Tenho afirmado, assim como outros
economistas, que as pressões
sobre a inflação vêm do mercado de trabalho, pois a atual escassez de mão-de-obra implica elevação dos salários
nominais a um ritmo superior ao da expansão da produtividade, com consequências diretas para os preços.
Com efeito, se o salário aumenta 10%, mas cada trabalhador consegue produzir
10% a mais, o custo por unidade produzida permanece inalterado; no entanto, o
mesmo aumento salarial num ambiente em que a produtividade cresce apenas 1%
implica elevação do custo por unidade da ordem de 9%. Estes
números, a propósito, não são muito distantes dos observados recentemente no Brasil.
Nos setores onde não há
concorrência externa a tendência é que
preços sigam de perto a evolução do custo unitário e achamos sólidas evidências
de que isto tem sido verdade, expressas, por exemplo, na elevada correlação entre estimativas de custos unitários e a inflação de
serviços.
Há
quem argumente que estas pressões podem ser atenuadas pela expansão mais rápida
do produto por trabalhador, mas provavelmente sem ter atentado para a magnitude
da sua distância relativamente ao crescimento dos salários, muito menos se dado
ao trabalho de estimar o comportamento desta variável nos últimos anos. Caso
tivessem, notariam que, mesmo no seu melhor momento, impulsionado pela
recuperação cíclica de 2010, o produto por trabalhador não conseguiu se
expandir mais do que 5%, e isso somente num solitário trimestre.
À luz destes dados, não há
alternativa realista para redução da
inflação que não passe pela moderação dos aumentos salariais. Porém, se os salários
sobem hoje em larga medida por conta do baixo desemprego, a conclusão é que
este nível de desemprego é incompatível
com a inflação próxima à meta
de 4,5%.
Aqui aparece a pergunta inevitável: “mas
vale a pena elevar o desemprego para reduzir a inflação que, afinal de contas, está só 2%
acima da meta”?
À primeira vista isto parece mesmo um despropósito. Vamos condenar alguns milhões de pessoas a perderem seus empregos apenas porque a
inflação está um tanto mais alta?
Ocorre que esta questão parte do pressuposto que há uma troca estável e
permanente entre inflação e desemprego e que, portanto, caberia ao
governo, representante das preferências
nacionais, escolher uma combinação de
inflação e desemprego que deixasse a população o mais feliz possível. Esta suposição, porém, é falsa.
Nos anos 60 e 70 houve países que tentaram conduzir exatamente este tipo de política, com resultados lamentáveis, devidamente antecipados por economistas como Edmund
Phelps e Milton Friedman. Ambos notaram que esta troca entre inflação e desemprego é possível exclusivamente
no curto prazo, enquanto os trabalhadores e empresas não incorporam expectativas de inflação mais alta.
A partir do momento em que estas expectativas
se materializam em reivindicações de
salários (e preços) mais elevados, os ganhos de emprego somem e só sobra a inflação
mais alta. Apenas a aceleração não antecipada da inflação consegue novos (e temporários) ganhos. Esta dinâmica explica muito da combinação perversa de inflação e desemprego altos e crescentes (“estagflação”) que assolou as economias desenvolvidas na segunda
metade dos anos 70.
Quando estes países finalmente acordaram para o problema, tiveram que
passar por processos recessivos extremamente dolorosos para reduzir a inflação, gerando taxas de desemprego bem mais altas do que ocorreria
caso o problema fosse tratado mais cedo. A lúgubre escolha não é,
pois, entre desemprego e inflação,
mas sim entre desemprego hoje e desemprego mais elevado amanhã.
Com
uma eleição a vencer e um BC submisso não é surpreendente que a segunda
alternativa seja a preferida por qualquer político. O triste é saber que não
faltam economistas para justificá-la, apelando para a falácia que a política é
sempre o mais importante.
Que argumento a madame
quer que eu defenda?
|
(Publicado 22/Mai/2013)
116 comentários:
Muito bem colocado! Mas creio que um ponto importante que merece destaque é o fato de que o jogo político ocorre sob uma lógica diferente do "jogo econômico".
Veja o exemplo: tenho um irmão engenheiro que, ao debater economia comigo (sou economista), sempre utiliza aquela máxima meio torpe de que "tudo é política". Isto está errado, muito errado.
Nós economistas sabemos das implicações de manter o mercado de trabalho aquecido artificialmente, sabemos os custos da inflação e o receituário para tratar as eventuais patologias decorrentes. Temos compromisso com a teoria, com os teste empíricos e com a perpetuação de uma cenário econômico favorável, dadas as condições e restrições impostas.
Por outro lado, o horizonte temporal da classe política é muito mais curto e eles não estão preocupados com estes aspectos. Aliás, que político deixaria o BACEN desaquecer a economia a ponto de aumentar a taxa de desemprego para conter a inflação? Eu respondo, nenhum, principalmente no Brasil governado por esses caras aí...
Defendo que deveríamos criar mecanismos institucionais capazes de separar interesses conflitantes. Deixe os políticos jogaram seu jogo, no seu tabuleiro e com as suas regras, e nós, economistas, jogarmos o nosso, no nosso tabuleiro e com as nossas regras. Em suma, todo esse debate não seria necessário se o BACEN fosse, de fato e de direito, independente.
Alex,sou um de seus dezoito leitores.Ando pelas ruas de minha decadente Juiz de Fora.Aqui foi tramado o golpe que levou Getúlio ao poder em 1930 e daqui partiu o General Mourão com as as tropas que puseram fim àquela orgia pré 64.Pela Rio Branco, calçadão da Halfeld,Getúlio Vargas circulam multidões de desocupados.Seus conceitos sobre ocupação de mão de obra foram desmentidos pelas fotos publicadas recentemente sobre o fim do bolsa esmola.Acabem com essa merda dessas bolsas e você verá o que é desemprego nunca antes nesse país.É apenas uma discordância de quem tem enorme prazer e proveito por seus textos.
Alexandre,
O que Friedman e Phelps mostraram é que não há troca permanente entre inflação e desemprego, pois no longo prazo a taxa de desemprego volta ao seu nível natural.
No caso brasileiro, onde a taxa de desemprego está claramente abaixo da natural, haverá uma elevação do desemprego (em direção a natural), que merece ser mencionada.
