brasileira é “importada”, resultante da elevação dos preços de commodities. No entanto, ainda que aparentemente intuitiva, a hipótese da inflação “importada” não sobrevive ao implacável teste dos dados.
Já mostrei aqui que, corrigido pela apreciação do real, seja com relação ao dólar, seja em relação às moedas de nossos principais parceiros comerciais, o impacto da inflação global é pequeno. Argumentei ainda que este padrão – preços de commodities se movendo numa direção e o real na direção oposta – é precisamente o que deveríamos esperar no caso de um país que exporte principalmente commodities e adote câmbio flutuante.
Este resultado sobrevive se estendermos a análise anterior em algumas dimensões. Em primeiro lugar examinamos potenciais efeitos dos diferentes grupos de commodities (alimentos, metais, matérias-primas, etc) sobre preços domésticos, e não apenas do grupo de commodities como um todo. Além disto destacamos, dentre os preços domésticos, aqueles que seriam em tese mais sensíveis a preços externos, isto é, preços de bens que possam ser exportados e importados com maior facilidade (“comercializáveis”), assim como preços de alimentos. Por fim, além de trabalhar com taxas de inflação acumuladas em 12 meses, analisamos também os impactos num período mais curto (3 meses), face a sugestões que o repasse pode ser bastante rápido.
Estimamos que as correlações entre preços de commodities e preços locais são tipicamente negativas ou próximas a zero. Apenas do caso de energia achamos alguma relação positiva, mas, é bom lembrar, preços de energia não são determinados pelo mercado no Brasil, de sorte que, muito provavelmente, esta correlação é espúria. No caso de alimentos parece haver algum impacto no período de 3 meses (mas não em 12 meses), que, de qualquer forma, é modesto.
A conclusão, portanto, mais uma vez apóia a tese da pouca relevância dos preços externos sobre os domésticos, uma vez que seus efeitos são bastante atenuados pelo desempenho da moeda. Obviamente, agora que preços de commodities cedem e que, portanto, a moeda se enfraquece, a conclusão continua válida, ou seja, quem acredita que os desenvolvimentos recentes no campo das commodities irão alterar radicalmente a dinâmica inflacionária local está prestes a sofrer mais um desapontamento.
O corolário dessa conclusão é que o oportunismo na condução de política monetária não é uma opção. Aliás, quem adotou este tipo de conduta no passado recente vive agora não apenas um surto inflacionário mais forte, como também um dos piores pesadelos de qualquer BC: expectativas de inflação se descolando significativamente da trajetória de metas, desenvolvimento que irá requerer destes BCs um esforço de política monetária bastante superior ao que seria necessário no caso de uma atuação mais decidida. Inação não é um curso de ação, fato que já foi compreendido pelo BC, mas que alguns insistem em ignorar.
(Publicado 20/Ago/2008)
92 comentários:
Parabéns Alex. Triste é ver um Delfim utilizar de todo o seu prestígio histórico, inteligência instigante (e intrigante), comprovada cultura acumulada superior, para tentar desprestigiar a excelente equipe do BC(não conheço mais ninguém, meus colegas e amigos já se aposentaram e estão em outras). Impressionante como utiliza indevidamente seus conhecimentos (a conclusão é sempre a mesma: a selic está alta o câmbio fora do lugar). Agora o discurso mudou: a inflação não caiu por ação do BC (o BC irá indevidamente aproveitar-se da queda da inflação). Quer dizer que o aumento da selic não faz a inflação cair mas faz os males que apregoam (de toda maneira esta turma irá falar contra o BC, mesmo desmoralizando-se). Não têm medo de desmoralizar-se?
Considerei a palavra utilizada por você "CRETINICE" muito forte e corajosa (é isso mesmo, mas a gente não fala). Mas tem hora que a paciência conquistada com o tempo de janela quase vai para o ar (a sua coragem faz bem até aos cretinos, mas não sei se merecem?).Parabéns, continue (modere um pouco o vernáculo, adjetive mais jocosamente, para criar menos ódios e inimigos pessoais). A sua palavra faz bem ao país e à turma de pé no chão (precisa ser preservada). O embotamento (em teoria econômica e até no bom senso) do discurso desta turma é de envergonhar. É um populismo de segunda categoria (não têm a capacidade demagógica dos políticos).
PARABÉNS COLEGA (você orgulha a classe).
Um economista anônimo.
Alex,
O arrefecimento da inflação tem alguma relação com os recentes aumentos de juros, ou ainda é muito cedo para afirmar isto?
Abraço
Anônimo:
Valeu a força. Apareça sempre.
Spirit:
Acho que é cedo demais. O único canal que pode reagir é o das expectativas.
Abs
Alex
Alex, eu não posso até dizer que uma queda nos preços das commodities pode pressionar a inflação interna?
Parto do princípio que com a queda do superávit comercial o câmbio se deprecia, o que deixa caro os produtos importados.
Nada haver, ou faz algum sentido?
Abs!
MAs a questão é que a inflaçao atual, nao so brasileira como mundial, é puxada pelos alimentos. Não é diminuindo a demanda, ou seja, fazendo com que as pessoas consumam menos alimentos ou passem fome, qu se resolve o problema e sim aumentando a oferta de alimentos.
Ta certo que gera mais inflaçao num primeiro momento, mas a longo prazo acabaria com a mesma
Alias, vc falou em energia. Se nao fosse a Petrobras, por ser estatal, ai sim estariamos com uma inflaçao altissima.
Alex, ja ouvi falar que aumento nos juros no Brasil nao surte muito efeito na decisao de compra. Pois as pessoas em geral nao recorrem aos bancos no acesso ao credito, e sim parcelam o produto com a propria loja, nao havendo assim criaçao de moeda. Ao contrario dos EUA, p ex, que nao existe esse negocio de parcela a venda na loja. Ate que ponto isto é verdade?
