teste

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Independent as a hog on ice

Direto de Pomona, CA... o genial Tom Waits, ator, cantor, compositor, músico...



Cemetery Polka

Uncle Vernon, Uncle Vernon, independent as a hog on ice
He's a big shot down there at the slaughterhouse
Plays accordion for Mr. Weiss

Uncle Biltmore and Uncle William
Made a million during World War Two
But they're tightwads and they're cheapskates
And they'll never give a dime to you

Auntie Mame has gone insane
She lives in the doorway of an old hotel
And the radio is playing opera
All she ever says is "Go to hell"

Uncle Violet flew as a pilot
And there ain't no pretty girls in France
Now he runs a tiny little bookie joint
They say he never keeps it in his pants

Uncle Bill will never leave a will
And the tumor is as big as an egg
He has a mistress, she's Puerto Rican
And I heard she has a wooden leg

Uncle Phil can't live without his pills
He has emphysema and he's almost blind
And we must find out where the money is
Get it now before he loses his mind

Uncle Vernon, Uncle Vernon, independent as a hog on ice
He's a big shot down there at the slaughterhouse
He plays accordion for Mr. Weiss

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Matar ou morrer, nadar ou afundar

Dia super importante para mim, esperado por muito tempo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Morcegada austriana

Cada vez eu fico mais assustado com a loucura das respostas que recebi quando postei o artigo de Sargent e Surico (AER 2011) que mostra que os dados americanos dos anos 80 para cá refutam fortemente a Teoria Quantitativa da Moeda.

É de lastimar mesmo. Se os fatos dizem algo diferente do que sua teoria favorita, você tem duas opções: [1] comporta-se como um cientista e joga no lixo ou tenta reformular sua teoria; [2] comporta-se como um jeca fundamentalista e enfia o pescoço de avestruz no primeiro buraco.

Infelizmente, dentre os 15 ou 20 economistas de movimento de direita no Brasil, a opção [2] tem sido a preferencial.

Dói dizer isso, mas a turma do partido da estrela que rasgou o programa socialista e se tornou establishment tem mais maturidade intelectual que os nossos 15 ou 20 intelectuais de direita.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A solidariedade das bestas-fera

O maior ditador da América Latina, Fidel Castro, a.k.a. a puta velha torturadora e assassina de Havana, escreve em defesa de Gaddafi, a puta velha torturadora e assassina de Tripoli:

Poderá estar-se ou não de acordo com Kadafi. O mundo foi tomado por todo tipo de notícias, empregando especialmente os meios de informação de massas. É preciso esperar o tempo necessário para conhecer com rigor o quanto há de verdade ou mentira, ou uma mescla de fatos de todo tipo que, em meio ao caos, ocorreram na Líbia. O que para mim é absolutamente evidente é que ao governo dos Estados Unidos não preocupa em absoluto a paz na Líbia, e não vacilará en dar à Otan a ordem de invadir esse rico país, talvez em questão de horas ou muito breves dias.

Fidel: Tua hora está chegando, assassino filho-da-puta, degenerado, psicopata. Que você viva para ver seu legado na lata de lixo da história. Que você viva para ver seus descendentes renegando o seu nome.

A monarquia [*] caiu no Egito, deve cair na Líbia, e vai cair em Cuba, na Coréia do Norte em breve também. Viva Fukuyama!


[*] Segundo o Wikipedia, monarquia é um tipo de regime político que reconhece um monarca (rei de forma hereditária ou abdicada) como chefe do Estado. Castro, Assad, Gadafi só não são monarcas no nome.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quando mentecaptos chegam ao poder: Venezuela com chávez

Interessante artigo sobre o regime cambial na Venezuela.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Resposta ao austriano Adolfo

Eu comecei a responder ponto a ponto ao post do Adolfo em que ele prende a respiração e entra em um casulo para se esconder da realidade que a Teoria Quantitativa da Moeda tem poder explicativo zero para a determinação da taxa de inflação no curto e no longo prazo nas últimas três décadas nos EUA (vide Sargent e Surico, AER 2011).

Mas o argumento do Adolfo não merece uma refutação ponto a ponto. A cada parágrafo, a mesma pergunta parece se repetir: “se emitir moeda não gera inflação, então exatamente qual é o problema de se emitir moeda?”

Tal pergunta começa de uma premissa errada. É errado dizer que moeda gera inflação assim como é errado dizer que moeda não gera inflação, pois o efeito de moeda sobre inflação depende do contexto.