Valeu
Lucas
"Em suma, todo esse debate não seria necessário se o BACEN fosse, de fato e de direito, independente."
É isso aí!
"No caso brasileiro, onde a taxa de desemprego está claramente abaixo da natural, haverá uma elevação do desemprego (em direção a natural), que merece ser mencionada."
100% de acordo.
Alex,
Poderia recomendar trabalhos empíricos que "comprovem" a inexistência de trocas permanentes entre inflação e desemprego?
Abração
JP
Então,abra mão de seu emprego hoje em defesa do controle inflacionário.
"comprovem"a inexistência de trocas permanentes entre inflação e desemprego?"
Pelo uso das aspas acho que ele ainda acredita no falso trade-off...
"Então,abra mão de seu emprego hoje em defesa do controle inflacionário."
Ô burrão: se eu abrir mão do meu emprego (e de qualquer outro) eu reduzo a oferta de trabalho e não altero a pressão no mercado de trabalho.
Diz uma coisa: foi deficiência vitamínica ou a burrice é hereditária mesmo?
Pega leve com o burrao
ô mané,
Você só reduz a oferta de trabalho caso voce abra mão do seu emprego e deixe de procurar emprego.
Caso contrário, você será um desempregado.
Alex:
No caso de você abrir mão de seu emprego não necessariamente reduz a oferta de emprego. Depende do que vai fazer. No caso de abrir mão do emprego e ficar desempregado, procurando outro emprego, não reduz a oferta de emprego. O ponto é: para que vai abrir mão de seu emprego para procurar um outro. Sei lá, para procurar outro melhor. Reduz a oferta de emprego no caso de abrir mão do autal emprego e ficar inativo (não trabalho nem procura trabalho).
O BC independente é o conceito lógico. O problema são as pessoas dependentes colocadas lá.
A propósito, esses caras não se preocupam com sua imagem profissional? É o mesmo que um gari pago para varrer as ruas e não realiza o seu serviço.
É isso que são: garis que não varrem as ruas.
"Você só reduz a oferta de trabalho caso voce abra mão do seu emprego e deixe de procurar emprego."
Foi exatamente o que escrevi, analfabeto...
A propósito, mesmo que eu desista de um emprego e saia buscando outro (elevando a quantidade ofertada de trabalho em uma unidade), meu antigo empregador terá que buscar um substituto (elevando a quantidade demandada em uma unidade também) . Efeito líquido zero (já se eu não buscar um emprego, o efeito é aumentar a pressão no mercado de trabalho).
Alex,
Poderia recomendar trabalhos empíricos que "comprovem" a inexistência de trocas permanentes entre inflação e desemprego?
Abração
JP
Digamos que se liberasse o câmbio e elevasse a Selic. Você concordaria com um programa (adicional ao que já existe) para amparo aos desempregados? Um câmbio de 1,50 e Selic de 12% pra começar, resultaria em quantos milhões de desempregados?
Parabéns pela lucidez e coragem desse excelente artigo!
Alex:
No caso de você dessistir de um emprego e sair buscando outro a oferta de emprego não muda. A oferta de emprego são os empregados + desempregados. Você deixa de estar empregado e passa para à condição de desempregado. A oferta de trabalho muda (aumenta) quando um inativo (não tem trabalho nem procura um) passa para a situação de ativo (seja empregado ou desempregado).
Agora vamos à demanda. No caso de você deixar o emprego fica uma vaga não ocupada. A demanda de trabalho não muda. Só vai estar alterada a quantidade de vagas ocupadas temporariamente.
Att.
O Analfabeto
"Poderia recomendar trabalhos empíricos que "comprovem" a inexistência de trocas permanentes entre inflação e desemprego?"
Claro, assim que você mandar um que "comprove" a existência de trocas permanentes entre inflação e desemprego...
A política, no caso do grupo no poder é mais importante, pois eles não querem correr o risco de manter o controle em um estado cada vez mais forte, refletindo a ideologia deles.
É uma pena que a suposta oposição, com o carneirinho Aécio no comando, não explore adequadamente o vídeo da filósofa.
É necessário mostrar que de fato o grupo que está no poder odeia de fato a classe média e quer acabar com ela, assim como foi feito na Venezuela e está sendo feito na Argentina.
nonsense total. O problema do Brasil hoje não é de desemprego alto e inflação alta, e sim de desemprego baixo e inflação alta, nada a ver comparar com os anos 70.
Uma dúvida meio off topic de um estudante. Tanto "O" quanto Alex pode dar essa força . . . Porque nos modelos de eq. geral com expectativa racional saddle path é preferivel a estabilidade mais geral?
O Alex, como vc iria abrir mao do seu emprego se vc e' o patrao?
"Poderia recomendar trabalhos empíricos que "comprovem" a inexistência de trocas permanentes entre inflação e desemprego?"
Procura na AKB que vc encontra.
Piada Pronta do Oreiro:
"Acredito que a maioria dos meus leitores sabe que eu sou um severo crítico da política econômica do governo Dilma Rouseff. Sabem também que em 2010 votei em José Serra para Presidente da República, fato esse que praticamente inviabilizou qualquer possibilidade de ingressar na equipe econômica do governo, apesar de ser Keynesiano e Desenvolvimentista. "
sou graduando, mas a partir do momento em que deflação gera desemprego e niveis maiores de emprego geram niveis maiores de inflação, não seria melhro dizer que o desemprego e inflação se retro-alimentam, ou se influenciam simultaneamente ?
Eu perguntei pq realmente nao sei, Alex.
Perdao, devo ter sido mal-interpretado. Coloquei as aspas pq pelo visto nao representa consenso na profissao.
Por favor, se puder, me indique uma literatura.
Inflação resulta da expansão da base monetária. Veja o comportamento dos agregados monetários, da expansão do crédito e dos gastos públicos...por outro lado, não temos poupança. Claro que os salários crescem...esse recurso é escasso face à constante elevação da demanda, dada a já citada expansão da base monetária.
nao fui claro, mas acho que, tipo : o trade off entre inflação e desemprego é determinado no mercado de trabalho, e a politica monetaria não infleuncia isso, e sim em que nivel desse trade off a economia estara
Uma duvida conceitual: assumindo que os salarjos representem 20% do custo total de producao, e' correto assumir que aumentos de salarios de 10% implicam em necessidade de aumento de produtividade de 10% para manter o equilibrio? Me parece que o principal efeito do aumento da massa salarial sobre a inflacao e' a expansao da demanda por bens com oferta inelastica; os EUA tiveram 20 anos de expansao com inflacao baixa e aumento da base salarial - qual foi a magica?