Abraço
Anônimo:
Vale no sentido oposto também. O que interessa é o preço das commodities em reais. Se o preço em dólares cai, mas o câmbio deprecia, o que vale é o efeito líquido destes movimentos.
Em outras palavras, não é por acaso que as correlações são tão baixas.
Bernadro:
Já mostrei que a inflação brasileira NÃO é puxada por alimentos.
Se vale a conta do feijãozinho (se não fosse o feijãzinho a inflação seria x%, menor que a inflação cheia), por que não valeria a conta da energia elétrica (se não fosse a energia elétrica a inflação seria y%, maior que a inflação cheia).
Mostrei que a aceleração da inflação cheia e dos núcleos é a mesma, o que é suficiente para enterrar a questão. Então não me venha com historinha de preço de comida.
Quanto à energia, o problema não é a Petrobrás ser estatal, mas sim os preços serem controlados. A Petro poderia ser privada e os preços controlados, asssim como õ são as tarifas de telecomunicações ou eletricidade.
E, quanto ao juro, claro que surte efeito. Como você explica a queda de demanda que se segue sistematicamente (com cerca de dois trimestres de defasagem) à elevação de taxa de juros e a aceleração que se dá (no mesmo prazo) quando o juro sobre?
Abs
Alex
Alex, deixa eu tratar desse...
"MAs a questão é que a inflaçao atual, nao so brasileira como mundial, é puxada pelos alimentos. Não é diminuindo a demanda, ou seja, fazendo com que as pessoas consumam menos alimentos ou passem fome, qu se resolve o problema e sim aumentando a oferta de alimentos."
Se existe um realinhamento no precos relativos, ainda assim deve-se combater a inflacao, pois vc nao vai querer que o realinhamento nos precos relativos seja passado para o nivel de precos. Dica (para os nao-brasileiros apenas, qualquer brasileiro deve saber isso instintivamente): nos tentamos remar contra a mare no primeiro choque de petroleo, e manter o crescimento do comeco dos anos 70 via acomodacao monetaria e expansao fiscal, de fato plantamos uma crise da divida nos anos 80, seguida de 10 anos de estagnacao.
"Ta certo que gera mais inflaçao num primeiro momento, mas a longo prazo acabaria com a mesma"
Interessante, faz tempo que eu nao ouco alguem usar esse argumento, pensei que fosse ponto pacifico que inflacao cria uma vida propria e se propaga e persiste.
"Alias, vc falou em energia. Se nao fosse a Petrobras, por ser estatal, ai sim estariamos com uma inflaçao altissima."
Realmente nao entendi. A PDVSA eh estatal e a gasolina na Venezuela eh menos que 1/20 do preco da gasolina no Brasil, ainda assim nossos vizinhos do norte tem mais que 30% de inflacao.
"Alex, ja ouvi falar que aumento nos juros no Brasil nao surte muito efeito na decisao de compra. Pois as pessoas em geral nao recorrem aos bancos no acesso ao credito, e sim parcelam o produto com a propria loja, nao havendo assim criaçao de moeda. Ao contrario dos EUA, p ex, que nao existe esse negocio de parcela a venda na loja. Ate que ponto isto é verdade?"
Otima essa... Quem lhe contou essa ou nao sabe do que esta falando (provavel) ou quer tirar onda da sua cara (possivel). Para pensar: Como voce acha que a loja brasileira se financia, a nao ser com recursos proprios cuja remuneracao alternativa eh SELIC ou recursos de terceiros cuja remuneracao alternativa eh a SELIC.
"O"
Mas nos temos que combater o problema, se a inflaçao em outros setores esta baixa, "mt bem!! é assim que tem que ser". Se a inflação dos alimentos esta alta nos temos que combater nesse ponto. Ninguem compra alimentos no credito, a alta da Selic pode ajudar a baixar em outros setores mas nao nos alimentos.
È verdade (quanto a Petrobras), é regulação a palavra certa, que nesses setores é fundamental
Alx eu tenho dúvidas quanto a "inflação importada".O que acontece com um país que é importador liquido de commodities?O aumento dos preços ocorridos nas commodities aumentariam a infação por causa da depreciação cambial,a função do BC seria subir o juros para evitar que a alta das commodities junto com uma desvalorização cambial afetasse a inflação.
Se o BC mantivesse o juros estaveis aumentaria a desvalorização cambial,mas o que causou a a desvalorização cmbial não foram as commodities?Nesse caso podemos afirmar que esse país teria ter "inflação importada"?
Não é o caso do Brasil pois somos exportadores de commodities,se há uma valorização delas temos uma valorização cambial.
"Se a inflação dos alimentos esta alta nos temos que combater nesse ponto."
Nao, definitivamente nao.
Imagina que suas financas pessoais foram para o buraco, digamos devido a uma imprevista torcao no seu joelho quando voce estah sem plano de saude. O que voce pode fazer para ajustar? Corta os gastos medicos? Ou cancela a TV a cabo?
"O"
Fabio:
Dê uma olhada no post "Pense globalmente; aja localmente" (http://maovisivel.blogspot.com/2008/07/pense-globalmente-aja-localmente.html).
Inicialmente você tem dois choques: commodities e câmbio, mas com efeitos contracionistas sobre o nível de renda, isto é, um choque de oferta. O trabalho do BC é só evitar o efeito secundário, no que é auxiliado pela queda de renda.
Abs
Alex
Alex em 2002 houve uma desvalorização do cambio que impactou a inflação.Uma desvalorização cambial não afetaria a inflação?
Em 99 quando adotamos o sistema de cambio flutuante,houve um aumento da inflação.Uma possível desvalorização do cambio não impactaria na inflação?
Alex,
Eu concordo plenamente com o combate aos 2nd round effects do aumento dos preços das commodities.
Agora, dizer que o aumento do IPCA não ocorre principalmente por causa dos alimentos simplesmente não é verdade.
Vamos aos números: IPCA em 12 meses até julho: 6,37%.