Por exemplo, em uma economia com desemprego bem acima da taxa natural, somente economistas austrianos apostariam que emissão de moeda seria inflacionária (como demonstrado nos últimos anos nos EUA). Neo-keynesianos como o Krugman e “O” por sua vez acertaram e têm acertado seguidamente que os riscos maiores têm sido de deflação nas economias avançadas.

Tendo dito isso, se moeda for emitida para financiar déficit público, tanto teoria quanto experiência nos dizem que o efeito deve ser inflacionário. Por isso mesmo, todos os países que se dão respeito adotaram instituições fiscais e monetárias que minimizam a possibilidade de financiamento do déficit público via emissão de moeda.

Economia é uma dona complexa demais para ser explicada por slogans.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Muito pouco; muito tarde

Na semana passada o governo federal anunciou um ajuste fiscal, marcado pela promessa de corte de R$ 50 bilhões nas suas despesas. Parece muito, mas precisamos saber (a) se é suficiente; e (b) se vai acontecer. A resposta é infelizmente negativa nos dois casos (um desperdício, já que a negativa à segunda pergunta torna a primeira irrelevante, mas, mesmo assim, é importante compreender o porquê) e os motivos para isto devem ficar claros nos próximos parágrafos.

Comecemos por entender o que é realmente o corte anunciado. Uma mente menos afeita à particular forma de apresentação da contas públicas poderia interpretar que, da mesma forma que uma família em dificuldades financeiras reduz seu nível de gasto, o governo estaria disposto a diminuir suas despesas. Não é esse, porém, o caso.

De fato, o corte de R$ 50 bilhões aplica-se às despesas previstas no orçamento da União para 2011, R$ 769 bilhões, e, se posto em prática, traria o gasto federal este ano para R$ 719 bilhões. No entanto, como a despesa observada em 2010 ficou ao redor de R$ 657 bilhões, tal “corte” de despesas representa na verdade um aumento de R$ 62 bilhões no gasto público federal relativamente ao ano passado. A família em dificuldades iria certamente à falência caso seu “corte de despesas” implicasse, como no caso do governo federal, um aumento de quase 10% nos seus gastos.

Isto dito, como o crescimento do PIB nominal (o crescimento da economia acrescido da inflação) deve ficar em torno de 11%, a despesa federal, medida como proporção do PIB, deve sofrer uma queda modesta, de 17,9% para 17,7% do PIB. Será que a redução do gasto, 0,2% do PIB, será bastante para que o governo possa cumprir sua promessa e gerar um superávit primário de 3% do PIB este ano?

Novamente, à primeira vista, poderia parecer que sim. Visto que o superávit primário em 2010 atingiu 2,8% do PIB, 0,2% do PIB a mais já trariam o resultado fiscal para a meta. Entretanto, como mostrei na minha última coluna, boa parte deste número resulta da criatividade contábil do governo, em particular a operação em torno da capitalização da Petrobrás, que permitiu ao Tesouro registrar um ganho quase 1% do PIB, o qual, de resto, não se repetirá este ano. Assim, o governo deveria produzir um ajuste fiscal muito superior ao anunciado, caso realmente pretenda atingir a meta fiscal.

Tendo concluído que o corte é insuficiente para atingir a meta que o próprio governo definiu, precisamos saber ainda se ele é possível à luz dos constrangimentos naturais associados à rigidez orçamentária, até mesmo para determinar se há alguma possibilidade de aprofundamento do ajuste que possa nos trazer mais próximos à meta.

Contudo, dentre os R$ 769 bilhões orçados para 2011, cerca de R$ 550 bilhões representam despesas obrigatórias, com destaque para a folha de pagamento e as aposentadorias, de modo que o universo sujeito a cortes limita-se a cerca de R$ 220 bilhões, o chamado gasto discricionário. Ainda assim, este grupo compreende gastos sociais (o Bolsa-Família, por exemplo), Educação, Saúde e os investimentos do PAC, que, segundo o compromisso oficial, seriam preservados dos cortes orçamentários (diga-se, aliás, que restrições legais também impedem a redução dos gastos com Saúde relativamente ao PIB).

Caso tais promessas sejam honradas, mesmo a exequibilidade do corte fica ameaçada, pois este recairia sobre um conjunto que, dependendo das estimativas, equivaleria a R$ 60 a R$ 100 bilhões.