O Mantega virou menino de recado do Arno Agustin. Triste...
Alex,
Definitivamente tem gente aqui que PRECISA ganhar um argumento. Deve ser muito mais uma questão de necessidade de autoafirmação do que diferenças de valores e falta de fundamento econômico, não é possível!
Gosto muito do blog, acompanho sempre. Obrigada pela coragem e lucidez.
Abs,
"O BC independente é o conceito lógico. O problema são as pessoas dependentes colocadas lá."
De fato, o buraco é bem mais embaixo. Há inúmeros problemas institucionais que precisam ser debatidos. É interessante que, no nosso país, um cidadão eleito para a câmara federal pode assumir um cargo no executivo (ministro) sem renunciar ao seu cargo no legislativo. Esse processo fere o princípio da independência dos poderes.
Vejo poucos economistas discutindo estas questões, que a meu ver são centrais para o bom andamento das instituições democráticas, base do nosso sistema econômico. No caso do BACEN, as decisões são diretamente influenciadas pelo ministério da fazenda (ou seja, pela presidente), enquanto a teoria recomenda a independência. Não esqueçamos que "o cara" é PhD por Illinois, o que pressupõe competência técnica indiscutível...
Enfim, não há teoria que sobreviva a mecanismos institucionais falhos e incentivos errados...
Colocando Alex no BC e Pastore na Fazenda a curva de Phillips muda e o desemprego vai aumentar bem menos(isso é MacroI). Estaremos trocando o desemprego de milhões pelo desemprego dos mantegas/dos delfims/dos belluzzos...
Estimei com Kalman Filter a porra do desemprego que não gera inflação. O Kalman é hiper-volátil, mas sinaliza na ponta uma taxa acima de 6.5%. Usei dados de 2003 pra cá e uma curva de felipe padrão, com expectativa e inflação defasada. A não-observável do Kalman é apenas o "u potencial"
"O problema do Brasil hoje não é de desemprego alto e inflação alta, e sim de desemprego baixo e inflação alta, nada a ver comparar com os anos 70."
Se você soubesse ler teria entendido que é para lá que nos encaminhamos e que a atual combinação é apenas o primeiro passo do processo, mas por que mesmo perco meu tempo com analfabetos funcionais?
" Porque nos modelos de eq. geral com expectativa racional saddle path é preferivel a estabilidade mais geral?"
Porque um modelo de saddle-path gera uma única trajetória de equilíbrio; um modelo com estabilidade geral implica multiplicidade de equilíbrios (aqui equilíbrio não é definido apenas como o estado estacionário, mas incorpora também a trajetória de convergência ao estado estacionário).
"O Alex, como vc iria abrir mao do seu emprego se vc e' o patrao?"
Só apelando para minha esquizofrenia habitual...
"Colocando Alex no BC e Pastore na Fazenda..."
Nada contra o Pastore, mas na Fazenda tem que ser o Mansueto.
Abs
Estou curioso para saber por que o jênio acha que ‘desemprego baixo e inflação alta’ não parece com os anos 70 no Brasil.
Crer que haverá mais desemprego amanhã não é de todo certo. O que está ocorrendo é uma redução do salário real óbvia, como dito, quando há redução no desemprego sem aumento de produtividade, mas a inflação extra tende a ser passageira, até apenas os salários reais se adequarem ao novo índice de desemprego, já que esse índice não vai continuar baixando (desemprego negativo?).
Sim, os sindicatos podem querer aumentos maiores de salários, esse é o grande problema que pode gerar a temida inflação inercial (inflação, aumento de salario, inflação). Mas com as medidas pontuais do governo para segurar a inflação enquanto os salários estão se adequando e a elevando, vai fazer que ela não aumente tanto neste período, fazendo com que a indexação salarial não seja alta e não gere o ciclo dito de inflação inercial. Do mais, é o PT negociar com seus sindicatos e manter os aumentos salárias próximos a inflação e boa.
E fala-se tanto no longo prazo, mas as análises não poderiam ser de menor prazo aqui. A produtividade não subiu, ainda. Pare com a ânsia de ser apocalíptico.
BC independente, bla ba bla
Independente de quem? Dos eleitores ou do mercado?
"ndependente de quem? Dos eleitores ou do mercado?"
De imbecis como você
Literatura sobre não existencia de troca permanente, please?????
Hahahaha, Pastore no governo do PT????
"Mantega confirma que governo vai zerar PIS/Cofins de transporte urbano"
Ah, lá vem mais um daqueles artigos do Schwartsman sobre controle da inflação via tributos... acho que o Brasil tá ficando sem a menor graça, não acontece nada novo...
Acho que ele não é tão imbecil assim. Claro que a independência é o melhor arranjo, mas o BC se preocupa muito com o mercado e suas opiniões.
Alex,
Pq todas as regressões do Pastore são realizadas por MQO com um modelo repleto de variáveis endógenas?
E pq, assim mesmo, todos falam que ele é foda?
Alex,
Ler o seu site com a sua sinceridade pra responder as perguntas da maneira como elas deveriam ser respondidas eh a melhor parte do meu dia!
Não sei se entendi (sou meio leigo), mas se os trabalhadores que estão empregados agora forem desempregados, não mudará muita coisa, pois estruturalmente a mão de obra disponivel é tosquissima : politicas de demanda funcionariam e voltaria pro problema atual : A solução seria então a flexibilização da oferta - o que é muito dificil dado o nivel de investimento.. Ou seja, nossos problemas estruturais enfim bateram à porta, armados com uma uzi
"...BC independente, bla ba bla
Independente de quem? Dos eleitores ou do mercado?..."
E como já dizia Eisntein, tudo é relativo!!!!! Há, Há, Há.
Alex a opção mais lógica é pelo meio termo:
Aumento de numero de empregos COM aumento de taxa de desemprego.
(aumento do nro de empregos abaixo da velocidade de aumento da PEA)
Resulta em belas manchetes de jornais, agrada o setor produtivo e mantem a renda e o poder de compra meio que estagnado.
Mas Alex, isto é sustentável no longo prazo?