Medida de núcleo do IPCA mais utilizada: Núcleo por exclusão (exclui alimentos e preços administrados).
Alimentos: ponderação em jul/08: 22,8% do IPCA. Variação em 12 meses: 15,5%. Fazendo (15,5%)*(0,228)=3,54%
Portanto, 3,54% de 6,37% equivale a 55,6% do TODO o IPCA.
O núcleo está praticamente igual ao índice cheio pois os preços monitorados estão subindo menos que o IPCA cheio, portanto os efeitos de alta dos alimentos e pequena elevação dos monitorados se anulam.
Eu sei que sua análise é em termos de aceleração Alex, mas mesmo assim, a aceleração ocorre principalmente nos alimentos (em torno de 2%), enquanto que no resto do índice a aceleração é de 0,7%.
IT
Fabio:
Tanto em 1999 como em 2002 tivemos desvalorização cambial associada a problemas principalmente na conta de capital, enquanto preços de commodities variaram relativamente pouco (em 99 uma queda média de pouco mais de 3% e, até meados de 2002 preços praticamente estáveis).
Assim, a desvalorização não foi compensada, sequer parcialmente, por quedas de preços de commodities.
Se, porém, uma possível desvalorização à frente estiver associada a preços de commodities em queda, então o efeito deverá ser diferente de 2002 e 1999.
Abs
Alex
IT:
Aceleração da inflação cheia: 2,6%
Aceleração do núcleo exclusão:2,4%
Aceleração do núcleo médias aparadas: 2,4%
Quando você olha só a contribuição de alimentos você deixa de lado a contribuição negativa de, por exemplo, tarifas. Se você acha que a inflação de alimentos vai se reduzir (com o que concordo), eu acredito que a inflação dos administrados vai crescer.
Aceleração da inflação cheia: 2,6%
Aceleração de alimentação e bebidas: 1,9%
Aceleração da inflação cheia menos alimentação e bebidas: 0,7%
Mais claro que isso não pode ficar.
"Se você acha que a inflação de alimentos vai se reduzir (com o que concordo), eu acredito que a inflação dos administrados vai crescer."
Aí eu concordo. Agora dizer que até o presente momento, "a inflação brasileira NÃO é puxada por alimentos" é uma constatação refutada pelos dados.
IT
IT:
Aceleração do IPCA: 2,6%
Aceleração da energia elétrica: -4,3
Aceleração do IPCA ex-energia:2,9%
Entendeu agora porque você não pode simplesmente dizer que a inflação foi "puxada" por alimentos ou você ainda quer a versão para colorir?
Alex: Nao fala em versao para colorir com os heterodoxos que eles podem engasgar no giz de cera!
Caro Alex,
Concordo com o IT. Um fato não elimina o outro. O fato de energia elétrica apresentar inflação abaixo da média (ou deflação), não invalida o fato de a inflação do grupo alimentação ser o principal elemento da alta da inflação. Concorda?
Um ponto é a constatação da realidade e outra questão é a análise da realidade. Tirar o "feijãozinho" do índice e não tirar a energia elétrica gera uma distorção na análise "correta" da situação. De qualquer forma, a minha análise "errada" da situação atual me faz acreditar que a importância do grupo alimentação para os resultados passados do IPCA e suas expectativas futuras é maior do que o peso dado a este ítem pela maior parte dos economistas/analistas de inflação.
Carlos.
Energia elétrica residencial: Variação acumulada em 12 meses até jul/07: -4,3%
Ponderação em jul/07: 3,70% do IPCA
Multiplicando ambos temos -0,16%
Energia elétrica residencial: Variação acumulada em 12 meses até jul/08: -2,6%
Ponderação em jul/08: 3,26% do IPCA
Multiplicando ambos temos -0,086%
Aceleração: (-0,086%)-(-0,160%)=0,074%.
Aceleração do IPCA: 2,6%
Aceleração da energia elétrica: 0,074%
Aceleração do IPCA ex-energia: 2,526%
Desses 2,526%, 1,9% são alimentos e bebidas, o que apenas corrobora com o que eu já havia dito. Note que para calcular a aceleração eu multipliquei pelo respectivo peso do agregado no índice no período (o que faz mais sentido).
Abs
IT
excelente texto Alex.
O Bresser de ontem no valor estava triste. A gente postou sobre ele lá no espectro economico. Se puder da uma olhada.
Valeu pelo comentario no outro post. Ganhamos bastante credibilidade.
Alex o efeito do juros é demorado na inflação.O BC poderia realizar controle no crédito para auxiliar no controle.
da inflação.
As pessoas tem ligado inflação de alimentos a inflação externa mas se esquecem que a demanda brasileira por essas commodities agricolas tem crescido bastante nos ultimos anos, ou seja, tambem somos culpados pela alta dos preços doa alimentos (na verdade não só dos alimentos, mas de todas as commodities, como o petróleo por exemplo, já que o preço desse produto no Brasil não acompanha as cotaçoes internacionais)
ED
Alex apesar de você ter tidos experiências com PM,você tem conhecimentos profundos sobre economia do setor público?
Atualmente quem são os melhores especialistas do Brasil em economia do setor público?
"Alex: Nao fala em versao para colorir com os heterodoxos que eles podem engasgar no giz de cera!"
Quanta bobagem. Quem discorda do Alex está posto automaticamente na categoria de hetedoroxo? Que triste.
"As pessoas tem ligado inflação de alimentos a inflação externa"
Isso pode até ser verdade para um grupo de aproveitadores. Porém é pura miopia dizer que "alimentos e bebidas" não é o principal grupo que eleva o IPCA, quando na realidade são responsáveis por mais de 50% da aceleração.
Eu concordo que a demanda doméstica cresce muito rapidamente, como já argumentado exaustivamente pelo Alex.
Pode-se argumentar que também a alta de alimentos é apenas uma mudança de preços relativos, o que também faz sentido.