A triste verdade é que, se a política fiscal fosse mesmo “anticíclica”, o ajuste deveria ter começado provavelmente ao final de 2009, quando se tornou claro que a recuperação econômica já estava devidamente enraizada. Agora, depois da farra dos últimos anos, e novos gastos de R$ 85 bilhões em 2010, o ajuste não é só pequeno; é principalmente tardio.
Vou...fazer...um...ajuste...ri...go...ro...zzzzzzz
(Publicado 16/Fev/2011)

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Top 20

Dica do Krugman: a AER republicou 20 artigos considerados os mais influentes já publicados pela revista nos seus 100 anos. O link para a apresentação dos artigos está aqui. Na apresentação há links para os artigos clássicos (incluindo as origens da função Cobb-Douglas!).

Divirtam-se!

[P.S. Marquei. Esqueci que o Martins já tinha dado a dica nos comentários ao post do Simpósio. Fica aqui o registro]

Alchian, Armen A., and Harold Demsetz. 1972. “Production, Information Costs, and Economic Organization.” American Economic Review, 62(5): 777–95.


Arrow, Kenneth J. 1963. “Uncertainty and the Welfare Economics of Medical Care.” American Economic Review, 53(5): 941–73.


Cobb, Charles W., and Paul H. Douglas. 1928. “A Theory of Production.” American Economic Review, 18(1): 139–65.


Deaton, Angus S., and John Muellbauer. 1980. “An Almost Ideal Demand System.” American Economic Review, 70(3): 312–26.


Diamond, Peter A. 1965. “National Debt in a Neoclassical Growth Model.” American Economic Review, 55(5): 1126–50.


Diamond, Peter A., and James A. Mirrlees. 1971. “Optimal Taxation and Public Production II: Tax Rules.” American Economic Review, 61(3): 261–78.


Dixit, Avinash K., and Joseph E. Stiglitz. 1977. “Monopolistic Competition and Optimum Product Diversity.” American Economic Review, 67(3): 297–308.


Friedman, Milton. 1968. “The Role of Monetary Policy.” American Economic Review, 58(1): 1–17.


Grossman, Sanford J., and Joseph E. Stiglitz. 1980. “On the Impossibility of Informationally Efficient Markets.” American Economic Review, 70(3): 393–408.


Harris, John R., and Michael P. Todaro. 1970. “Migration, Unemployment and Development: A Two-Sector Analysis.” American Economic Review, 60(1): 126–42.


Hayek, F. A. 1945. “The Use of Knowledge in Society.” American Economic Review, 35(4): 519–30.


Jorgenson, Dale W. 1963. “Capital Theory and Investment Behavior.” American Economic Review, 53(2): 247–59.


Krueger, Anne O. 1974. “The Political Economy of the Rent-Seeking Society.” American Economic Review, 64(3): 291–303.


Krugman, Paul. 1980. “Scale Economies, Product Differentiation, and the Pattern of Trade.” American Economic Review, 70(5): 950–59.


Kuznets, Simon. 1955. “Economic Growth and Income Inequality.” American Economic Review, 45(1): 1–28.


Lucas, Robert E., Jr. 1973. “Some International Evidence on Output-Inflation Tradeoffs.” American Economic Review, 63(3): 326–34.


Modigliani, Franco, and Merton H. Miller. 1958. “The Cost of Capital, Corporation Finance and the Theory of Investment.” American Economic Review, 48(3): 261–97.


Mundell, Robert A. 1961. “A Theory of Optimum Currency Areas.” American Economic Review, 51(4): 657–65.


Ross, Stephen A. 1973. “The Economic Theory of Agency: The Principal’s Problem.” American Economic Review, 63(2): 134–39.


Shiller, Robert J. 1981. “Do Stock Prices Move Too Much to Be Justified by Subsequent Changes in Dividends?” American Economic Review, 71(3): 421–36.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Teoria Quantitativa da Moeda, morta e enterrada?

Alguns dias atrás houve uma discussão neste blog e em outros adjacentes na blogosfera econômica brasileira sobre a teoria quantitativa da moeda (TQM).

Este que vos escreve explicou que MV = PY não é de muita utilidade como teoria para a inflação, enquanto outros retrucaram que o crescimento da base monetária nos EUA levaria a um aumento da inflação.