Gente, quem é o famigerado Pitbull Rentista de quem tanto se fala em alguns círculos acadêmicos e ninguém dá o nome?
Valeu Alex, os manuais não deixam isso muito claro.
Anônimo (22/05/2013 às 09:38),
Não sei se “tudo é política” seja uma máxima meio torpe, ou que seja uma máxima para interditar o economista da política. Só que me parece que o economista normalmente não consegue entender a lógica da política. No seu comentário você pergunta um tanto convicto da resposta:
“Aliás, que político deixaria o BACEN desaquecer a economia a ponto de aumentar a taxa de desemprego para conter a inflação?”
Eu brinco um tanto seriamente dizendo que o político é mais inteligente do que o técnico tanto assim que é o político e não o técnico que nos governa. Se for verdade que o político é mais inteligente do que o técnico eu imagino que a resposta a sua pergunta se dada por um político conterá uma pergunta prévia: Qual é a alternativa que me dará maior ganho eleitoral?
Ainda supondo o político mais inteligente do que o técnico, ele não fará a pergunta para um técnico pois me parece que se ela for feita para um técnico, principalmente se este técnico for um economista a resposta será que diminuir o desemprego dará mais votos do que diminuir a inflação e o político sabe que o mundo real é um mundo político e o mundo político é muito é muito mais complexo do que imagina o técnico, principalmente quando este técnico é um economista e imagina que o mundo real é só um mundo econômico.
Ele fará a pergunta para um político que responderá que será necessário ver as circunstâncias ou então ver a possibilidade se se criarem as circunstâncias para poder adotar a alternativa mais prolífica eleitoralmente. E o conselheiro político então dirá: “se a gente tiver um bom instrumental para aumentar a inflação um ano antes da eleição e se a gente for capaz de utilizar nossas ramificações na mídia para dizer que a inflação está saindo do controle e se nós tivermos um bom instrumental para reduzir a inflação para na época da eleição a gente poder alegar que dominamos o dragão da inflação eu imagino que mesmo que o instrumental que os técnicos nos disponibilizar para combater a inflação aumente o desemprego esta será a alternativa que nos trará mais votos”.
É preciso entender que a inflação atinge a todo mundo enquanto o desemprego só atinge os desempregados.
Pode ser que a Dilma Rousseff como economista não venha entender esta realidade, mas não creio que ela esteja rodeada por políticos amadores que a deixarão fazer tudo que ela como economista pensa que seja o certo.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 23/05/2013
Alexandre Schwartsman,
Os anos 70 não foram uma imensa e única nuvem tenebrosa sobre todos os países. É preciso ver detalhes em cada país. No Reino Unido, James Callaghan virou primeiro ministro em substituição a Harold Wilson, ambos do Partido Trabalhista, em abril de 1976. No site Historical UK Inflation And Price Conversion (Aqui o link: http://safalra.com/other/historical-uk-inflation-price-conversion/), os índices de inflação para 1975, 1976, 1977, 1978 e 1979 quando Margaret Thatcher (maio de 1979) tornou-se primeira ministra são respectivamente: 24,2%, 16,5%, 15,8%, 8,3% e 13,4%. Coloquei os dados porque lembro que já havia lido que quando James Callaghan assumiu ele havia prometido descer a inflação de 29% para 5%, e que ele não teria cumprido a promessa, pois a inflação só desceu até 7%. E os dados estão bem próximos da minha lembrança. Era de se esperar que a redução de inflação fosse suficiente para garantir a situação de James Callaghan, mas as circunstâncias do Reino Unido à epoca eram bem especiais.
Há que se ver como James Callaghan conseguiu reduzir a inflação. Evidentemente com o instrumental existente na época ele não utilizou somente a taxa de juro. Pelo que eu lembro da época, ele trabalhou muito com acordos com os sindicatos. Em suma, os trabalhadores pagaram o preço para a redução da inflação. E ela foi reduzida. Provavelmente como a perda deve ter sido muito grande, os trabalhadores britânicos foram levados a uma greve que se transformou em um tiro pela culatra.
O que se vê é que os políticos fazem todo esforço para ganhar uma eleição. James Callaghan quase teve êxito. Só que o histórico do Partido Trabalhista na Inglaterra não estava sendo bom e ai a queda da inflação não teve o efeito desejado principalmente porque o sacrifício estava sendo visivelmente exigido de uma quantidade muito grande de pessoas. Algo bem diferente do aumento da taxa de juro que não tem efeito imediato no bolso das pessoas salvo daqueles que vivem da renda do seu capital.
Agora, no mesmo período algo semelhante ao que foi tentado no Reino Unido por James Callaghan fora antes feito na Áustria por Bruno Kreisky que permaneceu como chanceler austríaco de 1970 a 1983 e saiu mais pela idade, pois embora não tão velho com 72 anos, mantem-se como o mais velho político da Áustria a exercer o cargo de chanceler. Não tenho os dados da inflação na Áustria no período, mas imagino que lá a situação foi bem distinta da Inglaterra e provavelmente a taxa de juros não tenha constituido-se no principal instrumento de combate à inflação.
A volta da inflação que se observa nos primeiros anos do governo de Margaret Thatcher se explica pela liberalização econômica que ela promoveu no início em um modelo diferente do governo de James Callaghan, ainda que naquele período não só para proteger a libra de desvalorização diante do aumento do juro pelos americanos, ou mais precisamentepelo Paul Volcker, que curiosamente assumiu a presidência do FED três meses após Margaret Thatcher tornar-se primeira-ministra inglesa, como também para combater a pressão inflacionária, o juro tenha subido bastante.
Enfim, cada caso é um caso e por mais competente que tenha sido o político (Naquela época, eu considerava James Callagham um dos meus políticos preferidos) ele pode errar nos cálculos dele, pois eleitor nenhum é tão manipulável como de certo modo eu imagino que o eleitor seja.