Porém, em termos de agregados do IPCA, alimentos e bebidas são responsáveis por mais de 50% da alta. Não há como negar isto.
Abs
IT
IT:
Sua conta está errada. Eu tinha usado os dados até junho (estava em casa sem os dados mais atuais).
Energia elétrica jun-08: -6,43%
Energia elétrica jun-07: -2,07%
Aceleração: -4,35%
IPCA sem energia elétrica jun-08:
(6,24-0,036*(-6,43))/(1-0,036)= 6,71
IPCA sem energia elétrica jun-07: 3,90
Aceleração do IPCA ex-energia: 2,91
O fato é que no índice sempre há o que cresce acima da média e o que cresce abaixo da média.
Trivalmente é verdadeiro que o cresce acima da média "puxa" o índice para cima, como também é trivialmente verdadeiro que o que cresce abaixo da média "puxa" o índice para baixo.
Assim, para cada produto que você falar que é o responsável pelo aumento da inflação eu posso achar um que seja reponsável pela queda da inflação.
Daí porque uma análise isenta vai olhar medidas que isolem as maiores influências para cima e para baixo, o que é feito pelo índice de médias aparadas como regra e, nos momento de hoje, pelo índice por exclusão.
Esta é a versão para colorir.
Alex,
Sem querer dar corda para os heterodoxos que se agarram (sem entender) a qualquer teoria que lhes convem num certo momento, há um interessante artigo teórico do Orphanides e do Wilcox sobre uma "abordagem oportunista" para a desinflação... a quem interessar um debate com menos "data mining" e mais teoria, fica a dica (FEDS working paper 96-24).
Abraço,
Luiz.
Luiz:
"Oportunismo" no meu artigo tem uma conotação diferente, acredito, do sentido que tem neste artigo que você mencionou (agradeço a referência).
O sentido que dou refere-se basicamente à idéia de "pegar carona" (free riding) no esforço desinflacionário alheio. No caso do Orphanides a interpretação do texto é outra.
Abs
Alex
Caro Alex,
Favor refaça suas contas com os dados já divulgados de julho, que sua constatação vai por água abaixo, já que vai haver aceleração, e naõ desaceleração de energia. (Esse seu IPCA de 6,24 tá errado, seja lá de qual mês for).
Os alimentos tem peso em torno de 0,22 e sobem acima de 10%. De acordo com seu raciocínio, você manteria a mesma postura caso os alimentos tivessem peso 0,95 e subissem 50%, afirmando que outros produtos "puxariam" a inflação para baixo. Mesmo assim, o RESPONSÁVEL pela alta dos preços seriam ainda assim os alimentos.
De qualquer forma, eu acho que é ainda evidente que até o presente momento, foram os alimentos que elevaram o IPCA (que já mostram sinais claros de desaceleração).
Note que eu não estou discordando do aumento de juros como Delfim e cia., já que a postura adotada pelo BC é de desaquecer a economia, e não de baixar o preço do "feijãozinho".
IT
Olá Alex,
desculpe a ignorância, mas vc poderia explicar melhor essa conta:
IPCA sem energia elétrica jun-08:
(6,24-0,036*(-6,43))/(1-0,036)= 6,71
O que eh o 6,24 e o 0,036?
Abraços
Caro Alex, como vai?
Espero que bem, com férias revigorantes. As minhas o foram.
Bem é o seguinte, a pequenez das coisas discutidas em política econômica no Brasil é de tal sorte (hetero versus ortodoxos) que já me cansei. Queria pedir, por gentileza, que vc dissertasse num artigo sobre os efeitos dos cortes de impostos de 2001 e 2003 promovidos pela administração Bush. E toda a questão fiscal por eles engedrada. Aspectos positivos e negativos.
Agradecido
Não é ralacionado com o topico, mas só deixando cartucho para "Testando os limites da cretinice 4, 5, 6 ..."
Um TD do Joao Sicsu
http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/tds/td_1346.pdf
Nao acho logico dizer que a inflacao foi causada por isso ou por aquilo. Inflacao existe porque ha' moeda no mercado pra bancar o aumento de precos. Caso nao haja, ha' realinhamento dos precos relativos, pois simplesmente nao havera' moeda pra comprar a mesma quantidade de itens caso o preco de alguns suba.
Abraco
kleber
Monica Baumgarten de Bolle (é assim que escreve?) matou a cobra e mostrou a cobra morta hoje, no Valor, com o artigo "Criatividade de sobra, conteúdo de menos". E ela ainda é bonitinha...
Asmodeu
Alex,
Segue a avaliação do ex-diretor do
Banco Central e sócio da Ciano Investimentos Ilan Goldfajn:
"A conclusão é que o comportamento das commodities é relevante. Não dá para ignorá-lo, pois pode
fazer diferença para o IPCA"(AE-News, 25/08/2008 - 13:35), disse Goldfajn.
Gostaria de saber a sua opinião sobre essa conclusão.
Obrigado pela atenção.
Carlos.
Carlos:
Simples. Eu discordo.
Asmodeu:
Eu li o artigo hoje. Muito bom mesmo (guardei a cópia).
Abs
Alex
Olá Alex,
desculpe a ignorância, mas vc poderia explicar melhor essa conta:
IPCA sem energia elétrica jun-08:
(6,24-0,036*(-6,43))/(1-0,036)= 6,71
O que eh o 6,24 e o 0,036?
Abraços
Alex você não acha que toda inflação é causada pelo Banco Central?Você defende o fim do Banco Central para acabar com a inflação?Se não existisse Banco Central não haveria expansão monetária.
Alex, bem que você poderia rebater os argumentos do artigo do Delfim no Valor de hoje: "O tempestivo exagero do BC".
Creio que você é a pessoa mais indicada para fazer isto. Podia ser no blog, nos moldes do "Testando os limites da cretinice - 3 (vai longe!)".
Abraço
A.