No último número da American Economic Review, que se tornou disponível eletronicamente ontem, Thomas J. Sargent (New York University and Hoover Institution) e Paolo Surico (London Business School and CEPR) [1] revisitam um artigo clássico de Robert E. Lucas Jr [2] que validava a teoria quantitativa da moeda como relação de longo prazo para dados da economia dos EUA de 1955 a 1975.

Sargent e Surico estenderam a amostra para o período 1875-2005 e mostram que a TQM só funcionou aproximadamente para o período estudado por Lucas, enquanto foi violada durante os outros períodos. No período mais recente, de 1985 a 2005, a relação de longo prazo entre crescimento do estoque de moeda e inflação é negativa: mais crescimento de moeda é associado com menos inflação no longo prazo!

Sargent e Surico então executam um exercício bem convincente para demonstrar que a relação de longo prazo entre crescimento do estoque de moeda e inflação depende dos parâmetros da política monetária: a TQM só é válida quando a política monetária não responde agressivamente a pressões inflacionárias.

Nas palavras do próprio Lucas em seu artigo seminal:

... each of these laws appears as a characteristic of solutions to explicit
‘theoretical models of idealized economies, models which give some guidance as
to why one might expect them to obtain in reality, also as to conditions under
which one might expect them to break down.



[1] Sargent, Thomas and Paolo Surico: “Two Illustrations of the Quantity Theory of Money: Breakdowns and Revivals” – American Economic Review 101 (February 2011): 109-128.

[2] Lucas, Robert E. Jr: “Two Illustrations of the Quantity Theory of Money: -- American Economic Review 70: 1005-1014.

Vantagem comparativa e absoluta

Ia escrever sobre a brincadeira fiscal de ontem, mas:

1) Não tenho tempo; e

2) Muito mais importante, nada que sou capaz de escrever alcançaria a profundidade e a contundência deste post do Mansueto.

Dado o caso clássico de vantagem absoluta (e também comparativa), fica minha sugestão para quem estiver interessado no assunto.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Simpósio: Política Macroeconômica nos Oito Anos de Governo Lula

Volume especial boletim Economia & Tecnologia UFPR


Luciano Nakabashi

Caro leitor, seguindo uma sugestão do economista Irineu de Carvalho Filho (FMI), que me ajudou na escolha dos nomes e convite aos autores, resolvi organizar este simpósio sobre a política macroeconômica do governo Lula e suas consequências.

Depois de oito anos de governo Lula, em que presenciamos uma aparente aceleração do crescimento econômico (permanente ou transitória?), a expansão e consolidação de programas que aliviam a pobreza efetivamente, e uma surpreendente ausência de grandes reviravoltas e transformações em nosso quadro de política econômica, o momento é oportuno para convidar à mesa uma coleção diversa de economistas renomados para discutir o período e as perspectivas para o futuro.

Os trabalhos são apresentados em ordem alfabética do nome do primeiro autor do artigo.

No primeiro trabalho, os economistas da FEA-RP/USP Alex Luiz Ferreira, Sergio Naruhiko Sakurai e Rodolfo Oliveira abordam quais variáveis são relevantes na popularidade dos governos Lula e FHC. Eles encontram evidências de que a taxa de desemprego é a principal variável.

O economista Alexandre Schwartsman, do Banco Santander e diretor do Banco Central durante o primeiro mandato de Lula, analisa o desempenho do tripé da política monetária do governo Lula – câmbio flutuante, superávit primário e metas de inflação –, e mostra que ocorreu uma deterioração nessa base da política macroeconômica e que, desse modo, é preciso que se realizem algumas alterações, com especial ênfase aos gastos públicos.

No artigo intitulado “Ganhos sociais, inflexões na política econômica e restrição externa: novidades e continuidades no governo Lula”, os professores e pesquisadores Fernando Augusto Mansor de Mattos (UFF) e Frederico G. Jayme Jr. (Cedeplar/UFMG) discutem as principais diretrizes da política econômica durante o governo Lula, destacando em especial a mudança de orientação ocorrida a partir de 2006.

O pesquisador e professor da FGV-RJ, Fernando de Holanda Barbosa, faz uma avaliação do BACEN no Governo Lula, analisando a execução da política monetária, a formulação e execução da política de reservas internacionais, a execução da política de emprestador de última instância do sistema financeiro, além da regulamentação e supervisão do sistema financeiro.

Fernando Ferrari Filho (UFRGS) indica que os bons resultados apresentados no governo Lula não garantem estabilidade macroeconômica consistente por causa, principalmente, da deterioração do setor externo que deixa a economia mais vulnerável a ataques especulativos.