Há que se considerar também que naquela época não se dispunha do mesmo instrumental de combate à inflação que se dispõe agora. Não sou a favor de combater a inflação a ferro e fogo e não sou favorável ao Regime de Metas de Inflação, mas pelos dados apresentados no site Historical UK Inflation And Price Conversion e que eu indiquei o link, parece-me fenomenal o efeito do Regime de Metas da Inflação nos índices de inflação na Inglaterra. Parece que os economistas deram aos políticos um instrumental para combater a inflação que nem mesmo os economistas sabiam o poder que o instrumental possui.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 23/05/2013
http://jlcoreiro.wordpress.com/2013/05/16/mudanca-de-filiacao-institucional/
"em alguns círculos acadêmicos"
Pelo que se diz, não são "círculos acadêmicos", mas o "círculo de certo acadêmico"
"Literatura sobre não existencia de troca permanente, please?????"
Faz assim, ó:
www.google.com
Phillips curve
Inflation unemployment trade-off
Natural rate hypothesis
Já tá grandinho, né?
"Pelo que se diz, não são "círculos acadêmicos", mas o "círculo de certo acadêmico""
kkkkkkkk
No contexto de um blog, existe diferença entre os textos do blogueiro e comentários dos leitores, certo?
Espero que sim, senão estaria me contradizendo a cada segundo, sem contar os autoinsultos...
Como um Economista Professor Doutor (PUC - SP) pode ter um entendimento tão embotado sobre economia? Deve ter sido difícil ter de se controlar no debate (vi só uma parte pequena). Quando citou a Argentina como exemplo foi de doer. Esta turma tem pensamento único: abaixe a taxa básica, desvalorize o câmbio administrativamente. Só pensam no curtíssimo prazo. Não se dignam a analisar pontos favoráveis e desfavoráveis (quem ganha e quem perde). É de um primarismo de envergonhar.
Meus caros,
1- "Literatura sobre não existencia de troca permanente, please?????"
Meu Deus, veja o caso brasileiro e a absurda variação que tivemos em nossas taxas inflacionárias a partir da década de 70. Se houvesse tal trade-off permanente, o desemprego aqui apressentaria uma absurda variância.
2- Já vi o Prof. Aluísio Araújo dizer qe o Pastore é o maior especialista brasileiro em economia monetária. Não gosto de argumento de autoridade, não sou da área de monetária, mas ruim de serviço, o Pastore claramente não é.
3- Expectativas importam muito, mas economia não é só expectativas. A nossa política fiscal é muito ruim e é ela a responsável pelo aceleração inflacionária. As nossas duas políticas (monetária e fiscal) são ruins. Não vamos nos esquecer da perna fiscal.
Saudações
MAGECONOMIA,
Isso foi em algum debate da Globonews?
Abs
"http://jlcoreiro.wordpress.com/2013/05/16/mudanca-de-filiacao-institucional/"
por mais que o Oreiro seja um pterodoxo, ele tem mestrado na Puc e pos-doc na berkeley.. é melhor ter aula de macro com ele 100 vezes do que com a Denise Gentil ou \Ricardo Summa, por exemplo. Mesmo assim é uma má noticia para alunos da ufrj
Anônimo disse...
"ndependente de quem? Dos eleitores ou do mercado?"
De imbecis como você
23 de maio de 2013 12:16
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Argumento que e bom, nada.
O Krugman e o Laurence Ball tao defendendo aumentar a meta de inflacao dos EUA de 2% para 4%.
Esses caras estão ficando malucos? Quanto menor a inflação, melhor. Correto?
Os caras tao pensando no curto prazo so
http://krugman.blogs.nytimes.com/2013/05/24/the-four-percent-solution/
Krugman escrevendo sobre um artigo do Larry Ball que argumenta que uma meta de inflacao de 4% faria com que armadilha da liquidez fosse menos provavel e menos custosa. O Ball e' muito competente e a ideia faz sentido nos paises com risco de deflacao.
Mas tenho certeza que os quermesseiros de plantao vao distorcer a ideia e sugerir que o Brasil tambem aumente a meta. Ja vejo a manchete dos jornais ptistas: "Mantega acertou mais uma, ate o guru liberal krugman pede meta de inflacao mais alta"
"...Mas tenho certeza que os quermesseiros de plantao vao distorcer a ideia e sugerir que o Brasil tambem aumente a meta..."
Eles já aumentaram a meta!!! Qualquer coisa que não seja > 6,5% a.a em 31/12.
Alexandre. Pelo que você diz, os trabalhadores têm culpa na inflação. Passam a consumir mais, o que, para você, é um desastre. Pleno emprego significa maior renda, mas você é contra a melhoria dos padrões das classes menos favorecidas. Pergunto: você sabe que a inflação é na verdade uma ato técnico de transferência de renda de empresas? O Grupo Pão de Açúcar é um bom exemplo.
" Pelo que você diz, os trabalhadores têm culpa na inflação."
Errado
" Passam a consumir mais, o que, para você, é um desastre"
Errado
" você é contra a melhoria dos padrões das classes menos favorecidas"
Errado
" a inflação é na verdade uma ato técnico de transferência de renda de empresas"
Errado
"O Grupo Pão de Açúcar é um bom exemplo"
Errado.
Deve ser o novo recorde mundial. Chame o Guiness já!
Alex,
Se as antas do nível desse do Guiness poluíssem apenas os blogs até que tudo bem, o duro é que essa gente está lá.
Ah, e vc viu que a moda agora é falar dos resultados do setor da cosntrução???
Bem o ramo mais protegido das importações.
GLOBONEWS.
É possível um professor ter boa didática para explicar IS-LM, Curva de Philips, etc. e não ser um bom analista. Mas como o professor sempre influencia a linha de pensamento do aluno (e muitos limitam-se à leitura, ou menos, de apostilas), este sempre sairá prejudicado. Se o aluno ler um bom livro de Macro ou de Economia Monetária entrará em choque com a linha de pensamento destes professores (nacional-desenvolvimentistas).
Sei que é difícil para um jovem entre 18 e 22 anos trocar os prazeres da idade por leituras áridas, mas a saída é esta.
Procurem sempre analisar os efeitos de políticas sobre os agentes econômicos (quem ganha e quem perde), no cp e no lp, no primeiro e no segundo momentos (o processo).
"Esses caras estão ficando malucos? Quanto menor a inflação, melhor. Correto? "
Nao necessariamente. quando corre risco de deflacao, vc nao quer menor inflacao. A proposta e' para o caso particular de armadilha da liquidez.
Nao e' o caso do Brasil. O Brasil ainda nao provou ser serio em relacao a inflacao. Cegou a tentar, mas logo desandou. Aqui aumento da meta de inflacao so vai levar a maior inflacao e com prejuizo do crescimento de longo prazo.