A:
Pelo que vi do artigo o Delfim até já "esqueceu" o problema de identificação...
Abs
Alex
Alex,
você ao que parece , entende a superioridade do mercado sobre o governo, no que diz respeito a oferta de bens e serviços. Por que não ser coerente, e extender o raciocínio a MOEDA? Por que diabos bancos não devem poder emitir suas moedas, lastreadas em ouro, platina, petroleo etc. ou no que julgarem adequado, e permitir que elas entrem em competição para que os consumidores escolham a melhor moeda com que irão trabalhar?
Por que o "socialismo do dinheiro" ainda afeta alguns Liberais, se o principio é exatamente o mesmo e como já esta demonstrado nos EUA e em qualquer outro país, o governo não tem competencia, nem capacidade, nem incentivos politicos para manter uma quantidade de moeda adequada?
Enquanto o governo monopolizar este serviço, como qualquer outro monopolio, teremos um péssimo serviço.
Jonas
Aqui nos US era assim no passado. Nao funcionou, e ai' a tigrada teve que fazer como todo mundo: moeda unificada.
abracao
Alex: Demanda doméstica (C+I+G) e demanda interna são sinônimos?
Demanda externa é apenas exportações ou exportações+importações?
Eu ouço comentários sobre o assunto o tempo todo, mas não achei definições claras sobre isso.
Anõnimo:
Sim, são sinônimos, embora o primeiro termo (demanda doméstica) seja mais rigoroso.
Demanda externa é exportação (-) importação.
Você acha definições sobre isto no Macroeconomia de Simonsen e Cysne (bons capítulos de contabilidade nacional, balanço de pagamentos e contas monetárias).
Abs
Alex
Olá Alex,
desculpe a ignorância (e agora a insistência), mas vc poderia explicar melhor essa conta:
IPCA sem energia elétrica jun-08:
(6,24-0,036*(-6,43))/(1-0,036)= 6,71
O que eh o 6,24 e o 0,036?
Abraços
6,24 é o IPCA
0,036 é o peso da energia elétrica no IPCA
Esta conta dá o IPCA descontada a energia
Alex goldfajn reconheceu que a inflação Brasileira é "importada".
de qual mês é esse IPCA?
Abraços
Acredito que isso não altere as conclusões, mas o IPCA acumulado de 12 meses em jun-08 é de 6,06% e não 6,24%, certo?
O BC vai subir mais os juros, ok. Espero que ele não perca o timing como em 2005 e esfrie demais as coisas.
Paulo:
O Adolpho pegou meu erro.
Adolpho:
Obrigado.
Anônimo:
E daí?
Abs
Alex
Alex você foi a favor dos cortes de 10% na Selic no ano de 2004?Noto que você ,Belivaqua.... sempre foram os mais conservadores do BC,o que levou o BC cortar tanto o juros em 2004,para depois aumentar 19,5% em 2005?
Acho que aprendemos a lição com o passado recente.Agora não entendo porque os quermesseiros reclamam tanto sobre o aumento na taxa de juros,a economia vai bem.Irá crescer em média 4%AA nos próximos anos.Se o BC deixasse de lado a inflação deixando o juros baixos.Depois iria subir mais o juros os quermesseiros iriam reclamar do mesmo jeito.
Alex,
Não faz sentido demanda interna ser C+I+G+M? Internamente, estamos demandando mais importações.
E demanda externa não são apenas as exportações? O que o resto do mundo demanda são nossas exportações, e não nossas exportações líquidas.
Pode estar errado, mas do ponto de vista intuitivo, não faz sentido?
Abs
"É exagero afirmar que a economia brasileira está operando a plena capacidade. Ainda existe considerável capacidade ociosa na indústria. As taxas de desemprego e subemprego diminuíram, mas continuam bastante elevadas." PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. (28/08/2008)
---
Caro Alex,
1 – O NUCI sem ajuste sazonal medido em Jun/08 foi 86,3% contra 85,6% do mês anterior (sendo que alguns setores trabalham acima dos 90% como Metalurgia e Veículos). Qual valor invalida a ‘considerável’ capacidade ociosa na industria, 100%?
2 - A taxa de desemprego medida para o mês de julho não é a menor registrada para o mês nos últimos 10 anos?
3 – Qual taxa de desemprego invalida a classificação de bastante elevada? A resposta não está sendo dada pelo aumento dos preços?
Abs.,
Doutrinador
Alex,
quero trabalhar no BC. Quero aumentar juros, baixar juros...o q posso fazer pra entrar lá?
abração
JC
Alex, o que vc considera ser uma taxa de câmbio de equilíbrio?
a que o mercado determina diariamente; a compatível com o equilíbrio intertemporal das TC; ou outra coisa?
Pergunto isso porque vi recentemente no livro do Simonsen um modelo elegante em que ele mostra que se o câmbio nao equilibra as TC intertemporalmente, a economia colapsa para um ponto de crise de dívida externa. Abc, Alexandre.
Alex,
Hoje no Estadão: "(...)"De fato, o País que está crescendo consistentemente numa velocidade maior do que consegue sustentar ao longo do tempo", comentou o ex-diretor do BC em relação ao PIB potencial brasileiro. Ele citou como sinais de que a demanda está forte o elevado nível de utilização da capacidade instalada na indústria (Nuci), o baixo nível de desemprego e os ajustes de salário nominal (10,50% em julho ante o mesmo mês do ano passado) acima da meta de inflação (4,5% com teto de 6,5%).(...)"
O que está crescendo 10,50%? Salário nominal(ou real) médio? Ou massa salarial nominal(ou real)? Pode citar qual é a fonte deste dado?
Obrigado,
Carlos.
Fabio:
Eu não comento sobre decisões do Copom das quais eu participei, desculpe.
Pib:
As importações atendem à demanda doméstica, não fazem parte da demanda doméstica.