Os pesquisadores Helder Ferreira de Mendonça (UFF), Délio José Cordeiro Galvão (BACEN) e Renato Falci Villela Loures (UFF) focam no setor financeiro e na necessidade de medidas prudenciais para reduzir a alavancagem do sistema financeiro e reduzir a vulnerabilidade a crises.

Mansueto Almeida, economista e pesquisador do IPEA, foca sua análise na política fiscal e política industrial. O autor argumenta que, apesar da maior expansão dos gastos sociais, o padrão de crescimento do gasto público do governo federal no Brasil é determinado muito mais pela Constituição Federal de 1988 do que pela eleição de um governo de esquerda.

Finalmente, Marcelo Curado (UFPR) faz uma análise do crescimento econômico do governo Lula e até que ponto este se transformou em um processo de desenvolvimento econômico, com especial ênfase na estabilidade de preços, distribuição da renda, redução da miséria, conta corrente e pauta de exportações.

Na firme convicção de que esse volume especial do boletim Economia & Tecnologia será uma leitura agradável e útil a todos os interessados nos problemas da política econômica brasileira nos últimos anos, subscrevo atenciosamente,

Prof. Dr. Luciano Nakabashi

Coordenador Geral do Boletim Economia & Tecnologia

Boletim Economia & Tecnologia

Ano 7, Vol. Especial, 2011 (PDF - 4,29 MB)

ÍNDICE

EDITORIAL

SIMPÓSIO: POLÍTICA MACROECONÔMICA NOS 8 ANOS DE GOVERNO LULA

Oito anos construindo popularidade

Alex Luiz Ferreira
Sergio Naruhiko Sakurai
Rodolfo Oliveira

Não se mexe em time que está ganhando?

Alexandre Schwartsman

Ganhos sociais, inflexões na política econômica e restrição externa: novidades e continuidades no Governo Lula

Fernando Augusto Mansor de Mattos
Frederico G. Jayme Jr.

O Banco Central no Governo Lula

Fernando de Holanda Barbosa

Por que os resultados econômicos esperados para o final do governo Lula da Silva não nos asseguram uma estabilidade macroeconômica consistente?

Fernando Ferrari Filho

Exuberância e risco do mercado financeiro: herança do Governo Lula

Helder Ferreira de Mendonça
Délio José Cordeiro Galvão
Renato Falci Villela Loures

O Novo Estado Desenvolvimentista e o Governo Lula

Mansueto Almeida

Uma avaliação da economia brasileira no Governo Lula

Marcelo Curado



Você pode descarregar o arquivo em pdf, aqui:

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Don't drink the water


Come out come out
No use in hiding
Come now come now
Can you not see?
There's no place here
What were you expecting
Not room for both
Just room for me
So you will lay your arms down
Yes I will call this home

Away away
You have been banished
Your land is gone
And given me
And here I will spread my wings
Yes I will call this home
What's this you say
You feel a right to remain
Then stay and I will bury you
What's that you say
Your father's spirit still lives in this place
I will silence you

Here's the hitch
Your horse is leaving
Don't miss your boat
It's leaving now
And as you go I will spread my wings
Yes I will call this home
I have no time to justify to you
Fool you're blind, move aside for me
All I can say to you my new neighbor
Is you must move on or I will bury you

Now as I rest my feet by this fire
Those hands once warmed here
I have retired them
I can breathe my own air
I can sleep more soundly
Upon these poor souls
I'll build heaven and call it home
'Cause you're all dead now
I live with my justice
I live with my greedy need
I live with no mercy
I live with my frenzied feeding
I live with my hatred
I live with my jealousy
I live with the notion
That I don't need anyone but me
Don't drink the water
There's blood in the water


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Vivendo em negação

Se houvesse um campeonato mundial de negação da realidade, não tenho dúvidas que algumas autoridades nacionais seriam fortes candidatas ao título. À luz da aceleração recente da inflação, mesmo em face de sinais inequívocos de sobreaquecimento da economia, ainda há quem busque em fatores externos a explicação para o forte desvio da inflação relativamente à meta, que, a valerem as expectativas, deverá se repetir em grande estilo também em 2011.