"Os caras tao pensando no curto prazo so"
pelo jeito vc nao se deu o trabalho de ler o artigo do Ball.
O Oreiro escreve igual ao Agamenon Mendes Pedreira, incrível...
"...Deve ser o novo recorde mundial. Chame o Guiness já!..."
Melhor que chamar o Guiness, é abrir uma Guiness para ler alguns comentários. O do sujeito indignado arrogante (como não falar isto se ele acha que os outros querem ferrar os pobres) é impressionante. Infelizmente, o comentário da meta de inflação do Krugman é o mais preocupante. Parece que o sujeito tem alguma educação formal em economia e simplesmente não entende NADA de teoria ou do debate econômico. Impressionante.
Saudações
Alex, vc nao esta sozinho. Agora o 247 pegou no pe do Arminio. Comico, parece o jornal do casseta.
http://www.brasil247.com/pt/247/juros/102994/Arm%C3%ADnio-confessa-juro-baixo-faz-ele-se-co%C3%A7ar.htm?acid=571065&ls-acm0=10
Eu estou otimista. O ciclo dos commodities perdeu seu folego e o dolar comeca a se fortalecar no mundo. Provavelmente teremos panico no mercado quando o Fed comecar a retirar os estimulos.
Com sorte esses efeitos serao sentidos ate o primeiro semestre de 2014. Desvalorizacao do Real, reducao da liquidez internacional e aumento da aversao ao risco tem tudo para acelerar a inflacao e reduzir a atividade as vesperas da eleicao. Como a fazenda nao tem a menor competencia e o BC esta amarrado a resposta de politica economica deve ser impropria e lenta. Este cenario estraga a reeleicao da doutora presidenta.
"Esses caras estão ficando malucos? Quanto menor a inflação, melhor. Correto? "
Sim, mas não em qualquer situação (como a de agora).
Como o banco central lá é crível, as expectativas tendem a se ancorar no novo patamar (4%). Esse aumento de expectativas reduz a taxa real de juros ex-ante e incentiva o gasto (consumo e investimento).
Para o futuro, e isto está sendo muito debatido agora (vide paper Blanchard de rethinking macro), uma maior meta de inflação pode ser benéfica para evitar a ocorr~encia de zero lower bound.
Pela equação de Ficher voc~e percebe que, dada a taxa real de juros da economia (determinada por fundamentos), uma maior taxa de inflação gera uma taxa nominal de juros mais elevada (mais distante do limite zero).
A questão é: por que o mercado elevaria as expectativas para 4% sendo que o BCB não tem conseguido de forma alguma inflacionar a economia?
Abs
HAHA Pastore no governo do PT? Pastore e Alex são apenas pílulas para atenuar os efeitos do trade-off.Se os pacientes e seus representantes preferem cotinuar se intoxicando de mantegas....paciência.Enfim, existe mais coisas entre o céu e o inferno do que supõe a nossa vã ...economia.
O Larry Ball, infelizmente, falou um monte de bobagens no Seminário de Metas do BC. Coisas dignas de quermesseiro.
Anônimo disse...
"http://jlcoreiro.wordpress.com/2013/05/16/mudanca-de-filiacao-institucional/"
por mais que o Oreiro seja um pterodoxo, ele tem mestrado na Puc e pos-doc na berkeley..
24 de maio de 2013 13:17
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Errado.
O Oreiro fez ate campanha pro Serra em 2010. Nunca foi nem votou no PT.
E de onde tu tirou esse pos doutorado em Berkeley? Ele nao fez. Fez o mestrado na PUC rio com o Amadeu e o Doutorado na UFRJ com o Cardim.
Sobre a indexação, Alex.
Estava vendo o debate lá no Entre Aspas, e sobre a indexação tive uma "ideia", tola ou não, queria ver o que você acha:
Não seria menos pior se a indexação, uma vez que existe, ocorra regionalmente? Por exemplo, preço de pedágios no Estado de SP. Se houvesse um índice de inflação para SP não seria melhor utilizar esse índice para os pedágios? No caso dos alugueis, não seria melhor utilizar índices regionais de inflação do que um para o país inteiro, e assim por diante naquilo que fosse possível?
Isso seria pior, melhor, ou não faria diferença alguma? É óbvio que, para se fazer isso, o IBGE e outros institutos teriam que calcular os índices de cada regionalidade, mas aqui estamos falando em tese.
"Nossa vã economia" Há algo de podre no reino.....uma inflação de 8%........Ser ou não ser inflacionista,eis a questão! Qual é mais nobre para a alma,suportar os dardos e arremesos de uma inflação crescente, ou arremeter-se contra um mar de desventuras tentando dar-lhe fim.....
Ele não fez pós-doc fora, é mais uma cria do Cardin, do naipe do Sicsú e cia. Ele acha que sabe matemática, mas foi posto pra fora do IBMEC-RJ pelas asneiras que falava e pela pobre formalização que tinha, e tem.
Dediquei 2h para GloboNews neste final de semana. Não há como negar que estamos anos-luz do caminho correto. Ver economistas como Lacerda, Beluzzo, Lozardo, etc, ainda com voz na mídia e discutindo se juros são ou não o instrumento ideal para combater inflação é a prova concreta disso.
Ainda não conseguimos derrotar idéias ultrapassadas e que não encontram respaldo em nenhum lugar que possa ser levado a sério. Em terra de Neymar, Zé Love não consegue dar nem palpite.
Falharam Alexandre S, Eduardo Loyo, Marcio Garcia, Fabio Kanzuc, Carlos Kawall, R Werneck, Monica de Bolle, Samuel Pessoa, M Mesquita, O Anonimo, Afonso B, Z Latif, Tanure, Irineu, Economista X, Y, Z, Mansueto, Ilan Goldfajn, e todo outro economista de primeira linha deste país que possui voz e conhecimento para ter sepultado estas idéias e profissionais ultrapassados. Pode parecer injusto, muito injusto até, mas este fardo também é de vocês. Reconheço o esforço de alguns, mas para qualquer lugar que se olhe nota-se que a guerra está perdida.
Só temos que lamentar.
ZéNinguem.