Doutrinador:
Acho que para o Bombinha só quando o NUCI passar dos 100% é que se pode falar de excesso de demanda. Deve ser difícil ser tão burro.
JC:
Doutorado ajuda. Ser malvado também.
Alexandre:
O câmbio de equilíbrio tem sim a ver com as condições intertemporais do BP. A melhor abordagem que vi a respeito está num paper do Peter Montiel (“Determinants of the long-run equilibrium exchange rate” publicado em Exchange Rate Misalignment: Concepts and Measurement for Developing Countries, Hinkle & Montiel (eds)), casando as condições intertemporais domésticas e de BP.
Carlos:
Eu bem que gostaria de saber. Eu citei um trabalho meu que fala da difusão de reajustes salariais acima da meta na indústria de transformação. Não tinha nada com 10,5%.
Abs
Alex
PIB: as importaçõesa são de fato demanda interna (OU ATENDEM A DEMANDA INTERNA COMO QUEIRAM), mas elas já estão consideradas no somatório C + I + G. Mas pode ser utilizada a fórmulla C + I + G + M (explicando que as M não estão contidas em C + I + G). A padronização destes conceitos não precisa ser obedecida a ferro e fogo quando se está desenvolvendo um raciocínio (e a ampliação de fórmulas se fazem necessárias, semelhante a utilização de fórmulas reduzidas).
Com a aplavra o professor Alex.
LM
Saudações GVnianas, Alex!
Descobri o teu blog (show!)e o incluí no meu blogroll. Visite o meu http://blogdocredito.wordpress.com - o tema é crédito, com algumas pitadas amadoras sobre economia. Virei 'freguês' do Mão Visível.
Abraço + sucesso,
Fernando
LM:
A questão é o que é demanda e o que é oferta.
Que fim damos aos bens e serviços? Eles podem ser consumidos pelas famílias (C), ou pelo governo (G), ou serem usados para aumentar o estoque de capital (I), ou ainda exportados (X).
De onde vêm os bens e serviços? Da produção doméstica (Y) ou do que importamos do resto do mundo.
Ou seja:
C + I + G + X = Y + M
(demanda) = (oferta)
Qual o componente doméstico da demanda?
C+I+G (parte atendida pela produção doméstica, parte pela importação líquida das importações)
Abs
Alex
ALEX; como sempre, e com simplicidade, explicou os conceitos fundamentais de contabilidade nacional idealizados por Simon Kusnetz e aperfeiçoados por Richard Stone (a memória está boa?). É o correto de acordo com o padrão.
Mas no mundo real as importações são demanda (bruta? mas demanda). Para certos tipos de análise é necessário entender este conceito que contraria o padrão. As importações serviram a C + I + G ou às exportações? De toda maneira foram demanda (agentes compraram). As exportações também serviram a uma demanda externa (bruta?). O mercado interno teve que atender esta demanda externa (agentes venderam e compraram). Alguns tipos de análise exigem entendimento (é razoável o entendimento, desde que não seja em prova de faculdade).
LM
PS: E turma que está ressucitando o pensamento keynesiano no Brasil? PERGUNTO? É preconceito considerar que a receita keynesiana de desenvolvimento provoca os efeitos: inflação, bolhas e estagflação (LONGE DE DESMERECER A GRANDE CONTRIBUIÇÃO DE KEYNES AO ESTUDO DA ECONOMIA).
Não li todo o conteúdo de seu blog (desde o início). Se já respondeu anteriormente desculpe.
Alex você ja teve experiências com crise como autoridade monetária?Como as de 2002,99.
Alexandre, primeiramente parabéns pela sua palestra na OEB. Consegui entender um pouco sobre a crise americana e, agora, tenho seu blog para conseguir melhores informações e com quem discuti-las.
Gostaria de saber se posso deixar o link do seu blog no meu. Vou divulgar para minha sala pq criei um a pouco tempo, ainda estou treinando.
Abraços!
"De certo modo, era uma resposta de Lula aos crescentes alertas dos técnicos, como o economista e ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga. Ele chama a atenção para o risco da chamada doença holandesa no Brasil. “A melhor opção é deixar os recursos a serem obtidos fora do país para evitar uma apreciação adicional do real”, diz Fraga."
http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_4/2008/08/29/em_noticia_interna,id_sessao=4&id_noticia=77402/em_noticia_interna.shtml
Alex você concorda com a visão de Arminio Fraga em relação ao destino dos recursos do Pre-Sal?Que o governo teria que segurar os recursos fora para evitar uma apreciação do Real?
Alex,
Com toda a credibilida já adquirida pelo BC nos anos recentes, você não acha que já está na hora de rever a medida de inflação cheia para uma medida de núcleo?
Abs
Jacob:
Eu acho que o Armínio está certo. Não é só uma questão acerca de um possível surto de doença holandesa. Também é uma forma de evitar um efeito fiscal boçalmente expansionista.
A.:
Não acho. Não vejo ganhos em adotar uma medida de núcleo.
1) É mais difícil de comunicar (convença a população que está tudo bem porque o aumento da inflação refere-se só ao preços dos alimentos...).
2) A resposta de política monetária aos efeitos secundários pode ficar prejudicada.
3) Fica mais difícil ancorar as expectativas de inflação.
4) Se a meta for definida pelo núcleo não podemos mais: (a)escolher uma meta tão alta; e (b) manter um intervalo de tolerância tão largo;
Abs
Alex
O Fed usa o tal do "nucleo" para justificar seus desatinos em politica monetaria. Espero que o Brasil nao faca a mesma picaretagem.
Abracao
Kleber
Alex mais de que forma segurae esses recursos no exterior? Compra de dolares via um fundo soberano para deixar esse dinheiro aplicado fora,permissão para as empresas deixarem esses dolares fora do pais não precisando passar pelo Brasil?
Petrobras traria muitos dolares para o Brasil pelo fato de ser estatal.