A última novidade no quesito “não é minha culpa” atribui ao aumento do preço internacional de commodities a aceleração inflacionária. À primeira vista a lógica do argumento parece impecável. Preços de commodities (medidos pelo CRB) não apenas se encontram 40% acima de sua média de 2006 para cá, mas também o grosso deste aumento se concentrou nos últimos seis meses, quando preços subiram pouco mais de 25%.

Fonte: Bloomberg (média móvel 21 dias)
No entanto, o que interessa para a inflação local não são os preços de commodities em dólares, mas sim seus preços em reais. Estes aumentaram quase 20% no mesmo período, o que mostraria inequivocamente o papel do choque externo nos preços domésticos, levando à conclusão inevitável que, contra este pano de fundo, pouco (ou nada) caberia ao Banco Central fazer.

Entretanto, quem examinar o período anterior aos últimos seis meses notará que o comportamento recente dos preços de commodities em reais parece anômalo. Com efeito, entre o começo de 2006 e o terceiro trimestre de 2010 os preços locais de commodities apresentaram um desempenho bastante distinto dos preços internacionais.

Enquanto estes últimos subiram de maneira quase ininterrupta de 2006 até a eclosão da crise internacional, os preços em reais permaneceram dentro de um intervalo relativamente estreito (em torno da média do período acrescida de uma margem de variação de 10%). Da mesma forma, quando a crise levou ao colapso dos preços internacionais de commodities e a recuperação mundial subseqüente os fez retomar a trajetória ascendente, os preços em reais continuaram teimosamente dentro do mesmo intervalo (com uma pequena e breve exceção), até escapar de forma marcante a partir do último trimestre de 2010.

Em outras palavras, até muito recentemente não só a volatilidade local era muito menor que a internacional, mas mesmo a tendência internacional de alta não parecia se materializar domesticamente (preços locais passaram quase 5 anos “andando de lado”). O que explicaria este padrão?

A resposta, é claro, reside na conhecida relação entre a taxa de câmbio e preços de commodities. Como já tive oportunidade de explorar em mais de uma ocasião, o real tende a se fortalecer quando preços de commodities se elevam. Este comportamento reflete, por sua vez, a relação entre esses preços e os termos de troca brasileiros (a razão entre os preços das coisas que exportamos e as que importamos), que, devido ao peso de commodities na pauta exportadora, tendem a melhorar quando os preços de commodities aumentam.

Estimações que fiz com Tatiana Pinheiro sugerem que um aumento de 10% nos preços de commodities tende a apreciar o real em torno de 6%, fenômeno que dissiparia grande parte do aumento internacional quando expresso em moeda local (neste caso, por exemplo, preços locais aumentariam pouco menos de 3,5%). Não por acaso, portanto, a volatilidade dos preços locais é cerca de 40% da volatilidade externa.

A partir do último trimestre de 2010, porém, esta regularidade parece ter se rompido, como expresso pela “fuga” dos preços locais do intervalo em que estiveram confinados por quase 5 anos. Não deve escapar aos observadores mais atentos que este comportamento se materializou justamente no período em que o governo – sob o pretexto de combater a “guerra cambial” – intensificou suas intervenções (incluindo as administrativas) sobre a taxa de câmbio.

Embora a intervenção em si pareça inócua em períodos mais longos (como sugerido pelo meu trabalho com Tatiana Pinheiro), a sequência de medidas e o receio do mercado quanto à possibilidade de novas interferências têm, aparentemente, evitado no curto prazo uma apreciação mais vigorosa do real, a despeito do aumento dos preços de commodities.

Trata-se, contudo, de uma vitória de Pirro, pois impede que o mecanismo de dissipação do choque externo funcione, permitindo a transmissão integral da elevação de preços em dólares. Posto de outra forma, não é o aumento dos preços internacionais que tem acelerado a inflação, mas sim a inconsistência das políticas monetária e cambial, que buscam objetivos conflitantes (câmbio estável e inflação sob controle) sob as condições atuais, fato que deixa claro a responsabilidade das autoridades locais na aceleração da inflação.

Caso estas continuem a negar este fenômeno, o resultado será apenas o acirramento das pressões inflacionárias, e o risco real de perder a meta de inflação em 2011 [e 2012 também - cf. sugestão do Marcelo].

You wish!
(Publicado 3/Fev/2011)

Quem é a mula?

Como usual, o muar tem a mesma nacionalidade que eu e a maioria dos leitores deste blog.