Carmen Reinhart detonando p Krugman
http://www.carmenreinhart.com/letter-to-pk/
Alex, só uma duvida que sempre tive.. O que os âncoras de programas ficam falando, tipo o do Entre Aspas, enquanto rolam os créditos finais? Abraço
Fala Alex, tudo bem?
Preciso da tua ajuda e agradeço se puder me ajudar.
Estava aqui preparando material de aula e o assunto que estou explorando e' mercado de trabalho.
Pois bem, existem os empregados (E) e os desempregados (U). Os desempregados sao aqueles que nao tem emprego, mas que estao a procura de um.
A forca de trabalho (N) e' dada pela soma entre empregados e desempregados (E + U).
A taxa de desemprego, por sua vez, e' dada pela razao entre desempregados e forca de trabalho (U/N).
Eis o ponto: a taxa de desemprego depende de dois fatores: (i) do numero de desempregados; (ii) do tamanho da forca de trabalho.
Pergunta 1: a dinamica da taxa de desemprego no Brasil tem obedecido mais a qual fator?
Pergunto isto, pois verifiquei que a PEA estava crescendo muito no pais (razao entre PEA e PIA nas maximas historicas)...
Pergunta 2: por que a PEA tem se elevado tanto no Brasil?
Forte Abraco (e me corrija caso eu tenha cometido algum equivoco).
Economista X
Eu diria que a PEA tem se elevado no Brasil estimulada pelo bom momento econômico do país, em que se elevam o salário esperado e a probabilidade de obtenção de emprego.
Nesse sentido, determinados grupos sociais, tipo mulheres casadas, jovens estudantes e pessoas precocemente aposentadas, lançam-se ao mercado de trabalho.
Abs
José
X,
Acho muito melhor visualizar a taxa de desemprego como 1 - E/N.
Algebricamente dá no mesmo, mas (confia em mim) isso acarreta menos confusão na prática.
Por exemplo: pelo seu modo de ver as coisas (U/N), um aumento da PEA reduz a taxa de demprego (aumento do denominador). Pelo modo como coloquei a taxa de desemprego, um aumento da PEA aumenta a taxa de desemprego.
Valeu
Carlos César
A taxa de desemprego no Brasil está sendo puxada para cima por causa da elevação da taxa de participação.
Se fôssemos analisar a taxa de desemprego, mantida constante a taxa de participação, estariamos em uma taxa de desemprego ainda menor.
Mudando o foco, hoje saiu reportagem no Valor que mostra que a taxa de desemprego nos EUA está baixa pora causa da queda da taxa de participação. Se controlássemos para este movimento, o desemprego lá estaria em torno de 11% (ou seja, ainda bastante elevado).
Abraços
M
Alex,
Como você faz uma estimativa de taxa de desemprego ajustada a movimentos da taxa de participação?
Saudações, Eric
Alex,
Por que as taxas das NTNB's estão subindo tanto?
Abs.
"Por que as taxas das NTNB's estão subindo tanto?"
Por que a galera superestimou a inflação e agora está tentando reduzir a posição com esse papel. o preço cai e o juro sobe...
Po Alex, se pronuncia aí vai...
Varias perguntas interessantes sendo feitas e vc nada...
e o feijao hein? 44% de alta em 2013
um filhote do krugman apelando pro friedman e phelps...
"Por que as taxas das NTNB's estão subindo tanto?"
O BC começou a alta de juros e ninguém sabe ao certo onde vai parar. Havia a possibilidade do BCB anunciar uma meta de juros, mesmo com a inflação indo para 7%! Mas falando sério, ele deu um passo e os juros subiram e a expectativa de inflação cedeu um pouco. Também temos os juros dos treasuries subindo, e existe uma correlação. Também temos uma percepção de risco algo maior no Brasil (fiscal, China e crescimento piores) e os gringos reduzem o duration do Brasil. Tem também os brasileiros que tomaram as ntnbs num preço muito caro no final de 2012, e estão meio doloridos, e o mercado se ajustou um pouco.
Dantas
"Por que as taxas das NTNB's estão subindo tanto?"
A qual período você se refere?
Se for à última semana (pf, confirme), então não se trata de reavaliação para baixo das expectativas de inflação, pois as taxas pré mais longas também abriram.
A LTN Jan17 e a NTNF Jan17 abriram 25 e 27 bps respectivamente entre 20 e 27/mai. A B Mai17 abriu 23 bps, mantendo a implícita mais ou menos inalterada.
Se sua referência for o período após a reunião de abril, então houve reavaliação para cima da inflação implícita.
É verdade que há mais coisa na inflação implícita do que a expectativa de inflação (ver aqui http://maovisivel.blogspot.com.br/2010/10/mais-ovos-mexidos.html), mas parece razoável supor que nenhum dos prêmios associados tenha mudado muito num prazo tão curto.
"A qual período você se refere?"
Alex,
Eu me referia aos últimos dias. Mas, tá certo, as taxas pré também abriram.
Abs.
Alex o Mercado sempre ganha, mesmo quando parece que está perdendo.
Os desequilíbrios surgirão a frente com mais força pois foram mascarados.
Perderemos uma década para arrumar a casa.
O grande irmão do norte, começa a aquecer suas turbinas depois de anos duros e ajustes.
Agora estão trabalhando forte para diminuir sua dependência energética com o Shale Gas.
O Pré sal pode se tornar inviável pois custa 40 USD para extraí-lo.
E nós que queremos sempre inventar a roda vamos ficar a pé!
"Eu me referia aos últimos dias."
OK, foi o que havia imaginado. Maravilha.
Abs
X:
Eu coloco a questão em termos de proporções. A taxa de desemprego, para usar sua notação, pode ser definida como:
u = 1 - E/N (Ocupados/PEA)
Dividindo numerador e denominador pela PIA (população em idade ativa) temos:
u = 1 - (E/PIA)/(N/PIA)
Seja a taxa de participação p a razão entre PEA e PIA:
p = N/PIA
E seja a taxa de ocupação a razão ocupação-PIA:
u = 1 - o/p
Um aumento na ocupação reduz o desemprego e um aumento na taxa de participação aumenta o desemprego.
Entre 2003 e 2012 a taxa de desemprego caiu de 12,3% para 5,5%.
A taxa de ocupação se elevou de 50,0% para 54,2%, enquanto a taxa de participação subiu de 57,1% para 57,3%.