Jacob:
Não precisa inventar. O Chile tem um modelo para as exportações de cobre que funciona bastante bem, em particular no que se refere à questão fiscal.
Existe algum trabalho sobre isso?Como funciona o sistema?
Abs Jacob
Algum dos article IV do Fundo descreve em detalhe.
Em linhas gerais funciona assim. Um painel independente de especialistas define um preço de longo prazo para o cobre (uma vez por ano, se me lembro). Todas as receitas correspondentes ao excesso do preço corrente sobre o preço de longo prazo são guardadas. Se o preço cair abaixo do preço de longo prazo os recursos do fundo são liberados para uso do governo.
"1) É mais difícil de comunicar (convença a população que está tudo bem porque o aumento da inflação refere-se só ao preços dos alimentos...)."
Não é nada difícil a meu ver. O nosso glorioso ministro até já é adepto desta prática.
"2) A resposta de política monetária aos efeitos secundários pode ficar prejudicada."
Os efeitos secundários seriam passados justamente para o núcleo da inflação, índice que o BC busca manter na meta.
"3) Fica mais difícil ancorar as expectativas de inflação."
Eu acho que é justamente o contrário. Como BC iria ter como meta uma medida de núcleo, as expectativas ficariam ancoradas independentemente de choques de oferta (ao contrário do que ocorre com um índice cheio de inflação - que é muito mais volátil e pode influenciar as expectativas).
"4) Se a meta for definida pelo núcleo não podemos mais: (a)escolher uma meta tão alta; e (b) manter um intervalo de tolerância tão largo;"
O que seria muito melhor. Meta de 4,5 com banda tão ampla demonstra certa complacência com a inflação. Apesar de o BC mirar o centro da meta, essa banda é de certa forma desconfortável. Os agentes podem interpretar que é indiferente para o BCB uma inflação de 5,5% ou de 4,5%.
Pontos importantes dos núcleos:
1) A política monetária não possui efeitos sobre os preços de alguns produtos, como de alimentos negociados no mercado internacional. i.e. milho, soja etc.
2) As medidas de núcleo distinguem fatores persistentes de transitórios;
3) As medidas de núcleo são melhores que os índices cheios para prever inflação futura, o que é particularmente importante dada as defasagens da política monetária sobre a demanda agregada;
4) Último, e talvez o mais importante, "mirar" uma medida de núcleo de inflação produz menor volatilidade sobre o nivel de atividade econômica.
Abs.
Alex existe diferença de pensamento entre as escolas de economia de Barkley e Chicago?
Alex o que você acha dessa nova contabilidade do governo,para medir o superavit?
"Não é nada difícil a meu ver. O nosso glorioso ministro até já é adepto desta prática."
Pois é, mas pergunte a quem consome o "feijãozinho" se a inflação sem "feijãozinho" é a inflação dele.
"Como BC iria ter como meta uma medida de núcleo, as expectativas ficariam ancoradas independentemente de choques de oferta (ao contrário do que ocorre com um índice cheio de inflação - que é muito mais volátil e pode influenciar as expectativas)."
Iam ficar ancoradas aonde? No núcleo ou na inflação cheia? E como mirando no núcleo você influencia as expectativas de inflação cheia? E, mesmo que se mire no núcleo, o índice de inflação continua sendo divulgado e continua afetando expectativas (mais ainda, porque se imagina que o BC não reagiria a movimentos extra-núcleo).
"3) As medidas de núcleo são melhores que os índices cheios para prever inflação futura, o que é particularmente importante dada as defasagens da política monetária sobre a demanda agregada"
Não há qualquer evidência que suporte esta afirmação, pelo menos para o Brasil.
"4) Último, e talvez o mais importante, "mirar" uma medida de núcleo de inflação produz menor volatilidade sobre o nivel de atividade econômica."
De novo uma afirmação sem suporte teórico ou empírico.
Não por acaso, dos países que seguem metas para a inflação, a imensa maioria não usa medidas de núcleo, mas de inflação cheia (alguns tiram o custo de hipotecas, mas apenas para tirar o juro da medida de inflação).
Ha' dez anos atras o preco da gasolina nos US era 1 dolar por galao. Agora sao 3.6. O "nucleo" do sr. Greenspan e sua gang nao "captou" esse aumento brutal de custo. O conceito de "nucleo" so' se sustenta caso este numero e o "cheio" apresentem convergencia a longo prazo. Como sobejamente demonstrado pelos fatos por aqui, isso nao aconteceu. Portanto o uso de "nucleo de inflacao" nao passa de manipulacao dos numeros. Em portugues claro, PICARETAGEM. Essa picaretagem levou 'a administracao complacente da massa monetaria, cujo excesso de liquidez absurdo criou a crise atual. Que esta' (muito) longe do fim.
Abracao
Kleber
Alex eu acho que o BC não tem muitos motivos para subir o juros,as commodities estão baixando.
Ai vai uma pergunta,aonde existe excesso de demanda na economia?Se você olhar os dados houve uma pequena aceleração na demanda,mas nada fora do normal.A redução na inflação se deve ao movimento de baixa nas commodities.
Eu fiz estudos usando analise de regressão e comprovam que a inflação brasileira é importada.A valorização do real foi proxima de 15% ano passado, a valorização nas commodities ultrapassaram a valorização do real.A culpa da inflação brasileira foi porque os EUA baixaram os juros causando uma valorização excessiva nas commodities.
Anônimo:
A variação do CRB medido em reais nos 12 meses até julho é -6%.
Você pode pode rodar quantas regressões quiser (eu sempre achei que só pessoas habilitadas pudessem usar o E-Views, algo como exame de motorista, mas ninguém nunca levou a sério esta sugestão) e não vai conseguir explicar que a inflação se deve a commodities cujo preço em reais insiste em cair.
Concretamente os preços de commodities medidos em dólares aumentaram 12% e a moeda apreciou 15% entre julho no ano passado e julho deste ano. Faça a conta do efeito líquido (não precisa de E-Views; qualquer calculadora de mesa resolve).