Vejam o que ele/a zurrou:

An alternative solution as extreme as dollarization or the adoption of a currency board is a fully free floating rate. This option is actually more radical than a fixed exchange rate, given that, whereas we have examples of fixed exchange rates, I know of no country that has adopted a fully free float.

O primeiro que acertar recebe um precatório derivativo emitido pelo “O”, redimível quando o estado de São Paulo honrar seus precatórios.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

De olhos bem fechados

Há duas formas de se lidar com um problema: uma é reconhecê-lo e procurar formas de solucioná-lo; a outra é fechar os olhos e fingir que o problema não existe, na (vã) esperança que milagrosamente o problema se resolva sozinho e possamos então comemorar nossa estupenda competência.

Digo isto porque não há economista sério no país que não saiba que – usando a desculpinha da política anticíclica – o governo aumentou consideravelmente seu déficit de 2008 para cá, erodindo o trabalho de anos de alguma (embora imperfeita) contenção fiscal. Mesmo o FMI, ultimamente comedido acerca deste tema, também se manifestou a respeito, ecoando vários analistas locais, dentre os quais orgulhosamente me incluo.

A despeito disso, o governo federal, responsável pela maior parcela da deterioração fiscal, apresentou na semana passada suas contas relativas a 2010, afirmando ter registrado um superávit primário equivalente a 2,16% do PIB (atentem para o segundo dígito após a vírgula), batendo a meta de 2,15% do PIB (a sutileza é marcante). Mesmo sem entrar nos detalhes do saldo recorde registrado em dezembro, atingido com uma queda algo suspeita dos gastos de custeio (que costumam saltar nesse mês), também todo analista fiscal sabe muito bem como este resultado reflete muito mais truques contábeis, do mesmo tipo que a Grécia fez antes de ter que encarar a triste realidade, do que qualquer resquício de disciplina fiscal.

Em setembro de 2010, por exemplo, na esteira da operação de aumento do capital da Petrobrás, o governo federal promoveu um espetáculo mambembe de mágica contábil, colocando, à vista de todos, o coelho na cartola, para triunfalmente retirá-lo como se ninguém soubesse como ele teria ido parar lá. Concretamente, o governo cedeu à Petrobrás os direitos de exploração do pré-sal por R$ 75 bilhões, recebendo em troca R$ 43 bilhões em ações da empresa, contabilizando a primeira como receita e a segunda como despesa, ficando a diferença (R$ 32 bilhões, ou 0,9% do PIB) registrada como se fora superávit do governo.

Mesmo se ignorarmos que boa parte desses R$ 32 bilhões refere-se a ações da Petrobrás compradas pelo Fundo Soberano do Brasil e pelo BNDES (outros braços do governo federal), pergunto: os R$ 75 bilhões em receitas tiveram o mesmo efeito que teriam R$ 75 bilhões de tributos arrecadados, no sentido de reduzir a renda das famílias e seu consumo? Certamente não, pois se trata de mera cessão de ativos que só irão produzir algo daqui a alguns anos (e produziriam mesmo se a cessão não houvesse ocorrido).

Da mesma forma, alguém com mais de oito anos acredita que o gasto do governo na aquisição dos papéis da empresa teve algum impacto sobre a demanda e a capacidade produtiva do país como teriam, por exemplo, R$ 43 bilhões investidos na ampliação de aeroportos e da indecente malha rodoviária?

Vale dizer, a balela contábil não teve qualquer repercussão sobre o lado real da economia. O suposto superávit de R$ 32 bilhões resultantes desta pirotecnia primária não ajudou em nada a compensar os efeitos sobre a atividade econômica doméstica do aumento persistente do gasto federal (9,4% acima da inflação). O único resultado palpável foi a destruição final da credibilidade das estatísticas fiscais.

Ao mesmo tempo, a inflação, impulsionada, entre outros fatores, pelo excessivo aquecimento da economia (visível, por exemplo, na inflação de serviços beirando 8% nos últimos 12 meses), forçou o Banco Central a retomar o processo de aperto monetário interrompido em meados do ano passado.

Agora o governo federal acena com promessas de cumprimento da meta fiscal, que, finalmente admite, poderia evitar aumentos ainda maiores das taxas de juros. Isto dito, como acreditar nas promessas de quem ainda se recusa a abrir os olhos e aceitar a responsabilidade pela maior farra fiscal dos últimos 15 anos?

Não há nenhum desequilíbrio fiscal abaixo da linha!
(Publicado 2/Fev/2011)