Parece claro que a dinâmica foi dominada neste período pelo crescimento da ocupação. Aliás, caso a taxa de participação não tivesse subido, o desemprego no ano passado seria 5,1%.
Caso o horizonte seja mais recente (2 últimos anos?) os números são:
u: de 6,7% para 5,5%
o: de 53,2% para 54,2
p: de 57,1% para 57,3%
Caso a taxa de participação tivesse se mantido inalterada, a taxa de desemprego teria caído ainda mais, para 5,1%.
Caso a taxa de ocupação tivesse se mantido inalterada, a taxa de desemprego seria 7,1%.
Neste caso também é a ocupação quem comanda o jogo.
No meu último relatório mostro evidência que a taxa de participação é estacionária, fato que sugere que a dinâmica de desemprego depende mais da ocupação que da participação.
Abs
Eric:
Veja a resposta acima.
Abs
O bolsa família é um programa mesquinho, o dinheiro não dá nem para comprar uma calça jeans de R$300,00.
"No meu último relatório mostro evidência que a taxa de participação é estacionária, fato que sugere que a dinâmica de desemprego depende mais da ocupação que da participação"
Divulga o relatório pra gente, vai. Não seja mesquinho. Agora ficamos curiosos e não temos grana para virar clientes de tua consultoria.
Saiu ontem, não posso. Quem tiver interesse, por favor me mande um e-mail semana que vem e eu passo o relatório.
"por favor me mande um e-mail semana que vem e eu passo o relatório"
Combinado. Terça feira cedinho te mando um e-mail cobrando.
Alexandre,
Excelente!!! Valeu pela dedicacao e paciencia!!!
Forte abraco
Economista X
Pelo jeito dele falar, o economista português Miguel Beleza teve um rolo com o Krugman, mesmo que não concorde com tudo o que ele diz:
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO162603.html
Anônimo (quarta-feira, 29/05/2013 às 01:42),
Preciosa sua indicação do post “Miguel Beleza relembra o amigo Paul Krugman: "Ele é um pouco ligeiro nas críticas que faz"”. Aliás, o título por ser longo, dizendo algo talvez certeiro no que expressa, não indica a direção do que se lerá no texto. A sua chamada não só pela qualidade do indicação vale também pelo que me fez ler com atenção o post até o fim.
No final da década de 80 quando comecei a ler os livros de Paul Krugman, pelo meu interesse na área de economia apesar de leigo eu fazia uma boa avaliação dele, mas não gostava da forma crítica de que ele se referia aos países com grandes saldos na Balança Comercial. Para mim a grande transformação que o Brasil sofrera após a intervenção do FMI em 1983 fora o saldo na Balança Comercial via câmbio desvalorizado que, apesar da inflação, relançava-nos no caminho do desenvolvimento. A cada plano econômico que nos destruia o saldo eu via o Brasil voltar ao começo.
Nos anos recentes, Paul Krugman tem-se manifestado mais de acordo com o que eu gosto de ouvir. Quer a desvalorização do dólar, não se preocupa tanto com a inflação até pedindo inflação mais alta e outras opiniões que soam como boa música aos meus ouvidos. Em um ponto eu ainda diverjo dele. É exatamente no trecho em que Miguel Beleza responde à seguinte pergunta que transcrevo em negrito:
“Concorda quando Krugman diz que Portugal está a viver um pesadelo “inaceitável”?”
E para mim Miguel Beleza foi preciso na resposta:
“Não é tanto assim. É claro que estamos mal, mas é preciso notar que o Krugman tem uma fixação contra o euro, aliás típica dos americanos. E, apesar da minha admiração por ele, na minha opinião não tem razão”.
Dou por conta de pequeno desprezo ciumento a crítica que ingleses e americanos fazem ao Euro. E não é só inglêses e américanos. Há um pouco deste menoscaibo invejoso nos que se formaram naquelas terras alienígenas. Toma-se como exemplo o destaque que Alexandre Schwartsman dá no post “Profético” de sexta-feira, 18/11/2011 (No link a seguir: http://maovisivel.blogspot.com.br/2011/11/profetico.html), às palavras de Milton Friedman sobre o Euro, destaque que se enfatiza no próprio título. E ele não consegue fugir ao que parece da formação econômica que ele obtivera nas escolas americanas no texto da lavra dele que foi publicado no Valor Econômico e saiu aqui no post “Memórias de um centenário” de quarta-feira, 12/09/ 2012 (No seguinte endereço: http://maovisivel.blogspot.com.br/2012/09/memorias-de-um-centenario.html).
E para agradecer mais a sua indicação da entrevista de Miguel Beleza lembro que ela levou-me até o blog de Paul Krugman e em razão disso pude ver três posts interessantes. O primeiro foi “Nightmare in Portugal” de segunda-feira, 27/05/2013 às 09:31 am (Pode ser visto no seguinte endereço: http://krugman.blogs.nytimes.com/2013/05/27/nightmare-in-portugal/).
O segundo foi “Portuguese Memories (Trivial and Personal)” também de segunda-feira, 27/5/2013 (Pode ser visto noseguinte endereço: http://krugman.blogs.nytimes.com/2013/05/27/portuguese-memories-trivial-and-personal/), e que junto com o post anterior “Nightmare in Portugal” motivaram a entrevista de Miguel Beleza.
E o terceiro post com o título de "A Brief, Useless Note On Being Bashed" de terça-feira, 28/05/2013, às 02:11 pm (Pode ser visto no seguinte endereço: http://krugman.blogs.nytimes.com/2013/05/28/a-brief-useless-note-on-being-bashed/) traz um Paul Krugman bastante pedante tratando o nome dele como uma griffe, mas batendo bem de volta nos que o criticam. Além disso o post "A Brief, Useless Note On Being Bashed" vem com o link para a canção “Behind Blue Eyes” do The Who que me fez lembrar a lição que algum judeu contou explicando que o comportamento de Israel parece com a história em que se acusava um cão de bravo porque morde de volta quando se é chutado.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 31/05/2013
Obrigado, Clever. Frequento alguns jornais portugueses da área da economia e achei essa entrevista muito interessante.
Abrs,
the long march of the cow to the swamp! rsrsrs. Esses caras tão de sacanagem, Alex manda logo tomar no cú, existe uma enorme diferença entre ignorância e má fé, a equipe econômica desse governo não pode ser tão ignorante!!
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