A sua pequena aceleração da demanda pode ser sucintamente descrita pela evolução da demanda doméstica de 2006 para cá.
2006: 4,8%
2007: 7,0%
Mar08: 7,5%
Suficiente? Ou vou ter mostrar os números de vendas no varejo?
2006: 6,2%
2007: 9,7%
Jun-08: 10,1%
Pelo menos olhe os números antes de fazer afirmações como estas...
EM 21/08 O PRESIDENTE DO BC FEZ UMA APRESENTAÇÃO EM NY (ESTÁ NO SITE DO BC). AS TELAS MAIS DO QUE PROVAM A INFLAÇÃO DE DEMANDA (VALE A PENA LER).
Alex, então faça a conta p/ os grãos do CRB que você vai ver que não é bem assim.
Eu sei que você nunca vai dizer que a inflação ocorre em boa parte por causa dos alimentos, mas o efeito líquido será positivo, e muito.
Alex o preço do Barril do petroleo ano passado fechou próximo de 100 usd,com real proximo de 1.70.Em junho o petroleo atingiu o patamar de 140 usd,o real estava proximo de 1.63.
Se você for analisar direito a valorização do petroleo foi maior que a do real.Mesmo o real se apreciando o preço ficou mais caro.Grande parte desse movimento pode ser explicado pelas baixas taxas de juros nos EUA.
Segundo que você como economista e autoridade monetária sabe que países emergentes tendem a ter uma demanda maior que paises desenvolvidos.
CRB em reais:
CRB Spot -8%
CRB Livestock 2%
CRB Fats & Oils 4%
CRB Foodstuffs -2%
CRB Raw Industrials -12%
CRB Textiles -7%
CRB Metals -21%
Qual é mesmo o enorme efeito positivo?
E quanto aumentou mesmo a gasolina?
0,44%
E a energia elétrica produzida (em parte com óleo combustível e gás)?
-1,02%
Realmente petróleo teve um efeito imenso na inflação brasileira que eu, como economista, devo ser capaz de perceber...
Aliás, é o petóleo que explica 9,5% de aumento nos serviços de costura, 8% manicure, 9,7% empregado doméstico, 6,6% barbeiros...
Acho que o povo esqueceu que o preço da gasolina e do diesel é controlado. Então custos logísticos não aumentaram por causa do petrólio, já que 55% das cargas são transpotadas por caminhões.
O principal efeito do petrólio é na 2º geração de petroquímica (Braskem e etc) em dianta. É o povo que precisa do NAFTA que se ferra, mas eles acabam repassando. Não sei qnt o aumento em polietilelo e polipropileno afetam a inflação. Tem alguma idéia Alex?
Abs!
e qto que foi pão, feijão e afins?
Pesquise o número... Não é tão difícil. Mas não se esqueça de pesquisar os ítems que trazem a inflação para baixo
Alex você sabe que inflação é o aumento generalizado nos preços.O aumento dos alimentos entre outros intens são repassados .Isso desencadeia um aumento generelizado nos preços.Chile é um exemplo disso.Eles tem uma economia mais aberta que o Brasil e sofreram com a inflação.
Seu ex colega de BC Ilan Goldfain reconhece que as altas nas commodities tiveram peso na inflação.Se você fazer analise de regressão vai ver que seus argumentos estão errados.
Alex,
O BACEN formula toda a sua política com base nas metas de inflação, correto?
Não é um horizonte muito limitado?
O FED, por exemplo, não admite de jeito nenhum pautar sua política por metas de inflação.
Afinal, metas de inflação é uma política econômica que os Bancos Centrais devem adotar sempre, ou somente nos períodos de inflação endêmica, tal como vivíamos em um passado recente?
Eu faço a mesma pergunta do Caio.
Alex existe diferença de pensamento entre as escolas de economia de Barkley e Chicago?
Abs
Anônimo:
Eu volto a perguntar: e daí?
O Ilan é ótimo economista, foi um tremendo Diretor de Política Econômica, mas onde está escrito que eu preciso concordar com a visão dele?
Anônimo:
Acho que você está mal-informado. O BCE se pauta por um regime de metas e a Zona do Euro não sofre de inflação endêmica. Nem o Canadá, nem a Austrália, nem a Nova Zelândia, nem o Reino Unido, nem... (acho que já foi suficiente).
Agora, se você não acha que o Fed se pauta por metas, bem.. Leia issso:
"Misconception #2: Inflation targeting focuses exclusively on control of inflation and ignores output and employment objectives. Several authors have made the distinction between so-called "strict" inflation targeting, in which the only objective of the central bank is price stability, and "flexible" inflation targeting, which allows attention to output and employment as well. In the early days of inflation targeting, this distinction may have been a useful one, as a number of inflation-targeting central banks talked the language of strict inflation targeting and one or two came close to actually practicing it. For quite a few years now, however, strict inflation targeting has been without significant practical relevance. In particular, I am not aware of any real-world central bank (the language of its mandate notwithstanding) that does not treat the stabilization of employment and output as an important policy objective. To use the wonderful phrase coined by Mervyn King, the Governor-designate of the inflation-targeting Bank of England, there are no "inflation nutters" heading major central banks Moreover, virtually all (I am tempted to say "all") recent research on inflation targeting takes for granted that stabilization of output and employment is an important policy objective of the central bank. In short, in both theory and practice, today all inflation targeting is of the flexible variety."
Quem é o autor? Ninguém menos que Ben Bernanke.
http://www.federalreserve.gov/Boarddocs/Speeches/2003/20030325/default.htm
Gutenberg e Caio:
Há diferenças sim. Berkeley dá mais ênfase à questão de rigidez de preços (nominal e real), enquanto o enfoque de Chicago privilegia "market clearing". Isto em macro. No resto é bem parecido.
Abs
Alex
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